domingo, 27 de maio de 2018

A MENSAGEM DA BÍBLIA PARA A IGREJA DE HOJE [Apresentação]


A MENSAGEM DA BÍBLIA PARA A IGREJA DE HOJE

Esta série de livros de comentários bíblicos intitulado “A Mensagem da Bíblia para a Igreja de hoje” é publicada pelas Edições Vida Nova. Seis livros já foram publicados. Veja abaixo cada um deles de conformidade com a data da publicação. Percebe-se que dos seis publicados, cinco é do Rev. Augustos Nicodemus e um é do Prof. Wilson Porte Jr. Os de Augustus Nicodemus são de sermões expositivos e que depois foram transformados livros. Já o do Wilson Porte é o resultado da mente de um pesquisador que se dedicou a escrever o livro.


(1) O Culto segundo Deus: A mensagem de MALAQUIAS para a igreja de hoje – Augustus Nicodemus. (2012)

Em nossos dias, assim como na época de Malaquias, o culto a Deus tem sido desvirtuado das mais diversas maneiras. Embora muitos pensem que nada temos a aprender com o Antigo Testamento em matéria de culto, estão enganados. Ao levantarem sua voz contra o povo de Deus de sua época, por haver desvirtuado o culto ao Senhor, os profetas usaram como argumentos princípios relativos à adoração a Deus que certamente se aplicam ao povo de Deus de todas as épocas.

Para ler a resenha completa sobre este livro, acesse o link:
http://professorpadua.blogspot.com/2018/06/o-culto-segundo-deus-mensagem-de.html




(2) A Supremacia e a Suficiência de Cristo: A mensagem de COLOSSENSES para a igreja de hoje – Augustus Nicodemus. (2013)

Em nossos dias, assim como na época de Paulo, a supremacia e a suficiência de Cristo têm sido desafiadas pelos mais variados tipos de heresia. Paulo escreveu a carta aos colossenses em meados do primeiro século para combater um falso ensinamento, conhecido como a heresia de Colossos. No entanto, o leitor atento que esteja familiarizado com a situação da igreja evangélica brasileira não terá dificuldade em identificar nos dias de hoje várias semelhanças com essa heresia. Precisamente por esse motivo a carta que Paulo escreveu aos colossenses é tão relevante para o nosso tempo.


Para ler a resenha completa sobre este livro, acesse o link:




(3) Livres em Cristo: A mensagem de GÁLATAS para a igreja de hoje – Augustus Nicodemus. (2016)

Este comentário da Carta aos Gálatas é o resultado de exposições bíblicas voltadas para o público brasileiro contemporâneo, o qual, em muitos sentidos, se parece bastante com os destinatários da carta de Paulo. Paulo combateu em sua carta a mensagem de missionários judeus que se diziam cristãos e ensinavam que a salvação não se dava somente pela fé em Cristo Jesus, mas também pela obediência à Lei de Moisés. Hoje enfrentamos mensagem semelhante, defendida e disseminada pelos chamados judeus messiânicos e por pseudoapóstolos, os quais reintroduzem as cerimônias judaicas no culto cristão e obrigam os crentes em Cristo a se sujeitar à mesma Lei a que o Senhor deu pleno cumprimento na sua morte e ressurreição.

Para ler a resenha completa sobre este livro, acesso o link:
https://professorpadua.blogspot.com/2018/12/livres-em-cristo-resenha.html





(4) Unidos pela Cruz: A mensagem de EFÉSIOS para a igreja de hoje – Wilson Porte Jr. (2017)

É urgente conhecermos a obra de Cristo na cruz. É urgente também que a igreja de hoje conheça a mensagem da cruz. Só ela é capaz de nos unir em torno daquilo que é central em nossa fé fazendo que nossa luz brilhe diante dos homens. A Bíblia diz que a igreja, o povo da cruz, é a luz deste mundo, tal como uma cidade sobre um monte, com povoados em trevas à sua volta. Mas, olhando para a igreja de hoje, a impressão que se tem é que a luz tem se apagado. O que fazer para que a igreja de Cristo volte a brilhar? O que fazer para que ela não se fracione cada dia mais, não se esconda em guetos e becos, nem se envergonhe, mas suba no mais alto monte a fim de que todos vejam o poder de Deus? Sem a busca pela verdade do evangelho da cruz, a luz do povo da cruz continuará a se apagar até que as trevas triunfem sobre o mundo. Em Unidos pela cruz, Wilson Porte Jr. nos convida a essa reflexão, partindo da mensagem de Paulo aos cristãos em Éfeso. Que a antiga e rude cruz nos una para a glória de Deus e nossa alegria.




(5) A conquista da terra prometida: A mensagem de JOSUÉ para a igreja de hoje – Augustus Nicodemus. (2017)

O livro de Josué é um grande auxílio para nossa caminhada cristã aqui neste mundo. Esse livro conta como Deus cumpriu as promessas feitas a Abraão de dar uma terra e descanso à sua descendência. A narrativa de Josué mostra como Deus conduziu os exércitos de Israel a entrar na terra de Canaã (prometida por Deus) e como os israelitas, sob a direção de Josué, conquistaram essa terra, tomando-a de sete povos militarmente superiores a eles. Esse é o alvo do livro. Josué sempre foi um livro muito apreciado pelos cristãos, sendo muito citado no Novo Testamento. Era um livro conhecido e usado entre os primeiros cristãos, que procuravam aplicar à sua vida os princípios nele encontrados.  Este volume é o resultado de uma série de mensagens que o autor pregou a partir do livro de Josué com o objetivo de ajudar os crentes a enfrentar as dificuldades e os desafios da vida com base nos princípios para o relacionamento com Deus que encontramos nesse livro bíblico. E foi com o desejo de ver um público mais amplo ser igualmente abençoado que Edições Vida Nova o publica como parte da série que inclui as mensagens de Malaquias, Colossenses e Gálatas para a igreja de hoje, do mesmo autor.




(6) A Compaixão de Deus: A mensagem de JONAS para a igreja de hoje – Augustus Nicodemus. (2018)

Ao contrário do que muitos pensam, o tema central do livro de Jonas não é o episódio em que o profeta é engolido e depois vomitado por um grande peixe. Deus é o tema central! E com isso o livro nos ensina acerca da soberania divina sobre toda a criação e sobre todos os acontecimentos. Jonas mostra que somos responsáveis por nossos atos e decisões diante de Deus e não podemos fugir de sua vontade. A pergunta que Deus faz nos versículos finais ao profeta irado ainda hoje ecoa em nossos ouvidos como um desafio: “Somos como Deus, capazes de ter compaixão e perdoar nossos inimigos, assim como ele perdoou aos ninivitas? Conseguimos, de fato, querer o bem deles e nos alegrar quando Deus os abençoa?”.

Há uma riqueza divina nestes livros. Não são caros, o preço é acessível e o conteúdo muito bom. Breve, publicarei resenhas e comentários sobre cada um deles em separado. RECOMENDO!

