sábado, 20 de julho de 2019

O MISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO [Resenha]


SPROUL, R. C. O mistério do Espírito Santo. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2013. 144p.


O AUTOR E O SEU LIVRO

O AUTOR - Nascido em 1939, na Pensilvânia, EUA, Robert Charles Sproul pode ser considerado um dos teólogos reformados mais proeminentes dos últimos anos. Fundador e presidente da Ligonier Ministries, R. C. Sproul estava hospitalizado há doze dias em decorrência de complicações respiratórias e faleceu na última quinta-feira, 14/12, aos 78 anos.

A nota oficial publicada no site de Ligonier Ministries diz que o impacto do ministério de Sproul para a história da igreja só poderá ser mensurado futuramente. “Neste momento, sentimos imensa tristeza e profunda perda - a perda de um pastor, um professor, um líder, um irmão em Cristo, um amigo. R. C. agora vê o objeto de sua fé, o Cristo ressuscitado.”

Ordenado na Igreja Presbiteriana Unida antes de se transferir para a Igreja Presbiteriana na América (PCA), Sproul trouxe educação teológica às massas, criando uma ponte entre a escola bíblica dominical e o seminário, através de seu programa de rádio, a revista Tabletalk, palestras, livros e dezenas de artigos. Para a Christianity Today, o legado de Sproul vive em gerações de leigos e líderes reformados. Quando o assunto é Soberania de Deus, ele é considerado a maior referência no assunto.


O LIVRO - "O Espírito Santo não deixa pegadas na areia." Essas palavras são de Abraham Kuyper, em sua obra clássica sobre o Espírito Santo. Jesus deixou pegadas na areia. Ele era o Deus em carne, Deus dotado de natureza humana. Quando os discípulos de Jesus andavam com ele, podiam ouvir a sua voz, tocar em suas mãos e observar a areia respingando sobre os seus pés, enquanto ele percorria as praias do mar da Galiléia.

Mas o Espírito Santo é como o vento. Disse Jesus: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai" (João 3.8). Não se pode capturar o vento em uma garrafa. O vento é esquivo e misterioso, mas não obstante, é real. Vemos os efeitos do vento — árvores balançando e vergando ao vento, bandeiras drapejando. Vemos também a devastação causada pelos terríveis tufões. Vemos o oceano tornar-se violento sob o vendaval. Somos refrescados pela brisa gentil em um dia de verão. Sabemos que o vento está presente.

Outro tanto sucede no caso do Espírito Santo. Ele é intangível e invisível. Mas as suas operações são mais poderosas do que o vento mais violento. O Espírito Santo põe ordem no caos, e beleza na feiúra. Ele pode transformar um homem maculado pelo pecado em um modelo de virtudes. O Espírito Santo modifica as pessoas. O Autor da vida é, igualmente, o Transformador da vida.

Visto que o Espírito Santo é misterioso, somos vulneráveis diante das superstições e distorções sobre a sua pessoa e as suas operações. Neste ponto devemos escutar com cuidado as Escrituras, enquanto elas nos revelam o caráter de Deus Espírito Santo.

Este livro diz respeito a ele, a Terceira Pessoa da Santa Trindade. Este livro foi escrito para o crente leigo sério, e procura evitar questões técnicas teológicas indevidas. Algumas seções vão requerer uma meditação profunda. Outras perscrutam o abstrato, pois isso é inevitável, se desejamos crescer em nosso entendimento sobre o Espírito. Este livro foi escrito para aqueles que desejam possuir uma vida espiritual mais profunda, um resultado que não pode ter lugar à parte do Espírito, aquele que santifica.

O livro contém, além do prefácio, dez capítulos com um conteúdo edificante. Como todas as nossas resenhas, iremos trabalhar de conformidade a estrutura do livro, capítulo à capítulo, extraindo pequenos parágrafos. O nosso propósito é fomentar no leitor o desejo para a compra ou não do livro completo e a nossa proposta é se ter a estrutura do sumário e citações pontuais do livro.


1. QUEM É O ESPÍRITO SANTO? – Neste capítulo, o autor enfatiza que o Espírito Santo pode ser amado, adorado, obedecido, ofendido, entristecido, ou podemos pecar contra ele, pois o Espírito Santo é uma pessoa.

A Bíblia revela o Espírito Santo não como uma força abstrata, um poder ou uma coisa, mas como "ele". O Espírito Santo é uma pessoa. Uma personalidade inclui inteligência, vontade e individualidade. Uma pessoa age por intenção. Nenhuma força abstrata pode tencionar fazer qualquer coisa. Boas ou más intenções são limitadas aos poderes dos seres pessoais. [p.13] O Novo Testamento exorta-nos a não pecarmos contra o Espírito Santo, a não resistirmos ao Espírito Santo e a não entristecermos o Espírito Santo. Ele nos é apresentado como uma pessoa a quem podemos agradar ou ofender, que pode amar e ser amado e com quem podemos ter comunhão pessoal. [p.15]


2. O ESPÍRITO SANTO É DEUS – Neste capítulo, o autor afirma que a Bíblia atribui claramente deidade ao Espírito Santo. O Espírito Santo é uma pessoa; o Espírito é Deus.

Nas Escrituras encontramos alusões frequentes à deidade do Espírito Santo. No Antigo Testamento, por exemplo, aquilo que é dito sobre Deus Pai é dito também a respeito do Espírito de Deus. As expressões "Deus disse" e "o Espírito disse" são repetidamente intercaladas. E as obras do Espírito Santo aparecem como obras de Deus. O mesmo fenômeno ocorre nas páginas do Novo Testamento. Em Isaías 6.9, Deus diz: "Vai, e dize a este povo". E o apóstolo citou esse mesmo texto em Atos 28.25, começando com estas palavras: "Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías..." Nesse caso, o apóstolo atribuiu o falar de Deus ao Espírito Santo. [p.19]


3. MISTÉRIO DA TRINDADE – O autor afirma que neste capítulo irá tratar de uma das doutrinas mais importantes e, no entanto, mais causadoras de perplexidade da fé cristã, a Trindade. Como é possível distinguirmos entre três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo — e ainda assim chegarmos a confessar que acreditamos em um só Deus?

O conceito da Trindade tem por desígnio responder a essa pergunta. Á fórmula da Trindade é a seguinte: "Deus é um só quanto à essência, e três em pessoa". Essa fórmula busca proteger o cristianismo de sérios combates em duas frentes. Por um lado, a Igreja quer manter sua estrita adesão ao monoteísmo. Daí a primeira parte da fórmula — "Deus é um só quanto à essência". Isso significa, simplesmente, que só existe um Ser a quem chamamos de Deus. Por outra parte, a Igreja busca ser fiel à clara revelação bíblica sobre a deidade de Cristo c sobre a deidade do Espírito Santo. Por conseguinte, a Igreja distingue entre três pessoas na deidade — Pai, Filho e Espírito Santo. E isso explica a segunda parte da fórmula: "E três em pessoa". [p.27]


4. ESSÊNCIA E PESSOA: SONDANDO O MISTÉRIO DA TRINDADE - No capítulo anterior, o que o autor mostra que a Igreja estabeleceu uma distinção cuidadosamente traçada entre essência e pessoa, para evitar fazer uma declaração contraditória acerca de Deus. Neste capítulo, o grande questionamento do autor é: É válida essa distinção entre essência e pessoa? Será um mero jogo de palavras, que postula uma distinção verbal sem que haja qualquer diferença real? Portanto, chegaremos à conclusão de que se existe uma diferença real entre essência e pessoa, então a fórmula da Trindade nem é contraditória e nem é irracional. Antes, ela é lógica e bíblica.

Em nossa formulação da doutrina da Trindade, temos falado repetidamente sobre a distinção entre a essência (ou ser) e a pessoa. Como devemos entendê-los quando os aplicamos a Deus? Quando falamos sobre a essência de Deus, estamos pedindo por empréstimo um conceito originário do pensamento grego. Trata-se do conceito de ser. Alguns teólogos levantam seu protesto neste ponto. Conforme já vimos, esse conceito tem sido atacado como se envolvesse a introdução da filosofia paga na pureza do pensamento dos hebreus. [p.43] Quando falamos sobre o ser de Deus ou sobre a essência de Deus, estamos falando sobre o que Deus é. Acreditamos que Deus é os seus atributos. Ele é um ser simples, único, no sentido que não existem nele partes componentes que, quando adicionadas uma à outra, componham o seu ser. Deus não se compõe de duas partes ou mais. Ele é essencialmente um. Eis a razão pela qual a Igreja insiste na tri-unidade de Deus. A pluralidade de pessoas na deidade não nega a unidade essencial de Deus. Pensar na Trindade em termos de três partes que comporiam Deus é cair no triteísmo, através da qual a simplicidade e a unidade de Deus são destruídas. A Igreja tem insistido, a todo preço, por assegurar que a integridade do monoteísmo bíblico permaneça intacto. Quando a Igreja fala sobre as três pessoas da Deidade, ela apela para a Bíblia como apoio. [p.44] Vemos, pois, que quando a Igreja cristã confessa sua fé em um Deus triúno, ela tenciona transmitir a idéia de que existe uma só essência ou ser, e não três; mas que existem três personalidades subsistentes distintas na deidade. Os nomes Pai, Filho e Espírito Santo indicam distinções pessoais na deidade, mas não divisões essenciais em Deus. [p.53] Dentro do plano de criação e redenção, falamos sobre a subordinação de certas pessoas da deidade às outras. Para exemplificar, embora Deus o Filho seja coeterno e coessencial com Deus Pai, na obra da redenção é o Pai que envia o Filho ao mundo. O Filho não envia o Pai. Por semelhante modo, as Escrituras dizem que o Filho é gerado pelo Pai, mas o Pai não é gerado pelo Filho. Por semelhante modo, acreditamos que o Espírito Santo é enviado e procede da parte do Pai e do Filho juntamente. Mas o Espírito Santo não envia nem o Pai e nem o Filho. E nem O Filho ou o Pai procedem do Espírito Santo. Na obra da redenção, assim como o Filho está subordinado ao Pai, assim também o Espírito Santo está subordinado tanto ao Pai como ao Filho. Entretanto, estar em uma posição subordinada, não é a mesma coisa que ser inferior. O Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai, e todos os três são iguais quanto ao ser, à glória, à dignidade, ao poder e ao valor. [p.53-54]


5. O ESPÍRITO SANTO NA CRIAÇÃO – Neste capítulo, o autor apresenta tres aspectos importantes acerca do Espírito Santo: O Espírito que pairava; o Espírito como iluminador e o Espírito Santo como fonte de poder.

