quinta-feira, 13 de agosto de 2020

EVIDÊNCIA INICIAL [Resenha 137/20]


Historicamente, como tem sido assumida a doutrina do batismo no Espírito Santo nas mais variadas tradições cristãs? Como as igrejas do Oriente e Ocidente se posicionaram teologicamente a respeito? Qual teria sido a influência de Charles Parham e William Seymour na formulação da doutrina que determina o ethos de milhões de Pentecostais mundo afora?

É importante a citação desses dois líderes, pois muitas são as controvérsias que envolvem a teologia da evidência inicial. Charles Parham defendeu-a como o ponto central do pentecostalismo, que funcionaria como uma bênção do Senhor visando celeridade na evangelização das nações, com a derrubada de barreiras idiomáticas que separam os homens centenas de línguas e dialetos. William Seymour, outro importante líder pioneiro do movimento pentecostal, em sua teologicamente madura e em razão de muitos conflitos com outros líderes, afirmou que a evidência do batismo no Espírito era o dom do amor.

Gary McGee, que foi professor de História da Igreja no Seminário Teológico das Assembleias de Deus em Springfield, Missouri, edita a obra “Evidência Inicial: Perspectivas históricas e bíblicas sobre a doutrina Pentecostal do batismo no Espírito”, traz a resposta para inúmeras perguntas cruciais sobre o tema. O que o Pentecostalismo brasileiro precisa aprender de suas tradições? É o que você saberá com Evidência Inicial.

O livro com 288 páginas está dividido em duas partes. (1) A evidência inicial na perspectiva histórica. Esta parte concentra-se no desenvolvimento histórico da doutrina e (2) Evidência inicial e o texto bíblico: quatro perspectivas. Esta parte inclui quatro ensaios exegéticos sobre a evidência inicial por diferentes ângulos. Estas duas partes são compostas por 13 capítulos, cada um assinado por um especialista, incluindo teólogos, historiadores e exegetas. Eles apresentam sua visão sobre a doutrina que estabeleceu as línguas como a evidência física inicial do batismo com Espírito Santo. Entre eles, além de McGee, estão Stanley Burgess, Robert Menzies, Larry Hurtado, Cecil Robeck Jr. e Donald Johns.

O editor afirma que esses ensaios, sem dúvida, desencadeiam muitas respostas. A fé e os pressupostos de alguns serão confrontados com descobertas históricas recentes ou em oposição às exposições bíblicas da doutrina. Outros, no entanto, podem descobrir um novo significado para suas experiências carismáticas de glossolalia, ou talvez possam ser forçados a reconsiderar suas suposições sobre o batismo do Espírito Santo. Em todo caso, se este exame limitado do batismo pentecostal e da doutrina da evidência inicial suscitar mais discussões, diálogo, pesquisa e melhor entendimento dentro do corpo de cristo, e terá cumprido seu propósito.
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MCGEE, Gary. Evidência inicial: perspectivas bíblicas e históricas sobre a doutrina pentecostal do batismo no Espírito. Natal, RN: Editora Carisma, 2019.

O CÓDIGO DO CAÇADOR DE RECOMPENSA [Resenha 136/20]


Você ama o universo expandido de Star Wars, é fã do Boba Fett, gosta do modo como os caçadores de recompensa trabalham, ou apenas gosta da franquia e queria saber mais? Acabou de encontrar o livro perfeito para isso tudo! E o nome dele é: O Código do Caçador de Recompensas.

Já diferenciando de qualquer outra obra, aqui não trataremos de uma narrativa e sim de um manual. E aí você se pergunta: “O que eu faria com um manual de caçadores de recompensas intergaláticos do universo expandido de uma franquia fictícia?”. Bom, primeiramente não é qualquer “manual intergalático do universo expandido de uma franquia fictícia” mas sim, um manual que já “passou pelas mãos” dos caçadores Boba Fett, Greedo, Dengar, Bossk e de alguma forma, depois de um tempo, acabou parando nas mãos do próprio Han Solo.

Bom, vamos ao que interessa. O primeiro detalhe que se pode observar é o trabalho maravilhoso que foi feito no acabamento da obra, tudo, em toda a coleção (que será comentada nas resenhas seguintes), foi feito para sentirmos que estamos pegando em um objeto que foi utilizado pelos próprios personagens da franquia (sensacional, né?). A capa se parece realmente com um manual espacial, desde a pintura até a espessura, e o mais legal é que logo atrás, em baixo relevo, temos um brasão Mandaloriano, que pode ser considerado um indício que a edição foi encadernada pelo próprio Boba Fett.

Logo ao abrir, temos uma espécie de relatório Rebelde anexado dizendo como, quando e onde o manual foi encontrado (o que já mexe bastante com a imaginação do leitor). No decorrer do livro, temos o manual com tudo o que se precisa saber para se tornar um caçador de recompensas: As noções básicas, requisitos de alistamento em guildas, credos, regulamentos de guilda, recompensas por regiões, história dos caçadores de recompensas, armas que se devem ser utilizadas, veículos, procedimento com o império, as quatro fases de como caçar uma aquisição, enfim, exatamente tudo que você precisaria para se tornar um caçador de recompensas.

Além de todo o manual muito bem estruturado, e com cada parte escrita por um membro importante da guilda dos caçadores de recompensas, temos o ponto alto do livro, enquanto você aprende tudo sobre esse universo, também pode desfrutar de comentários feitos pelos próprios caçadores quando também estavam lendo a obra.

