sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O MESSIAS VEM À TERRA MÉDIA [Resenha]


J. R. R. Tolkien disse que o “germe das histórias”, o molde de uma narrativa ficcional, desenvolve-se a partir de uma experiência do autor de maneiras imprevisíveis. Tolkien era cristão profundamente devoto que conhecia bem a Bíblia. Ele insistia na afirmação de que não escrevia a fim de “provar alguma coisa”, nem certamente para exprimir doutrinas em formas alegóricas. Contudo, Phil Ryken mostra quão intensamente foi a imaginação de Tolkien moldado pelo próprio Jesus Cristo, revelando as ricas percepções teológicas que os grandes contos podem nos proporcionar caso dediquemos nossa atenção a eles.

A tese do autor Philip Ryken neste livro é clara: “há, na verdade, três figuras de Cristo principais em O Senhor dos Anéis e cada um ecoa um aspecto diferente da obra de Cristo, o que os teólogos chamam de seu ‘ofício tríplice’ como profeta, sacerdote e rei”. Para defender sua tese, Ryken faz uma exegese sistemática do texto da estória. Ele apoia as suas conclusões com citações do Silmarillion (a prequela crucialmente importante para a narrativa), as cartas de Tolkien e um amplo conjunto de literatura secundária.

Gandalf, o Cinzento, incorpora a imagem da obra profética de Cristo. Os hobbits, especialmente Frodo Baggins, incorpora a imagem da obra sacerdotal de Cristo. Finalmente, Aragorn, filho de Arathorn, incorpora a imagem da obra real de Cristo.

Ryken parte dos estudos bíblicos, da teologia e da literatura de uma forma maravilhosamente integrada: o resultado é uma rica percepção em relação à imaginação cristã de Tolkien. Erudito, porém acessível, perspicaz e contudo de agradável leitura, abrangente e profundamente edificante. É com entusiasmo que recomendo esse livro!
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RYKEN, Philip. O Messias vem à Terra Média: imagens do tríplice ofício de Cristo em o Senhor dos Anéis. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018. 162p.

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