A história da criação, no primeiro capítulo do livro de Gênesis enfoca a atenção sobre o triunfo de Deus sobre qualquer ameaça de caos ou confusão. No âmago mesmo dessas considerações encontramos o papel do Espírito Santo na criação. [p.56]

a) O Espírito que pairava (Gn 1.2) - Parte da obra do Espírito é "voejar" sobre a criação, mantendo as coisas intactas. Quanto a isso, vemos o Espírito Santo como o divino Preservador e Protetor. O Espírito, pois, opera a fim de manter aquilo que o Pai trouxe à existência. [p.62]

b) O Espírito como iluminador – Na obra da criação e da redenção, o Espírito Santo funciona como o divino Iluminador. Aquele que ilumina os céus também inspirou as Escrituras, revelou a Palavra de Deus e ilumina essa Palavra para o nosso entendimento. [p.64]

c) O Espírito Santo como fonte de poder - O Espírito Santo é o poder da própria vida. No Novo Testamento, o conceito de poder está intimamente ligado ao Espírito Santo. [...] É o Espírito Santo quem supre a dinâmica para o mundo criado. Mediante o seu poder, o universo goza de vida e de movimento. Conforme já pudemos perceber, há um paralelo entre a obra do Espírito na criação e a obra do Espírito na redenção. Da mesma forma que ele é o poder gerador da vida biológica, assim ele é a origem e o poder gerador da vida espiritual. A sua obra na redenção espelha e suplementa a sua obra na criação. Ele opera tanto a criação como a recriação de um mundo caído. [p.66]


6. O NOVO GÊNESIS: O ESPÍRITO SANTO E A REGENERAÇÃO – Neste capítulo, sobre a Regeneração. Para ele, nascimento e renascimento, resultam das operações do Espírito de Deus. Da mesma maneira que nada pode viver biologicamente à parte do poder do Espírito Santo, assim também nenhum ser humano pode viver à parte da obra do Espírito. O autor apresenta:

a) Regeneração: Uma necessidade - Para o autor, quando Jesus disse a Nicodemos que "se" alguém não nascesse de novo, ele estava afirmando aquilo a que chamamos de condição necessária. A palavra "se" faz da regeneração um sine qua non da salvação. Não havendo regeneração, não haverá vida eterna. Sem a regeneração uma pessoa não pode nem ver o reino de Deus e nem entrar no reino de Deus. [p.68]

b) Regeneração: Uma iniciativa divina - A regeneração é obra soberana de Deus Espírito Santo. A iniciativa cabe a ele, e não a nós. Podemos notar que a ênfase de Paulo recai sobre a obra de Deus, e não no esforço humano. [p. 74]

c) Regeneração: Uma obra monergística - Uma obra monergística é algo produzido isoladamente por uma única pessoa. A razão pela qual não cooperamos com a graça regeneradora antes dela agir em nós e sobre nós, é que não podemos mesmo cooperar. E não podemos por estarmos espiritualmente mortos. Não podemos ajudar o Espírito Santo na vivificação de nossas almas, para que tenham vida espiritual, da mesma maneira que Lázaro não podia ajudar a Jesus a ressuscitá-lo dos mortos. [p.76]

d) Regeneração: Um ato gracioso: Na exposição paulina da regeneração há uma forte ênfase sobre a doutrina da graça. É necessário que crentes de todas as tendências teológicas reconheçam, voluntária e jubilosamente, que a nossa salvação repousa sobre o fundamento da graça. [p.78]

e) Regeneração: Um ato eficaz: O autor afirma que quando sustenta que a regeneração é eficaz, ele quer dizer com isso que ela atinge seu alvo desejado. Ela é eficaz. Realiza o seu trabalho. Somos vivificados para termos fé. O dom é da fé, que nos foi verdadeiramente concedido e que lançou raízes em nossos corações. [p.81]

Conclui - É ao Espírito Santo de Deus que somos devedores quanto à graça da regeneração e da fé. Ele é quem concede o dom, é quem, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos deu vida com Cristo, para Cristo e em Cristo. É por causa do ato misericordioso do Espírito Santo que nos vivifica que entoamos sola gratia e também soli deo gloria — para a glória de Deus somente. [p.82]


7. SÃOS E SALVOS PELO ESPÍRITO SANTO – Neste capítulo, o autor trabalha sobre o papel do Espírito Santo na nossa salvação. Dois aspectos didático destaco neste capítulo: (1) A diferença entre regeneração e santificação e (2) o papel da consciência na santificação. Este capítulo, eu dividi em três pontos:

a) O Espírito Santo é o Santificador - É ele quem aplica a obra de Cristo às nossas vidas, levando-nos à plena conformidade com a imagem de Cristo. [p.83] Quando o Espírito Santo nos regenera e nos vivifica para a vida espiritual, essa ação resulta no despertamento da alma para a fé salvadora. O fruto dessa fé é a justificação. No momento em que abraçamos a Cristo pela fé, Deus nos declara justos. Somos justos não por nos termos santificado repentinamente; somos justos porque os méritos de Cristo foram lançados em nossa conta. Deus nos considera justos em Cristo, mas nós mesmos continuamos poluídos pelo pecado. [p.89] Quando o Espírito Santo nos regenera, ele não somente age sobre nós e em nós de uma maneira que altera a disposição de nossas almas; Deus Espírito Santo vem e passa a habitar dentro de nós. Quando ele habita no crente, o Espírito continua a exercer a sua influência sobre nós e a ajudar-nos, em nossa busca de santidade. [p.91]

b) Regeneração e Santificação - (1) A Regeneração é imediata e espontânea. Nossa consciência de que fomos regenerados pode surgir gradualmente, mas o próprio ato, realizado pelo Espírito Santo, é instantâneo. Ninguém é regenerado somente em parte, ou seja, ninguém é renascido pela metade. Uma pessoa ou é regenerada, ou não; não há meio termo. (2) A santificação é um processo e é um tanto diferente. Embora a santificação tenha começo no momento em que somos justificados, é um processo gradual. Continua enquanto estivermos vivos. A justificação não produz uma santificação imediata e plena. Contudo, se não houve um começo definido da santificação, isso servirá de prova positiva de que não houve justificação, fé ou regeneração, para começo de conversa. A regeneração é monergística. É obra exclusiva de Deus. Mas a santificação é sinergística. Envolve a cooperação somente entre o Espírito Santo e nós. [p.90]

c) O papel da consciência - Uma boa consciência é uma consciência treinada pelo Espírito Santo através da Palavra, de Deus. Quando compreendemos a verdade de Deus com clareza e somos convencidos pelo Espírito Santo com firmeza, então o governador de nossa consciência começa a reinar em nós com retidão. A consciência espiritualmente madura é escrupulosa. Ela não permite o que a carne permite. A consciência cristã deve mostrar-se viva diante da Palavra de Deus. Ela não é um tirano que nos paralisa com uma culpa mórbida. Se nossa consciência tiver sido treinada pela Palavra de Deus, ela será saudável. Sentir-nos-emos culpados quando, realmente, formos culpados. Isso é tão essencial para a saúde espiritual como a dor real é para a saúde física. A dor assinala alguma enfermidade. Se perdermos a capacidade de experimentar dor, não nos restará um sistema de alerta quanto a qualquer enfermidade séria. Da consciência diante da Palavra de Deus, o Espírito Santo nos leva à convicção pela Palavra de Deus. Partindo da convicção, o Espírito redime nossa consciência, a fim de nos amoldarmos à imagem de Cristo. Esse é o grande alvo da santificação, o ponto final na direção do qual o Espírito luta dentro de nós. [p.96]


8. O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO – No início deste capítulo, o autor deixa bem claro que não faz parte do objetivo deste livro traçar uma crônica da história do movimento carismático ou avaliar detalhadamente todas as dimensões da teologia das igrejas carismáticas. Muitos livros já foram escritos sobre o assunto. Mas enfocarei a atenção sobre uma doutrina que ocupa o centro da teologia carismática/neo-pentecostal: o batismo do Espírito Santo.