Em termos cronológicos, respondendo a pergunta: “Mas como eles pegaram o mesmo livro e leram ao mesmo tempo?” A leitura de cada um ocorreu em tempos diferentes, fica subentendido que primeiro, o manual estava nas mãos de Greedo, após um tempo foi para as mãos de Bossk, depois Dengar que o entrega para Boba, até que finalmente vai parar com Han Solo através da Aliança Rebelde. Em determinadas partes da obra é possível ver respostas dos que pegaram o livro depois, para alguns comentários dos que pegaram antes, outro atrativo sensacional.

Por fim, nas ultimas páginas, temos outra história, um manifesto dos sentinelas da morte Mandalorianos (raça do caçador Boba Fett), Onde podemos ver a origem da fama e a grandeza da espécie. Ideal para desvendar inúmeros mistérios sobre o Caçador. Dentro desta parte podemos desfrutar dos comentários de Jango fett, que são direcionados para o filho Boba, que depois, deixa comentários para a filha Ailyn Vel, já que se trata de um exemplar passado de geração em geração. Além deles ainda temos palavras de Aurra Sing e do pirata Weequay Hondo Ohnaka.

O livro é considerado para mim, um item indispensável para um colecionador de Star Wars, principalmente para quem foca a sua coleção nos caçadores de recompensa da franquia.
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WINDHAM, Ryder. Star Wars: O Código do Caçador de Recompensa. São Paulo, SP: Editora: Bertrand Brasil, 2015.

Resenha publicada originalmente
No Blog Torre de Vigilância no link: encurtador.com.br/aJK13

terça-feira, 11 de agosto de 2020

OS DOIS REINOS E A APLICAÇÃO CIVIL DAS DUAS TÁBUAS DA LEI [Resenha 135/20]


Na introdução do livro, os tradutores escreveram o seguinte: “Muito foi escrito no passado sobre João Calvino e suas opiniões sobre o relacionamento do Magistrado Civil com a Igreja. [...] Como você verá nas numerosas seleções dos escritos de Calvino coletados abaixo, o ensino consistente do trabalho volumoso de sua vida nos leva à conclusão inevitável de que ele acreditava, como a Assembléia de Westminster fez, que as Escrituras ensinam tanto que a Igreja como o Estado estão sob a autoridade de Deus e que eles são governados separadamente, mas com responsabilidades ordenadas por Deus de um para o outro.

O livro é pequeno, mas é muito esclarecedor. Além da introdução e conclusão, o livro possui cinco capítulos, onde nos mostra os escritos de João Calvino e sua percepção incomum à época, traçando claramente os limites de atuação do Estado e especificando com clareza a esfera da Igreja.

Em seu mais famoso trabalho, as Institutas da Religião Cristã, no Livro IV, Capítulo 20 (o último capítulo desse seu livro), encontramos uma grande exposição do tema, sob o título Do Governo Civil, em 32 seções. Na terminologia de Calvino, os governantes são chamados de “magistrados” ou de “magistrados civis”, seguindo a própria terminologia paulina de Romanos 13.1-7.

Ao concluir o livro, aprendemos sobre o cristão e seu relacionamento com os Magistrados. Os cristãos devem ter os magistrados em honra, respeito e obediência; Devem estar sujeito a eles não por castigo, mas pela consciência; Devem se sujeitar não por medo, mas porque ao fazerem estarão obedecendo ao próprio Deus. “É impossível resistir ao magistrado sem ao mesmo tempo resistir a Deus”.

O pensamento de Calvino tem, portanto, uma visão elevada da importância dos governantes. Ele não “abre brechas” para focos de insubmissão ou de insurreição. Calvino não deixa de classificar as esferas de cada um – Estado e Igreja, agindo em áreas e situações diferentes. Acima de tudo, ele coloca tanto governantes como governados responsáveis diante de Deus por suas ações ou omissões. Em nossos dias, a visão clara e precisa de Calvino a respeito desses diversos aspectos da regência terrena de nossas vidas deveria ser estudada, aplicada e defendida tanto pelos governantes como pelos governados.
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CALVINO, João. Os dois reinos e a aplicação civil das duas tábuas da lei. Cascavel, PR. Editora Caridade Puritana, 2020. 114p.

sábado, 8 de agosto de 2020

O GUARANI [Resenha 134-20]

Há obras literárias que estão fortemente vinculadas ao momento em que foram criadas. É o caso do romance "O Guarani" (1857), do cearense José de Alencar (1829-1977), ligado à fase inicial do romantismo brasileiro, conhecido como indianismo. A obra de José de Alencar contribuiu para a nacionalização da literatura no Brasil e a consolidação do romance nacional, do qual foi pioneiro e, por isso, chamado de "patriarca da literatura brasileira". Os seus heróis indígenas, rodeados de uma natureza exótica e fascinante, são repletos de bondade, nobreza, valentia e pureza, características que os aproximam dos cavaleiros e donzelas medievais.

O romance está dividido em quatro partes com capítulos titulados: (1) Parte: Os Aventureiros. (2) Peri. (3) Os Aimorés e (4) A Catástrofe. Narrado em terceira pessoa, o livro se passa no Brasil do início do século 17. A história gira em torno de Dom Antonio de Mariz, fidalgo português que, com a construção de uma fortaleza, desafia o poder espanhol. O plano do antagonista, o aventureiro Loredano, queimado como traidor ao final do livro, incluía raptar Cecília, a Ceci, filha de D. Antônio, vigiada pelo forte e valente índio Peri (o personagem central do livro), protagonista do romance, com características morais e comportamentos dignos de um soldado da Idade Média europeia. Ele salva a vida da moça, ameaçada de morte pelos índios aimorés, que queriam vingar a morte acidental de uma índia de sua tribo causada por Diogo, filho de D. Antônio. No combate entre aimorés e portugueses, os primeiros, mais numerosos levam vantagem.

