terça-feira, 28 de junho de 2022

PIEDADE PERVERTIDA: UM MANIFESTO ANTIFUNDAMENTALISTA EM NOME DE UMA TEOLOGIA DE TRANSFORMAÇÃO [Resenha 058/2022]


Duas verdades acerca desse livro: (1) Este livro denuncia a perversão da piedade na construção fundamentalista da fé evangélica, pois cria um ambiente asfixiante para a vida, tão marcada pelo incidental e a carência de transformação. (2) O livro é uma avaliação crítica aos modelos eclesiásticos contemporâneos, que, apesar de se identificarem como evangélicos, nutrem um catolicismo medievalesco e um misticismo pagão. Para a construção de uma Igreja pautada nos valores bíblicos, é preciso superar o absolutismo fundamentalista, que tende a priorar mais os sistemas ou os dogmas do que as pessoas.

O autor afirma que este livro tem como objetivo desmascarar o fundamentalismo. A obra esta longe de ser exaustiva. Ela é apenas introdutória, apresenta o essencial e conclama para a ação. O livro é composto por 18 capítulos onde o autor, começa com uma breve introdução e em seguida o autor escreve um testemunho pessoal, em que demonstra sua indignação para com aqueles líderes que discordam de algo como o apelo para que o indivíduo reconheça Cristo como Salvador. Para o autor, há fundamentos da fé importantes a serem consumados, e um destes fundamentos é justamente a confissão pública. Sua crítica dirige-se ao fundamentalismo, o qual o autor acredita se tratar de um abandono severo da fé cristã.

No entendimento do autor, para se libertar do fundamentalismo, a única solução é a volta aos ensinos da Reforma. Para ele, um erro que se comete é o de olhar para esse feito como um evento histórico passado, quando na realidade, ele é um paradigma cristão que deveria nos nortear ainda hoje. Com os princípios da Reforma protestante a igreja atual entenderia a necessidade de se conhecer a Deus e de ser subserviente somente a Ele, sabendo analisar criticamente a postura de uma igreja que se desvia para longe dos caminhos bíblicos e se aproxima cada vez mais da deturpação medieval contra qual os reformadores tanto lutaram.
_______
GOUVÊA, Ricardo Quadros. Piedade Pervertida: um manifesto antifundamentalista em nome de uma Teologia de Transformação. São Paulo, SP: Editora Recriar, 2021.

Disponível na Editora Recriar

quarta-feira, 22 de junho de 2022

UMA JORNADA DE DESCOBERTAS DO OUTRO: O QUE O ENEAGRAMA REVELA SOBRE NOSSOS RELACIONAMENTOS [Resenha 057/2022]


Uma jornada de descoberta do outro, de autoria de Suzanne Stabile, tem o objetivo de ajudar o leitor a entender a si mesmo e, ao mesmo tempo, ser capaz de vivenciar relacionamentos mais saudáveis e edificantes. O livro mostra como o Eneagrama pode ajudá-lo a compreender e a ter mais empatia com as pessoas.

E o que é o Eneagrama? - O Eneagrama é um sistema milenar que permite identificar diferentes tipos de personalidade. Tal ferramenta é utilizada em instituições cristãs e também em grandes organizações, em universidades e por profissionais que trabalham em áreas relacionadas ao comportamento humano. O aspecto mais impressionante desse sistema é a sua espantosa precisão ao descrever a personalidade das pessoas. Quem se aventura pelo estudo do Eneagrama não apenas aprende mais sobre si mesmo, mas também começa a ver o mundo através dos olhos do outro e a entender melhor por que as pessoas agem de determinado modo. Ele proporciona uma experiência única e transformadora.

Todos os capítulos foram escritos sobre cada número e incluem dicas úteis para aquele número enquanto avalia os próprios relacionamentos. Uma vez que os capítulos detalham a forma com que cada número específico interage com os outros, é útil ter um conhecimento geral sobre o Eneagrama.

O Eneagrama identifica as pessoas da seguinte forma: Tipo um - Um são chamadas de Perfeccionistas; Tipo dois são chamadas de Auxiliadoras ou Doadoras. Tipo Três são chamadas de Realizadoras. Tipo quatro têm o número mais complexo do Eneagrama, são chamadas de Românticas; Tipo cinco são chamadas de Investigadoras ou Observadoras. Tipo seis são chamadas de Leais. Tipo sete são chamadas de Entusiastas ou Epicuristas. Tipo oito são chamadas de Contestadoras ou Mandonas. Tipo nove são chamadas de Pacificadoras ou Mediadoras.