Vou dividir este capítulo em quatro partes:

a) A doutrinado batismo do Espírito Santo - Nas denominações pentecostais originais, o batismo do Espírito Santo estava vinculado a um conceito de santificação que fazia parte integral do chamado movimento Holiness. (Santidade). [p.98] Na teologia neopentecostal a ênfase sobre o batismo do Espírito Santo recai sobre a idéia de ser dotado com os dons para o ministério. O próprio vocábulo carismático deriva-se da palavra neotestamentária que significa "dom" ou "graça espiritual". [p.99] A tendência fundamental da teologia neopentecostal é ver o batismo do Espírito Santo como uma obra especial do Espírito Santo mediante a qual uma obra especial do Espírito Santo é operado no crente com poder, para sua vida e seu serviço cristãos. Agora o crente está preparado para o ministério evangélico. Essa obra do Espírito Santo é distinta e usualmente é subseqüente à obra da regeneração pelo Espírito de Deus. Algumas vezes faz-se a distinção entre ser batizado "pelo" ou "do" Espírito Santo (o que ocorreria por ocasião do renascimento) do batismo "em" ou "com" o Espírito Santo (que normalmente ocorreria depois do renascimento espiritual). De acordo com esse esquema, todos os crentes são batizados "pelo" Espírito, mas nem todos os crentes são batizados "em" ou "com" o Espírito. Apesar de haver um desacordo generalizado entre os neopentecostais quanto a esse ponto, a tendência é ver o falar em línguas (glossolalia) como a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo. [p.100]

b) Pentecostalismo e Pentecostes - O pentecostalismo deriva seu nome de sua ênfase sobre a sua compreensão quanto ao que sucedeu à Igreja no dia de Pentecoste. O registro da atividade do Espírito Santo na vida da Igreja primitiva é básico para o moderno movimento carismático. Há um decisivo desejo de recapturar o poder espiritual e a vitalidade acenada no livro de Atos. [p.100]

c) Os quatro “Pentecostes” - Na Igreja primitiva, a questão da plena inclusão no corpo de Cristo não se limitava meramente aos dois grupos genéricos de judeus e gentios. Havia quatro grupos distintos de pessoas cuja situação na Igreja estava em jogo. Esses quatro grupos incluíam: os judeus, os Samaritanos, os tementes a Deus e os gentios. Os tementes a Deus eram convertidos gentios ao judaísmo, que tinham abraçado as doutrinas do judaísmo, mas que tinham parado em meio à sua conversão ao judaísmo por optarem por permanecer incircuncisos. [p.110] É espantoso que os quatro derramamentos do Espírito, no estilo pentecostal, registrados no livro de Atos, cobriam precisamente os quatro grupos cuja posição na Igreja primitiva estava em dúvida. Os judeus receberam o Espírito Santo no dia de Pentecoste. Os Samaritanos receberam o Espírito durante o ministério de Filipe, Pedro e João (Atos 8). Os tementes a Deus receberam o Espírito Santo na casa de Cornélio (Atos 10). E, finalmente, houve um derramamento do Espírito sobre os gentios de Éfeso (Atos 19). Todos os quatro grupos, e todos os participantes de todos os grupos receberam o derramamento do Espírito Santo. [p.111]

d) Experiência e Escritura - Ouvimos testemunhos abundantes, da parte de crentes modernos, os quais declaram que sua experiência de batismo no Espírito e no falar em línguas mudou dramaticamente as suas vidas espirituais. Eles agora têm maior zelo, maior ousadia, maior empenho na oração. Também tem sido dito que um homem com uma experiência nunca está à mercê de um homem que só tem um argumento. Não tenho querela alguma com as experiências das pessoas com o Espírito Santo. Estou deleitado em ouvir sobre o aumento da fé, sobre o zelo, sobre a intensidade na oração e sobre o resto. Minha preocupação não é com o significado da experiência, mas com a compreensão do significado da experiência. É a interpretação sobre a experiência que tende voltar-se contra as Escrituras. Nossa autoridade não são as nossas experiências e, sim, a Palavra de Deus. As pessoas na Igreja não têm todas uma mesma experiência com o Espírito Santo, mas isso não indica que todos eles não tenham o mesmo Espírito. Essa é a questão mesma que tão profundamente perturbou a igreja em Corinto. Não estou dizendo, por igual modo, que todo aquele que é membro de uma igreja cristã tenha o Espírito Santo. Ser membro em uma igreja visível não é mais garantia de que uma pessoa tem o batismo do Espírito Santo, do que uma pessoa tem garantida a sua salvação. Sabemos que existem incrédulos que são membros de igrejas. Nenhum incrédulo tem o batismo do Espírito Santo, mas todo crente, toda pessoa regenerada, tem o batismo do Espírito Santo. Todo crente, desde o Pentecoste até o presente, tanto é uma pessoa regenerada pelo Espírito quanto é batizada pela Espírito. Essa é a essência do sentido do Pentecoste. Qualquer coisa menos do que isso lança uma sombra sobre a importância sagrada do Pentecoste na história da redenção. Qualquer pessoa que tenha sido regenerada pelo Espírito, também foi batizada no Espírito e tem o selo do Espírito. [p.114-115]


9. O FRUTO DO ESPÍRITO – Esse é capítulo é praticamente um estudo bíblico sobre Gálatas 5. Enfatiza o fruto do Espírito e trabalha detalhadamente tanto as obras da carne, como também o fruto do Espírito.

É a evidência do fruto do Espírito que marca nosso progresso na santificação. Naturalmente, Deus fica agradado quando exercemos devidamente os dons que o Espírito Santo nos concedeu. Mas penso que Deus fica ainda mais satisfeito quando vê seu povo manifestar os vários aspectos do fruto do Espírito. [p.117] O apóstolo Paulo ao citar Gl 5.22-23, exibe o modelo de autêntica retidão. Esse fruto bom é designado como o fruto do Espírito. Fruto é algo que é produzido em nós. Não vem de nós mesmos. Em nós mesmos somos apenas carne. Qualquer coisa viva gera outro ser vivo a ela parecido. O produto vem do produtor. Somente o Espírito Santo pode conceber e produzir o fruto do Espírito. Podemos ser habilidosos pregadores mesmo sem o Espírito. Podemos ser gênios teológicos segundo a carne. Podemos ser oradores dotados de línguas de prata mesmo à parte da graça divina. Mas a única fonte originária do fruto do Espírito é a obra do Espírito que atua em nós. [p.120] Esses são aspectos diversos do fruto do Espírito Santo. Essas são as marcas genuínas da piedade. Essas são as virtudes que vemos eminente e vividamente modeladas nas vidas dos crentes maduros. Essas são as virtudes que nosso Senhor quer que cultivemos. Essas são as virtudes que, ao mesmo tempo, são dons de Deus. Deus promete recompensar essas qualidades em nós, não porque fluem de nossa retidão intrínseca, mas porque, conforme Agostinho colocou: "Deus se agrada em coroar seus próprios dons”. [p.128]


10. O OUTRO CONSOLADOR – Neste capítulo o autor enfatiza um equívoco: O Espírito Santo é O Consolador, ou Outro Consolador.

A véspera de sua morte, Jesus se encontrou com seus discípulos no cenáculo. Ele expressou um profundo anelo para celebrar a páscoa com seus amigos, antes de enfrentar seus sofrimentos. Em uma ocasião como aquela, esperaríamos que Jesus estivesse à procura de conforto e apoio da parte de seus amigos. Em lugar disso, porém, Jesus estava se esforçando por consolá-los. No cenáculo, Jesus apresentou o seu mais longo discurso registrado sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo. Nesse discurso, Jesus prometeu que enviaria o Espírito Santo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (João 14.16-18). Aqui Jesus falou em "outro Consolador". A palavra traduzida por "Consolador", "Ajudador" ou "Advogado" é a palavra grega parákletos. A primeira coisa que observamos foi que Jesus prometeu "outro" Paracleto. Isso significa que o Paracleto aqui prometido não foi o primeiro Paracleto a aparecer em cena. Pois para que haja "outro" de qualquer coisa, deve haver pelo menos um igual a ele, que o antecede. Estou laborando este ponto porque se tornou costumeiro, na linguagem da Igreja, falar do Espírito Santo como o Parácleto. De fato, esse título, Parácleto, é usado no Novo Testamento quase exclusivamente em relação ao Espírito Santo. Devemos insistir, entretanto, que o Espírito Santo não é o Parácleto. O Parácleto é Jesus Cristo. O papel de Jesus, como Parácleto, é vitalmente importante em seu ministério terreno. O Espírito Santo, pois, assumiu o título de "outro Parácleto", em face da ausência de Jesus. O Espírito Santo foi enviado para ser o "substituto" ou "vigário" de Jesus Cristo. O Espírito é o Supremo Vigário de Cristo na terra. [p.129-130]


Para concluir o nosso texto, lembramos que este livro diz respeito a ele, a Terceira Pessoa da Santa Trindade. Este livro foi escrito para o crente leigo sério, e procura evitar questões técnicas teológicas indevidas. Algumas seções vão requerer uma meditação profunda. Outras perscrutam o abstrato, pois isso é inevitável, se desejamos crescer em nosso entendimento sobre o Espírito. Este livro foi escrito para aqueles que desejam possuir uma vida espiritual mais profunda, um resultado que não pode ter lugar à parte do Espírito, aquele que santifica.