Peri, num ato heroico, bem ao gosto do romantismo, oferece-se ao sacrifício. Toma veneno para que, após ser derrotado na luta e devorado pelos adversários antropófagos, eles falecessem contaminados pela sua carne. Álvaro, capataz de Dom Antônio, apaixonado por Isabel, criada e irmã bastarda de Ceci, salva o índio, convencido pela donzela lusa a tomar o antídoto. Em seguida, Álvaro falece na guerra, e Isabel, inconformada, comete suicídio.

A derrota dos portugueses, no entanto, é inevitável. D. Antônio, num gesto extremo, também romântico, faz a fortaleza explodir, matando a todos ali dentro, inclusive a si mesmo. Pede também a Peri que se converta ao cristianismo para que fuja com a filha.

Adormecida com vinho, Ceci enfrenta com o índio uma tempestade tropical. Quando acorda, Peri conta o que ocorreu. Ela, decepcionada com a civilização branca, decide morar com o "bom selvagem" na selva. Enquanto isso, as águas continuam subindo. O índio, como se fosse um Hércules do mito grego, arranca uma palmeira do chão e improvisa uma canoa. Na última cena, o casal se perde na linha do horizonte, havendo a sugestão, bem dentro do universo nacionalista de Alencar, de que os dois seriam os fundadores da nação brasileira, com suas matrizes portuguesas e indígenas.
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ALENCAR, José de. O Guarani. Jandira, SP: Livros Principis, 2019. 288p.

PERSONAGENS AO REDOR [Resenha 133/20]

PERSONAGENS AO REDOR DA CRUZ - Este livro nos fala sobre o impacto da cruz na vida de muitos personagens que estiveram ali junto ou próximo, comprometido ou não com a cruz de Cristo. O impacto da cruz na vida dessas pessoas resultou em bênçãos para alguns e maldição para outros. A luz que imanava da cruz revelou o caráter e conduta e as motivações de cada personagem que ali estiveram. Todas essas pessoas, ricos ou pobres, duras ou profundamente carinhosas, desagradáveis ou santas, amargas ou compassivas, vingativas ou amáveis e atenciosas. Eles eram aquilo que somos nós, nem melhor nem pior, mas que alcançados pela palavra da cruz, fomos cheios de esperança e fomos transformados pela palavra do Evangelho.

“Jesus sofreu a tragédia da condição humana e transformou esta tragédia em esperança; Ele voltou dos mortos para dar aos homens a segunda chance que nunca acontece na tragédia. Ele ressuscitou dos mortos para encontrar Maria Madalena na profundidade da sua depressão, para encontrar Tomé em seu pessimismo, para encontrar os viajantes a caminho de Emaús no seu intelectualismo, até mesmo para encontrar os chefes dos sacerdotes nos seus esforços frenéticos para encobrir a ressurreição.”

PERSONAGENS AO REDOR DA MANJEDOURA – As cenas do nascimento de Jesus nunca mais serão as mesmas, pois Tom Houston, neste livro, por meio de reflexões sobre os personagens bíblicos reais que cercaram este acontecimento, consegue nos impactar com o real cotidiano de tais personagens. Esse impacto é porque focamos com muito afinco ao nascimento de Jesus e não percebemos os aspectos do extraordinário drama humano que cerca este grande evento.

Com uma mistura de compreensão expositiva, base histórica e sensibilidade psicológica, Tom dá vida aos personagens. E não apenas aos óbvios, como Maria, José, os pastores e os reis. Também somos apresentados ao Imperador Augusto, a Simeão, aos próprios narradores, Mateus e Lucas e, é claro, João Batista e seus pais. Como um contador de histórias, Tom Houston, consegue fazer com venhamos sentir o clima que envolve tais personagens. Sentimos suas emoções, identificamos-nos com suas reações e nos maravilhamos com a maneira pela qual os detalhes pessoais, assim como os grandes movimentos políticos, se combinam para demonstrar a soberania de Deus. Uma leitura que aquece o coração e oferece um ângulo novo e desafiador de uma história familiar.

PERSONAGENS AO REDOR DA IGREJA - Nesse terceiro volume, o foco é na igreja de Jerusalém na primeira metade do livro de Atos dos Apóstolos. A história da primeira igreja – na cidade de Jerusalém – pulsa com vida renovada, julgamentos ferozes, fracassos pessoais, crescimento espiritual e alegria intensa.

A história da primeira igreja – na cidade de Jerusalém – pulsa com vida renovada, julgamentos ferozes, fracassos pessoais, crescimento espiritual e alegria intensa. Tom Houston captura o coração do trabalho de Deus naqueles arrebatadores primeiros dias. Sua própria experiência ampla e demorada com a igreja em todo o mundo brilha em perspicaz compreensão e notável aplicação.

Como um contador de histórias, Tom Houston, consegue fazer com venhamos sentir o clima que envolve tais personagens em cada um dos locais: A MANJEDOURA, A CRUZ E A IGREJA.
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Livros escritos por Tom Houston. Curitiba, PR: Editora Esperança, 2018.

