sábado, 29 de janeiro de 2022

AMA TEU CORPO: CONTRAPONDO A CULTURA QUE FRAGMENTA O SER HUMANO CRIADO À IMAGEM DE DEUS [Resenha 014/2022]


Surge de propósito e de modo singular a obra de Nancy Pearcey para o leitor de língua portuguesa. Trata-se de uma autora premiada por várias obras no mundo da literatura evangélica e que se dedica especialmente no campo da Apologética Cristã. As suas qualificações estão expostas neste livro com o intuito de dar a conhecer muito mais o seu apanágio intelectual e teológico do que exibir a pessoa de Nancy Pearcey. Uma autoria que não precisa de confetes humanos porque é uma idealista em termos de filosofia cristã. Nesta obra, ela dedicou-se a tratar de assuntos nos quais discute Ciência e Cosmovisão cristã. A sua obra não tem caráter devocional. Ela escreveu-a com uma visão didática, filosófica e teológica, objetivando discutir assuntos no campo da Ética Cristã. Nesta matéria de ética cristã, Nancy Pearcey trata de assuntos como aborto, eutanásia, casamento homossexual, identidade de gênero, sexualidade e outros assuntos correlatos. Com uma visão ortodoxa e bíblica da Antropologia, Nancy Pearcey defende uma compreensão sólida da dignidade da pessoa humana de forma integral. Ela confronta a ética liberal secular como algo insustentável e defende a ideia do “corpo” como um elemento da unidade mental, física e espiritual da pessoa humana.

Na sociedade contemporânea, o “ethos secular” trata com desdém a expressão “liberdade religiosa” e também a vê como um direito ilegítimo, e não como um direito fundamental na sociedade humana. Para alguns grupos de pretensos intelectuais, a expressão “liberdade religiosa” é vista como hipocrisia, e eles entendem que códigos de discriminação, intolerância, racismo, sexismo, homofobia e supremacia cristã são elementos disfarçados dessa hipocrisia. A tendência atual no mundo moderno é a negação aos cidadãos da sua liberdade religiosa. A Igreja de Cristo, a igreja que resiste à revolução moral, está sendo pressionada por forças intelectuais do sistema mundano. Não há dúvidas de que essas forças são, antes de tudo, forças espirituais das “hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12) que dominam o mundo atual e que influenciam nossos governos para aceitarem a quebra dos valores da verdadeira ética. Nancy Pearcey demonstra em toda a sua obra o espírito valente de quem acredita nos valores morais que a Bíblia oferece, além de lutar por esses valores.

A autora rejeita a cultura do “dualismo de dois andares”, que separa “o corpo da pessoa”. Essa cultura é tão diabólica que trata fetos e recém-nascidos como meros tecidos materiais para pesquisa. A Bíblia, porém, rejeita essa cultura dualista e declara na sua antropologia que o “corpo físico faz parte da pessoa humana”; por isso, os cristãos autênticos opõem-se ao aborto, à eutanásia e à relação homossexual.

Independentemente das ideias pessoais contradizentes no meio evangélico, aconselho aos leitores da obra que usem do bom senso para discutir, avaliar e chegar a conclusões sobre as matérias tratadas. As preferências pessoais podem discordar da matéria do livro, mas não devem ser feitas sem que entendam “o espírito correto” da autora, que, com autoridade e maturidade, foi capaz de abordar um assunto tão forte e, ao mesmo tempo, tão necessário para nossos dias.

Recomendo aos leitores dessa obra que façam uma leitura não como lazer, mas que a façam com inteligência, pois o modo como a autora confronta as ideias da cultura secular abre luz para entender a cosmovisão cristã e bíblica. Creio que a leitura desta obra contribuirá para o acervo intelectual e pastoral da liderança de nossas igrejas que diariamente enfrentam essas situações na lide pastoral. Recomendo esta obra aos líderes de jovens, de casais, aos professores de Escola Dominical e aos professores de Escolas Teológicas, pois os assuntos tratados nesta obra alicerçarão ainda mais nossa eclesiologia.

Mais uma vez, nossa CPAD destrava-se do trivial e apresenta uma obra sem ferir nossos valores e nossa teologia.

Nossa oração a Deus é para que Ele abençoe a mente dos leitores e que estes façam desta obra um guia de orientação para as lides pastorais.
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PEARCEY, Nancy R. Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2021.

Disponível em todos os formatos na Editora CPAD e Amazon.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

AS AVENTURAS DO SR. PICKWICK [Resenha 013/2022]


Um dia perguntaram a Chesterton a pergunta de sempre: “Que livro o senhor levaria para uma ilha deserta?” Como sabem, a resposta dele foi imediata: “O Guia Prático para Construção de Navios”. O que muitos não sabem, porém, é que ele acabou confessando qual livro, de fato, gostaria de levar consigo se ficasse preso numa ilha deserta: As Aventuras do Sr. Pickwick, de Charles Dickens.