Acesse o link abaixo e veja diretamente na Edições Vida Nova

terça-feira, 22 de maio de 2018

AS CANÇÕES QUE ABRIRAM MEUS OLHOS [Resenha]


FILGUEIRAS, Filipe. As canções que abriram meus olhos: Uma breve biografia de Fanny Crosby. Brasília, Editora 371, 2018, 80p.

Para Quem é assinante da Box95, teve o privilégio de receber na sua box de março de 2018, entre tantos mimos, um livreto de 80 páginas trazendo uma biografia inédita no Brasil. Trata-se do livreto intitulado “As canções que abriram meus olhos: Uma breve biografia de Fanny Crosby.” Fiquei muito entusiasmado pelo fato de que os hinos tradicionais que mais aprecio no nosso Novo Cântico (hinário oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil), são aqueles que foram compostos por esta poetisa e compositora.

Autor da Obra – Quase nada sabemos acerca do autor desta valiosa obra. Seu nome é Filipe Filgueiras e é membro da Igreja Presbiteriana do Cariru em Ipatinga, Minas Gerais. Um outro fato importante acerca do autor é que não mediu esforços – “intelectuais, materiais, financeiros, afetivos e geográficos, a fim de, com todo acuidade, zelo e brilhantismo que lhe são peculiares, transmitir-nos as dores e delícias dessa humilde e grandiosa mulher de Deus.” [p.10].

O Livro – Apesar de apenas 80 páginas, mas, é o único em língua portuguesa. Está dividido em oito capítulos e que traz traços curiosos e desconhecidos de muitos acerca de Fanny Crosby, por exemplo: 

No capítulo 1, observamos que ela não nasceu cega. Devido a um erro de um falso médico, com seis semanas de vida ela perdeu a visão. Sobre a sua cegueira ela disse: “Parecia planejado, pela providência santificada de Deus, que eu deveria ser cega toda minha vida, e eu lhe agradeço a dádiva. Se visão terrestre perfeita me fosse oferecida amanhã, eu não aceitaria. Eu não poderia ter cantado hinos de louvor a Deus se eu estivesse distraída pelas coisas bonitas e interessantes ao meu redor.” [p.18].

No capítulo 2, é quando descreve a sua entrada no Instituto para Cegos de Nova York, com quinze anos de idade. Lá ela aprendeu trabalhos manuais, iniciou seus estudos na área musical, aprendendo tocar piano, harpa e violão, e também tinha aulas de cantos. Estudou ainda gramática, filosofia, astronomia e política econômica. Aos 22 anos ela se tornou professora no Instituto, lecionando retórica, gramática e história. [p.25-27].

O capítulo 3 faz referência ao casamento de Fanny Crosby com o professor de música e cantor de concerto Alexander Van Alstyne. Nessa época, ela havia deixado o ensino para acompanhá-lo tocando piano e harpa em apresentações públicas. Compôs diversas canções populares nesse período. Um fato curioso é no ano seguinte ao seu casamento, Fanny deu à luz sua única filha, que veio a falecer com seis meses de vida, sem que se saiba ao certo o motivo, pois alguns diziam ser por causa de uma febre e outros por motivos de sufocamento acidental no berço. Os pais nunca falaram sobre o assunto em público. Fanny sequer cita ter tido filhos em sua autobiografia. [p.31]

No capítulo 4 encontra-se uma lista de “irmãos de Missão”, ou seja, pessoas ilustres que de alguma forma colaboram e foram abençoados com o ministério de Fanny Crosby. Entre eles, encontra-se Dwight L. Moody, um grande evangelista americano que utilizou músicas de Fanny Crosby em suas campanhas, como por exemplo o hino “A Deus seja a Glória”. 

Os capítulos 5 ao 7 traz toda a história sobre os principais hinos e livros compostos, a essência de suas composições e finalmente a sua morte na manhã de 12 de fevereiro de 1915 na cidade de Bridgeport, a 100 km de Nova York.

Finalmente, no capítulo 8, temos o legado de Fanny Crosby, “que compôs tantas canções e poemas ao longo da vida que não se sabe ao certo o número de suas publicações. Algumas fontes mencionam cinco mil, outras sete mil. Acredita-se também que esse número possa ter passado de dez mil, entre hinos e poesias. Suas composições são sem dúvida seu maior legado, pois estão presentes até hoje em nossos hinários, mas conhecer o contexto das composições também é muito inspirador, sendo fácil notar o vasto legado deixado por Fanny Crosby.” [p.62].

Como apêndice dentro do livro, temos os hinos de Fanny Crosby divididos pelos principais hinários tradicionais: Hinário Novo Cântico (Hinário Oficial da IPB), Hinário Evangélico Metodista (Hinário Oficial da Igreja Metodista do Brasil) e o Hinário Cantor Cristão (Hinário Oficial dos Batistas).

Como palavra final, “a vida de Fanny Crosby é muito inspiradora. Tantos feitos realizados durante sua vida nos levam a repensar algumas coisas. Em determinados momentos nos sentimos incapazes de contribuir com o Reino de Deus. Fanny, mesmo cega, contribuiu muito além da música e da poesia. (...) Precisamos de pessoas como Fanny Crosby, que glorificam a Deus diariamente em suas vidas. Pessoas que entendem que seu objetivo final nesta terra é viver para que Deus seja visto de forma grandiosa, preciosa, valiosa, como o verdadeiro e único tesouro que possuímos.” [p.65-66].

Recomendo. A Box95 de março ainda está disponível na loja.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

POR QUE DEVEMOS CANTAR SALMOS [Resenha]


BEEKE, J. R.; JOHSON, Terry L.; HYDE, Daniel R. “Por que Devemos Cantar Salmos?” Recife: 2016, 761p.

Logo de início, o editor Manoel Canuto, já esclarece no prefácio qual o propósito do livro – Salmodia Exclusiva – “estas palavras poderão convencê-lo de que não encontraremos cânticos melhores nem mais apropriados do que os Salmos de Davi, que o Espírito Santo falou e compôs” [p.9].

Esclarecemos pois o que é Salmodia Exclusiva: “Deus ordenou que cantássemos Salmos a Ele. Ele não nos mandou escrever nossos próprios hinos para adoração. Nós devemos fazer como ele ordenou. Ponto.” [1] G. I. Williamson, escreveu: “(1) eu nunca vi nenhuma prova exegética de que Deus quer que produzamos nossos próprios hinos para cantá-los na adoração, no lugar dos Salmos inspirados que ele providenciou...; (2) Em segundo lugar é simplesmente um fato histórico que a grande mudança, em substituir os hinos inspirados pelos não-inspirados, não foi o resultado de novas descobertas no conteúdo da Escritura. Ela não foi uma mudança relutante compelida pela exegese cuidadosa (pelo menos isso não é verdade em vários casos dessa inovação na história das igrejas reformadas conhecidas pelo escritor). Não, a mudança veio, antes, de uma cessão à uma demanda popular crescente – ela foi uma mudança feita para agradar as pessoas”. [2]

O livro está dividido em três longos capítulos que mostram através de fundamentos bíblicos, históricos e confessionais a importância que tem em cantar os Salmos na vida igreja.