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quinta-feira, 18 de julho de 2019

TRILOGIA CÓSMICA: FICÇÃO CIENTIFICA PARA NINGUÉM BOTAR DEFEITO [Resenha]


Um livro receber elogios, sinceramente, não quer dizer muita coisa. Agora, uma trilogia receber elogios de J.R.R. Tolkien, Madeleine L’engle, T.S. Eliot e George Orwell, aí sim, quer dizer muita coisa. E, em se falando da Trilogia Cósmica de C.S. Lewis, quer dizer muita coisa mesmo! Como o pastor Jonas Madureira costuma dizer aos quatro ventos: “você não pode passar dessa vida para a outra sem ler” esses livrinhos, que, por sinal, acabaram de ser relançados pela Editora Thomas Nelson, sob a tradução do professor Carlos Caldas.

Muitos críticos afirmam – e eu concordo com eles –, que a Trilogia Cósmica, ao lado de O Regresso do Peregrino e Até que Tenhamos Rostos, que foram lançados pela Editora Ultimato, figuram como as melhores obras de ficção de Lewis. E qualquer um que ler esses livros concordará facilmente com essa afirmação. Lewis alcançou seu auge literário nessas obras.

A Trilogia Cósmica, composta por Além do Planeta Silencioso, Perelandra e Aquela Fortaleza Medonha, levantam temas de extrema importância para o debate teológico e filosófico e, o que é mais surpreendente, por se tratar de uma obra de literatura contemporânea, também entretém (!). Parece absurdo dizer que uma obra de literatura é boa, dentre outros motivos, porque ela é divertida. De fato, hoje em dia a literatura se tornou algo utilitário e, por vezes, panfletário. Lewis sempre foi um crítico desse tipo de literatura, ou, literatortura. Para ele – assim como para todas as pessoas sensatas – a literatura tinha o papel principal de entreter e levar o leitor para um mundo de possibilidades. A literatura não deve ser um tratado filosófico, caso o seja, não será mais literatura, mas um tratado filosófico!

Lewis sabia disso e ele sabia também que um bom escritor não escreve o que as pessoas querem ler, mas o que ele mesmo gostaria de ler. Quem escreve para agradar uma pessoa, acaba desagradando duas. Em sua Trilogia Cósmica, Lewis utiliza-se de toda a influência que recebeu da literatura de ficção cientifica de sua época, como H.G. Wells, por exemplo. No entanto, Lewis era sábio o suficiente para reter o que é bom. A literatura de ficção cientifica da época era extremamente escapista e ideológica. Todas sempre embebidas de muito cientificismo e materialismo que, como Lewis bem identificou, opunha-se à verdade cristã. Tendo isso em mente, após uma aposta com seu amigo J.R.R. Tolkien – em que Lewis deveria escrever uma história de viagem espacial e Tolkien de viagem no tempo –, começou a esboçar o que conhecemos hoje como a Trilogia Cósmica.

Lewis, do começo ao fim da trilogia, deixa claro o seu desgosto pessoal com o cientificismo, que busca na ciência um Deus infalível e soberano. Essa crítica é especialmente clara no primeiro livro da trilogia, Além do Planeta Silencioso, onde o filólogo Ransom é sequestrado por dois cientistas que o levam junto deles para Malacandra, mais conhecido por nós como o planeta Marte. Esses dois cientistas ignoram várias questões morais, não por não as conhecerem, mas porque eles estão lutando pelo progresso.

Do começo ao fim da trilogia, vemos críticas ao cientificismo, ao pensamento eugenista, ao materialismo e ao crescimento tecnológico desenfreado, contudo, há um tema que perpassa todos os três livros: a esperança. Isso mesmo, a esperança. Onde está a sua esperança? Aqueles que não depositam sua esperança em Deus, acabam, por vezes, a depositando em alguma ideologia qualquer, o que, seja ela qual for, é bastante perigoso. O filósofo brasileiro Francisco Razzo chamou esse fenômeno de imaginação totalitária. Ao colocarmos alguma ideologia como esperança da nossa existência, tudo passa a ser justificável. Afinal, é por um bem maior. Como o próprio Razzo diz: "Quem se importa com desesperos isolados quando se está tomado pelo entusiasmo messiânico da luta pela libertação da humanidade?"

Lewis mostra o que muitos outros antes dele também já mostraram. Há apenas uma única esperança para a humanidade. Essa esperança é uma pessoa e essa pessoa um dia irá voltar.


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Publicado originalmente na Revista Ultimato e Texto de Maurício Avoletta Júnior.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

SIGA-ME: O CHAMADO DE JESUS PARA A VIDA ETERNA [Resenha]


PLATT, David. Siga-me: O chamado de Jesus para a vida eterna. Rio de janeiro: Thomas Nelson, 2018.


O AUTOR E O SEU LIVRO

David Platt é um pastor e escritor norte-americano e atualmente é pastor sênior da "The Church at Brook Hills", em Birmingham, Alabama, é autor do best-seller do The New York Times "Radical: Voltando às raízes da fé". Platt se formou em jornalismo na Universidade da Geórgia. Então ingressou no seminário Teológico Batista de Nova Orleans, onde obteve um doutorado e, quando obteve decidiu trabalhar ali mesmo como professor. Serviu na Igreja Batista de Edgewater em Nova Orleans, enquanto vivia em uma casa paroquial, quando foi devastada pelo furacão Katrina que inundou o local. Aos 28 anos David Platt foi contratado para liderar a congregação da The Church at Brook Hills, e devido a isto foi conhecido como o pastor mais jovem de uma mega-igreja nos Estados Unidos. Ele disse: "Eu acredito que Deus criou cada uma de suas pessoas para impactar o mundo. Alguns podem pensar que não é realista, mas eu acredito que é profundamente bíblico, baseado no Salmo 67: 1-2, sem esquecer que está incluído nas Escrituras do começo ao fim. Deus está interessado em abençoar Seu povo, para que os Seus caminhos e Sua salvação sejam conhecidos por todas as pessoas."

"David Platt é um escritor prático, ao mesmo tempo que descreve ensinamentos contundentes biblicamente, expõe suas experiências cristãs. Não são só teorias, ele, assim como nós, luta para ser um discípulo de Jesus. Com exemplos práticos ele derruba todo nosso modelo de discípulo que criamos em nosso consciente. É muito mais profundo do que imaginamos, envolve muito mais coisas do que estamos dispostos a fazer. Seguir a Jesus é algo que só pode ser feito com ajuda do próprio Mestre. Ele nos tornará pescadores de homens, não por nossas habilidades, não por nossas capacidades, mas porque Ele é fiel a sua Palavra. Ele chamou todos os cristãos para serem e assim Ele vai fazer, se o seguirmos e nos sujeitarmos ao Seu senhorio". [1]

O prefácio do livro foi escrito pelo pastor e escritor Francis Chan que escreveu: “Conheci David Platt nos bastidores de uma conferência em que ambos estávamos pregando no início de 2011. Olhando aquela plateia de milhares de pessoas, conversamos sobre como seria maravilhoso se pudéssemos de alguma forma encorajar e equipar aquela multidão para fazer discípulos. Ambos concordamos que deveríamos escrever um livro para explicar essa necessidade e quem sabe mobilizar as massas. Estou muito agradecido por este livro ter sido escrito. Vivemos tempos animadores. Há milhares de pessoas nos Estados Unidos que veem os problemas na Igreja e estão comprometidas em promover mudanças. Estão se levantando verdadeiros seguidores que se recusam a ser espectadores ou consumidores. Jesus disse que devemos ir e fazer discípulos, portanto recusamos-nos a permanecer sentados e inventar desculpas. Oro para que você se junte ao número crescente de cristãos comprometidos em fazer discípulos, que efetivamente fazem discípulos, que incansavelmente fazem discípulos até que cada nação tenha tido a oportunidade de seguir Jesus. Que outras opções temos?” [p.17-18]

Para o autor, este livro representa uma tentativa reconhecidamente frágil de tratar uma doença do cristianismo contemporâneo. Enquanto uma multidão de homens e mulheres com frequência afirma vagamente, e muitas vezes falsamente, ser cristã, David Platt procura explorar o que realmente significa seguir Jesus. Para ele, tornar-se cristão requer responder ao convite gracioso de Deus em Cristo, e envolve deixar para trás a religiosidade superficial em troca de regeneração sobrenatural. Ao seguirmos Cristo, ele transforma nossas mentes, nossas vontades, nossos desejos, nossos relacionamentos e nossa principal razão de viver. Todo discípulo de Jesus existe para fazer outros discípulos dele, aqui e entre todos os povos do planeta. Conclui: Não somos espectadores. Nascemos para reproduzir.

O livro contém, além do prefácio, nove capítulos com um conteúdo edificante. No final do livro temos um “Plano Pessoal para fazer discípulos”. Têm também os agradecimentos, notas e uma pequena biografia sobre o autor. Como todas as nossas resenhas, iremos trabalhar de conformidade a estrutura do livro, capítulo à capítulo, extraindo pequenos parágrafos. O nosso propósito é fomentar no leitor o desejo para a compra ou não do livro completo e a nossa proposta é se ter a estrutura do sumário e citações pontuais do livro.


