sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O EVANGELHO SEGUNDO PAULO [Resenha]


Em “O Evangelho segundo Paulo”, você verá que Paulo tinha uma identidade própria entre os apóstolos. De modo diferente dos outros, ele nunca conviveu com Cristo durante o ministério terreno de nosso Senhor. Na verdade, ele não se encaixaria bem no círculo dos doze discípulos. Eles eram, na sua maioria, galileus comuns, provincianos, sem nenhuma autoridade religiosa ou peso acadêmico.

Em contrapartida, Paulo (ou mais precisamente Saulo de Tarso, como ele era conhecido naquela época) era um rabino bem respeitado, de boa formação e cultura, nascido em uma família de fariseus e treinado de forma completa nas tradições farisaicas ultra ortodoxas. Ele era surpreendentemente cosmopolita: um cidadão romano, um viajante experiente, um grande doutor da lei que nasceu em Tarso, que estudou em Jerusalém aos pés de Gamaliel (Atos 22.3) e era cheio de zelo, um hebreu de hebreus.

Antes do seu encontro famoso com o Jesus ressuscitado no caminho de Damasco, Saulo de Tarso desprezava todos os desafios às tradições dos fariseus. Quando o encontramos pela primeira vez na Escritura, ele é um “jovem” (Atos 7.58) tão radicalmente oposto a Cristo e tão hostil à fé dos seguidores de Jesus que organiza o apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir cristão.

No entanto, depois de sua conversão a caminho de Damasco, Paulo se tornou um homem completamente diferente. Ele rejeitava totalmente qualquer pretensão de superioridade e abominava a ideia de que a sabedoria humana poderia acrescentar algum valor à pregação do evangelho. Ele se opunha veementemente a qualquer afirmação de que a eloquência ou a cultura pudessem aumentar seu poder original. Portanto, fez um grande esforço para não dar nenhum destaque às suas conquistas intelectuais e acadêmicas, para não comprometer inadvertidamente a simplicidade da mensagem evangelística.

Dentre todos os apóstolos, Paulo era o mais dedicado em preservar a pureza, a exatidão e a clareza da mensagem evangelística. Cristo o escolheu de forma especial para este propósito (“defendendo e confirmando o evangelho”, Fp 1.7). Ele recebeu essa tarefa como uma missão pessoal vinda do céu. Paulo escreveu: “aqui me encontro para a defesa do evangelho” (v.16). Isso estava tão enraizado na consciência de Paulo que, nos momentos em que falava do evangelho, frequentemente se referia a ele como o “meu evangelho” (Rm 2.16; 16.25; 2 Tm 2.8)

O livro é composto sete capítulos, onde o renomado teólogo John MacArthur, faz um estudo profundo e contundente das epístolas paulinas, explicando versículo por versículo os pontos fundamentais dessa mensagem propagada por Paulo. Ao explicar as passagens de modo claro e acessível, Mac Arthur nos convida a relembrar as boas-novas e a continuar propagando o Evangelho que é o poder de Deus para salvar.
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MACARTHUR, John. O evangelho segundo Paulo: a essência das boas novas. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2018. 240p.

PERSONAGENS AO REDOR DA IGREJA [Resenha]


Este é o terceiro de uma série de livros que se concentram nos personagens em um determinado período da história da Bíblia. Não sei como colocar em ordem de publicação, contudo os outros dois livros anteriores a este são: “Personagens ao redor da cruz” e “Personagens ao redor da manjedoura”. Nesse terceiro volume, o foco é na igreja de Jerusalém na primeira metade do livro de Atos dos Apóstolos. A história da primeira igreja – na cidade de Jerusalém – pulsa com vida renovada, julgamentos ferozes, fracassos pessoais, crescimento espiritual e alegria intensa. Tom Houston captura o coração do trabalho de Deus naqueles arrebatadores primeiros dias. Sua própria experiência ampla e demorada com a igreja em todo o mundo brilha em perspicaz compreensão e notável aplicação.

Neste livro temos os escritos de um estudioso cuidadoso, trazendo à vida personalidade bíblicas que poderíamos ignorar como meros nomes em nossa leitura casual das Escrituras. O autor destaca essas pessoas intrigantes e, por meio delas, nos fornece exemplos de várias maneiras de viver os imperativos do cristianismo no mundo de hoje.