O Capítulo 1 [p.37-65] escrito por Joel R. Beeke, um dos editores da Teologia Puritana publicado pelas Edições Vida Nova em 2016. [3] Este capitulo tem como título “Por que Devemos Cantar os Salmos?”. Beeke escreve sobre as bases bíblicas, os benefícios e a beleza de cantar os Salmos.

Em sua argumentação, Beeke ensina que Davi ordenou que os Salmos fossem usados no culto. Ele mesmo compôs muitos Salmos (quase a metade do Saltério), e organizou os levitas sob a liderança de Asafe para cantarem esses Salmos e tocarem instrumentos musicais para o serviço do templo que Salomão haveria de construir. Ele até sugeriu uma seleção de seus Salmos para um culto especial de ações de graças para inaugurar o uso desses instrumentos (1 Cr 15.16-17; 16.4-36).[4] Alguns desses músicos do templo eram também profetas, divinamente inspirados, de forma que eles também podiam escrever “os cânticos do Senhor (1 Cr 25.1,6-7). Dessa forma, começo a composição e coleção daquilo que chamamos o Livro os Salmos [p14]. Beeke, afirma que “os salmos pedem para serem cantados. Por isso, não é de surpreender que, quando o rei exéquias restaurou o culto em Judá, ele ordenou “aos levitas que louvassem o Senhor com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente” (2 Cr 29.30). E conclui dizendo: “O apóstolo Paulo ordenou às igrejas dos efésios (EF 5.19) e dos colossenses (Cl 3.16) que cantassem o Saltério e comentou o fato de que os coríntios cantarem salmos (1 Co 14.15,26). Tiago também ordenou a seus leitores que cantassem Salmos (Tg 5.13).” [p.15-16]


O Capítulo 2 [p.37-65], escrito por Terry L. Johnson, é ministro sênior da Igreja Presbiteriana Independente em Savannah, GA. Ele é o autor de The Case for Traditional Protestantism and Reformed Worship. Este capitulo tem como título “Onde estão os Salmos? A História do cântico dos salmos na Igreja Cristã”. Terry escreve que cantar Salmos era uma prática comum na Igreja primitiva, patrística, idade média e durante a Reforma Protestante. Explica a causa do declínio, o reavivamento nos Estados Unidos e Inglaterra e conclui falando sobre os benefícios de se cantar os Salmos. 

Argumentando acerca da prática de cantar os Salmos na Igreja primitiva ele diz: “Os Salmos eram o centro dos louvores da igreja do Novo testamento (...) O apóstolo Paulo ordenou às igrejas de Éfeso e de Colossos que cantassem Salmos (Ef 5.19; Cl 3.16)”. E conclui dizendo que “Com surpreendente frequência, o Novo Testamento cita os Salmos, exemplificando como eles mostram uma penetrante consciência da sua importância cristológica e devocional (At 2.24-26; Hb 1.5-13; 2.5-10,12, 13; 3.7-4.7; 5.1-7). [p.41]

A prática do Cânticos dos Salmos na Igreja Patrística é fundamentada nas citações de Tertuliano, Atanásio, Eusébio – Bispo de Cesaréia. Basílio, o Grande, Agostinho, Jerônimo, Sidônio Apolinário, Crisóstomo. Terry cita o Concílio de Braga em 350 d.C. que decidiu que: “Com exceção dos Salmos e dos hinos do Antigo e do Novo Testamentos, nada de natureza poética pode ser cantada na Igreja”. Decisão esta que foi ratificada nos Concílios de Laodiceia (360 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.)

É curioso as citações que ele faz de Dietrich Bonhoeffer, Thomas à Kempis e Mathew Henry, Lutero, Calvino, Martin Bucer e a luta dos pais peregrinos para a manutenção dos Salmos no Culto Solene.


O Capítulo 3 [67-76], escrito por Daniel R. Hyde, Daniel R. Hyde é pastor sênior da Igreja Reformada Unida de Oceanside, na Califórnia. Ele é o autor de “God in Our Midst” [Deus em nosso meio] e “Welcome to a Reformed Church” [Bem-vindo a uma igreja reformada]. Este capitulo tem como título “Por que cantamos os Salmos do Antigo Testamento?”. Daniel faz uma análise geral do cântico de Salmos, classificando-os como: Cânticos de Israel, Cânticos de Jesus, Cânticos dos Apóstolos e Cânticos da Igreja Histórica e apresenta uma série de motivos por que cantar Salmos e enfatiza uma santificação decorrente de sermos cheios do Espírito Santo através do Cântico dos Salmos. 

Com respeito a esta santificação, Daniel ensina que a “obra santificadora do Espírito em nosso coração está ligada à nossa prática de cantar-lhe os Salmos com o nosso coração. Na passagem paralela em Colossenses, Paulo ensina que entoar esses cânticos é o meio pela qual a Palavra de Cristo habita ricamente em nós (Cl 3.16). Quando cantamos os Salmos, então, estamos recorrendo ao Espírito Santo e à Palavra, que é a maneira pela qual Jesus disse que somos santificados (Jo 17.17).” [p.71].

O livro termina com uma nota pastoral de incentivo ao uso da Salmodia Exclusiva: “(...) Quero encorajar você, assim como crescer e amadurecer na fé e na piedade não acontecem do dia para a noite, assim também é aprender a adorar de forma consistente com a prática histórica. A recompensa dessa fé perseverante é a maturidade na fé.” [p.75]

Portanto, o livro é muito bom. Recomendo que leiam e é um livro muito bom para estudo em grupo. Concluindo, sou um defensor da Salmodia Exclusiva.

________________________
[1] EDGAR, Bill; EDGAR, John. Breves Argumentos para a Salmodia Exclusiva. Disponível em Acesso em 10 Mai. 2018 
[2] CRAMPTON, W. Gary. Salmodia Exclusiva. Disponível em: Acesso em 10 Mai. 2018 
[3] Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA) e pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation. Beeke é Ph.D. em teologia pelo Westminster Theological Seminary. 
[4] O hino de 1 Crônicas 16.7-36 é uma composição de três salmos: 96.1b-13a; 105.1-15; 106.1b, 47-48.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A VOCAÇÃO SEGUNDO LUTERO [Prefácio e textos]


WINGREN, Gustav, A Vocação Segundo Lutero. Canoas, RS: Ed. Ulbra e Editora Concórdia, 2006. 268p.

É a vocação um dos conceitos fundamentais no esquema teológico de Lutero, pois corresponde ao ensino da santificação, doutrina essa que ele sempre entende como a prática do amor numa relação com os outros e jamais em um aperfeiçoamento moralista, solitário, individual, fora do mundo e dos relacionamentos interpessoais.

Por isso, rejeita a santificação monástica entre quatro paredes e a imitação dos santos, obras feitas não para o próximo, e, sim, para Deus, e, em última análise, para o indivíduo que as pratica por acreditar que elas ajudam na própria salvação.

Também não aceita Lutero a santificação proposta pelos Schwärmer (fanáticos ou entusiastas), caracterizada por uma visão puramente negativa das coisas do mundo, constituindo-se, desse modo, numa recaída na ética monástica medieval.