Dentro do sistema do Eneagrama, existem três maneiras de encarar o mundo: sentir, pensar ou fazer. Os nove números são divididos entre essas três maneiras e são conhecidos como tríades. Sua tríade é determinada por sua forma de processar informações ou situações. As pessoas de tipo Dois, Três e Quatro fazem parte da Tríade do Coração, na qual os sentimentos dominam. A Tríade da Cabeça inclui os números Cinco, Seis e Sete e é dominada pelo pensar. Fazer é dominante para a Tríade Visceral, que inclui os números Oito, Nove e Um.

Leitura instrutiva, é ideal para toda pessoa que procura se conhecer melhor e se esforça para compreender a quem ama, a fim de viver a vida para a qual Deus a preparou. Além disso, a obra é altamente indicada para quem trabalha em atividades de gestão, aconselhamento, mentoria e liderança.
_____
STABILE, Suzanne. Uma jornada de descobertas do outro: o que o Eneagrama revela sobre nossos relacionamentos. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2022. 192p.

Disponível nos formatos Físico e e-book no Amazon

sábado, 18 de junho de 2022

O PROFESSOR DE PORTUGUÊS ENLOUQUECEU: ABELARDO DE MATOS QUELA [Resenha 056/2022]


O CONTEXTO - “O Matos Quela entrou pisando duro. Cara de poucos amigos. De péssimos amigos! Colocou sua papelada sobre a mesa e olhou feio para a classe. A turma dos CDF, que todo mundo tá careca de saber de quem falo – aqueles que sabem tudo, que se sentam nas primeiras fileiras, que só faltam se pendurar nas barras das calças ou nas saias dos professores de tanto que amam estudar –, ficou de cabelo em pé. A aula do Matos Quela era de português e literatura. Ele até que era boa gente, coitado! Mas naquela manhã devia ter comido pão amanhecido e tomado leite azedo no café. Junto da papelada que colocou na mesa, estavam as provas corrigidas. Teve gente que suou frio."

OS PERSONAGENS – [1] Abelardo de Matos Quela, professor de português e literatura, que fazia de tudo para que seus alunos entendessem como era importante ler. Ele afirma que: “Estudar não é só vir para a escola e repetir, feito papagaios, o que se fala em aula. Estudar é absorver as coisas da vida, aqui dentro e lá fora. Ter curiosidade e ler, ler muito para entender essas coisas. Só lendo, vocês serão livres, cultos e educados. Terão ideias próprias.” [2] Os necasdepitiribas, cinco alunos que não gostavam de ler e atrapalhavam as aulas. Essa turma era formada por: Miguel Lamana, o Dante (Alighieri), a Soraia (Sô), a Carminha e Inácio Flores ou Nacho. Na opinião do “profe” esses alunos eram: “detestáveis, abomináveis, deploráveis, execráveis e insuportáveis alunos.”

O JOGO – O plano do “profe” Matos Quela levaria os Necasdepitibiribas a viver uma grande aventura pelo mundo da Literatura. “Senhores: Inácio Flores, Miguel Lamana, Dante Azevedo e senhoritas: Soraia Geraldini e Carmem Lúcia Novaes, por favor, peguem suas mochilas e me acompanhem. Daqui em diante a operação “Caia fora se puder” dar-se o início. Um jogo com três salas cheias de enigmas. E, para passarem de uma sala para a outra, os alunos precisavam desvendar essas pistas. E todas essas pistas eram sobre livros e leituras.

A AUTORA - Com muito humor e irreverência, Eliana Martins conta uma aventura desafiante dos Necadepitibiribas, que precisam escapar da sala Caia Fora se Puder buscando solucionar os enigmas por meio da literatura. E, ao se unir para encontrar a saída, eles vão descobrir que os livros estão muito mais conectados às suas vidas do que imaginavam.

