sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O VELHO E O MAR [Resenha]


Publicado em 1º de setembro de 1952, O velho e o mar garantiu o Pulitzer ao autor em 1953 e, no ano seguinte, o Prêmio Nobel de Literatura. Último romance do autor publicado em vida, a narrativa é centrada na história de Santiago, um velho pescador cubano. Após 84 dias sem conseguir uma presa, mas instado por um jovem companheiro a continuar tentando, o velho pesca um descomunal peixe Marlim de quase 700 quilos. Depois de horas de luta, Santiago consegue atracar a pesca em seu barco e parte para a costa cubana. Ao chegar em terra, constata que o peixe fora devorado no trajeto, sobrando apenas sua carcaça.

Existem duas formas de se interpretar a narrativa. Primeiro: A história do velho Santiago tem sido interpretada como uma metáfora do processo artístico do autor e, em última instância, da própria condição humana. Segundo: No plano existencial, O velho e o mar seria uma metáfora de uma vida de riscos, de investimentos que, no final, resultam em solidão ao lado de uma carcaça sem valor. O próprio Hemingway, no entanto, negava essas interpretações alegóricas. “O mar é o mar. O velho é um velho. Todo simbolismo do qual as pessoas falam é besteira”. Independentemente de simbolismo, as relações autobiográficas contidas no livro são latentes: Santiago provavelmente foi inspirado em Gregorio Fuentes, amigo do autor e capitão do seu barco de pesca, Pilar. Como o personagem, o companheiro de pesca do escritor era experiente, magro, tinha olhos azuis e nasceu nas Ilhas Canárias.

Para além dos aspectos biográficos e alegóricos, a obra ainda guarda uma grande atualidade, pois este romance trata da solidão – e, apesar da alta tecnologia que nos conecta, nunca estivemos tão sozinhos. Trata de uma luta desesperada. Num tempo de guerras, êxodos forçados e ameaças atômicas, também o desespero exige de nós uma grande abnegação.
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HEMINGWAY, Ernest. O Velho e o Mar. Rio de Janeiro, RJ. Bertrand Brasil, 2008. 128p.

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