O livro é composto por 23 capítulos, onde o autor nos apresenta de forma detalhadas e dramática os seguintes personagens: Pedro, Matias, o homem coxo, os Saduceus, Gamaliel, Ananias e Safira, Estevão, Filipe, Simão – o mago, o oficial etíope, Saulo de Tarso, Enéias e Dorcas, Cornélio, Herodes Agripa, Maria e Rode, Tiago e Jesus. A abordagem por meio dos personagens é movida pela convicção de que as narrativas e as pessoas da Bíblia estão lá como exemplos e advertências para as gerações futuras, como a nossa (1Co 10.11).

Portanto, este é um livro para todos os cristãos. Ele irá levá-lo de volta ao livro de Atos dos Apóstolos com uma nova vontade de estudá-lo, e de volta à sua própria comunhão da igreja com uma nova responsabilidade para servir e crescer – pois os personagens ao redor da sua igreja podem ser surpreendentemente semelhantes aos personagens ao redor da primeira igreja!
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HOUSTON, Tom. Personagens ao redor da Igreja: testemunho do nascimento da Igreja de Jerusalém. Curitiba, PR: Editora Esperança, 2018. 208p.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

DISCIPULADO [Resenha]


Dietrich Bonhoeffer era filho do psiquiatra Karl Bonhoeffer, de quem herdou a precisão científica, e da piedosa Paula von Hase, que, mesmo descrente da igreja institucional da época, criou os oito filhos num ambiente de obediência aos preceitos da fé. Nesse cenário, a opção de Bonhoeffer pelo ministério pastoral foi recebida com surpresa pela família, mas igualmente encorajada na direção da melhor formação teológica disponível em seu tempo. O jovem Dietrich graduou-se na universidade de Tübingen e doutorou-se na universidade de Berlim, com a tese Sanctorum Communio (1927). Bonhoeffer, no entanto, não era meramente influenciável. Se, por um lado, sua formação teológica foi marcada pela crítica bíblica historicista de Adolf von Harnack (1852-1930), o mais famoso de seus professores em Berlim, por outro, foi na voz dissonante de Karl Barth (1886-1968) que encontrou as ênfases teológicas que o acompanhariam por toda a vida: a centralidade da revelação de Deus em Jesus Cristo e a questão sobre sua presença no mundo — que ele procurou resolver na Igreja.

Em 1937, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer publicou seu famoso livro “Discipulado”. Uma exposição do Sermão do Monte, na qual ele comenta o que significa seguir a Cristo. O contexto era a Alemanha no início do nazismo. Sua preocupação era combater o que ele chamou de “graça barata”, essa graça que oferece perdão sem arrependimento, comunhão sem confissão, discipulado sem cruz. Uma graça que não implica obediência e submissão a Cristo. Seu compromisso com Cristo e sua cruz o levou a morte prematura em abril de 1945.

Discipulado é um livro denso, envolvente, conflitante, o autor começa criticando a teologia barata de sua época, o liberalismo e ele sabe criticar, pois estudou nesta escola, inclusive ganhou o título de doutor em teologia, mesmo discordando da maioria de seus professores, portanto sabe mostrar os pontos de incoerência, a frieza da graça barata, do relativismo das escrituras, bem como aponta para o caminho da verdadeira graça.

O livro está dividido em duas partes. A primeira parte constituída de nove capítulos, o autor escreve sobre Graça e Discipulado. A segunda parte, possui seis capítulos e o autor escreve sobre a Igreja de Jesus Cristo e o discipulado. Concluindo, o autor escreve: quando as Escrituras Sagradas tratam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do ser humano de todos os preceitos humanos, de tudo que o oprime, de tudo que o sobrecarrega, de tudo que lhe suscita preocupação e dor na consciência. No discipulado, o ser humano deixa o duro jugo de suas próprias leis e vai para o jugo suave de Jesus Cristo.
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Bonhoeffer, Dietrich, 1906-1945. Discipulado. São Paulo, (SP): Mundo Cristão, 2016. 256p.

TEMPOS DIFÍCEIS [Resenha]


Nem todos os romances de Charles Dickens são calhamaços de 800 páginas! Tempos difíceis possui apenas 334. Seu tamanho relativamente curto provavelmente tem a ver com sua estrutura simples e parabólica. Como os títulos de seus três livros (“Semeadura”, “Colheita” e “Provisão”) deixam claro, Tempos difíceis ilustra e dramatiza o ensino bíblico de que colhemos aquilo que plantamos.