No final da obra tem uma lista de livros e seus respectivos autores que foram usados no jogo. Cito alguns como: Agatha Christie, Exupery, Conan Doyle, Dickens, Julio Verne, Casimiro de Abreu, José de Alencar, Machado de Assis e outros. Gente, o livro é muito bom. Recomendo.
_____
MARTINS, Eliana. O professor de português enlouqueceu de vez! [Abelardo de Matos Quela]. São Paulo, SP: Editora Melhoramentos, 2022.

Disponível nos formatos Físico e E-book
Livraria Melhoramentos
Amazon

sexta-feira, 17 de junho de 2022

FAMÍLIAS IMPERFEITAS, GRAÇA PERFEITA [Resenha 055/2022]


Uma leitura superficial da história conjugal de Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, Jacó com Raquel e Lia, José e Azenate, e a experiência de Judá com sua nora Tamar, não permite que tenhamos uma imagem nítida dos tremendos conflitos que acometeram nossos queridos heróis da fé.

Este livro mostrará situações nuas e cruas como adultério, incesto, estupro, mentira, engano, trapaça, rivalidade, orgulho e traição, que afetaram a vida de tantas pessoas. E, ainda que suas histórias tenham acontecido milênios atrás, essas famílias enfrentaram problemas muito comuns em nossos dias, deixando-nos com o sentimento de que nossa essência é a mesma, de que somos iguais àqueles que viveram no passado. Mas, se isso é verdade, também é verdade que Deus não muda e que “suas misericórdias se renovam cada manhã” (Lm 3.23).

O autor pesquisou a fundo toda a história das famílias dos patriarcas a fim de extrair lições preciosas de suas crises, traumas, conflitos, tristezas e decepções. Algo muito sui generis neste livro é a maneira como o autor consegue identificar a dor e o sofrimento das famílias e pessoas envolvidas, estabelecendo um paralelo com nossas próprias experiências, tanto nos aspectos negativos como nos positivos.

Com seis capítulos, neste livro você encontra: subsídios bíblicos sobre dinâmicas familiares com um conteúdo relevante e oportuno; nos fornece uma leitura fascinante sob um olhar histórico bíblico, contextualizando as características intrinsecamente humanas e por último, a certeza de que se queremos um mundo melhor, precisamos investir na família, cuidar das crianças, zelar pela comunicação interpessoal não violenta e incentivar a preparação emocional de nossos filhos. No universo da graça não há determinismo, há esperança; Não há ferida que não posso ser cicatrizada; não há memória que não possa ser redimida; é possível trocar as roupas velhas por trajes novos.
_______
MOURA, Lisânias. Famílias imperfeitas, graça perfeita. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2022. 192p.

Adquira nos formatos físicos e e-book no Amazon

quinta-feira, 16 de junho de 2022

GUERRAS SECRETAS: SUPER HERÓIS MARVEL [Resenha 054/2022]


Guerras Secretas é uma adaptação de um quadrinho homônimo escrito por Alex Irvine e publicado pela primeira vez em 1984. Ele ganhou a versão literária pela editora Novo Século em 2015, que já publicou diversas narrativas oriundas de histórias em quadrinhos. O livro se inicia com diferentes heróis sendo transportados para o Mundo de Batalha, um planeta peculiar que ninguém conhecia. X-Men, Quarteto Fantástico e os Vingadores, bem como os vilões Magneto, Ultron, Galactus e Doutor Destino precisam guerrear entre eles para atingir o maior prêmio que poderiam almejar: a realização de seu maior desejo.

O livro possui um ASPECTO TEÓLOGICO princípio, o leitor pode começar a questionar sobre o que um super-herói poderiam querer, se ele já possui poder, o que qualquer pessoa ordinária desejaria ter. Mas Alex Irvine brilhantemente se concentra nas limitações desses personagens, encontrando no poder delas o motivo de suas frustrações. Um exemplo é quando o Charles Xavier, que é paraplégico, começa a andar; outro é quando o Coisa passa a controlar sua transformação em pedra. Ou seja, mesmo sendo pessoas superpoderosas, elas também são humanas e, por isso, acabam tendo limitações e desejos. Em um determinado momento, os personagens descobrem que existe uma entidade naquele mundo. Ele é chamado de Beyonder e é encarado como o ser que os levou para o Mundo de Batalha. Ao inseri-lo na história como uma entidade cósmica onipotente, Alex Irvine está metaforizando Deus. Essa provocação do autor propõe uma reflexão mais profunda.