Charles John Huffman Dickens foi um escritor inglês nascido em Portsmouth, na Inglaterra em 1812, e teve uma vida pré-carreira literária de fato nada fácil. Com um pai que facilmente se endividava (sendo inclusive preso), uma irmã preferida em casa, e sendo obrigado a interromper os estudos em várias ocasiões, as condições adversas apontavam para qualquer coisa, menos para que ele fosse se tornar o mais célebre e lido romancista inglês do século XIX, seja em seu país como fora dele. “As aventuras do sr. Pickwick”, é primeiro romance da carreira do autor.

A história se passa na Inglaterra, em meados do século XIX. A narrativa trata das viagens e aventuras do Sr. Samuel Pickwick, um rico cavalheiro aposentado. Ele era um homem muito bom, honesto, com grande coração e sinceramente devotado a melhorar a vida das pessoas.

Como parte dos seus esforços, ele funda o Clube Pickwick, dedicado ao avanço do conhecimento e a difusão do saber. Os outros membros do clube são seus três melhores amigos: Nathaniel Winkle, que se considera um esportista; Augustus Snodgrass, possuidor de um temperamento romântico e melancólico; e Tracy Tupman, um solteiro corpulento, bastante interessado nas mulheres. Logo no princípio da história, o Sr. Pickwick encontra Sam Weller, que se torna seu criado e protetor. Sam Weller é um jovem londrino com muita sabedoria sobre a vida e os costumes, além de uma língua sarcástica e afiada para exprimir o que pensa.

Através das inúmeras peripécias dos integrantes do tal clube de intelectuais, vamos percorrendo uma série de cenários, do mais alto luxo, até a mais abjeta miséria: salões de baile, caçadas em pântanos, as enlameadas e imundas ruas londrinas, as desumanas prisões, as alcovas de nossos personagens, todos esses locais ganham o colorido que Dickens como poucos conseguia dar, aliado a retratação entre o cômico e o trágico dada aos seus personagens. Capacidade ímpar essa de perceber com distinção os sujeitos e suas falhas no meio da vasta massa populacional da cidade que buscou retratar ao longo de sua obra, adquirida, sobretudo, graças a sua bem sucedida experiência na imprensa.

“As aventuras do sr Pickwick” graças a fama e prestígio que o nome de seu autor carrega até hoje. É um livro que nos diverte e nos faz rir, a história não é a mais incrível já escrita mas é atraente e interessante, personagens bem construídos e divertidos, situações cômicas bizarras mas possíveis.
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DICKENS, Charles. As aventuras do Sr. Pickwick. São Paulo, SP: Abril Cultural, 1979.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

COMUNICAÇÃO & INTIMIDADE: O SEGREDO PARA FORTALECER O CASAMENTO [Resenha 012/2022]


Para quem leu As 5 linguagens do amor e entendeu que cada pessoa tem uma forma de sentir e demonstrar afeto, a Editora Mundo Cristão traz uma novidade: Comunicação & Intimidade, mais um dos sucessos do escritor best-seller mundial Gary Chapman. O propósito do livro é ajudar casais a entender o que é intimidade emocional, intelectual e sexual e como ter uma comunicação eficaz para um casamento saudável. O conselheiro amoroso mais lido no mundo encoraja homens e mulheres a interpretar suas emoções, identificar as diferenças e reservar tempo para o que realmente importa.

A obra não apenas aprofunda os conceitos de “As 5 linguagens do amor”, mas também auxilia na autorrevelação – aprender a falar por si mesmo. Na visão do doutor em Antropologia, este é um processo fundamental para construir a intimidade no casamento, pois permite às pessoas adquirirem uma perspectiva mais clara de como se sentem e quais são seus verdadeiros desejos, sem abrir brechas para uma atitude defensiva.

O autor afirma que “este não é um livro acadêmico cheio de ideias teóricas. Em vez disso, trata-se de um livro prático sobre o que é essencial para a criação de uma atmosfera emocional positiva, de modo a gerar uma comunicação honesta que resulte em compreensão e esforços conjuntos”. E podemos perceber isto quando observamos:

Quando o livro aprofunda o conceito bíblico de aliança, ajudando o casal a entender como a aliança sagrada é, no casamento, uma perspectiva fundamental. Além desse importante esclarecimento, Gary Chapman lhe mostrará como:
- Compreender verdadeiramente o que é intimidade emocional, intelectual e sexual;
- Conhecer a si mesmo: suas experiências e interpretações; emoções, desejos e escolhas;
- Identificar diferenças e transformá-las em vantagens;
- Vencer barreiras criadas pela atitude defensiva;
- E reservar tempo para as coisas importantes.