VIVENDO PARA A GLÓRIA DE DEUS [Resenha 132/20]

Este livro apresenta-nos uma perspectiva bem equilibrada e agradável da tradição reformada (o calvinismo como ele realmente é). Apresenta-nos elementos básicos da história da teologia reformada e do confessionalismo, bem como o ensino calvinista sobre a salvação, a piedade, o crescimento, a igreja, a pregação, a evangelização, o casamento, a família, apolítica, a ética, a doxologia (a idéia de viver toda a vida para a honra de Deus – da qual o livro recebe o título) e muito mais. Todo o panorama retratado neste ajudará a fortalecer, em nosso tempo, a fé reformada confessional e experimental – a grande e central tradição reformada proveniente do melhor calvinismo britânico (puritano e escocês) e holandês (a segunda reforma).

Vivendo para a Glória de Deus está dividido em seis partes com um total de vinte e oito capítulos. Desses vinte e oito capítulos, Beeke contribuiu com dezoito. Os outros dez capítulos consistem de contribuições do Dr. Sinclair Ferguson, Dr. James M. Grier, Dr. Michael A.G. Haykin, Dr. Nelson D. Kloosterman, Rev. Ray B. Lanning, Dr. Robert W. Oliver, Ray Pennings, e Dr. Derek W.H. Thomas. Todos esses homens são autores talentosos, e os seus capítulos são consistentemente bem escritos.

(1) O Calvinismo na história. Composta por dois capítulos, o autor dá uma breve introdução histórica à Reforma Protestante, à teologia Calvinista e às suas repercussões na história, como a produção de inúmeras confissões de fé e catequismos professantes da fé reformada. (2) O Calvinismo na mente. Esta é a parte mais polêmica do livro. Possui 9 capítulos e trata dos famosos Cinco Pontos do Calvinismo. O que me chamou a atenção é a cênfase pastoral dada a cada um dos pontos é bastante evidente e faz com que o leitor não só entenda do que se trata cada ponto, mas medite nas implicações dele em sua vida. (3) O Calvinismo no coração. Esta foi a parte que mais gostei de ler e que tem me feito refletir bastante sobre minha vida com Deus. Aqui são tratados assuntos como habitação do Espírito, piedade, santificação do pensamento e santificação na prática. (4) O Calvinismo na Igreja. Esta parte trata da eclesiologia reformada. Ou seja, a relação do Calvinismo com o culto, com a pregação e com a evangelização. Estes pontos são apresentados tanto a partir da ótica de Calvino quanto dos Puritanos e nos ajudam a entender que o Calvinismo ajuda e incentiva profundamente a evangelização e nos traz confiança ao proclamarmos a mensagem da cruz. (5) O Calvinismo na prática Nesta penúltima parte, vários autores são convidados a tratar de assuntos práticos da vida e como eles são vistos a partir da teologia calvinista. O tema mais tratado aqui foram as relações familiares, especialmente o casamento. Além do casamento, são também tratadas as implicações práticas do calvinismo no trabalho e na ética. (6) O alvo do Calvinismo. Esta é a parte final do livro, possuindo um único capítulo chamado “Doxologia”. O propósito dele é nos lembrar que tudo é sobre Jesus Cristo. Todo o plano da salvação, desde a eleição até a glorificação converge a Cristo. Quando encontramos na Bíblia e entendemos o significado das doutrinas da Graça, a reação do nosso coração deve ser uma profunda reverência e um profundo sentimento de adoração.

O autor escreve que o alvo deste livro são os leigos e os pastores interessados em aprender os ensinos básicos do calvinismo. Espero que o livro sirva como um resumo estimulante a uma fonte de revigoramento para aqueles que já são calvinistas ávidos, assim como aos que já estão familiarizados com muito do seu conteúdo.
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BEEKE, Joel. Vivendo para a glória de Deus: uma introdução a fé reformada. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2016. 414p.

domingo, 2 de agosto de 2020

A TORRE NEGRA E OUTRAS HISTÓRIAS [Resenha 131/20]


Logo após a morte de C. S. Lewis, em 22 de novembro de 1963, devido a mudança para uma casa menor, o seu irmão, major W. H. Lewis depois de separar alguns papéis que para ele tinham uma importância especial, começou a desfazer dos outros, ou seja, jogar na fogueira. Felizmente, no entanto, o jardineiro de Lewis, Fred Paxford, preservou uma grande quantidade de cadernos e de papéis para que o antigo secretário de Lewis tivesse a chance de vê-los.

O ex-secretário de C. S. Lewis, era o Sr. Walter Hooper, que assim escreve no prefácio desta obra: “Naquela noite, enquanto os examinava, deparei-me com um manuscrito que me deixou bastante empolgado. Amarelado pelo tempo, mas ainda perfeitamente legível, começava com as palavras: ‘É claro’, disse Orfeu, ‘o tipo de viagem do tempo sobre a qual você lê nos livros — viagem no tempo no corpo — é absolutamente impossível’. Algumas linhas abaixo, na mesma página, encontrei o nome “Ransom”, sobre quem se diz “ter sido o herói ou a vítima de uma das mais estranhas aventuras que jamais tinha acontecido a um homem mortal”. Imediatamente percebi que estava lendo um trecho de mais um dos romances interplanetários de Lewis — “A Torre Negra”, como eu vim a chamá-lo”.

A Torre Negra é um esboço de um quarto volume que daria continuidade a série de ficção científica conhecida como trilogia Cósmica. É composta por seis histórias. A primeira história é a que dá título ao livro – A Torre Negra. Hooper deixa claro que "A Torre Negra" é uma história que infelizmente está incompleta e comenta que o manuscrito foi composto por sessenta e duas páginas e que tentou preservá-las da melhor forma possível. É uma história cativante que continua as aventuras de personagens como Dr. Elwin Ransom e MacPhee. Na trama, cinco homens se reúnem no escritório de Orfeu, na Universidade de Cambridge, para testemunhar a violação do espaço-tempo por meio do cronoscópio , um telescópio que não olha apenas para um outro mundo, mas para outras dimensões. Ao longo das narrativas, seus personagens travam debates brilhantes sobre a matéria, no tempo e no espaço.