Isso não significa que o romance é esquemático ou excessivamente moralista. Os personagens que Dickens cria são pessoas de carne e osso que tomam decisões angustiantes, pelas quais passamos a ter um profundo interesse. O protagonista imperfeito, Thomas Gradgrind, é um comerciante aposentado que dirige uma escola padrão que educa as crianças para raciocinarem apenas em termos de fatos. Empregando o mesmo sistema educacional utilitarista para seu filho mais velho (Tom) e sua filha (Louisa), ele os proíbe de ler poesia ou ficção e lhes erradica todas as noções fantasiosas, românticas ou heroicas.

Embora Gradgrind não seja nem um homem mau nem um pai indiferente, seu fracasso em cultivar os corações e almas de seus filhos tem resultados desastrosos: tanto Tom como Louisa crescem como adultos atrofiados, desprovidos de sentimento humano real. Carentes não apenas de um núcleo moral, mas dos tipos de sentimentos que devem sempre acompanhar o comportamento virtuoso, Tom, sem sofrer o menor remorso, primeiro manipula sua irmã carinhosa e depois rouba um banco e incrimina um trabalhador inocente. Quando seu pai indaga por que ele fizera essas coisas terríveis, Tom apela para a lei das médias: dado que o número de trabalhadores é grande, muitos são obrigados a ser desonestos. De maneira triste e trágica, Gradgrind é obrigado a ver o fruto amargo de seus ideais utilitaristas.

O verdadeiro âmago do romance, contudo, diz respeito ao casamento desastroso de Louisa com um capitalista corrupto, Bounderby, trinta anos mais velho que ela. Quando Gradgrind comunica a proposta de Bounderby a Louisa, ela deseja compartilhar com seu pai o que está em seu coração, mas nenhum dos dois sabe como se comunicar em um nível emocional. Embora ambos saibam que Louisa não ama Bounderby, Gradgrind ignora isso, aconselhando-a a decidir-se baseada em fatos e estatísticas. Seu casamento é desprovido de amor, deixando a emocionalmente imatura Louisa presa a um libertino inescrupuloso, com quem ela quase foge.

No último segundo, ela desiste daquilo (afinal de contas, é um romance vitoriano!), e, em vez de fugir, corre em direção à casa de seu pai. Ele a saúda na porta, apenas para vê-la cair, num amontoado inerte, a seus pés. Embora Gradgrind seja humilhado pela experiência e chegue a perceber que há uma lacuna em seu sistema educacional, ele se prova incapaz de reparar o estrago que foi feito. Bounderby rejeita a súplica de Gradgrind em conceder a Louisa algum tempo longe dele e a abandona para sempre. Louisa nunca mais volta a se casar novamente e vive como uma solteirona isolada e sem filhos.

Os destinos de Gradgrind, Tom e Louisa podem sugerir que Tempos Difíceis seja um romance sombrio, mas Dickens é cuidadoso em contrastar suas histórias com uma trupe de circenses que, embora carentes de fatos, são ricos em amor, aconchego e alegria. Por meio deles, Dickens nos ensina que existem aspectos de nossas vidas e almas que não podem ser facilmente pesados e medidos.
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DICKENS, Charles. Tempos difíceis. São Paulo, SP: Editora Boitempo, 2014.


Publicado originalmente
https://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/02/tempos-dificeis-romances-seculares-que-recomendamos-6/

sábado, 22 de fevereiro de 2020

O OUTRO NOME DE ASLAM [Resenha]


OS AUTORES: Os autores desta obra não poderiam ser melhores do que estes. VINICIUS A. MIRANDA é pastor, escritor (5 livros) e teólogo. Atua de forma especial em missões urbana. Uma de suas estratégias é usar a cultura pop para se aprofundar em temas espirituais, especialmente por meio de seu canal “Filosofia com pipoca” no YouTube. GABRIELE GREGGERSEN é doutora em educação, escritora (8 livros) e teóloga. É uma das principais colaboradoras e tradutora das obras de C. S. Lewis no Brasil. As ilustrações autorais embelezam ainda mais a obra e ficaram a cargo do artista cristão Anderson Nishimura.

O LIVRO: "as crônicas de Nárnia" é uma série de sete romances escrita pelo autor irlandês c. S. Lewis, um dos autores mais influentes do cristianismo contemporâneo. Desde "o peregrino", o universo de Nárnia tornou-se a série de ficção cristã mais conhecida para os fiéis, e definitivamente a mais reconhecida pelos não cristãos. Fundamentado nesta obra, os autores escreveram "O outro nome de Aslam” que é uma viagem sobre as lições bíblicas deixadas por C. S. Lewis na incrível saga das "crônicas de Nárnia". Escrito para uma leitura envolvente, abrangente e cheia de surpresas para os fãs das histórias de Aslam e interessados em teologia e na obra de C. S. Lewis.

