segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O EVANGELHO SEGUNDO A FILOSOFIA: DO FILÓSOFO JESUS ÀS IDÉIAS SOBRE JESUS


Havia uma dúvida quanto ao título desta obra. Seria o Evangelho segundo a filosofia ou o Evangelho segundo as mentalidades? O leitor que entender “filosofia” no sentido mais acadêmico do termo, como uma disciplina, poderá corretamente argumentar pela maior fidedignidade da segunda opção. Ou seja, trata-se aqui mais de inventariar o efeito do Evangelho (e, por decorrência, do cristianismo) sobre as mentalidades do que sobre os filósofos de referência da história da filosofia.

Optei pelo primeiro título porque a ideia nasceu em mim a partir da vontade de aplicar princípios hermenêuticos e dialéticos próprios do exercício filosófico tanto ao Evangelho em si como às filosofias e circunstâncias históricas que o inspiraram ou precederam e como ao que se sucedeu no Ocidente e em Bizâncio como decorrência da aplicação de tais princípios ao Evangelho e da expansão e consolidação do cristianismo.

Adicionalmente, pode-se traduzir “mentalidades” por “filosofia popular” ou a forma pela qual cada um interioriza ideias gerais e preceitos filosóficos referentes à ética ou à moral. Creio ser mais relevante ligar uma análise do Evangelho ao que se sabe sobre essa interiorização do que às manifestações políticas do clero e dos mais destacados filósofos/teólogos da cristandade ou contra o cristianismo, sem perder de vista as interações e mal-entendidos entre uns e outros.

A bibliografia focada na evolução das mentalidades individuais é relativamente escassa. Servi-me, em especial, da série História da vida privada, editada originalmente na França em 1985, dirigida por Philippe Ariès e Georges Duby, e contando com a participação de autores fundamentais para a compreensão das pontes entre agires cotidianos e pregação de matriz cristã, como Paul Veyne, Peter Brown, Évelyne Patlagean, Gérard Vincent e Michel Rouche. Isso não representa de modo algum um comprometimento com as conclusões desses autores. Recomendo, porém, vivamente ao leitor que queira se aprofundar sobre a história do cristianismo e do Ocidente a leitura dessa coleção.

A edição da Bíblia utilizada nesta obra foi, por norma, a Bíblia Ave-Maria, em versão em português publicada pela primeira vez em 1959 no Brasil. A edição católica prima pelo uso de sinônimos atuais, facilitando a compreensão do público em geral. Excepcionalmente, para situações em que o rigor se fazia mais importante, utilizei a Bíblia Sagrada editada pela Sociedade Bíblica Brasileira (2ª edição, revista e atualizada — 1993) a partir da clássica tradução de João Ferreira de Almeida para o português (completa em 1694). Para fins de exegese específica do Evangelho, porém, consultei originais em grego, disponíveis em portais confiáveis da internet.

Apesar de minha adesão ao cristianismo, procurei sinceramente compreender os pontos de vista de autores anticristãos ou agnósticos. Minha simpatia, digamos assim, pelo cristianismo, não se estende ao milenarismo cristão, à crença no criacionismo nem a propostas teocráticas de caráter autoritário.

Para finalizar, registro os devidos agradecimentos, não todos, mas alguns selecionados para manter a brevidade. Em primeiro lugar, à editora Record, em especial ao editor Carlos Andreazza, pela confiança depositada no projeto e pela liberdade a mim concedida na expressão de pensamentos que afrontam crenças pessoais e ideias consolidadas.

Aos filhos, Marco Aurélio, Marco Túlio, Sofia e Caio, os três primeiros meus
colaboradores diretos, o último um incentivador por sua presença, seu amor e seu carinho. Aos amigos Afonso Henrique Soares Júnior, Araken Vaz Galvão, Emmanuel Mirdad, Liane Dittberner, Marcos Cruz Teixeira, a meu pai, Nilson, e a minha irmã, Paula, pelo precioso apoio com questionamentos, observações, apontamentos e críticas. Aos amigos Leandro Narloch e Douglas Cavalheiro, pelas orientações prévias e incentivo.