Guerras Secretas também permite UMA INFERÊNCIA SOCIAL, questionando a atitude que coletivamente tomamos. É possível ver uma clara crítica ao sistema, que impõe ao ser humano — desde o momento que ele nasce — que ele se municie de ferramentas para realizar seu sonho. Porém, o prêmio é destinado a poucos, e isso gera um conflito de interesses, uma vez que todos querem realizar seus desejos, mas apenas os vencedores são contemplados com este benefício. Que vença o melhor!

Alex Irvine também se preocupou com o PENSAMENTO ALTRUÍSTA, geralmente remetido aos heróis. Charles Xavier é o símbolo dessa ideia, propondo aos demais que eles não lutem, não façam aquilo que o Beyonder tanto incitou a fazê-los. Ele reflete que ninguém queria se levado para lá, então por que não se empenham e sair dali, em vez de jogar o joguinho daquela entidade?

Após essa elucidação, Guerras Secretas faz o leitor compreender que ele deveria usar o jogo a seu favor e não se tornar um escravo dele; que essa conduta faz parte da natureza humana.
_______
IRVINE, Alex. Guerras Secretas. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015.

Créditos: Cabana do Leitor 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

COMPANHIA NA CRISE: UM MÊS COM JOHN DONNE E PHILIP YANCEY [Resenha 053/2022]


COMPANHIA NA CRISE - A pandemia da Covid-19 afetou o planeta com um quadro repentino de sofrimento e dor. Em questão de dias, um vírus se espalhou pelo globo, matando centenas de milhares de pessoas e deixando um sem-fim de sequelados. Houve quem perdesse estabilidade financeira, trabalho e moradia, e o precioso senso de liberdade. O mundo ficou de joelhos perante um inimigo desconhecido e avassalador. Em meio a esse cenário, Philip Yancey, consagrado autor de clássicos como Alma sobrevivente, O eclipse da graça e Decepcionado com Deus, resgatou um de seus autores preferidos para refletir sobre como lidar com uma tragédia de proporções planetárias sem perder a sanidade e a fé. Assim, compôs o livro Companhia na crise: Um mês com John Donne e Philip Yancey, obra que chega às livrarias brasileiras pela Mundo Cristão.

YANCEY E JOHN DONNE - John Donne (1573–1631) foi poeta e um dos maiores nomes da literatura universal. Homem acostumado à tristeza, deão da Catedral de São Paulo, a maior igreja de Londres, passou por três grandes ondas da Grande Peste, que causou a morte de milhares de pessoas, transformando a capital inglesa em uma grande cidade fantasma. Também acometido de grave enfermidade, Donne permaneceu à beira da morte por seis semanas, período em que escreveu seus textos mais belos e pungentes. Em Companhia na crise, Philip Yancey revisita e parafraseia os escritos desse eloquente autor, numa jornada de 30 reflexões que nos ajudam a atravessar momentos de aguda aflição e sofrimento. Por meio de cada meditação, o leitor é convidado a ir a um nível mais profundo de intimidade com Deus, sem medo de expressar-lhe medos e dilemas, desilusões e infelicidades, num retrato vívido da alma humana.

A VIDA EM TONS REAIS - Companhia na crise traz consigo matéria-prima para o crescimento pessoal e o amadurecimento espiritual, já que toca em questões da experiência humana sem aplicar filtros. É um livro que se propõe a lidar com feridas que se apresentam no cotidiano, por isso foge de jargões motivacionais ou frases de efeito que não condizem com os fatos. Desse modo, mostra a relevância da fé bíblica em contextos traumatizantes e oferece princípios de sabedoria e discernimento espiritual para que possamos enfrentar a vida como ela é, sem perder a esperança. Ao revisitar os textos de John Donne, agora parafraseados com a sensibilidade de Yancey, o leitor terá a oportunidade de aprender com um homem experimentado na dor, mas que não deixou de manter os olhos fixos em Deus, mesmo em meio às noites mais escuras. Atemporal, seus insights de fé aplicam-se não apenas a crises de enfermidades, mas a qualquer tipo de tribulação, grande ou pequena, que enfrentamos ao longo da jornada.
________
YANCEY, Philip. Companhia na crise: um mês com John Donne e Philip Yancey. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2022.
.
Texto publicado originalmente

Disponível nos formatos físico e e-book