O livro, além da introdução possui três capítulos, onde os autores trabalham: Quem foi C. S. Lewis, simbologia bíblicas e A simbologia (ou parábolas) das Crônicas de Nárnia. E para quem gosta de ler a seção Bibliografia, vai encontrar lá a indicação de outras obras maravilhosas sobre C. S. Lewis e As Crônicas de Nárnia.

Sobre este livro, Vinicius escreve: “Se você tem algum preconceito sobre a história, fique tranquilo, eu te entendo! Mas peço gentilmente que leia esse material com a cabeça aberta, tentando ver um outro lado. Se você já se considera um narniano, tenho certeza de que a partir de agora, você irá se apaixonar ainda mais por esse mundo mágico! Então não se demore mais! Pegue uma xícara de chá, como faria um bom britânico como C. S. Lewis o foi, e faça uma incursão ainda inédita em Nárnia junto conosco".
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MIRANDA, Vinicius A. & GREGGERSEN, Gabriele. O outro nome de Aslam: a simbologia bíblica nas crônicas de Nárnia. Osasco, SP: Editora 100% Cristão, 2019.

DEUS ESTÁ MESMO NO CONTROLE? [Resenha]


Deus está mesmo no controle? foi escrito para a pessoa comum que não vivenciou necessariamente grande catástrofe, mas que enfrenta, com frequência, as adversidades e angústias típicas da vida: a gravidez interrompida contra a vontade, a perda do emprego, o acidente de carro, o filho ou filha rebelde, o professor injusto da faculdade. Esses acontecimentos não constituem notícias de “primeira página”; na verdade, costumam permanecer escondidos em um coração partido ou confuso.

O autor nos diz que: “Ao criar esta nova obra, tenho dois propósitos em mente: primeiro, desejo que uma nova geração de leitores glorifique a Deus reconhecendo sua soberania e bondade. Segundo, desejo incentivar o povo de Deus em um mundo pós-11 de Setembro, demonstrando pelas Escrituras que Deus está no controle de suas vidas, que de fato os ama e que opera todas as circunstâncias da vida para seu bem maior.”

O leitor observará uma abundância de citações de outros escritores. No entanto, este livro não é mera síntese do ponto de vista de outras pessoas. As convicções básicas declaradas nestes capítulos são o resultado do estudo bíblico pessoal do autor, realizado no decorrer de um longo período de tempo. O autor cita com frequência aos puritanos ingleses (e seus herdeiros teológicos mais recentes), bem como ao teólogo holandês G. C. Berkouwer. Os puritanos dos séculos 16 e 17 travaram uma grande luta com a questão da soberania de Deus, em parte por causa da perseguição em virtude de sua fé. Creio que suas vozes (bem como as de quem escreve segundo sua tradição) podem continuar a nos instruir em nosso tempo de incertezas

O livro, além do prefácio, contém dez capítulos onde o autor descreve e nos ajuda a refletir sobre a Luz das Escrituras como podemos aprender a confiar na sabedoria, no amor e na soberania de Deus. Jerry Bridges nos mostra que é possível experimentar paz, conforto e esperança mesmo diante das maiores diversidades. Durante a leitura o leitor encontrará várias perguntas para reflexão e debate. E ao refletimos sobre a aparente ausência de Deus, podemos imaginar que somos surpreendidos por acontecimentos inesperados, pois Deus nos surpreende nos mínimos detalhes.
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BRIDGES, Jerry. Deus está mesmo no controle? Confiando em Deus nas adversidades e angustias da vida. São Paulo, SP: Vida Nova, 2018. 160p.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A VIDA DE C. S. LEWIS [Resenha]


QUEM É C. S. LEWIS (1898-1963)? Para muitos, provavelmente para a maioria das pessoas, Lewis foi o criador do fabuloso mundo de Nárnia; o autor de alguns dos livros infantis mais conhecidos e discutidos do século 20, que continuam atraindo leitores entusiásticos e vendendo aos milhões. Cinquenta anos após sua morte, Lewis ainda é um dos escritores mais influentes de nossa época. Juntamente com seu igualmente famoso colega e amigo J. R. R. Tolkien (1892-1973), escritor de O senhor dos anéis, Lewis é amplamente conhecido como uma referência literária e cultural. Os mundos da literatura e do cinema foram profundamente influenciados por esses dois autores de Oxford. No entanto, sem C. S. Lewis, O senhor dos anéis talvez nunca tivesse sido escrito. Lewis pode ter criado alguns sucessos de venda, mas ele também foi o “parteiro” da obra-prima de Tolkien, chegando até a indicar o nome desse autor para o Prêmio Nobel de Literatura, por causa dessa obra épica. Só por esses fatos, a história de C. S. Lewis merece ser contada.