O livro conta com outros pequenos contos como “O homem que nasceu cego”, que provoca uma certa curiosidade (afinal, você saberia explicar para alguém que nasceu cego e voltou a ver, o que é a luz?), “As terras fajutas” (um tanto intrigante), “Anjos Ministradores” que fala sobre o isolamento social), “As Formas Desconhecidas” (afinal, cabelos balançam num local sem atmosfera?) e “Depois de Dez Anos”, que é uma ótica diferente de uma história grega um tanto quanto famosa. Esse último é outro que penosamente está inacabado.

Para concluir, observamos que “A Torre Negra” consiste num texto muito intrigante, que revela em si as duas faces mais elevadas de seu autor na produção literária ficcional, ou seja, seu talento para o desenvolvimento de enredos que tem seu ápice na fantasia, e o trato apurado de temas relevantes para a humanidade, como o tempo, o espaço, o desenvolvimento humano, e a relação entre as pessoas, algo bastante arraigado a sua produção em ficção científica.
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LEWIS, C. S. A Torre negra e outras histórias. São Paulo, SP: Editora Planeta, 2016.

COMENTÁRIO DE 1 PEDRO [Resenha 130/20]


Não acredito que algum cristão possa estudar essa carta por muito tempo sem ouvir a voz de Deus dirigir-se com poder às necessidades da igreja de hoje. Em apenas 105 versículos, 1 Pedro trata de inúmeros conceitos de teologia e ética cristãs. Nessa carta, encontramos a grande doutrina da redenção, desde sua concepção antes da fundação do mundo até sua consumação, quando receberemos nossa herança que jamais perecerá. Nela encontramos inúmeras exortações à santidade e à humilde confiança em Deus nas necessidades de cada dia. Encontramos também conselhos práticos sobre casamento, vida profissional, nossa relação com o governo, nosso testemunho perante os que não crêem uso dos dons espirituais e ministério como líder de uma igreja.

Nessa carta também se encontram intenso consolo na aflição e, na medida do que Deus permite a consciência dos profundos ministérios do sofrimento e da reprovação. Vemos nela a beleza majestosa da igreja como “templo espiritual”, onde diariamente oferecemos “sacrifícios espirituais” que agradam a Deus. E Jesus está nela: o pastor supremo que cuida de nós, o exemplo que seguimos a pedra angular escolhida que nos une e consolida e o Salvador que levou sobre si nossos pecados na cruz; aquele que, sem jamais termos visto, amamos. A glória de Cristo brilha das páginas dessa carta para o coração dos que a leem. Para igrejas e indivíduos que procuram crescer em santidade, fé e amor por Cristo, as palavras de Deus em 1 Pedro haverão de compensar ricamente o estudo feito com seriedade, a memorização e a meditação.

O comentário examina o texto seção por seção, extraindo seus temas principais. Além disso, comenta quase todos os versículos da carta separadamente e lida com problemas interpretativos. O objetivo geral é chegar ao verdadeiro sentido de 1 Pedro e tornar sua mensagem clara aos leitores de hoje.
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GRUDEM, Wayne A. Comentário Bíblico de 1 Pedro. São Paulo: Vida Nova, 2016. 240p.

DOM CASMURRO [Resenha 129/20]


Dividido em 148 capítulos curtos, Dom Casmurro é uma das grandes obras de seu autor, Machado de Assis. Publicado pela primeira vez em 1899, “Dom Casmurro” é uma das grandes obras de Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade brasileira.

Bento Santiago se dispõe a narrar a história de sua vida. Trata-se de um homem na casa dos 60 anos, que, supostamente, teria muito o que contar. No entanto, desde logo fica evidente que seu interesse pela própria biografia tem um foco bastante dirigido: o relacionamento com a jovem Capitu, a vizinha que viria a ser o grande amor de sua vida. Por isso, o espaço dedicado à infância é insignificante, assim como aquele que trata mais diretamente da velhice. Os marcos temporais da narrativa e o âmbito de interesse do autor são limitados pelo período que vai da adolescência, quando tem início seu relacionamento amoroso, até a idade adulta, marcada pela traição da amada.

Os personagens são reais e complexos e despertam a atenção e curiosidade do leitor. Apesar de ser narrado por Bentinho, a personagem principal do livro é a bonita e misteriosa Capitu. Todos os acontecimentos e conflitos de alguma forma estão ligados a ela, sendo a moça dona de olhos descritos como “de cigana oblíqua e dissimulada”, Capitu mexe não só com os personagens, mas também como o próprio leitor. Inteligente e sedutora, Capitu é uma personagem que sabe o que quer e como conseguir, mostrando assim uma personalidade completamente contrária a de Bentinho. Indeciso, tímido e medroso, nosso narrador é um personagem influenciável e dono de uma imaginação muito fértil, além de um ciúme quase doentio. Desde pequeno, Bentinho se mostra loucamente apaixonada por sua vizinha Capitu, sendo capaz de fazer qualquer coisa por ela. Mas, esse amor imenso que ele sente é corroído aos poucos pela suspeita da traição, teria Capitu o traído com seu melhor amigo, Escobar? A dúvida permanece durante todo livro, não sendo negada ou confirmada no desfecho da obra.