O livro também lhe dará insights sobre:
- A arte da autorevelação;
- Níveis de comunicação;
- O conceito bíblico de casamento de aliança;
- Padrões prejudiciais na comunicação;
- Como potencializar a empatia e a conexão entre os dois;

Portanto, trata-se de um livro prático oferecendo orientação para homens e mulheres que desejam viver a vida a dois com plenitude, afinidade e jovialidade, tornando o convívio diário prazeroso e enriquecedor para ambos. E trata-se de um livro para a vida real, sem maquiagens ou artificialidades, para quem reconhece suas fraquezas e caprichos, mas deseja superá-los para ser e fazer o cônjuge feliz.

“Em sua forma mais simples, a comunicação é o ato de falar e ouvir. Contudo, se essa conversação não vier acompanhada de respostas honestas e amorosas por parte do ouvinte, haverá pouca comunicação. Na verdade, o resultado mais provável será comunicação ruim e mal-entendidos. Quando há boa comunicação conjugal, marido e esposa compartilham pensamentos, sentimentos, experiências, valores, prioridades e opiniões, enquanto ouvem um ao outro com empatia”. (Comunicação & Intimidade, p. 13)
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CHAPMAN, Gary. Comunicação & Intimidade: o segredo para fortalecer seu casamento. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2021. 296p.

Disponível no formato físico e e-book
Editora Mundo Cristão e Amazon

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A CAÇADA: UMA AVENTURA DE ISAAC BELL [Resenha 011/2022]


Por décadas, Clive Cussler vem deleitando leitores com romances repletos de suspense, ação e pura audácia. Agora, ele faz isso novamente, em um dos mais loucos e estimulantes thrillers de época dos últimos anos.

Tudo começa em 15 de abril de 1950, quando alguns homens de uma empresa especializada retiram um trem que estava afundado no Lago Flathead, em Montana. Dentro do casco enferrujado da locomotiva, há os restos de três homens que morreram 44 anos antes.

Por dois anos, a região do oeste dos Estados Unidos suportou consecutivos assaltos a banco realizados por apenas um homem, o “Assaltante Açougueiro”, que assassinava a sangue frio toda e qualquer testemunha - homens, mulheres e crianças, sem deixar testemunhas - e, então, sumia sem deixar rastros. O capitulo 2 do livro, mostra que além de sua frieza, a fantasia que vestia, seus planos, o estudo que ele realizava, sobre a cidade e o banco, antes de assaltar. O crime em si: o roubo de 325 mil a 330 mil dólares e o assassinato das 3 pessoas que estavam no banco. E a sua fuga, no vagão de um trem de carga preparado para isso.

Fomentado pelas depredações desse criminoso, o governo norte-americano contrata a renomada Agência de Detetives Van Dorn e seu agente igualmente renomado, Isaac Bell, para capturar um lendário ladrão de bancos conhecido como Assaltante Açougueiro. O detetive Bell lidera a busca e finalmente descobre a verdadeira identidade do Assaltante Açougueiro. E nesse momento inicia-se a verdadeira caçada.

Do Arizona às ruas de São Francisco, em meio a uma catástrofe, Bell persegue a maior mente criminosa com a qual já se deparara. Usando ciência e intuição, o detetive em muitos momentos se aproxima de sua presa, que a cada instante fica mais irritada e tenta virar o jogo contra ele. E logo o detetive precisará usar todas as suas habilidades não somente para triunfar, mas principalmente para sobreviver.

Com um enredo intrincado, dois vilões extraordinários e a assinatura de Cussler em reviravoltas surpreendentes, A Caçada é o trabalho de um mestre no auge de seu talento.

Lembrando que A Caçada é o primeiro livro de uma série que retrata as aventuras de Isaac Bell. Os outros livros são “O espião: uma aventura de Isaac Bell e O reino: uma aventura dos fargos. A vantagem é que são histórias independentes e que não requer a leitura dos outros livros.
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CUSSLER, Clive. A caçada: uma aventura de Isaac Bell. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2013.

Disponível e-book e físico no Editora Novo Conceito e Amazon.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

TU ÉS DIGNO: UMA LEITURA DE APOCALIPSE [Resenha 010/2022]


APOCALIPSE É UM LIVRO DE PROFECIA, REVELAÇÃO OU ADORAÇÃO?

PROFECIA - o Livro de Apocalipse é profético porque apresenta as reais possibilidades e desdobramentos das decisões e atitudes humanas diante das intervenções divinas na história. O livro é profecia de Deus porque mostra o que pode acontecer como resultado de minhas escolhas pessoais, sociais e principalmente das escolhas da igreja.

REVELAÇÃO - Apocalipse também é revelação. Este é o seu título em grego: Revelação de Jesus Cristo. O título do livro nos mostra que ali eu encontro algo revelado sobre o próprio Jesus Cristo e sobre tudo que foi desvendado pelo Senhor mesmo.

