sexta-feira, 18 de outubro de 2019

MACUNAÍMA [Resenha]


Às margens do rio Uraricoera, na floresta Amazônica, nasceu na Macunaíma, um índio negro da tribo dos Tapanhumas. Desde cedo, o “herói da nossa gente” se mostrou diferente dos outros heróis: preguiçoso, egoísta, safado, inteligente, capaz de exercer influência sobre todos à sua volta.

A saga de Macunaíma – Imperador do mato – começa quando ele perde sua muiraquitã, um amuleto de pedra que havia ganhado de Ci, a Mãe do mato. Acompanhado de seus irmãos Maanape e Jiguê, o herói viaja para o sul em busca do amuleto, que estava em poder do fazendeiro peruano Venceslau Pietro Pietra. Encantado com a “civilização moderna”, Macunaíma se vê dividido entre seu reino e as maravilhas de “São Paulo, a maior cidade do universo”.

Mario de Andrade escreveu “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter” em apenas seis dias. Nele, o autor radicalizava o uso literário da linguagem oral e popular que já havia utilizado em seus livros anteriores e mistura folclore, lendas, mitos e manifestações religiosas de vários recantos do Brasil, como se fizessem parte de uma unidade nacional que, na verdade, não existe.

“Macunaíma, o herói sem caráter”, que ora é índio negro ora é branco, até hoje é considerado símbolo do brasileiro em vários sentidos: o do malandro esperto, amoral, que sempre consegue o que quer, e o do povo perdido diante de suas múltiplas identidades. Nas palavras do próprio autor, “Macunaíma vive por si, porém possui um caráter que é justamente o de não ter caráter”.
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ANDRADE, Mario de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro, RJ: Agir Editora, 2007.

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