Este texto está dividido em dois aspectos:

Primeiro, transcrevi o prefácio da obra de Gustaf Wingren, intitulada “A Vocação segundo Lutero”, publicada pela Editora Concórdia em 2006 e que foi escrito por um cara de nome bem sugestivo – Martinho Lutero Hoffmann, tradutor da obra.

Segundo, temos a um texto sobre “A Doutrina Bíblica e Reformada da Vocação”. Um texto muito rico escrito por Gene Edward Veith. Tradução de Camila Rebeca Teixeira. Revisão de André Aloísio Oliveira da Silva e publicado originalmente pelo ministério fiel[1]


PREFÁCIO
Martinho Lutero Hoffmann, tradutor da obra[2]

Pouco se conhece no Brasil sobre o pensamento original de Lutero, embora haja um milhão de luteranos no país, mais de mil pastores e, dentre esses, uma meia dúzia de luterólogos. É que a produção nessa área tem sido pequena e, ainda assim, pouco divulgada. Traduções também não são muitas. Nesse contexto, vale destacar a tradução das obras de Lutero feita pela Comissão Interluterana de Literatura (CIL) e publicada pelas editoras Concórdia e Sinodal, no início dos anos 90. Cumpre citar A Nossa Vocação, de Einar Billing, um autor sueco a exemplo de Wingren.

Por outro lado, se Lutero não foi bem compreendido pelos adversários, igualmente nem sempre o foi pelos próprios luteranos, pois a originalidade e abrangência das suas posições requerem paciência, tempo e muita acuidade. Além disso, o tamanho da sua obra alcança mais de cem volumes, cada qual tendo mais de mil páginas, fato que levou um de seus biógrafos a fazer o seguinte cálculo: para copiar à mão toda a sua produção literária, seria preciso um homem trabalhar oito horas por dia durante dez anos.

No que tange à temática vocação, o livro de Wingren toca em um ponto crucial do pensamento lutérico, pois é a versão dele para a doutrina da santificação, doutrina essa que Lutero entende sempre como a prática do amor numa relação interpessoal e nunca num "aperfeiçoamento moral", individual, fora do mundo, fora, pois, das relações interpessoais. Daí a sua recusa e condenação à santificação monástica entre quatro paredes, à imitação dos santos, pois o que eles faziam, na maioria das vezes, era uma obra sem correspondência com o próximo; e à santificação dos Schwarmer (palavra alemã que fica a meio caminho entre fanático e entusiasta) caracterizada puramente por uma visão negativa das coisas do mundo, uma recaída, portanto, na ética monástica medieval. Para Lutero, sem amor não há santificação, e amor se entende como o querer e fazer bem ao próximo. O amor a Deus, por sua vez, que é também exigido pela lei e criado no coração do ser humano pelo Espírito Santo mediante a palavra do evangelho, esse amor, como dizia, manifesta-se unicamente pela fé, ou seja, pela confiança na sua pessoa. Logo, não há o que dar para Deus, não há sacrifício a fazer para ele. Se, então, há alguma coisa que o homem deseja fazer movido pela graça que o traz à fé, essa coisa pode ser apenas as obras de amor em favor do próximo, obras feitas num espírito espontâneo, pois não visam a alcançar méritos face a Deus.

A tradução, como tal, não apresentou sérias dificuldades. Somente lembro que Wingren é sueco e escreveu na língua materna. Daí foi traduzido para o inglês por Carl C. Rasmussen e publicado em 1957. Tradução de tradução implica sempre em mais riscos. Sendo o português uma língua de pouca tradição luterana, a dificuldade aumenta em razão de, em certos momentos, não haver uma palavra específica para transmitir o sentido exato proposto pelo texto, fato que nos obriga a rodeios ou a tentativas de criar um vocábulo novo. Além do mais, como o português é pródigo em dentais (d e t) e o texto em inglês a toda hora nos apresentava palavras que, traduzidas no primeiro instante, reclamavam uma correspondente em ão (vocation - vocação; prayer - oração, etc.) isso nos obrigou a apelar para sinônimos pouco usados e ainda mais rodeios ou, então, mudanças para adjetivos, tendo como propósito evitar colisões e ecos e, ao mesmo tempo, tentar proporcionar uma prosa limpa, fluente, elegante (isso, pelo menos, foi tentado) - sem perder nem alterar o sentido original. Por isso, aparecem palavras como lutérico (próprio de Lutero para diferenciar de luterano), orante (a pessoa que ora), chamado (como sinônimo de vocação) e, de vez em quando, inversões no interior das frases.


A DOUTRINA BÍBLICA E REFORMADA DA VOCAÇÃO
Gene Edward Veith

Os cristãos atuais frequentemente falam sobre transformar a sociedade. Um exemplo radical de como um ensino teológico teve um impacto social revolucionário é a doutrina da Reforma sobre a vocação. Na Idade Média, a sociedade era altamente estruturada, hierárquica e estática. Isso mudaria, começando no ano de 1500, como uma consequência não intencionada da doutrina de Lutero sobre a vocação.

A DOUTRINA DA VOCAÇÃO
Para Lutero, vocação — a palavra latina para “chamado” — significa muito mais do que um emprego ou profissão. Vocação é a doutrina de Lutero sobre a vida cristã. Mais do que isso, a vocação é a maneira como Deus trabalha através dos seres humanos para governar a sua criação e conceder os seus dons.

Deus nos dá nosso pão diário por meio de fazendeiros, moleiros e padeiros. Ele cria e cuida de uma nova vida por meio de pais e mães. Ele nos protege por meio das autoridades legais. Ele proclama a sua Palavra e administra os seus sacramentos por meio de pastores. A vocação, disse Lutero, é uma “máscara de Deus”, uma maneira pela qual ele se esconde nas relações e tarefas comuns da vida humana.

Um texto-chave para a vocação é 1 Coríntios 7.17: “Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado”. O contexto imediato dessa passagem tem relação com o casamento. Nossas famílias, nossa cidadania em uma determinada comunidade ou sociedade, nossas congregações e, sim, nossos locais de trabalho são todos facetas da vida para as quais Deus nos designou e nos chamou.

O propósito de todos os nossos chamados é amar e servir os próximos que cada vocação introduz em nossas vidas (no casamento, nosso cônjuge; na paternidade, nossos filhos; no local de trabalho, nossos clientes; e assim por diante).

Somos salvos somente pela graça, pela fé na obra de Jesus Cristo. Mas, depois, somos enviados de volta aos nossos chamados para que vivamos essa fé. Deus não precisa das nossas boas obras, disse Lutero, pensando nos esforços exaustivos para merecer a salvação para além do dom gratuito de Cristo, mas o nosso próximo precisa das nossas boas obras. Nossa fé dá fruto em amor (Gálatas 5.6; 1 Timóteo 1.5), e isso acontece em nossas famílias, trabalho, comunidades e congregações. Nesses chamados, também carregamos nossas cruzes, pecamos e encontramos perdão, e crescemos em fé e santidade.