Mas C. S. Lewis é muito mais que isso. Como observou certa vez seu amigo de longa data, Owen Barfield (1898-1997), houve realmente três C. S. Lewis. (1) O Lewis autor de romances famosos (2) O Lewis escritor e apologista cristão, preocupado em comunicar e compartilhar sua rica visão do poder intelectual e imaginativo da fé cristã — uma fé que ele descobriu já adulto e considerou racional e espiritualmente irresistível. Para grande irritação de alguns, sua obra Cristianismo puro e simples é muitas vezes citada hoje em dia como a obra religiosa mais influente do século 20. (3) O Lewis, talvez o menos conhecido para a maioria dos admiradores e críticos: o notável professor e crítico literário de Oxford que lotava salões de palestras ao apresentar suas reflexões espontâneas sobre a literatura inglesa e que seguiu em frente para se tornar o primeiro titular da cadeira de Literatura Medieval e Renascentista da Universidade de Cambridge.

Sendo assim, como esses três Lewis se relacionam entre si? Este livro visa contar a história da formação e expressão da mente de Lewis, partindo de seus escritos. Não existe aqui a preocupação de documentar cada aspecto da vida do autor, mas, sim, explorar as conexões complexas e fascinantes entre o seu mundo exterior e o seu mundo interior. Esta biografia está organizada em torno dos mundos reais e os mundos imaginários habitados por Lewis — principalmente Oxford, Cambridge e Nárnia.

Esta biografia se propõe não a elogiar ou a condenar Lewis, mas a entendê-lo — entender, acima de tudo, suas ideias e o modo como elas se expressaram nos seus escritos. Essa tarefa foi facilitada pela publicação de praticamente tudo o que se sabe ter restado dos escritos de Lewis, bem como de um corpo significativo de literatura crítica especializada sobre suas obras e ideias.

O livro possui 15 capítulos divididos em com partes que começam com Lewis nas Colinas de Down, caminha por Oxford, Nárnia, Cambridge, até depois de sua morte. Nessa obra, McGrath fez uma varredura acadêmica de precisão analítica, e me levou a conhecer a vida desse personagem que tem me tido muita influência nos últimos tempos.
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McGRATH, Alister. A vida de C. S. Lewis: do ateísmo às terras de Nárnia. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2013. 422p.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO [Resenha]


Conclui a leitura do livro “Pedagogia do Oprimido”, do “educador” Paulo Freire. O estranho é que a obra de Paulo Freire não versa sobre educação - certamente não a educação de crianças. Pedagogia dos Oprimidos não menciona nenhum dos assuntos que ocuparam a cabeça dos reformistas da educação durante o século XX: provas, padrões de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, como organizar as escolas, que matérias devem ser estudadas em cada série, qual a melhor maneira de treinar professores, o modo mais efetivo de educar crianças desfavorecidas em todos os níveis. Esse best-seller sobre educação é, ao contrário, um tratado político utópico que clama pelo fim da hegemonia do capitalismo e a criação de uma sociedade sem classes.

Para se ter uma ideia das prioridades do livro, basta dar uma olhada em suas notas de rodapé. Freire não está interessado nos tradicionais pensadores e educadores do Ocidente - não em Rousseau, Piaget, John Dewey, Horace Mann, ou Maria Montessori. Ele cita um leque bem diferente de figuras: Marx, Lenin, Che Guevara, e Fidel Castro, assim como os intelectuais orgânicos radicais Frantz Fanon, Régis Debray, Herbert Marcuse, Jean-Paul Sartre, Louis Althusser, e George Lukács. E não há porque ser diferente, uma vez que sua ideia central é que a principal contradição em toda sociedade é entre "opressores" e "oprimidos" e que a revolução resolverá esse conflito.