CAPÍTULO 1 - CRISTÃOS NÃO CONVERTIDOS – Neste primeiro capítulo o autor irá tratar sobre o nominalismo no meio da igreja, citado vários exemplos. Conceitua termos tais como: caminho estreito, o ato de crer e arrependimento. Mas, o ponto forte e fundamento deste capítulo é Mateus 7.

As igrejas estão cheias de supostos cristãos que parecem satisfeitos em ter uma ligação casual com Cristo, mantendo aderência nominal ao cristianismo. Muitos homens, muitas mulheres e muitas crianças foram ensinados que se tomar um seguidor de Jesus implica simplesmente admitir determinados fatos ou dizer certas palavras. Mas isso não é verdade. [p.21]

Não é verdade. Com boas intenções e desejo sincero de alcançar o maior número de pessoas para Jesus, reduzimos, de forma súbita e enganosa, a magnitude do que significa segui-lo. Substituímos as palavras desafiadoras de Cristo por frases banais na igreja. Retiramos o sumo vital do cristianismo e colocamos um refresco artificial no lugar, para deixar o gosto melhor para as multidões — e as consequências são catastróficas. Neste exato momento, milhares de homens e mulheres pensam estar salvos de seus pecados, quando na verdade não estão. Inúmeras pessoas ao redor do mundo, culturalmente, pensam que são cristãs, quando biblicamente não o são. É possível? É possível você e eu professarmos ser cristãos, contudo não conhecermos Cristo? Sim. E, de acordo com Jesus, na verdade é bem provável. Você se lembra das palavras de Jesus no fim de seu sermão mais famoso? Rodeado de pessoas efetivamente chamadas de discípulos, Jesus disse: Nem todo aquele que me diz: "Senhor, Senhor" entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: "Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?" Então eu lhes direi claramente: "Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" (Mateus 7:21-23). Essas são algumas das palavras mais amedrontadoras de toda a Bíblia. Como pastor, passo algumas noites em claro, atormentado pelo pensamento de que muitas pessoas que frequentam a igreja no domingo poderão se surpreender um dia ao comparecerem diante de Jesus e dele ouvir: “Nunca os conheci. Afastem-se de mim!” Todos estamos propensos ao engano espiritual — cada um de nós. Quando Jesus profere essas palavras em Mateus 7 não está falando sobre ateus, agnósticos, pagãos e hereges. Esta falando sobre pessoas, boas e religiosas — homens e mulheres que têm associação com Jesus e presumem que sua eternidade está segura, mas que um dia serão surpreendidas ao descobrirem que não está. Apesar de terem professado sua crença em Jesus e até realizado todo tipo de boa obra em seu nome, jamais o conheceram verdadeiramente. [p.23-24]


CAPÍTULO 2 - O GRANDE CONVITE – O tema deste capítulo é graça. Graça manifestada pelo “Convite Divino” a pecadores mortos em seus delitos e transgressões.

O autor levanta um questionamento: Portanto, como poderia um morto convidar alguém para lhe dar vida? Antes de nascer, você convidou seus pais a tê-lo? Quando o coração de uma pessoa para de bater, ela convida alguém a ressuscitá-la? Não. Todas estas coisas são impossíveis para quem está morto. Igualmente, convidar Jesus a entrar em seu coração é impossível quando se está morto em pecado. Quando está morto, você precisa que outra pessoa, absolutamente além de si, o chame à vida e o capacite a viver.

O autor apresenta a iniciativa graciosa: E isso que Deus faz em sua graça e é exatamente o que vemos por toda a Bíblia. Em meio ao mal generalizado, Deus chama Noé e o salva do Dilúvio. Em meio ao paganismo da cidade de Ur, Deus chama o idólatra Abrão e o convida a se tornar pai de uma grande nação. Enquanto seu povo era escravizado no Egito, Deus chama o assassino Moisés, de Midiã, para tirar as pessoas da escravidão.

O autor mostra a fundamentação bíblica da graciosa iniciativa divina: Portanto, não nos surpreendemos quando chegamos ao Evangelho de Mateus e lemos sobre quatro judeus pecadores à beira-mar. Não há nada neles que possa atrair Cristo. Às vezes ouço sermões inspirados em Mateus 4:18-22 nos quais os pastores falam sobre todas as razões porque Jesus escolheria aqueles pescadores para serem seus discípulos. Eles dizem: "Os pescadores têm esta ou aquela habilidade, ou têm esta ou aquela perspectiva que seria essencial para um discípulo de Jesus”.

Mas essa conjectura ignora todo o sentido da história. Jesus não chama esses discípulos pelo que são, mas apesar do que são. Eles não têm muitas qualidades a seu favor. São galileus da classe mais baixa, rurais e incultos. Provavelmente não muito respeitados, eles dificilmente fariam parte da elite cultural. Além disso, a ignorância extrema, o jeito limitado de pensar e agir, o preconceito judeu e o orgulho competitivo fazia desses homens os menos espiritualmente qualificados para a tarefa à qual Jesus os chamou.

Mas esta é a questão. Esses homens decididamente não têm atrativos que justifiquem a procura de Jesus. Contudo, ele os busca. Ele vai na direção deles enquanto trabalham e os convida a segui-lo. Mais tarde, ele lhes diz: "Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome" (João 15:16). Aqueles homens se tornaram discípulos de Jesus apenas graças à iniciativa — e ao convite — de Cristo. A mesma história é compartilhada por todo homem e toda mulher - que segue Jesus desde àquele dia descrito em Mateus 4. Ninguém jamais foi salvo de seus pecados por ter buscado Jesus. Qualquer pessoa salva de seus pecados sabe que Jesus a buscou — e sua vida nunca mais foi a mesma desde então. [p. 46-47]


CAPÍTULO 3 - RELIGIOSIDADE SUPERFICIAL E REGENERAÇÃO SOBRENATURAL - Neste capitulo, o autor enfatiza, aquilo que chamamos de “legalismo”. O Cristianismo em vez de ser um encontro prazeroso com o Deus da vida, torna-se, para muito, um conjunto de regras enfadonhas.

Mas é nesse ponto que o cristianismo se diferencia. Quando Jesus entrou em cena na história da humanidade e começou a convocar seguidores, ele não disse, “Sigam certas regras. Observem instruções específicas. Cumpram deveres rituais. Sigam por um caminho específico”. Em vez disso, ele disse: “Sigam-me”. Com essa expressão simples, Jesus deixou claro que seu propósito principal não era instruir seus discípulos em uma religião prescrita, mas convida-los a um relacionamento pessoal. Ele não disse: "Sigam este caminho e encontrarão verdade e vida." Em vez disso, falou: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6, grifo nosso). A convocação de Jesus foi: “Venham a mim. Encontrem em mim descanso para a alma. Achem em mim alegria para seu coração. Por meio de mim encontrem sentido para a vida”. Este chamado espantoso e absolutamente revolucionário é a essência do que significa ser discípulo de Jesus — não somos chamados a simplesmente crer em certos fatos ou observar determinadas práticas, mas fundamentalmente a nos agarrar à pessoa de Cristo como à própria vida. [p.61]

O resultado de seguir Jesus é um novo coração com mente, desejos, vontades, forma de se relacionar com as pessoas e propósitos novos. "Sigam-me", disse Jesus, "e eu os farei pescadores de homens." Essa não é uma solicitação para que se trilhe um caminho de religiosidade superficial. É um convite a experimentar um prazer que só pode ser encontrado no relacionamento sobrenatural com Jesus. Ele convida você a deixar o coração ser cativado por sua grandeza e ter a vida transformada por sua graça. Afaste-se do pecado e de si mesmo e confie nele como soberano absoluto que salva e sacia a alma. Mas não se engane — isso não significa que você estará transformando Jesus em seu Senhor e Salvador particular. [p.76]


CAPÍTULO 4 - NÃO TRANSFORME JESUS EM SEU SENHOR E SALVADOR PARTICULAR – Neste capítulo, o autor faz a distinção seguir a Jesus e uma crença intelectual; traz a fundamentação bíblica sobre a verdade da ressurreição de Cristo: a realidade acerca do inferno e a verdade acerca do céu. Conclui: “Assim, saímos como discípulos de Jesus que amam sua Palavra e confiam em sua verdade. Saímos não como homens e mulheres que em algum momento decidiram tornar Jesus seu Senhor e Salvador particular, mas como homens e mulheres que, em todos os momentos, são comprometidos com a proclamação de Jesus como Senhor e Salvador universal. Como discípulos, cremos nele; portanto, obedecemos a seu mandamento e fazemos discípulos”. [p.92]

Ao mesmo tempo, quando reflito sobre essa afirmação específica — "Decidi tornar Jesus meu Senhor e Salvador pessoal" —, não consigo deixar de imaginar o quanto essa ideia representa uma tendência sutil, porém significativamente perigosa no cristianismo contemporâneo.

Em certo sentido, essa afirmação minimiza a autoridade inerente de Jesus. Certamente nenhum de nós pode decidir tornar Jesus nosso Senhor. Jesus é Senhor independentemente do que você ou eu decidamos. A Bíblia é clara ao dizer que todo joelho se dobrará, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (ver Filipenses 2:10,11). A questão não é se faremos de Jesus nosso Senhor. Na realidade, a questão é se você e eu nos submeteremos à sua autoridade, e essa é a essência da conversão.