Aos meus leitores e admiradores recentes ou antigos, que me acompanham e são a razão de ser de minha dedicação à escrita.
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SCHOMMER, Aurélio. O evangelho segundo a filosofia: do filósofo Jesus às idéias sobre Jesus. Rio de Janeiro: Record, 2016, 307p.


sábado, 9 de setembro de 2017

BONHOEFFER E A AUTORIDADE BÍBLICA


 Primeiro de tudo, confessarei, pura e simplesmente — eu acredito que a Bíblia sozinha é a resposta para todos os nossos questionamentos, e nós precisamos apenas perguntar repetidamente e de um pouco de humildade, nessa ordem, para receber as respostas. Não se pode apenas ler a Bíblia como se lê outros livros. É preciso estar realmente preparado para examiná-la. Apenas assim ela se revelará. Somente se esperarmos dela a resposta final, iremos recebê-la. Porque na Bíblia Deus fala conosco. E não se pode simplesmente pensar em Deus com a própria força; é preciso indagá-lo. Apenas se o procurarmos, ele irá nos responder. Sim, é possível ler a Bíblia como um livro qualquer, isto é, do ponto de vista da crítica textual etc.; não há nada a ser dito contra isso. Apenas que esse não é o método que nos irá revelar o coração da Bíblia, mas apenas sua superfície, assim como nós não nos apoderamos das palavras de alguém que amamos ao tomá-las letra por letra, mas simplesmente as recebendo, e então elas persistem em nossa mente durante dias, porque afinal são as palavras de uma pessoa que amamos, e assim como essas palavras revelam mais e mais sobre a pessoa que as disse enquanto nós seguimos, como Maria, “meditando-as no coração”, assim será com as palavras da Bíblia. Somente se nos aventurarmos a entrar nas palavras bíblicas, como se nelas esse Deus estivesse falando conosco que nos ama e que não deseja nos deixar sozinhos com nossas perguntas, somente assim aprenderemos a nos regozijar com ela [...].

Se sou eu quem determina onde Deus será encontrado, então irei sempre encontrar um Deus que corresponde a mim de algum modo, que me favorece, que se liga a minha própria natureza. Mas, se Deus determina onde ele será encontrado, então ele estará num lugar que não é agradável de imediato a minha natureza e que não é de todo conveniente para mim. Esse lugar é a cruz de Cristo. E todo aquele que o encontrar deve ir aos pés da cruz, como é ordenado pelo Sermão do Monte. Isto não está em nada de acordo com a nossa natureza, é totalmente contrário a ela. Mas esta é a mensagem da Bíblia, não somente no Novo, mas também no Antigo Testamento [...].

E eu gostaria de dizer-lhe agora de modo muito particular: desde que aprendi a ler a Bíblia dessa maneira — e não tem sido há muito tempo —, ela se torna cada dia mais maravilhosa para mim. Eu a leio pela manhã e à noite, muitas vezes também durante o dia, e todo dia reflito sobre o texto que escolhi para a semana, e tento me aprofundar nele, para que assim possa realmente ouvir o que é dito. Eu sei que, sem isso, não conseguiria viver apropriadamente por muito tempo.
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Bonhoeffer: Pastor, Mártir, Profeta, Espião. Eric Metaxas. São Paulo : Mundo Cristão, 2011, p.150-151.

EU CREIO NO PAI, NO FILHO E NO ESPÍRITO SANTO [Resenha]


Ângelo Vieira da Silva [1]: COSTA, Hermisten Maia Pereira[2]. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Editora Fiel, 2014. 479p.


O livro Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo, de Hermisten Maia Pereira da Costa, acrescenta elementos essenciais para o bom desenvolvimento do sistema teológico hodierno, subscrevendo verdades bíblicas fundamentais para uma confissão de fé viva e fiel às Escrituras. O Credo dos Apóstolos é a matéria de exame do livro. Pretendendo usá-lo como rota de estudo, por ser uma boa síntese da fé cristã, Costa afirma que seu método está estritamente conectado com a forma do mesmo enxergar as Escrituras.

O assunto em questão é o Credo ou a atitude adequada frente à expressão Eu creio, a saber: é preciso reconhecer e confessar a realidade e o conteúdo da fé. Por isso, o autor verifica a importância da subscrição de fé, como pode ser encontrada no Antigo Testamento, no credo judeu: o shema; e no Novo Testamento, pleno de referências às tradições, à doutrina dos apóstolos, à palavra da vida, à forma que foi entregue e muitas outras expressões que podem fundamentar a matéria em questão, organizada em vinte e uma partes de exame no referido credo.