Agora, o que penso sobre o texto. Como dantes escrevi, o próprio Paulo Freire deixa claro em vários momentos, que seu livro não é sobre educação. Ensinar, transmitir conhecimentos, é uma preocupação da educação “bancária” opressora. Não é essa a função de um educador libertador. Não, sua função é criar os meios para uma revolução libertadora, como foram libertadoras as revoluções promovidas pelos educadores citados: Mao, Lênin, Fidel. Ou seja, a única preocupação do livro é com os meios para viabilizar uma revolução marxista. Freire ignora o sangue de inocentes derramado por esses tiranos e assassinos, responsáveis por genocídios covardes e produz um panfleto socialista com quase nada de pedagogia. Seu objetivo, coberto por um manto de palavras confusas e desconexas, é estabelecer as bases de uma revolução socialista no Brasil por meio da subversão cultural de estudantes em prol do velho e refutado materialismo marxista.

Prega em seu livro sinuoso a revolta dos alunos diante da autoridade do professor e da família. O patrono da educação brasileira esforçasse-se, utilizando uma linguagem tosca e truncada, em demonizar a família e a autoridade paterna: “as relações pais-filhos, nos lares, refletem, de modo geral, as condições objetivo-culturais da totalidade de que participam. E, se estas são condições autoritárias, rígidas, dominadoras, penetram nos lares que incrementam o clima da opressão”. Tudo para ele é opressão, exploração e domínio.

O legado do idolatrado militante foi a promoção automática dos estudantes. Freire considerava a autoridade do professor em avaliar os alunos como algo opressor. A libertação é promover estudantes mesmo que não tenham aprendido a contento o conteúdo programado. É a perpetuação da falta de qualidade do ensino.

Portanto, repetindo, o livro não é sobre educação. É doutrinação marxista.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Editora Paz e Terra, 2019 (71º edição)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

40 DIAS COM STAR WARS [Resenha]


Os filmes da trilogia original de “Star Wars”, que se iniciaram a partir de 1977, inauguraram um novo tempo na indústria do cinema mundial. A partir dele, nascia o termo “blockbuster” e as diversas franquias cinematográficas de êxito. Mais do que isso, “Star Wars” se estabeleceu como um paradigma da fantasia que se passa numa galáxia distante, mas que se comunica por diversas gerações, de forma universal.

Na introdução deste livro, você conhecerá toda a saga “Star Wars” que envolve nove filmes, duas séries animadas, centenas de livros, revistas em quadrinhos, jogos de vídeo game, brinquedos, action figures e parques temáticos na Disney.

Seus personagens fascinantes e ao mesmo tempo estranhos também enfrentam dilemas e problemas como qualquer um de nós. Neste contexto, de forma iluminada o autor, Eduardo Medeiros, conseguiu captar e traduzir situações vivenciadas pelos personagens, princípios, aspectos teológicos e práticos.

Sobre este livro o autor escreve: (1) você aprenderá os princípios eternos da palavra de Deus a partir dos personagens mais icônicos da saga em 40 Devocionais que refletem na pessoa de Jesus Cristo. Além disso, um Guia Exclusivo para compreender todas as ramificações desse universo incrível! (2) Este é um livro sobre Jesus. Cada devocional tem o objetivo de nós ensinar algo a respeito da história, vida e ensinos de Jesus Cristo. Pois é muito importante que possamos conhecer sua trajetória.

A estrutura das devocionais é bem didática. Um personagem é apresentado e é apresentado um fato interessante que o envolveu e que pode contribuir com nossa reflexão. Um texto bíblico é usado como fundamentação e lançado um desafio para a nossa edificação e crescimento espiritual.

Adquira este Devocional e vivencie por quarenta dias uma aventura inesquecível e edificante.
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MEDEIROS, Eduardo. 40 dias com Star Wars. Osasco, SP: Editora 100% Cristão, 2019.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A COMPAIXÃO DE DEUS [Resenha]


O autor afirma que este livro é resultado de uma exposição acerca de Jonas em um retiro de jovens da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, e que foi levado em consideração o caráter histórico do livro de Jonas, seu propósito teológico e as muitas maneiras pelas quais ele se aplica à vida da igreja de hoje.

Caráter histórico - O livro de Jonas está cheio de histórias preciosas, além da narrativa acerca de um homem que ficou três dias na barriga de um peixe. Ao longo de seus quatro breves capítulos, encontramos a história do profeta hebreu Jonas, um homem que temia a Deus, mas tinha dificuldades em perdoar aos temíveis assírios, inimigos de seu povo. Mais do que isso, temos no livro uma história sobre Deus levando esse homem a anunciar o arrependimento e o perdão a seus próprios inimigos, o que mostra como Deus está disposto a perdoar os que se arrependem e creem. O livro de Jonas trata de Deus, de seu poder, de sua soberania sobre a criação e as circunstâncias, de sua misericórdia e de seu perdão.