Assim o texto de Apocalipse é o relato de uma visão extraordinária, e de certo modo inexplicável, que João tem a incumbência de narrar. Então ele faz uso dos recursos estilísticos de que dispõe, das referências sobre as antigas escrituras, da nascente reflexão evangélica e apostólica, da força da nova comunidade cristã para quem ele dirige seu texto e de muita criatividade para passar sua mensagem visionária.

Portanto, Apocalipse é um mix de profecia e revelação. Jesus Cristo dá-se a conhecer e traz o ser humano para a responsabilidade das suas decisões históricas e eternas.

ADORAÇÃO - Contudo, o autor afirma que o livro de Apocalipse também é sobre adoração. “Estudando sobre louvor e adoração e como isso aconteceu e acontece na vida da igreja de Cristo, fui atraído às páginas do último livro da Bíblia com este filtro, e com grata surpresa me vi forçado a constatar: nenhuma passagem no Novo Testamento, texto ou livro é tão festivo ou apresenta tantos registros de adoração e louvor como o livro do Apocalipse. Um brado de adoração a partir das vozes de todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar. Assim é o livro de Apocalipse”.

Para o autor, além de maldições e relatos de desgraças, tribulações e tragédias; saltou-me a convicção de que, sendo o Cordeiro o Senhor da história e da eternidade, qualquer movimento em Sua direção deve ser de adoração. E é disso que Apocalipse está completamente recheado!

É a esperança em tempos de crise que move a igreja de Apocalipse a sempre ter como foco principal e objetivo de sua vivência histórica a glorificação eterna daquele que está assentado sobre o trono e do Cordeiro, afinal, a salvação, a glória, e o poder pertencem ao nosso Deus, pois os seus juízos são verdadeiros e justos (Ap 19.1-2). Apocalipse é um grande e triunfante convite à adoração, e eu me somo a este convite nas páginas que seguem.
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Nogueira Filho, Jabes. Tu és digno – Uma leitura de Apocalipse. Curitiba, PR: A.D. Santos Editora, 2021. 200 p.

Disponível nas plataformas:
A.D. Santos Editora e Amazon

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O RETRATO DE DORIAN GRAY [Resenha 009/2022]


O retrato de Dorian Gray é um daqueles livros que pelo simples fato de ter em sua estante já lhe dá um certo status. Os empresários mais inteligentes do mundo, de Bill Gates a Elon Musk, afirmam que a melhor maneira de ser mais inteligente é lendo. Então, melhor do que ter um livro na sua estante é ler o livro. Recebi este belo exemplar de cortesia da DarkSideBooks, e como eles mesmo escreveram “uma edição feita para agraciar admiradores e arrebatar novos leitores”.

Quando O retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em forma de livro, em 1891, era uma versão substancialmente alterada do romance original de Oscar Wilde. Considerado muito ousado para sua época, o texto foi alterado pelo próprio Wilde, que, em resposta às duras críticas, fez sua própria edição para a publicação em livro. Esta edição especial da “Organizada por Enéias Tavares vem repleta de conteúdos exclusivos. Paulo Cecconi assina a nova tradução, que teve como base a edição original publicada na revista Lippincott’s e sem censura”.
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O Contexto, se dá em Londres, início do século XX, três personagens: Lord Henry, um bon vivant inescrupuloso e amoral; o pintor Basil Hallward, um artista até certo ponto liberto dos preconceitos da época, mas ainda zeloso de aparentar tê-los; e o jovem Dorian Gray, filho da aristocracia, rico e, sobretudo, muito belo. Seduzido pela admiração que ele próprio causa nos dois amigos, e, sobretudo, pela própria beleza retratada por Basil, Dorian tem um momento do pacto faustiano: faz um juramento dizendo que daria tudo, inclusive sua alma, para que ficasse sempre jovem e belo. Assim, enquanto o retrato exibe todo o efeito de degeneração moral, e vai “envelhecendo”, Dorian mantém-se belo e jovem, apesar de toda vileza, das maldades e da falta de escrúpulos que vai adquirindo.
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Oscar Wilde desenvolve essa sua espécie de mito de Fausto com um estilo incomum, tiradas morais ferinas e frases que se tornaram lapidares na história da literatura mundial. A elegância da escrita, a crítica ao jornalismo da época e a crueza do julgamento da hipocrisia da sociedade o tornaram, no calor do lançamento, um clássico instantâneo, apesar da dureza com que foi recebido pela crítica literária e, claro, pelos moralistas de plantão.
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WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. Rio de Janeiro, RJ. DarkSideBooks. 2022.