Machado de Assis conseguiu como poucos desentranhar dos acontecimentos políticos de seu tempo o significado humano mais profundo. Assim, o ambiente aparentemente pacífico da vida institucional brasileira da segunda metade do século XIX escondia a violência da escravidão e do sistema de troca de favores que norteava a relação entre ricos e pobres. Ao falar do Brasil, Machado desnudava o ser humano em sua miséria moral. E construía a obra mais genial de nossa literatura.
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ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Jandira, SP: Ciranda Cultural, 2019. 208p.

RECUPERANDO O EVANGELHO [Resenha 128/20]


RECUPERANDO O EVANGELHO - É o titulo da Série da Trilogia de livros escritos escrito por Paul Washer e publicado pela Editora Fiel. Nesta série, Paul Washer, faz um apelo ao redescobrimento da mensagem central do evangelho e seu impacto na vida cristã. A coleção é formada pelos seguintes livros: 

- O Chamado ao Evangelho e a Verdadeira Conversão - Ser Cristão não é meramente uma questão de se tomar uma decisão por Jesus ou virar a página da vida.É um milagre da graça no qual um pecador é trazido da morte para a vida pelo poder de Deus. Neste livro desafiador, Paul Washer ajuda o leitor, de modo claro e persuasivo, a entender essa verdade, fazendo uso cuidadoso das Escrituras e explicando como o poder do evangelho deve causar grande impacto na vida do cristão.

- Segurança e Advertências do Evangelho - Não deveria nos surpreender que uma compreensão errada do evangelho de Jesus Cristo e da natureza verdadeira conversão resulta em sérios problemas quanto à certeza da salvação. Muitas igrejas ditas evangélicas têm anunciado um falso evangelho de “crença fácil” e levando muitos a perigosamente presumirem sua salvação. No outro extremo, o entendimento equivocado de que a salvação depende de nossos esforços tem levado muitas pessoas de consciência sensível ao desespero. Neste terceiro volume da série “Recuperando o Evangelho”, Paul Washer alerta o leitor sobre os perigos de se fazer uma profissão de fé vazia. Temos aqui uma apresentação clara e bíblica de como o evangelho oferece bases firmes para nossa segurança da salvação.

- O Poder do Evangelho e Sua Mensagem - Escrito a partir de uma seleção de sermões, este livro tem como objetivo resgatar a mensagem essencial do evangelho em toda sua beleza e poder salvador. A partir do estudo de elementos fundamentais da Palavra de Deus, especialmente os mais negligenciados pelo cristianismo contemporâneo, Paul Washer faz um apelo ao redescobrimento da mensagem central do evangelho: a salvação conquistada para um povo caído por meio da vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

RECOMENDO - Numa época caracterizada pela crença fácil, precisamos de vozes como as de Paul Washer. Às vezes, somos tentados a achar que sabemos o suficiente do evangelho, mas aqui nesta coleção, Washer nos lembra que não há nada mais importante e relevante em nossas vidas do que meditar no evangelho e compreendê-lo corretamente. Graças a Deus por livros como estes, que nos ajudam a entender melhor e a amar mais profundamente o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 1 de agosto de 2020

BÍBLIA ALÉM DO SOFRIMENTO [Resenha 127/20]


A Bíblia é um tesouro para todos os eu invocam Jesus como seu Senhor e querem segui-lo com tudo o que são e têm na vida. É, porém, um tesouro particular para as pessoas que têm a vida marcada de alguma forma pelo sofrimento. Em quase todas as páginas, os crentes encontram conforto, esperança, encorajamento e capacitação do Deus, que nos ama o suficiente para revelar-se a nós através da sua preciosa Palavra. “A Bíblia Além do Sofrimento” é uma edição especial da Palavra de Deus, publicado pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus – @editora_cpad - que tem centenas de recursos para ajudar o leitor a ouvir a Deus em meio ao sofrimento.

“A Bíblia Além do Sofrimento” nasceu da paixão da organização que Joni Eareckson Tada fundou, e contém dezenas de artigos devocionais escritos por Joni que refletem seu coração em buscar a Deus em meio ao sofrimento e foram escritos em seu estilho acolhedor e convidativo. Muitos dos artigos concluem com uma oração que o leitor pode usar como indutor para responder a Deus sobre as coisas que ele está ensinando a você. Os devocionais tocarão o seu coração e o aproximarão do seu Criador, ganhando novas perspectivas sobre os versículos bíblicos com os quais estão conectados.

Os seus recursos incluem: Texto Bíblico na versão Nova Almeida Atualizada; Introdução aos livros; Perfis de personagens bíblicos e pessoas inspiradoras; Devocionais; Pontos de conexão e Mapas Coloridos. Além destes, há dez planos de leitura da Bíblia que ajudarão o leitor a ler as Escrituras acerca dos principais tópicos relacionados ao sofrimento e às necessidades especiais.

Portanto, todos podem se beneficiar da compreensão do que a Bíblia tem a dizer sobre a deficiência, entender a teologia do sofrimento e obter uma perspectiva bíblica sobre as questões da bioética e o papel da igreja em aliviar o sofrimento.
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TADA, Joni Eareckson. Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2020. 2.288p.

AS MINAS DO REI SALOMÃO [Resenha 126/20]


Sir Henry Rider Haggard (1856-1925) foi um escritor britânico, filho de William Meybohm Rider Haggard e Ella Doveton, que escreveu obras geralmente protagonizadas por exploradores ingleses que viajavam pela África. Como funcionário da coroa inglesa na África do Sul, Rider Haggard pôde conhecer vários países e uma enorme quantidade de costumes, crendices e lendas que influenciaram fundamentalmente seu gênio literário.