OS ESTAMENTOS

A sociedade medieval era dividida em três estamentos: o clero (“aqueles que oram”); a nobreza (“aqueles que lutam”, ou, na prática, “aqueles que governam”); e os plebeus (“aqueles que trabalham”).

Pensava-se que o clero tinha uma “vocação”, um chamado distinto de Deus para buscar “a vida espiritual” para além do mundo. Dedicar-se completamente à oração e aos exercícios espirituais era considerado de muito maior valor do que aquilo que poderia ser encontrado nos estamentos seculares. Entrar em uma ordem religiosa exigia votos de celibato, pobreza e obediência. Para Lutero, essa busca por mérito não somente era uma rejeição do evangelho, mas tais votos repudiavam os próprios reinos da vida — família, trabalho, governo — que Deus estabeleceu. Esses reinos, ele insistiu, também eram vocações cristãs.

Lutero redefiniu os estamentos como instituições designadas por Deus para a vida terrena. Essas instituições são a igreja, o Estado e o lar (a família e seu trabalho econômico). Essas eram paralelas aos estamentos medievais do clero, nobreza e plebeus. Mas enquanto na Idade Média essas eram três categorias sociais separadas, para Lutero, essas são esferas de vida nas quais todo cristão habita e nas quais todo cristão tem vocações.

As distinções sociais rígidas entre três estamentos — aqueles que oravam, aqueles que governavam e aqueles que trabalhavam — desmoronaram. A vida de oração não é apenas para uma classe sacerdotal, mas para todos os crentes. O Estado não é apenas a preocupação de uma elite governante, mas de todos os seus cidadãos. O lar não é apenas para os plebeus. Todos, incluindo o clero, podem ser chamados para o casamento e a paternidade. Todos, inclusive a nobreza, são chamados ao trabalho produtivo. Todos oram. Todos (eventualmente) governam. Todos trabalham.


O IMPACTO SOCIAL DA REFORMA

Outra nomenclatura para a doutrina da vocação é o sacerdócio de todos os crentes. Deus chama alguns cristãos para serem pastores, mas ele chama outros cristãos para exercerem o seu sacerdócio real ao ararem campos, forjarem aço e iniciarem negócios. Mas todos os sacerdotes — incluindo os camponeses e moças serviçais — precisam ter acesso à Palavra de Deus. Assim, durante a Reforma, as escolas abriram e a alfabetização floresceu.

Os plebeus instruídos subiram a escada social e poderiam governar, eventualmente. Os trabalhadores que amavam e serviam os seus clientes por meio dos seus trabalhos encontraram sucesso econômico. Enquanto Lutero se dirigia a uma sociedade estática pós-medieval, Calvino e posteriormente os puritanos adaptaram a vocação ao emergente mundo moderno. Eles deram ênfase aos chamados do local de trabalho e encorajaram os cristãos a aceitarem as novas oportunidades às quais Deus os estava chamando. Assim, a Reforma proporcionou uma mobilidade social sem precedentes.

Estranhamente, a doutrina da vocação tem sido esquecida hoje. O que uma redescoberta da vocação faria à sociedade atual?


[1] Link Original: http://ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/1197/A_doutrina_biblica_e_Reformada_da_vocacao
[2] Páginas 8-9.

domingo, 13 de maio de 2018

LENDO OS SALMOS [Comentários]


LEWIS, C. S. Lendo os Salmos. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015. 156p.

Li o livro e fiz várias anotações e fiquei de certa forma mais atencioso logo na introdução do livro, pelo modo como autor se expressa: “Neste livro, escrevo como um amador que se dirige a outro amador para falar sobre as dificuldades que encontrei ou sobre os pensamentos que me vieram à mente ao ler os salmos, na esperança de que isso possa, de algum modo, interessar outros leitores inexperientes ou, em alguns momentos, até mesmo ajudá-los” [p. 10]. 

Eu gosto de C. S. Lewis. Possuo muitos livros de C. S. Lewis e muita gente boa conhece C. S. Lewis. Sem dúvida, nenhum autor cristão do século XX tem sido mais amplamente lido sobre o assunto de apologética do que C. S. Lewis. Títulos como Cartas de um Diabo ao seu Aprendiz, Cristianismo Puro e Simples, As Crônicas de Nárnia, O Grande Abismo, são amplamente lidos e celebrados. Essa é, certamente, uma verdade nos amplos círculos evangélicos, mas tem sido cada vez mais verdade nos círculos reformados. De fato, há muito de atraente em seu trabalho. Mais significativamente, ele parece ser uma respeitável voz contra a racionalista e naturalista maré do modernismo, encontrada vigorosamente pelos jovens nos Colégios, Faculdades e Universidades. Lewis oferece uma alternativa convincente para o desenfreado ceticismo e niilismo da nossa era. Contudo, mesmo com uma atitude amador, C. S. Lewis escreveu algumas coisas acerca do Livro de Salmos que merece a nossa atenção.

O livro está dividido em 11 capítulos e seus temas está de comum acordo com alguns assuntos que são descritos no livro de Salmos: juízo, maldições, morte, bondade do Senhor, palavra (leis), conivência, natureza e louvor. E o modo como ele escreve acerca de cada assunto, pode incomodar alguns leitores que não estão acostumado com C. S. Lewis. Não concordo com tudo que ele escreveu, contudo, ele mesmo advertiu que este livro não tratava de uma obra teológica, e sim, de um livro escrito por um amador em teologia, não faz nenhuma reivindicação de autoridade sobre o tema, e que quer apenas compartilhar observações sobre as dificuldades e o deleite ele tem experimentado lendo os Salmos. É importante lembrar que Lewis não era teólogo, mas um expert em crítica literária inglesa do período medieval.

Mas, vejamos bem algumas questões que são tratadas neste livro, ou seja, apenas dos três primeiros capítulos, quando ele os denominou de assuntos “menos atraentes”.


Capítulo 1. Juízo no livro de Salmos

Para o autor “os salmistas falam muito sobre os juízos de Deus” [p.18]. Ele estabelece uma diferença entre a forma como os judeus e os cristãos encaram o juízo de Deus. Ele afirma que: “Os judeus antigo, como nós, pensavam no juízo de Deus em termos de uma corte de justiça terrena. A diferença é que o cristão retrata o caso a ser julgado como uma causa criminal, com ele mesmo assentado no banco dos réus; o judeu, por sua vez, o apresenta como uma causa civil, na qual ele mesmo é o reclamante. Um espera não ser condenado, ou melhor, espera pelo perdão; o outro espera por um triunfo retumbante com grandes prejuízos para o inimigo. Por essa razão, ele clama: ‘Julga a minha disputa’ ou ‘Defende a minha causa’ (35.23).”

