segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA - UM GUIA ILUSTRADO [Resenha 140/20]


Lançado antes do lançamento do filme e com base na versão cinematográfica do livro de Tolkien, esta bela edição inteiramente ilustrada e em cores traz uma apresentação detalhada dos personagens e dos lugares que compõem o fabuloso universo de O Hobbit.

Trata-se de um guia oficial e autorizado que busca apresentar os povos e lugares da Terra-média. O leitor pode acompanhar o hobbit Bilbo Bolseiro, o mago Gandalf e a Companhia dos anões em sua Demanda para recuperar o tesouro roubado pelo Dragão Smaug, o Terrível.

O guia busca oferecer informações e conhecimentos exclusivos sobre o mundo de Bilbo e seus amigos, como: (a) quais as relações de parentesco entre os membros da Companhia de Thorin Escudo de Carvalho e quem deles tem maior razão para odiar os orcs; (b) se os elfos de Valfenda e seu senhor, Elrond, oferecerão refúgio seguro aos anões em momento de necessidade; (c) por que os trasgos das Montanhas Sombrias tornaram-se pavorosamente deformados e quem é o Rei monstruoso que os governa; (d) quem é o excêntrico mago Radagast e qual perigo medonho ele descobriu na Floresta das trevas?

Este guia também tem um excelente mapa mostrando a viagem da Companhia desde o Condado até as Terras Ermas. Ricamente ilustrado com mais de 100 fotos em cores do filme, O Hobbit: uma jornada inesperada -- Guia ilustrado começa a Demanda para a Montanha Solitária em estilo espetacular.

A autora Jude Fisher nasceu na Cornualha e hoje mora parte do ano no Marrocos. É autora dos The Lord of the Rings Visual Companions [guias ilustrados ao Senhor dos Anéis] e dos romances épicos Sorcery Rising, Wild Magic e Rose of the World. Publicou quatro romances sob o pseudônimo Gabriel King. Atualmente escreve obras de ficção para adultos e crianças sob o nome Jane Johnson.
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FISHER, Jude. O Hobbit - uma jornada inesperada: guia ilustrado. São Paulo, SP: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

SURPREENDIDO PELA ALEGRIA [Resenha 139/20]


Logo de inicio, Lewis escreve: “Este livro foi escrito em parte como resposta a pedidos de que eu contasse como passei do ateísmo ao cristianismo, e em parte para corrigir uma ou duas ideias falsas que parecem circular por aí. Até que ponto o relato importa a qualquer outra pessoa além de mim depende do grau em que os outros experimentaram aquilo que chamo de "alegria". Mesmo sendo pouco comum o tema, talvez tenha alguma utilidade um tratamento mais detalhado do que (creio eu) já se tentou antes.”

Surpreendido pela Alegria não é somente uma autobiografia do autor, no qual ele conta sobre a sua infância e família, sua educação básica no internato, seus traumas e prazeres pela literatura, a relação com o pai e irmão, o efeito da primeira guerra mundial em sua vida, sua entrada na Oxford e suas principais amizades. Também não é uma confissão. No entanto, é certamente um dos mais belos e inteligentes relatos da caminhada de uma pessoa em direção a fé cristã.

Escrito em 1955, “Surpreendido pela Alegria, C. S. Lewis nos leva de sua infância em Belfast, passando pela perda de sua mãe, pelo ateísmo juvenil na Inglaterra e posteriormente para o agnosticismo, pelas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, até Oxford, onde estudou, leu e, por fim, traçou racionalmente seu caminho de volta para Deus. Descreve de maneira fascinante sua jornada espiritual, inclusive o processo racional e sobrenatural que o levou de volta para o caminho da Salvação, com o foco na sua crise de fé, que determinaria o caráter de toda a sua vida e carreira.

O leitor de Surpreendido pela alegria, pode se decepcionar ao saber que a obra mostra apenas momentos simples da vida de nosso querido Jack. Acompanhamos a vida do autor, passando pela infância, idade escolar, juventude, serviço militar, formação acadêmica e exercício da profissão. Lewis nos revela seus gostos, vontades e segredos, em períodos tranquilos e turbulentos. Cada fase de sua vida é marcada por diversas obras literárias e autores e chegamos a conclusão de que Lewis era apaixonado pela fantasia e no bom sentido, um legítimo nerd.

O que mais predomina no livro, é a transformação da mentalidade e da imaginação do autor, desde a infância até a vida adulta. Ele conta em ordem cronológica, os fatos e eventos que o fizeram mudar seus conceitos, em vários pontos da vida e também espiritualmente. Durante a história, é incrível pra quem é fã das histórias de Lewis, saber a origem de tanta imaginação! O processo criativo do autor, está contido nos próprios devaneios e também na descrição das suas literaturas preferidas, que é basicamente o ponto alto do livro. Tem tanta referência aos clássicos épicos, a mitologia e a literatura da época, que às vezes a gente se sente perdido.