Caráter teológico – Uma das grandes lições teológicas, sem dúvida, é a lição acerca do amor soberano e salvador de Deus para com os povos. Esse livro do Antigo Testamento antecipa a conversão dos gentios e a entrada deles no povo de Deus. O grande avivamento espiritual que aconteceu em Nínive é um prelúdio do que Deus um dia haveria de fazer, chamando pessoas de todas as tribos, línguas e nações para serem parte de seu povo redimido, a igreja de Jesus Cristo.

A Relevância de se estudar, consiste em duas razões:

(1) A primeira é que ele revela muita coisa a respeito de Deus, uma vez que o grande protagonista do livro não é o profeta Jonas, mas, sim, Deus, que transparece em praticamente cada versículo, agindo, interagindo, sendo paciente, perguntando, respondendo, observando e assim por diante. O livro de Jonas é um sobre Deus, seu domínio sobre todas as coisas e sua misericórdia para com as pessoas. Creio que essa mensagem a respeito do amor e da compaixão que Deus tem pela humanidade — mesmo por pessoas das quais não gostamos e que chegam a nos causar raiva quando se convertem — é algo a que precisamos dar ouvidos. Assim, acredito que a mensagem contida em Jonas é importante para que nós, em dias difíceis como os que estamos vivendo, nos lembremos de quem é o Deus a quem servimos.

(2) A segunda razão para estudar o livro de Jonas é o fato de ter sido citado duas vezes por Jesus. Isso não o coloca em vantagem, pois Jesus cita muitos outros livros do Antigo Testamento; contudo, em particular, Jesus se refere à história de Jonas e ao fato marcante de o profeta ter passado três dias e três noites dentro do peixe como um tipo ou figura de seu ministério, bem como de sua própria morte e sepultamento.

O livro, além da introdução, prefácio e considerações finais, é constituído por cinco capítulos onde o autor observa que na história desse “profeta fujão” Deus teve compaixão das cidades mais cruéis e ímpias, como era o caso de Nínive. Isso nos dá esperança nesses dias difíceis no Brasil. Conclui: “Minha expectativa é que esse comentário devocional e homilético sobre Jonas seja usado por Deus para abençoar seu povo e nos ensinar a ter compaixão como ele tem”.
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NICODEMUS, Augustus. A compaixão de Deus: a mensagem de Jonas para a igreja de hoje. São Paulo: Edições Vida Nova, 2018.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

PAIS APOSTÓLICOS [Resenha]


Este volume reúne uma das mais importantes coleções de documentos cristãos antigos, os chamados Pais Apostólicos. Cobrindo um período que vai do final do século 1 até meados do século 2, as obras constituem um testemunho extremamente valioso sobre o pensamento e a vida da Igreja numa época remota da história do cristianismo, quando este ainda dava seus primeiros passos na sociedade greco-romana.

Esses textos podem ser definidos como o primeiro conjunto de literatura cristã posterior ao Novo Testamento. A designação pela qual são conhecidos, Pais Apostólicos, foi utilizada pela primeira vez pelo estudioso francês Jean Cotelier, em 1672, e reflete o fato de que tais documentos foram produzidos numa época muito próxima da era apostólica. A outra palavra do título os coloca no contexto dos “Pais da Igreja”, os pensadores e escritores cristãos dos primeiros séculos. Na verdade, os Pais Apostólicos constituem o início do período patrístico, a era dos Pais da Igreja.

Apesar de suas muitas diferenças, esses escritos apresentam algumas características comuns. Em primeiro lugar, destacam-se por sua simplicidade intelectual e doutrinária. Não encontramos neles as reflexões teológicas profundas — e muito menos as elaborações filosóficas — que irão caracterizar muitos escritos cristãos posteriores. Antes, são declarações de uma fé e piedade sinceras, revelando acima de tudo um interesse pastoral e prático. Suas principais preocupações são a paz, a unidade e a pureza da Igreja.

O presente volume contém treze documentos: duas cartas atribuídas a Clemente de Roma, sete cartas de Inácio de Antioquia, uma carta de Policarpo aos filipenses, uma narrativa do martírio de Policarpo, o manual eclesiástico conhecido como Didaquê e O Pastor de Hermas. Outras coletâneas também incluem entre os Pais Apostólicos a Epístola de Barnabé, a Epístola a Diogneto e fragmentos atribuídos ao bispo Papias de Hierápolis.