Juízo e Justiça de Deus andam juntos. O anúncio de juízo não só está presente no livro de Salmos, como também ocupa neles parte considerável. É dirigido contra indivíduos, grupos ou nações estrangeiras, mas sobretudo ao povo eleito, Israel ou Judá. Entendo que quando Lewis faz a diferença entre judeus [reclamante] e cristãos [réu], trata-se de uma questão contextual. Pois o reclamante hoje, pode ser o réu de amanhã. E outra realidade importante é que, ambos são réus perante Deus. Dezenas de passagens deixam isso claro. No Salmo 9, lemos que Deus julgará “o mundo com justiça” (v.8) porque “ele não ignora o clamor dos oprimidos” (v.12). Ele é “defensor [da causa] das viúvas” (68.5). O Rei bom em Salmos 72.2 julgará os povos com justiça, ou seja, ele defenderá os pobres. Quando Deus se levantar para julgar, ele o fará “´para salvar todos os oprimidos da terra” (76.9), todas as pessoas temerosas e indefesas cujas injustiças nunca foram corrigidas. Quando Deus acusa juízes terrenos de julgamento injusto, logo em seguida diz a eles que entendam que os pobres têm “direitos” (82.2-3). Isso inclui judeus e gentios.


Capítulo 2. As Maldições. 

Aqui C. S. Lewis faz referência aos salmos imprecatórios. Ele escreve: “Em alguns salmos, o espírito de ódio com o qual nos defrontamos é como calor da boca de uma fornalha. Em outros, o mesmo espírito deixa de ser assustador e se torna (para as mentes modernas) quase cômico de tão ingênuo” [p.27-28]. Ele cita o Salmo 109, 137, 143. Mas, tenhamos paciência. O que ele pensa acerca dos salmos imprecatórios é comum a muitos cristãos, mas, ele conclui assim: “E se ainda acreditarmos que toda a Sagrada Escritura é “útil para o ensino” ou que o uso antigo dos salmos na adoração cristã não é totalmente contrário à vontade de Deus, e se lembrarmos que a mente e linguagem de nosso Senhor estão inseridas no Saltério, talvez tenhamos vontade de, se possível, fazer uso deles. Que uso é este? ” [p.29]

Na nossa Igreja, adotamos a Salmodia e cantamos os assim chamados Salmos imprecatórios que, como diz Johnston, “pedem que Deus destrua, arrase, e acabe completamente com os ímpios. É importante lembrar que cada um desses salmos emite ao Senhor um clamor por justiça que coloca o problema do mal nas mãos do Senhor e então aguarda a sua vingança”.[1] Esses salmos não expressam sentimentos não cristãos, como algumas pessoas alegam. Eles não são simples expressões de irritação ou ressentimento pessoas. Em vez disso, são um solene reconhecimento de que vivemos num mundo decaído entre pessoas que lutam contra Deus e seu Cristo e que o destino desse tipo de gente, se não se arrependerem, é tanto justo quanto certo. Em decorrência disso, nos Salmos imprecatórios nós não oramos pedindo vingança pessoal, mas pedimos a glória de Deus e o bem da igreja.


Capítulo 3. A Morte nos Salmos

Lewis escreve: “Parece bem claro que, na maior parte do Antigo Testamento há pouca ou nenhuma crença em uma vida futura; certamente nenhuma crença que tenha qualquer importância religiosa. A palavra traduzida por ‘alma’ em nossa versão dos salmos significa simplesmente ‘vida’; a palavra traduzida por ‘inferno’ significa apenas ‘a terra dos mortos’, a condição de todos os mortes, igualmente bons e maus, o sheol.” [p.43]. Ele chega a escrever que “não há nenhuma crença em qualquer tipo de estado futuro, qualquer que seja – um homem para quem os mortos estão simplesmente mortos e nada mais há de ser dito” [p.45].

“Em muitas passagens isso está bem claro para todo leitor atencioso, mesmo na nossa tradução. A mais clara de todas essas passagens é o grito dado em Salmos 89.47: ‘Lembra-te de como é passageira a minha vida. Terás criado em vão todos os homens?”. Todos nós terminamos em nada. Portanto, ‘o homem não passa de um sopro’ (39.5). Sábios e tolos têm o mesmo destino (49.10). Uma vez morto, um homem não adora mais a Deus: “Acaso o pó te louvará?’ (30.9). ‘Entre os mortos, quem te louvará?’ (6.5). A morte é a ‘terra’ onde não somente as coisas mundanas, mas todas as coisas são esquecidas’ (88.12). Quando um homem morre, ‘naquele mesmo dia acabam-se os seus planos’ (146.6). Todo homem ‘se ajuntará aos seus antepassados, que nunca mais verão a luz’ (49.19); ele vai para uma escuridão que jamais terá fim.” [p.45]

Contudo, o mais surpreendente é quando Lewis faz uma comparação entre a fé dos hebreus e a fé dos cristãos, quando escreve sobre uma fé meramente compensatória: “Assim sendo, é bem possível que, quando Deus começou a se revelar aos homens, mostrando-lhes que ele (e mais ninguém) é o verdadeiro objetivo e a satisfação de suas necessidades, que deveria ser alvo dos clamores humanos simplesmente por ser quem ele é, independentemente do fato de ter poder para lhes conceder ou negar alguma coisa, talvez fosse absolutamente necessário que esta revelação não começasse com nenhuma alusão à bem aventurança ou à perdição futura. Não é por esses pontos que se deve começar. Uma crença tão forte nisso, logo de início, talvez torne quase impossível o desenvolvimento (por assim dizer) do apetite por Deus; as esperanças e os temores pessoais, que obviamente também são empolgantes, vem em primeiro lugar. Mais tarde, quando depois de séculos de treinamento espiritual os homens estão aprendendo a desejar e a adorar a Deus, suspirar por ele “como suspira a corça”, aí é diferente. Pois então os que amam a Deus desejarão não somente desfrutar dele, mas “desfrutar dele para sempre” e temerão perde-lo. E é por essa porta que podem entrar a esperança verdadeiramente religiosa do céu e o temor do inferno; como corolários de uma fé já centralizada em Deus, e não como elementos que exerçam algum tipo de influência, seja ela independente ou intrínseca. É até justificável que, no momento em que o “céu” deixa de significar união com Deus e o “inferno”, separação dele, a crença em ambos se transforme em uma superstição maligna; pois então teremos, por um lado, uma crença meramente “compensatória” (uma “sequencia” de história triste, na qual tudo “ficará bem”) e, por outro lado, um pesadelo que conduzirá os homens a manicômios ou os transformará em perseguidores”. [p.47]

O livro é bom? Sim. Recomendo? Sim. Uma razão para recomendar Lewis é que, dado a sociedade totalmente variada que temos hoje, a igreja tem a profunda necessidade de uma pessoa íntegra e com conhecimentos para falar com tantos grupos quanto possível. Lewis era, e lógico, um dos melhores homens para esta tarefa. A história de sua vida é uma história de conversão do duro ateísmo intelectual para o Cristianismo, e então para um dos grandes campeões cristãos desse século. Ele foi um professor de Oxford cujos escritos abrangiam desde teologia, éticas, filosofia, crítica literária, ficção científica, histórias infantis, literatura imaginativa, e muito mais. Há muito mais áreas nas quais Lewis não se pronunciou mas ele disse isso com graça e suavidade.