Ao finalizar o extenso capítulo introdutório, adentra-se à primeira parte da obra, sobre a inspiração e inerrância das Sagradas Escrituras. Costa refere-se a estas como verdades fundamentais da fé cristã, das quais depende toda formulação teológica. Demonstra também o que não é inspiração (nem mecânica, iluminada, intuída, fracionada, mentalizada) e o que ela realmente é a partir de considerações gramaticais, focando-se na inspiração (a) plenária (toda a Escritura), (b) dinâmica (não anulou a personalidade), (c) verbal (através de palavras) e (d) sobrenatural (originada em Deus) das Escrituras.

A segunda porção da obra salienta a fé salvadora, indispensável, essencial à vida humana. Costa relaciona quatro tipos de fé que chama de (a) Histórica ou Especulativa (crença intelectual na veracidade de um acontecimento histórico), (b) Temporal (decorrente da consciência da realidade das verdades religiosas), (c) Milagrosa (pela persuasão intelectual de ser instrumento ou beneficiário de um milagre, daí ativa ou passiva) e (d) Salvadora. Para o autor, a fé salvadora tem elementos distintos (Intelectual, Emocional e Volitivo), necessidades (para salvação, oração, culto, relacionamento com Deus, resistir ao diabo), efeitos (na salvação, selo do Espírito Santo, adoção, perdão dos pecados, justificação) e características especiais, pois se origina no próprio Deus, direcionada para Ele e Sua Palavra, apoiando-se em seu poder e fidelidade, resultando em nossa eleição interna.

Creio em Deus Pai... O terceiro elemento do livro acentua a paternidade de Deus no Antigo e Novo Testamentos, inicialmente. Contudo, parece que sua ênfase está na filiação em Cristo Jesus. A partir dos quatorze aspectos desta paternidade, Costa avalia a natureza da filiação como resultado da graça de Deus e de seu amor eterno, bem como os critérios desta filiação (nascer de novo, receber a Cristo, fé em Jesus) e evidências da mesma (guiados pelo Espírito que testemunha interiormente e manifesta seu fruto, obediência, comunhão integral).

Creio num Deus Todo-Poderoso... Na quarta divisão, Costa evidencia o poder soberano de Deus. O ponto de partida é a liberdade do poder de Deus em cinco aspectos: (a) a liberdade de existência (Ele é o próprio poder), (b) a liberdade de decisão (Ele determina livremente sua ações), (c) a liberdade de execução (Ele age conforme a sua vontade) e (d) a liberdade de limitação (Ele age conforme as perfeições de seu Ser).

O quinto ponto de observação na obra está no Deus Criador. O objetivo deste capítulo é estudar alguns aspectos da ação criadora de Deus, dedicando maior atenção ao homem como a ‘a obra-prima’ do Criador. A origem do homem segundo as Escrituras e o sábio Conselho do Deus Triúno é vista nos conceitos sinônimos de imagem/semelhança em sete aspectos teológicos: (a) Personalidade, (b) Justiça e Santidade, (c) Liberdade, (d) Conhecimento espiritual, (e) Imortalidade, (f) Espiritualidade e (g) Domínio sobre a natureza.

Creio em Jesus Cristo... A primeira vinda do Senhor é vista no sexto capítulo do livro. Jesus, o Cristo, o Messias, o Ungido é destacado a partir do significado e prática da unção no Antigo Testamento, um sinal visível de (a) designação para um ofício, (b) estabelecimento de uma relação sagrada e a conseqüente consagração da pessoa ou coisa ungida e (c) comunicação do Espírito ao que foi ungido. Jesus veio cumprir a vontade do Pai. Veio salvar Seu povo, que foi ungido pelo Espírito.

A sétima parte descreve a Pessoa de Cristo como se confessa. Costa visa demonstrar a realidade das duas naturezas de Cristo, afirmando que Jesus Cristo é plena e perfeitamente Deus e perfeitamente homem. O autor expõe a Divindade e Humanidade de Jesus aprofundadamente nos termos de profetizadas, reconhecidas e demonstradas.