A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Alão Quartelmar e se apresenta como um relato de suas memórias, mais parecido com um diário de viagem do século XIX. Quartelmar é um cidadão inglês, caçador de elefantes, erradicado na África do Sul, que recebe a proposta de encontrar o irmão desaparecido do Barão Curtis, que havia se perdido pelo interior da savana africana enquanto viajava para as lendárias minas do rei Salomão.

Um dos primeiro livros do gênero “mundo perdido”, essa incrível aventura de Henry R. Haggard leva o leitor ao interior do continente africano. Desesperado pelo sumiço de seu irmão, o Barão Curtis acompanhado de seu amigo John, marinho experiente, partem para a África para achá-lo. Buscam pelo lendário caçador de elefantes, Allan Quantermain, para iniciar essa aventura. Os três, acompanhados de Umbopa, um zulu que se interessou de imediato pela jornada, iniciaram suas buscas tendo como base um mapa feito por um velho fidalgo português que anteriormente havia, supostamente, achado as Minas de Diamantes de Salomão.

Um deserto escaldante foi o primeiro desafio; a transposição da serra de Sulimani o segundo. As altas temperaturas do deserto foram contrastadas pela baixas temperaturas do topo da serra. Após esses obstáculos, que tomam quase a metade da obra, eis que os desbravadores aportam no reino dos cacuanas. Qual não é a surpresa do leitor quando descobre que Umbopa na verdade é Ignosi, legítimo herdeiro dos Cacuanas, que foi expulso ainda criança pelo pai do agora Rei, Tuala. Tendo como conselheira a bruxa Gagula, uma mulher com mais de cem anos, Tuala dá início às festas das flores e das feiticeiras. O massacre de inocentes é impressionante e a carnificina surpreende o leitor. Após uma épica batalha, apoiados pelos tio de Ignosi, o grande guerreiro Infandós, eles conseguem matar Tuala e devolver à Ignosi o reino que é seu por direito.

Como recompensa Ignosi promete levar os seus três amigos às famosas minas das pedras que reluzem. Gagula os trai, causando uma reviravolta que leva o leitor a ficar preso junto com Quatermain e seus amigos no interior da mina. Momentos angustiantes!

Ao fim e ao cabo a história termina com um surpreendente final feliz. Eles conseguem voltar para a civilização, mas passando por um caminho de oásis através do deserto encontram com o irmão do Barão Curtis, que machucou a perna e nunca mais conseguiu sair de lá. Quatermain ainda consegue salvar alguns diamantes, tornando seu final ainda mais feliz.
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HAGGARD, Henry Ryder. As Minas do Rei Salomão. Jandira, SP: Principis, 2019. 176p.

POR QUE CONTINUAR ORANDO... [Resenhas 125/20]


Há pelo menos quatro passagens bíblicas que demonstram que seria estranho se Deus não se dispusesse a ouvir nossas orações. Duas delas dizem que Deus não é um “deficiente” físico — não tem mão curta, não é surdo nem mudo. (Is 50.2; Is 59.10; Sl 94.4; Mt 7.9-11). Bastam essas quatro passagens para levar o cristão à oração!

Mas, o que devemos fazer quando estamos enfrentando um problema; oramos, oramos e oramos a Deus… mas não recebemos o que pedimos? Isso ocorre muitas vezes em nossa vida: simplesmente nossa oração não é atendida. A sensação que temos, nesses casos, é que Deus ou não nos ouviu ou nos virou as costas.

Neste livro, o autor nos mostra, que Não sabemos o que está por vir em nossas vidas, mas Deus sabe. Não podemos ver o que está por trás da próxima curva, mas Ele pode. Então, independentemente do que cada dia possa nos reservar, é importante estar preparados. Em outras palavras, precisamos orar. Precisamos de conselho, perspectiva e encorajamento para continuar orando, mesmo quando as respostas não vêm tão rapidamente ou da forma que esperávamos.

Portanto, se faz necessário que entendamos que Deus ouve todas as orações. E antes mesmo de orarmos ele já sabe o que vamos falar: “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda” (Sl 139.4). Essa ideia de que “Deus não ouve a oração” não é bíblica. E quando você não vê resultados, entenda também que Deus é muito sábio.

No final da introdução, o autor escreve: “Nas páginas a frente, quero que pensemos juntos sobre algumas questões: Afinal, por que oramos? O que significa orar e interceder pelos outros? Como podemos manter essa linha vital com o céu aberto e desobstruída? E por que devemos orar com grande paciência e perseverança, por mais que demore até recebermos Sua resposta?”

O livro está divido em seis capítulos e fica claro que a oração não é opcional para que deseja viver em vitória. Ela é exatamente aquilo que libera o poder de Deus para agir em nossas vidas e por meio delas. Portanto, Em “Por Que Continuar Orando”, você descobrirá o quanto Deus se importa com você e com tudo o que está em seu coração. Ele ouve as suas orações, e pode respondê-las de forma extraordinariamente acima e além de tudo o que você pedir. Mas você precisa orar!
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MORRIS, Robert: Por que continuar orando: Quando você não vê resultados? Rio de Janeiro, RJ: Editora Luz as Nações, 2017. 129p.

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER [Resenha 124/20]


Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais: é um livro em que o desenvolvimento dos enredos erótico-amorosos conjuga-se com extrema felicidade à descrição de um tempo histórico politicamente opressivo e à reflexão sobre a existência humana como um enigma que resiste à decifração — o que lhe dá um interesse sempre renovado.