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[1] Citado por Joel Beeke, in: Por que Devemos Cantar Salmos? Recife: Os Puritanos, 2016, p.28-29.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

OS GRANDES TEÓLOGOS DO SÉCULO VINTE [Comentários]



MONDIN, Batista. Os Grande Teólogos do Século Vinte, Vol. 2, 2ª Edição. São Paulo: Edições Paulinas, 1979. 277p.

Este segundo volume de “Os Grandes Teólogos do Século Vinte”, dedicado aos teólogos protestantes e ortodoxos, completa a exposição clara e sintética do pensamento dos vários teólogos contemporâneos, feita com elogiável competência por Battista Mondin. 

Para quem ainda não sabe, Battista Mondin, é missionário xaveriano, nascido em Vicenza, Itália (1926); laureado (Ph.D.) em História e Filosofia da Religião (Harvard, EUA). Livre docente de História da Filosofia Medieval na Universidade Católica do Sagrado Coração, Milão; decano da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Faculdade Urbaniana, Roma; catedrático de antropologia filosófica da mesma Faculdade; vice-presidente da Associação de Professores italianos de Filosofia (ADIF); membro da direção nacional da Associação Teológica Italiana (ATI); consultor da Sagrada Congregação para o Clero; colaborador ordinário do Observatore Romano.

Como no volume anterior, antes de apresentar os teólogos, o autor traça em grandes linhas a história das teologias protestante e ortodoxa. Expõe a seguir, de cada teólogo, vida e obras, uma bibliografia selecionada e suas teorias. Por fim, faz uma avaliação crítica, a fim de orientar o leitor. 

“A teologia dos fundadores do protestantismo (Lutero, Calvino, Zwinglio, Melanchthon) representa para os evangélicos, não tanto uma reflexão teológica, mas muito mais o documento original da fé. As obras dos fundadores não são consideradas como estudos sobre a fé cristã, mas sim como fontes” [p.5].

Uma obra de grande valor para todos aqueles que desejam estar informados com clareza sobre a teologia de nossos dias. Útil instrumento de trabalho para jornalistas, professores e estudantes de teologia, pessoas de cultura e todos aqueles que querem manter-se atualizados. 

Para Battista Mondim, a teologia dos fundadores do Protestantismo, traz um “conteúdo doutrinal e é resultado da aplicação sistemática e coerente do princípio de que a salvação deriva imediata e diretamente de Deus. Desse princípio resulta a eliminação de todos os intermediários: o papa, os bispos, os sacerdotes, os santos, nossa senhora, os sacramentos, as boas ações, as indulgências etc. Para que sejamos salvos, é necessário apenas fé na Palavra de Deus, que nos garante o perdão dos nossos pecados. [...] As boas ações têm valor puramente simbólico: não nos fazem merecer a salvação, mas demonstram que Cristo age em nós e que, consequentemente, fomos perdoados e salvos.

Os teólogos com suas respectivas teologias são assim apresentados neste volume: 
Cap. 2 - Karl Barth e a Teologia da palavra de Deus; 
Cap. 3 - Emil Brunner e a Teologia Dialética; 
Cap. 4 - Paul Tillich e a Teologia da Correlação; 
Cap. 5 - Reinhold Niebuhr e a Teologia Apologética; 
Cap. 6 - Rudolf Bultmann: Demitização da revelação e Teologia Existencialista; 
Cap. 7 - Oscar Culmann e a Teologia Bíblica; 
Cap. 8 - Dietrich Bonhoeffer e o Cristocentrismo a-religioso; 
Cap. 9 - Jurge Moltmann e as Teologias da Cruz e da Esperança; 
Cap. 11 - Serghiei Bulgarov e a Sofiologia; 
Cap. 12 - Ghirghiou Florosky e a Síntese Neo-patrística
Cap. 13 - Vladimir Lossky e a Teologia Mística.

Esta obra possui ainda dois capítulos de introdução história:

Cap. 1  - Introdução à História da Teologia Protestante: onde divide essa história em cinco grandes períodos: 1) Fundadores; 2) Ortodoxia; 3) Iluminismo; 4) Liberalismo e 5) Neo-ortodoxia. 

Cap. 10 - Introdução à História da Teologia Ortodoxa, onde o mesmo traça uma linha histórica desde século I até ao século XX.

Lembro que a edição deste exemplar é a segunda edição, produzida pela antiga Edições paulinas em 1980. Atualmente, tanto o volume I – Os Grandes Teólogos do Século Vinte: Teólogos Católicos, e o volume II – Os Grandes Teólogos do Século Vinte: Teólogos Protestantes e Ortodoxos, foram publicados em 2003 em um só volume pela Editora Teológica em 2003.

sábado, 5 de maio de 2018

ATRIBUTOS DE DEUS - OS NOMES PROPOSICIONAIS DE DEUS



INTRODUÇÃO

Nos dias e na cultura que vivemos, os nomes pessoas não são nada mais do que rótulos que nos tornam distintos de outras pessoas que convivem conosco. Os nomes das pessoas não têm nada a ver com o que elas são ou fazem. Algumas vezes, os apelidos que são dados às pessoas são mais significativos do que os seus nomes, pois dizem algo do que a pessoas é ou faz.

Estas coisas tornam-se ainda mais clara quando se trata dos nomes de Deus. Para algumas pessoas, os nomes que Deus possui não significam nada mais do que simples designações do Ser divino. Por causa da nossa cultura ocidental, não costumamos prestar atenção à relação que há entre os nomes de Deus e o seu caráter, os seus modos de agir e o significado dos nomes no que diz respeito ao relacionamento entre nós e Deus.

A grande diferença entre os nomes dados aos homens e os dados a Deus é que estes últimos foram dados pelo próprio Deus. Deus revelou os seus próprios nomes ao seu povo. Com isso podemos entender que a expressão “o nome” é indicativo de um ser pessoal ou da totalidade do caráter de Deus. [1]

Joel Beeke, afirma que os nomes (ou títulos) de Deus são alguns dos caminhos-chave por meio dos quais Deus revela a Si mesmo. Estes nomes são mais do que apenas rótulos ou etiquetas de identificação; eles são descrições proposicionais de alguns aspectos das Suas infinitas Pessoas. Consequentemente, eles não podem ser usados ao acaso (à esmo), e não devem ser desconsiderados durante a leitura das Escrituras.

Ele ainda afirma, que existem, de uma maneira geral, três categorias para os nomes de Deus:

(1) Proposicional, expressando algum fato pertinente à sua divindade, tais como “Deus Altíssimo” (Gênesis 14:18-22) e “Deus eterno” (Gênesis 21:33);
(2) Histórico, comemorando algum encontro com Deus (como Jeová Jireh, “o Senhor proverá” - Gênesis 22:14; ver também Gênesis 16:13; Êxodo 17:15);
(3) Pessoal, declarando alguma experiência individual (“o Deus de Abraão”, “o Deus de Isaque”, etc.).[2]

Neste estudo estaremos nos detendo sobre uma breve explicação de alguns nomes proposicionais comuns no Antigo Testamento:

1. Jeová. Este é o nome pessoal de Deus, especialmente ligado ao Seu pacto de graça e misericórdia. Derivado do verbo “Eu sou” (explicado no episódio da sarça ardente, encontrado em Êxodo 3), este nome declara a:
a) Autossuficiente
b) Independência,
c) Eternidade
d) Soberania de Deus.