Contudo, em um nível ainda mais profundo, receio que usemos essa frase com demasiada frequência para fomentar um cristianismo customizado, que gira em torno de um Cristo particular que criamos para nós mesmos. Quase inconscientemente, todos temos a tendência de redefinir o cristianismo de acordo com nossos gostos, nossas preferências, nossas tradições eclesiásticas e nossas normas culturais. Lenta e sutilmente, distorcemos o Jesus da Bíblia, transformando-o em alguém com quem ficamos um pouco mais confortáveis. Diluímos o que ele diz a respeito do preço de segui-lo, desconsideramos o que ele fala sobre aqueles que escolhem não segui-lo, praticamente ignoramos o que ele diz sobre materialismo e, de forma funcional, não entendemos o que ele diz sobre missão. Selecionamos o que gostamos e não gostamos dos ensinamentos de Jesus. No fim, criamos um Jesus legal, inofensivo, politicamente correto e de classe média, que se parece e pensa exatamente como nós.

Mas Jesus não é customizável. Ele não se mostrou aberto à interpretação, adaptação, inovação ou alteração. Ele proferiu claramente sua Palavra e não temos o direito de personalizá-lo. Em vez disso, ele causa uma revolução em nós. Ele transforma nossa mente por meio de sua verdade. Seguindo Jesus, cremos nele, mesmo quando sua Palavra confronta (e até mesmo contradiz) as suposições que guardamos no mais íntimo de nosso ser, em nossas crenças, nas convicções de vida, na família, entre os amigos, na cultura e às vezes até em nossa igreja. Ao entendermos e aceitarmos Jesus a partir de sua Palavra, o proclamamos ao mundo, pois percebemos que ele não é meramente um Senhor e Salvador particular, digno de nossa aprovação individual. Resumidamente, Jesus é o Senhor e Salvador do universo, digno do louvor eterno de todos. [p.77-78]


CAPÍTULO 5 - FILHOS DE DEUS - o conceito de adoção em sua essência, como podemos perceber as implicações do que significa se tornar um filho na família de Deus, é o tema deste capítulo. O autor estabelece a diferença entre servo e filho, enfatiza a alegria do Pai, a fé, sentimento, prazer e desejos do verdadeiro discípulo.

O destaque deste capítulo é sobre alegria na adoção. Essa figura da alegria na adoção terrena oferece um pequeno vislumbre de uma alegria muito maior encontrada na adoção divina. E inquestionável que nossa condição diante de Deus tenha sido estabelecida no momento em que renunciamos ao pecado e a nós mesmos e confiamos em Jesus como Senhor e Salvador. Mas nossa vida está baseada no relacionamento de amor que desfrutamos e experimentamos diariamente enquanto Deus, nosso Pai, enche seus filhos de amor. Essa é mais uma razão para nos recusarmos a nos acomodar a um cristianismo superficial e distante, em que dizemos: "Fiz uma oração muitos anos atrás." Ser cristão é muito mais que isso. Ao seguirmos Jesus como filhos e filhas de Deus, passamos a desejá-lo e a nos deleitar nele, que transforma completamente tudo em nós. [p.96-97]


CAPÍTULO 6 - A VONTADE DE DEUS PARA SUA VIDA – Neste capítulo o autor faz um questionamento e em seguida mostra a resposta para tal questionamento, focando na em outra pergunta: Qual a vontade de Deus para a minha vida? Muitos raramente já compartilharam o evangelho de Jesus Cristo com ao menos uma pessoa em algum momento de sua vida. E mesmo a maioria dentre aqueles que já compartilharam em algum momento não está ativamente levando pessoas a seguir Jesus. Por que isso acontece? Por que tão poucos seguidores de Cristo estão pessoalmente pescando homens quando isso deveria ser fundamental na vida de todo cristão? Poderia ser pelo fato de que entendemos errado o propósito fundamental para o qual Deus nos criou? E é possível que como resultado disso estejamos desperdiçando um dos principais prazeres que Deus preparou para nós?

Ao transformar pensamentos e desejos em nossa vida, Jesus revoluciona nossa razão de viver. Entender essa realidade é essencial para compreender e experimentar a vontade de Deus como discípulo de Jesus. [p.115-116]

Qual é a vontade de Deus para minha vida? Essa é, provavelmente, a pergunta mais comum no cristianismo hoje em dia. Temos questionamentos e deparamos com decisões o tempo todo, e constantemente nos perguntamos qual é a vontade de Deus em relação a elas. Vivemos como se a vontade divina estivesse perdida. E elaboramos uma variedade de métodos para encontrá-la. [p.116]

Quanto mais conhecemos a Deus e mais andamos de acordo com sua vontade, mais entendemos quão tolo é pensar que ele em algum momento poderia querer escondê-la de nós. Pelo contrário, percebemos que o desejo de Deus de que conheçamos sua vontade é exponencialmente maior do que nosso desejo de conhecê-la. Ele quer tanto que a conheçamos que revela sua vontade a nós por meio de sua Palavra. [p.122]

A vontade de Deus é clara na Bíblia da primeira à última página. Do começo ao fim, a vontade de Deus é ser adorado. Ele quer que todos ouçam, recebam, abracem e respondam ao evangelho de sua graça, para louvor da sua glória sobre toda a terra.

Portanto, não surpreende que as primeiras palavras de Jesus a seus discípulos no livro de Mateus sejam: "Sigam-me e eu os farei pescadores de homens." Nos dias que se seguiram, ele ensinou-os que sua vinda foi para "buscar e salvar o que estava perdido" (Lucas 19:10) e lhes disse que assim como o Pai o enviou ao mundo, ele os enviaria ao mundo também (ver João 17:18). Mais adiante, não somos surpreendidos quando as últimas palavras de Jesus a seus discípulos são: "Vão e façam discípulos de todas as nações" (Mateus 28:19). Essa é a vontade de Deus para o mundo — criar, chamar, salvar e abençoar seu povo para espalhar sua graça e glória entre todos os povos. Essa vontade não é para ser encontrada: é para ser seguida. Não temos de nos perguntar sobre a vontade de Deus quando fomos criados para andar nela. Não precisamos pedir que Deus revele sua vontade para nossas vidas; em vez disso, cada um de nós deve pedir que Deus alinhe nossa vida à vontade que ele já revelou. A vontade de Deus para nós, discípulos de Jesus, é que façamos discípulos dele em todas as nações. Portanto, a pergunta que todo discípulo deve fazer é — "Qual a melhor maneira de eu fazer discípulos de todas as nações?" Quando fazemos essa pergunta, percebemos que Deus quer tanto que experimentemos sua vontade que ele vem viver em nós para realizá-la.[p.124-125]


CAPÍTULO 7 - O CORPO DE CRISTO - Neste capítulo, observamos que o autor trata de assuntos que estão em poucos púlpitos hoje em dia. Aqui ela vai tratar sobre o que é a Igreja, a importância da disciplina para o crescimento da igreja, membresia e compromisso.

A realidade, entretanto, é que é biblicamente impossível seguir Jesus Cristo sem se unir à sua Igreja. Na verdade, qualquer um que afirme ser cristão, mas não é membro ativo de uma igreja, pode não ser um seguidor de Cristo sob nenhum aspecto.

Para alguns, talvez muitos, isso pode soar como uma heresia. Alguém pode perguntar: "Você está dizendo que entrar para uma igreja toma alguém cristão?" De jeito nenhum. Entrar para uma igreja certamente não torna alguém cristão. Ao mesmo tempo, identificar sua vida com a pessoa de Cristo é uni-la ao seu povo. Render sua vida aos mandamentos dele é comprometê-la com a Igreja dele também. É bíblica, espiritual e praticamente impossível ser discípulo (e muito menos fazer discípulos) de Cristo sem total devoção a uma família de cristãos.

É impossível seguir Jesus plenamente sem amar sua noiva abnegadamente, e é impossível pensar que podemos desfrutar de Cristo separado de seu Corpo. Jesus chegou a identificar a Igreja consigo mesmo quando perguntou a Saulo na estrada de Damasco: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?" (Atos 9:4). Saulo não havia perseguido Cristo diretamente, mas tinha perseguido cristãos, portanto, Jesus estava dizendo essencialmente isto: "Quando você mexe com eles, mexe comigo."

Entregar-se a Cristo é tornar-se parte de sua Igreja. Os seguidores de Jesus têm o privilégio de serem identificados com sua família. Ao morrermos para nós mesmos, vivemos para os outros, e tudo que Cristo faz em nós começa a afetar todos aqueles que ele coloca ao nosso redor. Perceber essa realidade e experimentar os relacionamentos que Deus planejou para seu povo, especificamente, na Igreja é essencial para ser discípulo e fazer discípulos de todas as nações. [p.135-136]


CAPÍTULO 8 - UMA VISÃO DO POSSÍVEL – Neste capítulo o autor enfatiza a grande necessidade de fazer discípulos de todas as nações. E faz as seguintes perguntas: Quem é capaz de imaginar ou medir o que pode acontecer quando todo o povo de Deus começar a fazer discípulos de maneira devota, humilde, simples e intencional? E se cada um de nós, como seguidor de Cristo, realmente começar a pescar homens?