Disponível na DarkSideBooks e Amazon
Instagram @darksidebooks

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

ATÉ QUE SEJAMOS UM [Resenha 008/2022]


Se a unidade do Corpo de Cristo é tão essencial para Deus, por que somos o grupo religioso mais dividido do planeta? Até que sejamos um é a tentativa bem-sucedida de Francis Chan de explicar essa danosa contradição, além de revelar como essa trajetória nefasta pode e deve ser revertida.

“Somos atualmente o grupo religioso mais dividido no mundo, e o segundo lugar está bem distante. Se acha que estou exagerando, mencione outra religião com mais do que duas ou três divisões. Temos milhares de denominações e ministérios, cada um acreditando que sua teologia ou metodologia é superior. O lado mais triste disso é que nosso Salvador foi crucificado para pôr fim em nossas discórdias, ordena que sejamos unidos e diz que exerceremos impacto sobre o mundo quando nos tornarmos um”

O autor de Louco amor aponta como o povo de Deus tem falhado ao criar divisões pela ausência de uma postura cristocêntrica em relação ao próximo, em especial aos da família da fé. Mostra ainda o enfraquecimento da igreja ao ter de lidar com as próprias incoerências em detrimento de manter o foco na adoração a Deus.

“Estamos tratando nossas discórdias como nossa dívida nacional. Elas pioram a cada minuto, mas isso não afeta nossa vida cotidiana, então não sentimos a urgência de mudar a situação. Isso está na raiz do problema: não conseguimos parar de pensar em nós mesmos. Esquecemo-nos de como nossas discórdias afetam a Deus e a um mundo descrente. Nossa atitude despreocupada e indiferente em relação à unidade é incrivelmente perigosa por três razões: (1) Deus está descontente com isso. (2) O mundo está confuso com isso. (3) Isso pode ser uma prova de que o Espírito Santo não está em nós”.

Francis Chan pede que cristãos e igrejas em todo o mundo alinhem seu coração com Deus e levem a sério os numerosos mandamentos pela unidade. Seu alerta não está relacionado com questões doutrinárias, mas com a triste consequência de um cristianismo raso e com o amor superficial pelo próximo.

"As Escrituras ensinam que nossa influência sobre o mundo está diretamente ligada à unidade que exibimos. Entretanto, continuamos a nos degradar publicamente, esquecendo-nos de como parecemos diante do mundo. Continuamos a traçar limites que fazem sentido para nós, mas não para os que estão observando. Será que isso incomoda você? Não se esqueça de que estamos falando sobre pessoas reais que estão rumando para um inferno real. Não enquadre simplesmente todas as pessoas em algum grupo impreciso. Estamos falando de seus amigos, primos, filhos e vizinhos. Todos eles estão felizes de que o cristianismo funcione para você, mas não veem qualquer necessidade de serem “salvos” por Jesus. Nem mesmo acreditam em um Dia do Julgamento. Segundo as Escrituras, isso mudaria se a igreja estivesse unida”.

A boa notícia é que tanto o diagnóstico como a solução para esse grave problema podem ser encontrados nas Escrituras, daí o convite para crermos na Palavra e praticá-la.

Atualmente o mundo nos odeia não porque nos parecemos com Jesus, mas porque não nos parecemos. Somos arrogantes e há uma grave lacuna entre nossas crenças e ações.

“Alguns de vocês talvez tenham sido ensinados a tremer diante de ordens relacionadas à imoralidade sexual, mas não diante daquelas que exigem a unidade. A unidade tem sido encarada como um assunto atraente para aqueles que não dispõem do conhecimento teológico necessário para lidar com questões mais profundas. A unidade tem sido vista como uma opção amena para aqueles que não se importam com a verdade. Exorto-o a abandonar essa mentalidade e simplesmente tremer a cada versículo diante de um Deus santo. Só quando levarmos as Escrituras a sério entenderemos que Deus se preocupa mais com a unidade do que qualquer ser humano jamais tenha se preocupado”.
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CHAN, Francis. Até que sejamos um. São Paulo, SP: Mundo Cristão 2021.

Disponível em formato físico e ebook na Editora Mundo Cristão e Amazon

sábado, 15 de janeiro de 2022

ANJOS E DEMONIOS - A PRIMEIRA AVENTURA DE ROBERT LANGDON [Resenha 007/2022]


Antes de decifrar ´O Código Da Vinci´, Robert Langdon, o famoso professor de simbologia de Harvard, vive sua primeira aventura em Anjos e Demônios, quando tenta impedir que uma antiga sociedade secreta destrua a Cidade do Vaticano.

Às vésperas do conclave que vai eleger o novo Papa, Langdon é chamado às pressas para analisar um misterioso símbolo marcado a fogo no peito do físico Leonardo Vetra assassinado em um grande centro de pesquisas na Suíça. Ele descobre indícios de algo inimaginável: a assinatura macabra no corpo da vítima — um ambigrama que pode ser lido tanto de cabeça para cima quanto de cabeça para baixo — é dos Illuminati, uma poderosa fraternidade considerada extinta há quatrocentos anos.

