sábado, 19 de outubro de 2019

A CONDIÇÃO HUMANA [Resenha]


China, março de 1927. Um homem corroído pela amargura. Um país sacudido por uma insurreição. Atrás de fachadas insuspeitas de cidades sufocadas por riquixás, automóveis e bondes, fumaça de carvão, excrementos e suores de brancos e amarelos, homens planejam uma revolução, muitos divididos entre a culpa e a ideologia. Publicado em 1933, este livro de André Malraux é um relato dos acontecimentos que deram início à Revolução Chinesa. Um depoimento pessoal sobre um dos momentos históricos mais dramáticos do século XX. Neste clássico da literatura mundial – estruturado como romance, mas escrito em tom de reportagem – as questões morais, intelectuais e políticas estão em primeiro plano, e os personagens representam valores e formas de ação.

O texto trata do comportamento de pessoas envolvidas na revolução comunista chinesa, da tendência nacionalista, do interesse de nações com sistemas de governo centralizadores e autoritários, e do esforço de empresas e instituições financeiras para manterem o status quo, à medida em que a mobilização de grupos organizados na clandestinidade começa a ganhar força. Tchen, um dos protagonistas, mata um fornecedor de armas e toma consciência que a luta tinha tornado o seu destino irreversível. A morte era tida como certa, diante da escolha que tinha feito.

Publicado em 1933, e nesse mesmo ano distinguido com o Prémio Goncourt, A Condição Humana é um documento incontornável de reflexão sobre o indivíduo, sobre o confronto entre ética pessoal e convicção ideológica, sobre traição e morte, sobre amor e liberdade. Uma “duradoura obra-prima da literatura universal”, escreve Jorge de Sena, tradutor e prefaciador desta edição portuguesa, depois de cuja leitura “se não é o mesmo”.
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MALRAUX, André. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Record, 2008

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