Concluindo, os Pais Apostólicos fornecem informações altamente relevantes sobre um importante período de transição na vida do cristianismo antigo, quando a Igreja ainda está relativamente próxima da geração dos apóstolos, mas começa a tomar novos rumos e a assumir novas características e ênfases. Ao mesmo tempo que se expande de maneira crescente no mundo grego-romano, o movimento cristão enfrenta difíceis desafios representados pela repressão estatal e pelo surgimento de heresias e cismas. Em resposta a essa nova e complexa situação, desenvolve-se o episcopado monárquico ou monoepiscopado, cristaliza-se o cânon do Novo Testamento e surgem as primeiras declarações credais — a “regra de fé”.
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Pais apostólicos / Clemente ... [et. al.]. São Paulo: Mundo Cristão, 2017. 272p.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

BEN-HUR [Resenha]


Lew Wallace, foi um herói da Guerra da Secessão nos EUA, e certa vez viajava de trem quando um agnóstico famoso o abordou e questionou: você acredita mesmo em Deus? Você realmente acha que Jesus era um ser divino? Como pode um homem estudado achar que ele ressuscitou dos mortos? E todas estas perguntas derrubaram Wallace. Porque ele acreditava: mas não sabia o porquê.

Depois disto, Wallace resolveu estudar mais sobre a divindade de Cristo e, neste estudo, surgiu a ideia de fazer um livro sobre um personagem NÃO-BÍBLICO, cujas aventuras estão de certa forma ligadas ao ministério de Jesus. A princípio o livro não fez tanto sucesso, mas bastou pouco tempo e já era recomendado por pastores e lido por congregações inteiras.
Lew Wallace escreveu este livro em outra época. Por isso Carol Wallace precisou reescrevê-lo e adaptar para nossa leitura contemporânea, de modo a traduzir ao leitor atual a mesma essência que tornou a história de Judah Ben-Hur tão popular há mais de 125 anos. Sua primeira publicação se deu em 1880. O livro ainda tem um pouco do infodumping que era comum na época, mas isto é facilmente eclipsado pelo enredo em si, que é muito, mas muito eletrizante!

O livro conta a história de Judá Ben-Hur, um judeu, de origem nobre que é visto como um homem integro, com fortes valores familiares e religiosos, mas tem sua vida mudada completamente quando ele é acusado a atentar contra a vida de um cônsul, sendo acusado por traição a Roma pelo até então "amigo", Messala. Sua vida muda completamente após esse episódio, Ben-Hur vira escravo, sua mãe e irmã tem paradeiro incerto e todos os bens adquiridos ao longo dos anos são tomados e entregues àquele que o traiu.

A partir desse momento, acompanhamos a trajetória do protagonista entre os anos de escravidão e a força interior que nutria para que um único objetivo fosse alcançado futuramente, o da vingança. Ben-Hur lutaria para tirar sua casa da grande desmoralização que sofreu. E em meio esse caminho, acompanhamos o paralelo entre a sua história e a história de Cristo, onde por diversos momentos o caminho dos dois se encontram e dão ao leitor um paralelo entre a trajetória desses dois personagens.

Após anos sendo escravo, Ben-Hur agora terá a chance de recontar a sua própria história através da vingança que tanto almejou, estará no mesmo ambiente que Messala, mas dessa vez, eles serão iguais dentro da arena disputando uma corrida de bigas de tirar o fôlego na narrativa, diga-se de passagem.

A narrativa de Ben-Hur não é fácil, principalmente na hora de se encontrar no fator histórico, mas para aqueles que já tiveram a curiosidade de ler a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, não encontrarão tanta dificuldade dentro dessa ambientação. Isso se dar pelo fato de Lew Wallace detalhar com maestria os acontecimentos reais da época.

A leitura traz muita reflexão, é carregada de momentos emocionantes e cheios de ensinamentos. Não tem como não se envolver pela saga que Ben-Hur se propõe a fazer, o acompanhamos em sua glória, queda, redenção e ascensão, tudo isso, vivenciando junto ao personagem cada sentimento exposto durante essa trajetória.

Para quem só conhece a história pelo clássico do cinema, vale a pena conferir a história completa dessa obra, e para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer essa história, indico com toda a certeza e ainda reafirmo que vale a pena. São mais de 500 páginas, completamente envolventes e com grandes ensinamentos. Uma grande obra que merece ser apreciada por todos.
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WALLACE, Lew. Ben-Hur: uma história dos tempos de Cristo. Barueri, SP: Agápe, 2018.


Créditos
http://www.livreando.com.br/2016/11/resenha-ben-hur.html
https://escritoraoacaso.blogspot.com/2019/09/resenha-ben-hur.html