A antiga sociedade ressurgiu disposta a levar a cabo a lendária vingança contra a Igreja Católica, seu inimigo mais odiado. De posse de uma nova arma devastadora, roubada do centro de pesquisas, ela ameaça explodir a Cidade do Vaticano e matar os cinco cardeais, já sequestrados, mais cotados para a sucessão papal. O que eles não esperavam é que além de Vetra, mais pessoas seriam mortas. O antigo Papa havia morrido, com isso o conclave – evento que ocorre para escolher um novo Papa – estava acontecendo, porém os cinco cardeais mais cotados para se tornarem Papa foram sequestrados. Ameaçados de morrerem um a cada uma hora nos altares da ciência.

A grande ameaça é chamada de antimatéria. Esse material era considerado muito perigoso, pois uma gota da antimatéria poderia devastar tudo a um raio de um quilômetro de distância. Para agravar ainda mais a situação, essa antimatéria havia sido roubada e a mesma seria usada para destruir o Vaticano

Correndo contra o tempo, Langdon voa para Roma junto com Vittoria Vetra, uma bela cientista italiana. Numa caçada frenética por criptas, igrejas e catedrais, os dois desvendam enigmas e seguem uma trilha que pode levar ao covil dos Illuminati — um refúgio secreto onde está a única esperança de salvação da Igreja nesta guerra entre ciência e religião.

Em Anjos e Demônios, Dan Brown demonstra novamente sua extraordinária habilidade de entremear suspense com fascinantes informações sobre ciência, religião e história da arte, despertando a curiosidade dos leitores para os significados ocultos deixados em monumentos e documentos históricos.

Dan Brown, tem ainda como forte diferencial a extrema inteligência demonstrada na perfeita interligação e sequência da narrativa do início ao fim. Dan Brown brinda seus leitores com diversas informações interessantes sobre o mundo católico, nos oferecendo a oportunidade da reflexão sobre a eterna disputa de forças entre religião e ciência, ao mesmo tempo em que segue seu enredo misturando ficção, belas descrições de pontos turísticos e obras de arte mundialmente conhecidas.
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BROWN, Dan. Anjos e Demônios - A Primeira Aventura De Robert Langdon. São Paulo, SP. Editora Arqueiro 2004.

Disponível para venda fisico e ebook

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

60 DIAS NO MUNDO DAS SÉRIES [Resenha 006/2022]


Tenho acompanhado como leitor, com muita satisfação este processo de crescimento do trabalho do pastor Eduardo Medeiros. Os livros anteriores – que fazem parte do meu acervo – São os seguintes: 40 Dias com Os Vingadores cujo tema central foi vida cristã. 40 Dias com o Star Wars no qual foi exposto textos sobre a respeito de Jesus. 40 Dias com a Liga da Justiça com o assunto de Missões e Propósitos e 40 Dias no Mundo dos Games com o tema do Discipulado Cristão.

Agora temos em nossas mãos “60 DIAS NO MUNDO DAS SÉRIES” que é o quinto volume da série. Só que desta vez, o número de devocionais foi aumentado para 60 e o autor explica: “pela dificuldade em escolher apenas 40 séries de uma lista de 120 opções”.

A SINOPSE nos diz que “Desde a década de 50 as séries influenciaram e continua a influenciar geração de ávidos fãs. É difícil descrever a sensação de esperar o capítulo da semana seguinte ou ainda o serviço de streaming entregar a nova temporada. Para além do roteiro elaborado, personagens envolventes ou uma boa fotografia, as séries retratam a sua época e cultura. Por isso, é possível extrair muitas lições importantes, à luz da Bíblia, para apreender a relação destes fenômenos da cultura pop com os valores eternos em 60 devocionais exclusivas! Os textos relacionam aspectos teológicos e práticos com algumas das principais séries clássicas e contemporâneas já realizadas. Inclui também um Dossiê inédito sobre a história das Séries até os nossos dias.”

Segundo o autor, a ideia central desse devocional é bastante simples. Neste devocional, o leitor encontrará uma infinidade de assuntos abordados pela teologia. Foram utilizados diferentes autores e materiais para construir 60 textos que compõem este livro e “é nossa expectativa que você mergulhe nos princípios dos textos que seguem com a mesma intensidade com a qual nós mergulhamos quando os escrevemos”

Um aspecto importante que o autor chama a atenção – “é necessário compreender que as séries são feitas para darem lucro para as suas produtoras e toda uma cadeia econômica que gira em torno desse universo. Por esta razão eles elas são feitas para agradar ao público mais amplo possível obtendo os maiores índices de audiência possíveis. Neste sentido, muitas séries premiadas, embora possuam histórias fantásticas, apresentam violência exacerbada e cenas avulsas e gratuitas de nudez e sexo que não contribui em nada com o enredo que está sendo contado. Para resolver essa questão é bastante simples: pule as cenas impróprias com o poder de seu controle remoto, se você tem idade e domínio próprio para fazer isso”.