Surpreendido pela Alegria é uma obra biográfica ímpar, a vantagem de ser escrito pelo próprio autor, e entender a mente do C.S. Lewis, um dos grandes nomes da literatura cristã e mundial.
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LEWIS, C. S. Surpreendido pela alegria. Viçosa, MG: Ultimato, 2015.

sábado, 26 de setembro de 2020

O PRÍNCIPE CASPIAN [Resenha 138/20]


O Príncipe Caspian é o segundo livro dos sete escritos por C. S. Lewis que compõem a série infanto-juvenil “As Crônicas de Nárnia”. Publicado em 1951, é sugerido como o quarto na ordem cronológica de leitura das histórias. Se em “O Cavalo e seu Menino” Nárnia foi descrito como um lugar maravilhoso, onde a liberdade prevalecia, os animais e a natureza conviviam em harmonia e tudo era pacifico aqui em “Príncipe Caspian” a trama muda de contexto e torna-se uma antítese ao livro anterior.

Mais de mil anos se passam em Nárnia após as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia narrados em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, mas para as crianças na Inglaterra se passou apenas um ano. Nárnia, onde os animais falam, onde as arvores caminham, onde uma grande batalha está prestes a começar. Um príncipe, cujo legitimo direito ao trono foi usurpado, reúne um exercito na tentativa desesperada de expulsar de seu reino um falso rei. O príncipe Caspian, decide trazer de volta o glorioso passado de Nárnia. Soprando sua trompa mágica, ele convoca Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia para ajudá-lo em sua difícil tarefa. No fim, porém, é uma luta de honra entre dois homens que decidirá o destino de todo um mundo.

É maravilhoso aqui encontrar os quatro irmãos novamente como o centro da história, apesar do conflito girar em torno da luta do Príncipe Caspian, ainda conseguimos ver Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia caminhando juntos em um novo desafio, retomando todo o carisma desse quarteto que nos fisgou no segundo livro da coleção.

Apesar de todo o conflito, os temas cristãos abordados por C. S. Lewis voltam à tona nesta aventura: Assim como em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, a questão da fé em Deus, naquele que não nos é visível aparece quando Lúcia vê Aslam e os outros não acreditam nela inicialmente. A invocação por um auxílio inesperado feita por Caspian lembra muito a oração. A referência a criaturas mitológicas, como Baco e Pã, sujeitando-se à Aslam deixa a sensação de que o cristianismo é superior ao paganismo. A transformação de Caspian - telmarino de nascença - em um defensor de Nárnia divulga que a conversão cristã é o melhor caminho, apesar de grandes lutas e obstáculos.

Há também uma alusão invertida à Alegoria da Caverna, de Platão, quando os piratas entram na caverna e descobrem o mundo fantástico de Nárnia. Seria exatamente o caminho oposto ao que o filósofo propôs, isto é, abandonar a fantasia e buscar a realidade.

Outra dicotomia entre fantasia e a realidade aparece quando Pedro e Susana são avisados por Aslam de que nunca mais retornarão a Nárnia, pois já passaram da idade para isto, assinalando assim que a fantasia seria essencial durante a infância, mas a realidade é o que mais importa para a vida adulta.

A existência de uma raça superior e racismo, questões prementes durante a 2ª Guerra Mundial, portanto, bem próximas à publicação do livro, são atacadas quando os anões narnianos não aceitam o anão mestiço Dr. Cornelius, mentor de Caspian.

É interessante a abordagem da diferença na contagem do tempo entre os mundos através da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a qual nos dá a idéia de que o tempo passa de modo diferente em lugares diferentes.

As mudanças na geografia de Nárnia durante o tempo em que as crianças estiveram fora assinala que não somente as pessoas se transformam, mas também o lugar em que vivem, com ou sem a interferência humana.

Um detalhe que chama a atenção é que as crianças desta vez são transportadas da Inglaterra para Nárnia quando estão em uma estação de trem, assim como ocorre em Harry Potter. 
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LEWIS, C. S. As Crônicas de Nárnia: O Príncipe Caspian. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2008. (Série Nárnia).

Créditos:

[Resenha] As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian
https://www.cinemundo.net.br/resenha-cronicas-de-narnia-principe-caspian/

O Príncipe Caspian (C. S. Lewis)
http://resumos.netsaber.com.br/resumo-45566/o-principe-caspian