Milan Kundera é um autor tcheco. Nascido no seio da erudita família de classe-média do senhor Ludvik Kundera (1891-1971), um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, o cabeça da Academia Musical de Brno de 1948 à 1961. Kundera aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente, ele também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de poder-se encontrar notas em pauta durante o texto.

Este é um livro com importante contexto histórico, político e social. A narrativa nos encontra na década de 1960, na antiga Tchecoslováquia (República Tcheca, desde 1993), e, em alguns fragmentos, na década de 1980, após o desenrolar de diversos eventos que afetam a vida de todas as personagens envolvidas. Estas são quatro: Tomas, Tereza, Sabina e Franz (além de um cachorro: Karênin). Todos, de alguma forma, têm suas vidas entrelaçadas, mesmo que alguns não se conheçam pessoalmente, mas se encontram através da análise minuciosa que Kundera faz da trajetória de suas vidas.

Uma das maravilhas desse livro é, justamente, a simplicidade com que Kundera aborda suas profundas e filosóficas reflexões sobre a existência humana e a vida. E, ao mesmo tempo, é um livro tão denso que creio ser mais difícil fazer uma análise boa e precisa dele que faça jus à agradável experiência de sua leitura. Numa linguagem surpreendentemente acessível, Kundera desenvolve a história de seus personagens com poderosas considerações de cunho filosófico desde a primeira página do romance!

Acompanhando a questão dualista de Parmênides, o autor insere a concepção do Eterno Retorno de Nietzsche, uma ideia que pode parecer complexa, a princípio, embora seja introduzida com naturalidade logo na primeira página da obra. Explico: o Eterno Retorno seria nada mais, nada menos que a repetição indefinida de toda a vida do indivíduo após sua morte (sabe aquela história de ver a vida inteira passando diante dos olhos? Pois é), tornando o fenômeno da existência um círculo vicioso de possibilidades que se repetem eternamente. A conexão deste conceito (inacabado pelo próprio Nietszche) com o anterior reside no ato de repetição: se o indivíduo pudesse refazer incessantemente suas escolhas, estas não possuiriam o peso, a gravidade da primeira vez em que foram efetuadas e seriam tratadas com muito mais leveza e informalidade, pois poderiam ocorrer de novo e de novo. Em suma, as escolhas se tornariam tão banais quanto o ato de respirar.

O romance descreve a vida humana como uma partitura musical, baseada em motivos que são executados com o ritmo e ênfase escolhida pelo maestro. Filosofia, música, política, história, relações interpessoais e tantos outros temas ganham espaço no mais aclamado escrito de Milan Kundera. O autor tcheco chega a trazer para dentro do livro análises críticas de outras obras ficcionais, reformulando o gênero do romance e fazendo-nos pensar até que ponto a ficção se sustenta. Seria a leveza da literatura tão insustentável quanto a do ser?
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KUNDERA, Milan. A Insustentável leveza do ser. São Paulo, SP: Círculo do Livro, 1984. 261p.

A DEVOÇÃO TRINITÁRIA DE JOHN OWEN [Resenha 123/20]


A série intitulada Um Perfil de Homens Piedosos destaca figuras-chave desses homens ligados, à graça soberana na procissão que perpassa as eras. O propósito da série é examinar como essas pessoas usaram seus dons e habilidades, dados por Deus, para impactar seu tempo expandir e reino do céu. Por serem totalmente dedicados a seguir a Cristo, o exemplo que deram é digno de ser imitado hoje. Este volume, escrito por Sinclair Ferguson, foca aquele que é considerado o maior dos teólogos puritanos ingleses, John Owen.

John Owen viveu de 1616 a 1683. Muitas de suas obras foram publicadas durante seu tempo de vida, e tantas outras foram publicadas pouco tempo depois de sua morte. Duas diferentes coleções dos seus escritos surgiram no século XIX. Mas até meados do século XX, tanto o seu nome quanto seus livros caíram em quase total obscuridade. Na providência de deus, as obras de Owen começaram a ser republicadas em 1965.

A vida monumental de Owen foi marcada por sua realização intelectual superior. Tomou-se pastor, capelão de Oliver Cromwell, e vice-chanceler da Universidade de Oxford. Sua obra mais influente, “A Morte da Morte na Morte de Cristo” (1647), escrita quando contava apenas trinta e um anos de idade, é uma extensa reflexão sobre a vida intra-trinitariana de Deus na encarnação e expiação de Jesus Cristo. Este trabalho seminal lançou Owen em um caminho de meditação e reflexão trinitária. Ele deixou ricos tratados e sermões sobre a comunhão trinitária que um cristão pode ter com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo. Talvez nenhum outro teólogo inglês tenha gasto mais tempo na contemplação da eterna Divindade, e o estudo de Owen traduzia zelosa paixão pelo evangelho e dedicação a Cristo. John Owen é figura altaneira, eminentemente digna de ser retratada no esboço biográfico da série.

Este é o principal livro que recomendo sobre John Owen. Além da apresentação e prefácio, o livro possui cinco capítulos, onde observamos que é muito mais que uma introdução a Owen; é, ao mesmo tempo, uma meditação rica e profundamente tocante sobre a comunhão com nosso glorioso Deus trino. Temos aqui um banquete de manjar dos anjos.

Steven Lawson escreve: “Que o Senhor use este livro para levantar uma nova geração de crentes, que levem a mensagem do evangelho e influenciem este mundo. Por meio deste perfil, que você seja fortalecido para andar de modo digno da vocação a que foi chamado. Que você seja zeloso em sua devoção ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, para a glória de seu nome e o avanço de seu reino”.
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FERGUSON, Sinclair B. A devoção trinitária de John Owen. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. 136p.