A oitava porção da obra enfatiza a unidade e a necessidade das duas naturezas de Cristo. Quanto à necessidade, Costa a descreve em relação à Divindade, Humanidade e nas duas naturezas numa só pessoa. Tal necessidade fundamenta-se (a) no cumprimento de toda lei, (b) na revelação de Deus e da salvação aos homens, (c) na derrota definitiva de satanás, (d) no suportar o peso da culpa do pecado de seu povo, (e) no constituir-se um caminho perfeito e imaculado e (f) no apresentar-se como sacrifício perfeito.

O nono elemento do livro é o Filho unigênito de Deus. Costa ensina acerca da eternidade do Filho e de Filho e como se dá o íntimo relacionamento deste com seu Pai. Para isto, salienta alguns aspectos desta relação como: (a) a igualdade essencial entre ambos, (b) o poder do Filho, (c) a santidade gloriosa do Filho e (d) o reconhecimento da filiação de Jesus Cristo.

Na décima divisão a temática é Jesus Cristo, nosso Senhor. A começar do Antigo Testamento, Costa estabelece suas reflexões no Senhorio do Redentor, dono da terra, de Israel e da história. São esclarecedores os seis possíveis sentidos fundamentais para Jesus como Senhor escritos pelo autor, bem como suas características, manifestações e efeitos escatológicos.

O décimo primeiro ponto se relaciona ao ministério terreno de Jesus Cristo. Para Costa são seis as facetas deste ministério: (a) Docente (autoritativo, sábio, poderoso, incansável, corajoso, determinado, realista, sincero, sensível, fiel), (b) Litúrgico (sobre Arão, exegeta intérprete do Pai, culto a Deus, que foi glorificado), (c) Diaconal (veio para servir, não para ser servido), (d) Pastoral (conhecendo suas ovelhas, reconhecido por elas, guiava com segurança, vivificador, sacrifica pelas ovelhas, preservador, compartilha com seus servos o privilégio do pastorado), (e) Terapêutico (preocupação com o homem por inteiro) e (f) Intercessório (orou por todos, num futuro próximo ou distante).

Os sofrimentos de Cristo tornam-se o fundamento do décimo segundo capítulo do livro. Neste ponto se pode aprender que a vitória sobre o sofrimento está na plena submissão à vontade de Deus. As causas do sofrimento de Cristo não são outras senão o pecado humano, a justiça, o amor reconciliador de Deus e a voluntariedade do Filho. O autor ressalta a consciência e a obediência perfeito de Cristo em seu sofrimento, demonstrando qual a intenção e extensão destes.

A décima terceira parte é sobre Jesus, o Salvador. Se todos os homens necessitam da salvação por causa de seus pecados, Costa demonstra que tal necessidade parte dos princípios (a) da universalidade do pecado, (b) da interrupção da comunhão com Deus e (c) da morte física/espiritual do homem. Jesus é o único Salvador. Apropriar-se desta graça só será possível pelo (a) Arrependimento, (b) Fé em Jesus Cristo, (c) Regeneração, (d) Obediência, (e) Santificação, (f) Perseverança e (g) Confissão Pessoal de Cristo como Senhor.

A décima quarta porção é sobre o Sacerdócio de Cristo. Mediante citação da obra Sacerdotal, Profética e Real de Cristo, definição de termos vetero-testamentários e o sacerdócio judaico, o autor define que o profeta fala da parte de Deus ao povo; mas é o sacerdote que fala da parte do povo a Deus. Costa ainda demonstra que Cristo é o sacerdote perfeito, pois (a) ofereceu a Deus um sacrifício perfeito para satisfazer a justiça divina, reconciliando seu povo com Deus e (b) intercede continuamente por seu povo, fundamentado em seus méritos redentores.

O décimo quinto elemento da obra é a ressurreição de Cristo. Segundo Costa, o mistério desta doutrina, da singularidade da ressurreição de Cristo, poderá estar em seu corpo real e transcendente. É por isso que trabalha significados para mesma: (a) teológico (como o cumprimento das Escrituras), (b) soteriológico (como nossa regeneração), (c) kerigmático (dando sentido a pregação fiel da igreja), (d) vivencial (frutificando para Deus) e (e) escatológico (modelo do corpo glorioso dos cristãos).

A ascensão é assunto da décima sexta divisão da obra. Percebe-se que, para o autor, a ascensão denota a grande responsabilidade de se viver como o Corpo de Cristo no mundo, e que o regresso de Jesus ao Pai evidencia a realização completa de toda a obra a qual viera realizar.