Ainda, de maneira extraordinária, Jeová é o principal nome de Deus usado em contextos de salvação. Embora Deus seja infinitamente independente de qualquer coisa fora de Si mesmo, Ele está disposto a ter comunhão íntima com o homem, particularmente através do pacto da graça.


2. Deus. Este é o termo mais geral para a deidade. A palavra em hebraico pode estar tanto no singular (El), quanto no plural (Elohim). Ambas enfatizam a grandiosidade de Deus.
a) Ele é “Todo-Poderoso”, Jó 9.4.
b) Ele possui toda a autoridade, 1 Cr 29.11
c) Ele é capaz realizar o que Lhe apraz, Is 46.10.

Ele é sábio de coração, e forte em poder; quem se endureceu contra ele, e teve paz? - Jó 9:4

Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos. - 1 Crônicas 29:11

Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. - Isaías 46:10

Este título – Deus -  também magnifica a transcendência de Deus; Ele é exaltado acima de toda a criação, incluindo o homem.

A forma no plural significa a sua majestade ou excelência, que realça o Seu poder e grandiosidade, com ainda maior ênfase. De forma significativa, esta é a Sua primeira auto-revelação: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1; Sl 19:1). Ele é o Criador.


3. Senhor. O título Adonai descreve Deus como:
a) O Proprietário e Mestre supremo de tudo, Sl 24.1-2; Dt 10.17.
b) Tudo pertence a Ele, e Ele governa tudo de acordo com os Seus próprios propósitos, para a Sua própria glória, Rm 11.36.

Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. - Salmos 24:1,2.

Pois o SENHOR vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas- Deuteronômio 10:17.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. - Romanos 11:36

Este nome declara a Sua absoluta soberania ou realeza. Reis terrenos vêm e vão, mas o Rei celestial reina, supremo, para sempre (Isaías 6:1).

Todos os homens e todas as nações, quer tenham conhecimento Dele ou não, estão sujeitos à Sua autoridade e devem responder (se reportar) a Ele. Ele é o Soberano sobre toda a terra; todos irão se curvar diante Dele (2 Reis 7:6; Salmos 110:5; Daniel 1:2; Amós 1:8).

Thomas Watson, descrevendo sobre o poder de Deus, disse: [3]

O nome gravado em suas vestes é: “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.16). Ele se apresenta como o Senhor soberano, quem pode lhe pedir satisfação? “Farei toda a minha vontade” (Is 46.10). O mundo é o bispado de Deus, não faria o que quisesse em seus domínios? Foi ele quem fez o rei Nabucodonosor comer grama e lançou no inferno os anjos que pecaram. Foi ele quem quebrou a cabeça do império babilônico. (Is 14.12).

Deus é o monarca supremo e todo o poder reside originalmente nele. “Não há autoridade que não proceda de Deus” (Rm 13.1). Os reis possuem coroa por causa dele: “Por meu intermédio, reinam os reis” (Pv 8.15).


4. Deus Todo-Poderoso. Apesar deste título ocorrer mais frequentemente no período patriarcal, especialmente no livro de Jó, ele não é limitado somente a este período.

“Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito.” - Gênesis 17:1

Em hebraico, significa El Shaddai. As opiniões diferem no que diz respeito à tradução, contudo é mais provável que o significado seja “o Deus que é suficiente”. Ele é completamente capaz de manter (ou cumprir) cada uma das palavras das Suas promessas, mesmo quando o cumprimento parece impossível.

Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho. - Gênesis 18:14

Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido - Jó 42:2

E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível. - Mateus 19:26

A Teologia Puritana nos ensina que: [4]

De fato, embora misericórdia e justiça sejam essenciais à natureza divina, o poder é mais “evidentemente essencial”, pois, por exemplo, sem poder é impossível exercer a misericórdia e a justiça. “A simplicidade de Deus, inclusive a harmonia de seus atributos, requer que seu poder seja ilimitado, o que explica por que um dos nomes usados para Deus é “Poder” [“Poderoso”] (Mc 14.62).


Campos, afirma que de todos os nomes de Deus, este é o nome mais pactual:

O nome El-Shaddai possui uma importância pactual. Deus é o todo poderoso e cheio de majestade que se relaciona com seu povo em termos de promessas que cumpre fielmente. O nome El-Shaddai aponta para o poder que ele tem de cumprir tudo o que promete.[5]


5. Senhor dos Exércitos. Significa “Jeová dos exércitos”, uma expressão militar que identifica Deus como o “Comandante” que tem toda a autoridade e patente infinita para ordenar as Suas tropas a completar a Sua vontade.

E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? - Daniel 4:35

Este título ocorre mais frequentemente durante o período da monarquia (Samuel, Reis, Crônicas, Salmos, e os Profetas). Dependendo do contexto, o exército pode estar se referindo à Israel, aos anjos, aos corpos celestiais (estrelas e planetas), ou até mesmo à toda a criação.

O ponto importante é que Deus tem o poder, a autoridade e os recursos ao Seu comando, para fazer e alcançar todos os Seus planos e propósitos. Não importa quão grande seja a promessa, ou quão séria seja a ameaça, o “Senhor dos Exércitos” estará no comando e irá concretizar.


CONCLUSÃO

No Catecismo Maior Comentado, tem um questionamento que é bastante interessante, no item 14 tem a seguinte pergunta: “Se Deus é Todo-Poderoso, como diz o catecismo, existe contudo alguma coisa que Ele não possa fazer?” [6]

Resposta: A Bíblia nos fala de algumas coisas que até mesmo Deus não pode fazer. Uma delas é que não pode mentir (Tt 1.2). Somos informados também que Deus não poder negar a Si mesmo (2 Tm 2.13). Podemos sintetizar esses ensinamentos ao dizer que deus não pode negar a Sua própria natureza – Ele não pode negar a sua natureza moral ao dizer uma mentira ou ao cometer algo injusto, e não pode negar a Sua natureza racional ao fazer qualquer coisa a contrarie em si mesma. Por exemplo, Deus não pode criar um círculo quadrado, ou fazer dois mais dois igual a cinco. À parte das coisas que não contrariem a Sua própria natureza, não existe absolutamente nada que Deus não possa fazer.

Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos - Tt 1:2

Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo - 2 Tm 2:13




[1] CAMPOS, H. C, O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.84-85.
[2] BEEKE, J. A Doutrina de Deus: Os Nomes de Deus. Os Puritanos. Disponivel in: Acesso em 06 Mai. 2018.
[3] WATSON, Thomas. A Fé Cristã – Estudos Baseados no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009, p.100.
[4] JONES, M. & BEEKE, J. Teologia Puritana: Doutrina para a vida. São Paulo: Edições Vida Nova, 2016, p. 122.
[5] CAMPOS, H. C, O Ser de Deus e os seus atributos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.86.
[6] VOS, Geerhardus Johannes. Catecismo Maior Comentado. São Paulo: Os Puritanos, 2015, p.52