Foram seguidores não identificados de Jesus que espalharam o evangelho por toda a Ásia. Discípulos foram feitos e as igrejas se multiplicaram em lugares onde os apóstolos jamais estiveram. As boas-novas se espalharam não por meio de pregadores extravagantes, mas de pessoas comuns, cujas vidas haviam sido transformadas pelo poder de Cristo. Iam de casa em casa, nos mercados, nas lojas, nas ruas e nas estradas, levando pessoas à fé em Jesus diariamente. Foi assim que o evangelho penetrou no mundo durante o primeiro século — por meio de discípulos de Jesus abnegados e capacitados pelo Espírito, que faziam outros discípulos. Seguidores de Jesus pescavam homens. Discípulos faziam discípulos. Cristãos não eram conhecidos por sua associação com Cristo e sua Igreja; em vez disso, eram identificados por seu completo abandono de tudo por Cristo e sua causa. A grande comissão não foi uma opção a ser considerada, mas uma ordem a ser obedecida. E apesar de terem enfrentado incontáveis provações e perseguições impensáveis, experimentaram alegria inimaginável quando se uniram a Jesus pelo avanço de seu Reino.

Quero fazer parte de um movimento como esse. Não quero passar a vida construindo prédios e planejando programas para frequentadores de igreja acomodados. Nem quero construir um Reino que gire em torno de meus dons limitados e de minha liderança imperfeita. Quero fazer parte de um povo que realmente crê que temos o Espírito de Deus em cada um de nós para espalharmos o evangelho por intermédio de todos nós. Quero fazer parte de um povo que alegremente sacrifica prazeres, objetivos e posses deste mundo porque vivem pelo tesouro do mundo que está por vir. Quero fazer parte de um povo que renunciou a todas as ambições terrenas em favor de uma aspiração eterna ver discípulos sendo feitos e igrejas multiplicadas a partir de nossas casas para nossas comunidades, cidades e nações. [p.158]


CAPÍTULO 9 - NASCIDOS PARA REPRODUZIR - Este é o último capitulo e aqui, o autor apresenta um plano pessoal para fazer discípulos.

Em seu projeto, Deus criou seus filhos para reprodução espiritual. Ele costurou no tecido do DNA de cada cristão um desejo e uma capacidade de reproduzir. Mais do que qualquer casal espera ver um bebê nascido naturalmente, todo cristão anseia ver pecadores salvos sobrenaturalmente. Todos os que conhecem o amor de Cristo desejam multiplicar a vida dele. Deus formou, moldou e até encheu os cristãos com seu Espírito para esse propósito específico.

Assim, acredito ser razoável concluir que há algo espiritualmente errado no âmago de um cristão se seu relacionamento com Cristo não estiver resultando em reprodução. Colocando talvez de forma mais franca, alguma coisa está errada com um cristão que não leva homens e mulheres a Cristo.

Ser discípulo de Jesus é fazer discípulos dele. Como vimos anteriormente, isso é uma verdade desde o primeiro século, quando Jesus convidou quatro homens para segui-lo. Suas palavras ecoaram ao longo deste livro; "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens (Mateus 4:19). Mais importante do que procurar peixes em todo o oceano, aqueles homens espalhariam o evangelho pelo mundo todo. Dariam suas vidas não apenas para serem discípulos de Jesus, mas para fazer discípulos dele em sacrifício. E o projeto de Deus para os discípulos do século XXI é exatamente o mesmo. Jesus chama cada um de seus discípulos para fazer discípulos que façam discípulos, até que o evangelho penetre em cada grupo étnico do mundo.


CONCLUINDO. Termino este livro, usando a mesma frase de Francis Chan no prefácio deste livro: “Todos nós já cometemos erros, e viver no passado pode nos destruir. A solução é aproveitar ao máximo o tempo que nos resta neste mundo”. Aproveitemos e façamos discípulos.

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[1] Trecho retirado do  blog Trechos & Livros Cristão, disponível em: <https://trechoselivroscristaos.com.br/resumos/siga-me-david-platt/> Acesso em 12 Jul 2019

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A ARTE EXPOSITIVA DE JOÃO CALVINO [Resenha]


LAWSON, Steven J. A Arte Expositiva de João Calvino – Um perfil de homens piedosos. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2008. 144p.


O AUTOR - Dr. Steven J. Lawson é o pastor da Christ Fellowship Baptist Church em Mobile, Alabama e serviu por vinte e cinco anos como pastor em Arkansas e Alabama. Ele formou-se Bacharel em Administração de Empresas na Universidade Tecnológica do Texas, em Mestre em Teologia no Seminário Teológico de Dallas, e em Doutor em Ministérios no Seminário Teológico Reformado. Dr. Lawson escreveu treze livros e muitos têm sido traduzidos em várias línguas, em várias partes do mundo, incluindo russo, italiano, português, espanhol e a língua Indonésia.


O LIVRO – No prefácio do livro, o autor já resume o propósito do livro. Este livro investigará a pregação do grande Reformador de Genebra, João Calvino. [...] Conforme consideramos a vida e o trabalho de Calvino, faremos um levantamento das marcas que distinguiam o seu ministério como pregador. Observaremos os pressupostos mais importantes que sustentaram a sua pregação, e examinaremos como ele se preparava para subir ao púlpito. Enquanto estudamos tudo isto, obteremos uma visão geral de sua pregação – a introdução de seu sermão, a interpretação, a aplicação, a conclusão, e a intercessão final. Resumindo, exploraremos as marcas peculiares da arte expositiva de Calvino. O objetivo aqui não é fazer uma abordagem emocional — as circunstâncias atuais são desesperadoras demais para tal trivialidade. Em vez disto, o alvo deste livro é contribuir para elevar o nível da nova geração de expositores. O método que utilizo é verificar o que significa ser comprometido com a pregação bíblica analisando o trabalho de um homem totalmente comprometido com esta obra sagrada. Que a leitura destes capítulos seja inspiradora e cause impacto; que motive e traga vigor a todos os seus leitores – enfim, que seja tudo que possa conduzir a uma nova reforma.

O livro possui além do prefácio, conclusão e dois apêndices, possui oito capítulos, sobre o qual apresentaremos pequenos tópicos e faremos comentários se assim for necessário.


CAPÍTULO 1: A VIDA E O LEGADO DE CALVINO. Neste capítulo o autor começa com uma pergunta: Se o verdadeiro Calvino era antes de tudo um pregador, quem era o Calvino homem? Qual caminho Deus escolheu para que ele caminhasse? Como era a época em que ele viveu? Quais foram suas conquistas? E o mais importante: o que contribuiu para sua grandeza? Neste capítulo, o autor trata dessas e outras questões acerca de Calvino.


Alguns pontos neste capítulo que julgo muito importantes são:

(1) A conversão de Calvino - Quando estudava em Bourges, Calvino teve contato direto com as verdades bíblicas da Reforma. Depois que o evangelho lhe foi apresentado, sobreveio-lhe uma inquietação crescente com o seu estilo de vida, e uma profunda convicção de seu pecado o impeliu a buscar alívio na graça e misericórdia de Deus.

(2) As Institutas - Após uma breve viagem a Paris e Orléans, Calvino foi a Basiléia, Suíça (1534-1536), e começou a escrever a sua maior obra, As Institutas da Religião Cristã. As institutas de Calvino se tornariam a obra-prima decisiva da teologia protestante, o livro mais importante escrito durante a Reforma. Nos vinte e três anos que se seguiram, As Institutas passariam por cinco ampliações principais até chegar, em 1559, ao seu formato atual. Esse livro é uma obra-prima teológica; apresenta uma instigante argumentação sobre as bases dos ensinamentos reformados, e a sua publicação conferiu a Calvino um papel de liderança reconhecido entre os reformadores.

(3) Seu providencial encontro com Farel em Genebra - Conforme Calvino relatou: Farel, que inflamava-se com um zelo extraordinário pelo avanço do evangelho, imediatamente empregou todas as suas forças para me convencer a ficar naquele lugar. E depois que descobriu que o desejo do meu coração era de dedicar-me aos estudos particulares, razão pela qual queria me manter livre de outras ocupações, e percebendo que nada conseguiria com súplicas, ele prosseguiu falando de uma maldição que Deus lançaria sobre o meu isolamento e a tranquilidade dos estudos que eu buscava, caso me recusasse a prestar auxílio quando a necessidade era tão urgente. Fiquei tão assustado com esta maldição que desisti da viagem que intencionava fazer.

Outros pontos marcantes deste capítulo é a presença de John Knox, o surgimento da Bíblia de Genebra, o enfretamento de Calvino aos Libertinos e a morte de João Calvino nos braços de Theodore Beza em 27 de maio de 1564.