Os textos foram construídos de modo que você não precise necessariamente assistir a nenhuma série para compreender o princípio abordado.
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MEDEIROS, Eduardo. 60 Dias no mundo das séries. Osasco, SP: Editora 100% Cristão, 2021. 151p.

Disponível na Editora 100% Cristão e no Amazon.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

CULTURA JOVEM GLOBAL: COMO SUPRIR A FOEM ESPIRITUAL DE UMA GERAÇÃO [Resenha 005/2022]


O que fazer quando a igreja parece não conseguir comunicar a fé às novas gerações? Como transpor as barreiras entre a igreja e a cultura jovem secularizada? Essas são pergunta feitas por muitos missionários e líderes cristãos em todo o mundo. Luke Greenwood conhece bem essa realidade. Como filho de missionários, desde sua adolescência ele tem se dedicado a comunicar sua fé a seus amigos das gerações emergentes. Os desafios encontrados por ele e os princípios para superá-los estão disponíveis agora neste livro.

Combinando experiência missionária em três continentes com uma vasta compreensão cultural e compromisso com a verdade bíblica, Luke Greenwood escreve de uma maneira que nos ajuda a conectar-nos com suas paixões: por Deus e sua Palavra, e também pela geração jovem do mundo, que muitas vezes não encontra em nossas igrejas espaços de acolhimento e nos convida a enxergar as novas gerações sob a luz do evangelho e a nos engajar na tarefa de transmitir-lhes a razão de nossa esperança.

Este livro nos leva a conhecer algo das aventuras missionárias em meio à juventude de hoje: um desejo de contextualizar, de conectar-se e comunicar-se bem com as pessoas, aliado a um compromisso com a integridade do evangelho. Cada geração requer novos profetas que anunciem a mensagem de Deus onde as pessoas estão, que nos desafiem a encarnar essa Palavra que traz vida em cada contexto e cultura. Luke é um desses servos íntegros que Deus levantou em nossa época.

O livro possui além do prefácio e introdução, dez capítulos e um guia de estudos informal. Portanto, é um chamado à ação, um guia para um mundo do qual conhecemos pouco, uma demonstração poderosa de como Deus está atuando entre os jovens de hoje, e uma ótima leitura. O autor declara: “Minha esperança ao escrever este livro é conscientizar os leitores acerca da fome espiritual desta Cultura Jovem Global e despertar um movimento missionário que pregue o evangelho nos centros urbanos de todo o mundo”.
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GREENWOOD, Luke. Cultura jovem global: como suprir a fome espiritual de uma geração. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2021.

Disponível físico e ebook na Mundo Cristão e Amazon

domingo, 9 de janeiro de 2022

A SOCIEDADE BRASILEIRA E O PENTECOSTALISMO CLÁSSICO: RAZÕES SÓCIOCULTURAIS ENTRE TEOLOGIA PENTECOSTAL E A RELIGIOSIDADE BRASILEIRA [Resenha 004/2022]


Esse é um texto de teologia prática que busca um diálogo com as demais ciências humanas, pois se entende que a teologia pode utilizar-se das ciências sociais e utilizar os seus instrumentos de pesquisas como métodos de compreensão do contexto e, com isso, obter uma leitura mais contextualizada da realidade na qual se encontra.

A pesquisa buscou mostrar que as distintas influências religiosas geraram, a partir da mistura entre os povos e as suas religiões, um povo místico bastante voltado para o sobrenatural. Pouco mais de trezentos anos após as caravelas portuguesas chegarem ao litoral do Brasil, aportou também em terras brasileiras o protestantismo.

Há farta literatura que demonstra que o protestantismo já estava presente em terras brasileiras há muitas décadas antes da chegada dos primeiros missionários pentecostais, que se deu entre os séculos XVIII e XIX (seja pelo protestantismo de imigração, seja pelo de missão, que serão abordados posteriormente).

Assim, objetiva-se compreender possibilidades que se demonstram, com a chegada dos missionários pentecostais em 1910, que a teologia pentecostal encontrou um terreno fértil para o seu desenvolvimento, pois a mensagem anunciada apresentava Deus intervindo de forma visível na vida do povo, salvando as suas almas, curando as suas doenças, dando dons do Espírito Santo e gerando a esperança de salvação eterna. Não que esses elementos fossem ausentes na pregação das igrejas que chegaram ao Brasil no século XIX, mas a forma como a mensagem era pregada e a sua contextualização ao cotidiano do povo tornavam esses elementos mais palpáveis aos ouvidos daquele período. Essa questão será abordada nos capítulos que virão.