O décimo sétimo ponto do livro é a segunda vinda de Cristo, considerando-a como elemento de transição entre o “já” (a realidade do reino presente) e o “ainda não” (a consumação plena do Reino). Certo da segunda vinda de Cristo, Costa evidencia que a mesma será repentina, decisiva e definitiva, pessoal, visível e audível, física, triunfante, gloriosa e glorificante.

O décimo oitavo capítulo é sobre o juízo final. Costa afirma que o juízo final é o momento quando haverá a consumação da história, tendo os homens que prestar a Deus contas de seus atos, palavras e pensamentos. O entendimento é que o juízo final manifestará a glória de Deus tornado público seu eterno propósito e consumando a história salvífica.

“Creio no Espírito Santo”, este é o foco do décimo nono capítulo. Partindo do Antigo e Novo Testamentos, judaísmo posterior e história eclesiástica, Costa demonstra as perfeições do Espírito Santo (Unicidade, Personalidade e Divindade) e afirma que verdadeiramente procede de um (Pai) e outro (Filho), desde a eternidade e deve ser com ambos adorado.

A vigésima parte do livro é sobre a Igreja de Deus. Definindo palavras a partir de considerações gramaticais, informa as marcas da verdadeira Igreja (pregação fiel da Palavra, a correta administração dos sacramentos, o exercício fiel da Disciplina) e aborda a eclesiologia pela (a) Unicidade (união essencial produzida pelo Espírito cheia de propósito), (b) Santidade e (c) Catolicidade.

A vigésima primeira porção é sobre o significado da Palavra Amém (confiança, ter fé, assim seja, etc.). Vislumbrando o uso desta no Antigo e Novo Testamentos, aplica-lhe a quarenta e quatro proposições teológicas extraídas do Credo Apostólico.

Finalmente, deve-se dizer que Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo é uma obra com profundidade teológica, exegética e histórica. De fato, o livro pode ajudar o leitor no comprometimento com uma identidade de fé. Ele declarará: eu também creio. Costa, definitivamente, evidenciou o grande valor dos credos e confissões de fé para o homem regenerado e para o relativista. O leitor atento concluirá e corroborará com o autor que não se podem desvalorizar as contribuições dos servos de Deus no passado referentes á compreensão bíblica.

O livro pode ser mais bem organizado. A divisão de capítulos é superficial (ainda que o conteúdo não o seja). Sugeriria uma melhor divisão dos capítulos como descrito pelo próprio autor (p. 78), estabelecendo os capítulos desta obra como sub-tópicos. No vigésimo capítulo, a título de enriquecimento, talvez valesse a pena uma exposição sobre a Apostolicidade da Igreja como citado pelo credo Niceno-Constantinopolitano. Destarte, destaco na obra as comparações introdutórias entre os Credos Niceno, Niceno-Constantinopolitano, Calcedônia e Atanasiano, a profundidade e biblicidade do autor quanto às limitações do homem no quinto capítulo (resumidas em quatorze aspectos fundamentais) e o adendo com sínteses dos documentos de fé dos séculos XVI e XVII.

Costa demonstra claro intelectualismo e lógica, o que contribui para a compreensão do leitor, que se sentirá mais resoluto no que subscreve e declarará: eu também creio. Destaca-se, como sempre, o amplo conhecimento do autor das fontes que utiliza, principalmente, pelo enriquecimento das notas de rodapé, que são sua marca registrada (como visto em suas obras). [3]




[1] Ângelo Vieira da Silva possui o mestrado profissional em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória, ES. Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP. Pesquisador na área de apocalíptica, pseudoepígrafos (Enoque etíope), escatologia (milenarismo) e angelologia. É pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, atualmente na Primeira Igreja Presbiteriana de Resplendor, MG. Publicou, entre outros estudos em Literatura Bíblica e Teologia, o opúsculo Angelologia Bíblica. (1. ed. Amazon, Kindle Edition, 2013. v. 1. 38p.). E-mail de contato: revavds@gmail.com Blog: http://revavds.blogspot.com.br Lattes: http://lattes.cnpq.br/8163422369950583
[2] O Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa possui graduação em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1993), graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1983), graduação em Teologia – Seminário Presbiteriano do Sul (1979), Mestrado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1999) e Doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2003).
[3] Resenha publicada originalmente na Ciberteologia - Revista de Teologia & Cultura - Ano XI, n. 51, p. 120-124.