CAPÍTULO 2: APROXIMANDO-SE DO PÚLPITO. Este capítulo é constituído de quatro pontos, que tem como propósito refletir sobre as características da pregação de Calvino. Este capítulo focaliza o modo como ele se aproximava do púlpito. Antes mesmo de o sermão começar, as crenças e o entendimento de Calvino determinavam a natureza de sua pregação. A elevada visão que Calvino possuía acerca da pregação era sustentada por uma visão elevada de Deus, uma visão elevada das Escrituras, e uma visão correta do homem. Para Calvino, as quatro características abordadas neste capítulo — autoridade bíblica, presença divina, prioridade do púlpito e exposição seqüencial — estavam inseparavelmente ligadas. Ou permaneciam de pé juntas, ou caíam juntas. Nas palavras de Calvino, a pregação é “a viva voz” de Deus “em sua igreja”. Seu raciocínio era o seguinte: “Deus cria e multiplica sua igreja somente por meio de sua Palavra... É só pela pregação da graça de Deus que a igreja escapa de perecer”. Este era o compromisso de Calvino com a pregação, e também deve ser o de todos os pregadores que se baseiam no mandato das Escrituras. [p.42-43]


CAPÍTULO 3: A PREPARAÇÃO DO PREGADOR. Neste Capítulo veremos o autor irá enfatizar a forma de preparação de Calvino para pregar a Palavra de Deus. Como ele alimentava sua mente nas Escrituras? Como ele cultivava seu coração diante de Deus? Quais compromissos fortaleceram seu implacável desejo de estar sempre no púlpito Enquanto homem, escritor e teólogo, Calvino era incansável em sua busca por Deus. Ele era um estudante zeloso da Bíblia e um fervoroso servo do Senhor. Semana após semana, mês após mês, ano após ano e década após década ele se dedicava a um determinado texto bíblico e depois o fazia conhecido ao seu povo. O estudo persistente, a piedade pessoal e o ministério inabalável eram mantidos por um intenso desejo de ver Deus glorificado. Para Calvino, “os pregadores não podem desempenhar com vigor a sua ocupação, a menos que tenham a majestade de Deus diante dos olhos”. Calvino defendeu até o fim que “a majestade de Deus está... inseparavelmente ligada à pregação pública de sua verdade... deixar de conferir a autoridade à Palavra dEle é o mesmo que tentar colocá-lo para fora do céu”. Esta ênfase em defender a glória de Deus deu sentido à sua vida, ao seu ministério e, especialmente, à sua pregação. [p.55]


CAPÍTULO 4: INICIANDO O SERMÃO - Este capítulo examina as introduções dos sermões expositivos de Calvino. Como ele iniciava suas mensagens? Quais eram os alvos de seus comentários iniciais? Que traços distinguiram as introduções de Calvino? A pregação de Calvino era plenamente concentrada no texto das Escrituras. Por esta razão, sua introdução servia de ponte para o texto — curta, sucinta e direta. O reformador escolheu não gastar muito tempo fora do texto, nem mesmo na introdução. Seu objetivo, declarado de maneira simples, era conduzir seus ouvintes ao tema central da passagem bíblica que estava diante dele. Esta abordagem direta lhe foi muito útil e refletiu seu compromisso de deixar que a Bíblia falasse por si mesma. [p.64-65]


CAPÍTULO 5: EXPLICANDO O TEXTO – Este capítulo analisa o método exegético de Calvino. Quantos versículos ele achava necessário comentar em um sermão? Como era sua prática exegética? Como era sua hermenêutica? De que maneira ele transmitia o significado da passagem bíblica que tinha diante de si? Como ele relacionava um determinado texto bíblico com o restante das Escrituras? As características seguintes revelam como Calvino lidava com o texto sagrado. Do começo ao fim de seu ministério, Calvino manteve sua pregação singularmente focalizada na explicação do significado planejado por Deus para o texto bíblico. Esta era a essência de seu trabalho no púlpito. Como Parker escreveu: “A pregação expositiva consiste na explanação e aplicação de uma passagem das Escrituras. Sem explanação ela não é expositiva; sem aplicação ela não é pregação”. Calvino dedicou-se com rigor a esta tarefa. Ele sempre explicava o texto, sempre fazia conhecido seu verdadeiro significado, e sempre fazia aplicações fundamentadas em interpretações precisas. Ele acreditava que somente quando a explanação era dada de forma apropriada, o sermão podia progredir com o efeito transformador de vidas. [p.79]


CAPÍTULO 6: FALANDO COM OUSADIA - Este capítulo considera alguns dos tons vibrantes que fluíam da boca de Calvino em sua pregação. Qual era o estilo de comunicação do reformador? Quais fatores influenciaram a escolha de suas palavras? Quais eram suas expressões favoritas? Como ele usava perguntas, reiterações, citações e transições? Longe de ser um professor de Bíblia apático, Calvino explicava as Escrituras de uma maneira viva e revigorante a ponto de estabelecer uma relação com seus ouvintes e causar grande impacto entre eles. Sua comunicação era vívida, memorável, clara, agradável e, às vezes, desafiadora ou até mesmo chocante. Sua pregação podia ter um tom pastoral ou profético. Além disso, a intensidade da concentração de Calvino atraía os ouvintes para suas palavras. Outros podem ter sido mais eloqüentes, entretanto, ninguém foi mais compenetrado e cativante do que ele. Quando Calvino falava, ele sempre estava atento para a “harmonia que deve existir entre a mensagem e o modo pelo qual ela é expressa”. Em outras palavras, ele acreditava que “o modo” — ou seja, a forma como ele falava — “não deveria corromper a mensagem” — ou seja, aquilo que ele dizia. Ao contrário, o método deveria confirmar a essência da mensagem. O estilo literário de Calvino, sua educação em ciências humanas, sua própria personalidade, sua inteligência, e seu momento único na história — estes e outros fatores transformaram seus sermões em belas obras de arte; em obras-primas da habilidade de interpretação. [p.95-96]


CAPÍTULO 7: APLICANDO A VERDADE - Este capítulo se concentra nos tipos de aplicação que Calvino usou em seus sermões. Como ele encorajou seu povo em sua vida cristã? Que hábitos ele ordenou? Quando a repreensão ou a confrontação era necessária, como ele as colocou em prática? Enquanto pregava, o desejo de Calvino era relacionar-se com seus ouvintes em muitos níveis, e ele foi bem-sucedido ao fazê-lo. Sempre havia um homem na congregação a quem Calvino primeiramente dirigia seus sermões. Sempre que subia ao púlpito, ele era mais rígido com este homem. Nunca deixava de punir este ouvinte; nunca permitia que ele escapasse à sua avaliação. Este homem fazia-se presente em todo o tempo em que o reformador pregava. Na verdade, ele nunca perdia uma mensagem. Não obstante, tal pessoa era a que menos se impressionava com a grande reputação e talento do teólogo. Quem era este homem, alvo dos ataques de Calvino? Era ninguém mais que o próprio Calvino. Durante a pregação ele não perdia a si mesmo de vista. Calvino confessou que o prega dor “precisava ser o primeiro a obedecer [a Palavra], e que desejava declarar que não estava impondo uma lei somente para os outros, e sim que a sujeição era comum a todos, e que cabia a ele dar o primeiro passo”. [p.107-108]


CAPÍTULO 8: CONCLUINDO A PREGAÇÃO - Na conclusão de cada sermão, primeiro Calvino fazia um resumo da verdade que explicara. Depois, instava vigorosamente seus ouvintes a terem submissão absoluta ao Senhor. Ele os intimava a terem uma fé resoluta em Deus, por meio da qual eles escolheriam obedecer a Deus de todo o coração. Da mesma forma como um advogado habilidoso faz as suas alegações finais diante do júri, o expositor de Genebra aplicava seu texto bíblico à alma da congregação, clamando por um veredicto — uma decisão que honrasse a Deus. Finalmente, ele concluía com uma oração pública, confiando seu rebanho às soberanas mãos do Senhor. Este capítulo concentra-se nestes elementos finais da pregação de Calvino. [p.110]


CONCLUSÃO: “QUEREMOS MAIS CALVINOS” - Estamos agora no século vinte e um, quase quinhentos anos distantes do tempo de João Calvino, mas nos encontramos num momento igualmente crítico na história da redenção. Da mesma maneira como a igreja organizada estava espiritualmente arruinada no início dos dias de Calvino, assim também acontece em nossa época. Certamente, a julgar pela aparência, a igreja evangélica neste momento parece estar florescendo. Igrejas enormes estão surgindo em todos os lugares. A música cristã e as editoras contemporâneas parecem aumentar com muita rapidez. Reuniões de homens lotam grandes estádios. Ouve-se que há grupos de políticos cristãos em todas as camadas governamentais. Contudo, a igreja evangélica é, em grande medida, um sepulcro caiado. Tragicamente, sua fachada disfarça sua verdadeira condição interna. O que devemos fazer? Devemos fazer o que Calvino e os reformadores fizeram há tanto tempo. Não existem remédios novos para problemas velhos. Devemos retornar aos caminhos antigos. Devemos, uma vez mais, recuperar a centralidade e a capacidade de penetração da pregação bíblica. É preciso um retorno decisivo à pregação direcionada pela Palavra, que exalta a Deus, que é centrada em Cristo e fortalecida pelo Espírito. Precisamos desesperadamente de uma nova geração de expositores, homens da mesma estirpe de Calvino. Pastores marcados pelo entusiasmo, pela humildade e bondade devem novamente “pregar a Palavra”. Em resumo, precisamos de outros Calvinos para subir aos púlpitos e proclamar, cheios de coragem, a Palavra de Deus.


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As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards
O Foco Evangélico de Charles Spurgeon
O Zelo Evangelístico de George Whitefield