O texto está dividido em três capítulos que visam:

1. Apresentar de forma introdutória a história religiosa dos colonizadores citando as expressões religiosas que havia no Brasil antes do descobrimento, assim como a religiosidade que os negros africanos trouxeram ao Brasil;

2. Buscar, introdutoriamente, as compreensões sociais e teológicas no início do pentecostalismo no Brasil, visando compreender tais elementos na formação do pentecostalismo em terras brasileiras e as consequências em uma teologia pentecostal assembleiana.

3. Analisar a teoria do processo de universalização de uma religião proposto por Geertz, bem como o conceito definido por Max Weber como afinidade eletiva, como possíveis explicações para o crescimento do pentecostalismo clássico no Brasil.

Aqui entra a questão pesquisada: Por que a teologia pentecostal clássica possui maior aceitação entre os brasileiros, provocando, inclusive, um aumento da influência do movimento carismático na Igreja Católica Romana? Por que, de todas as correntes teológicas protestantes que chegaram ao Brasil nos últimos 150 anos, o pentecostalismo clássico foi a que mais conseguiu atrair as pessoas por meio da sua mensagem e organização eclesiástica?

Supõe-se que a teologia pentecostal clássica encaixou-se na alma religiosa brasileira, ressignificando elementos preexistentes na sociedade, trazendo a realidade espiritual para o seu contexto de vida diária, dando ao indivíduo a possibilidade de acesso direto a Deus e ao mundo espiritual. Essas perspectivas estão presentes na formação da sociedade brasileira com a sua miscigenação.

Essa pesquisa, que originalmente é a tese de doutorado do autor, com algumas alterações do texto primário, visa investigar o pentecostalismo clássico, em especial a Assembleia de Deus, e o seu crescimento no Brasil. O autor afirma que a pesquisa não investiga o pentecostalismo clássico em si como um fenômeno eclesiológico, mas busca a explicação a partir do contexto, da cultura e da identidade do povo brasileiro.
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Alves, Eduardo Leandro. A Sociedade Brasileira e o Pentecostalismo Clássico: razões socioculturais entre a teologia pentecostal e a religiosidade brasileira. Rio de Janeiro, RJ. CPAD. 2021. 219p.

Partes retirada da introdução do livro.

Disponível [Ebook e Físico] na Editora CPAD e Amazon

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

NOVA MENTALIDADE: CONVERSAS EM TORNO DA CARTA DE PAULO AOS FILIPENSES [Resenha 003/2022]


Alegria, encorajamento, consolo e fortalecimento. Palavras que cabem bem em situações tranquilas, quando o barco de nossa vida e existência navega por mares calmos e é impulsionado por ventos favoráveis. Ao ouvirmos essas palavras, imaginamos que sempre há algo bom que pode acontecer conosco, ou que, em alguma medida, estamos imunizados contra as intempéries da vida. Mas tais palavras indicam a direção contrária: não a ausência de problemas, mas, graças a Deus, o cuidado divino mesmo quando os problemas insistem em nos afligir. Ao lermos essas palavras na carta de Paulo aos Filipenses, o que vemos na igreja de Filipos é uma situação muito longe de uma bonança (aliás, qual foi a igreja que sempre navegou por mares tranquilos, não é verdade?).

Paulo é considerado incontestavelmente o autor dessa carta. Provavelmente, ele encontrava-se encarcerado em Roma, por volta de 62 d.C., já no final de sua carreira missionária. Esse mesmo Paulo em grilhões se utilizou de um meio de comunicação da época, as cartas, para se fazer presente entre aquela comunidade tão querida. Mesmo à distância ― que ironia comparar com os nossos tempos! ―, ele se fez presente no meio de uma igreja que havia plantado, a fim de fortalecer aqueles irmãos e irmãs e alegrá-los no Senhor Jesus. O objetivo de Paulo era claro: encorajá-los a viver não como cidadãos da polis ou do Imperium Romanum, mas da pátria celestial.

A igreja que se estabeleceu na importante cidade de Filipos foi o primeiro fruto missionário de Paulo em regiões propriamente gregas (ver At 16.6-40). O labor missionário de Paulo não é mensurável apenas pelos números das conquistas, mas também pelos diversos tipos de dificuldades que enfrentou naquela região. Por exemplo, junto com seu companheiro de viagem Silas, foi preso e severamente açoitado por ter exorcizado o espírito maligno de uma mulher que dependia economicamente da prática de adivinhação. Embora cidadãos romanos, Paulo e Silas foram torturados e lá, dentro da prisão, experimentaram um milagre: terremoto, grilhões rompidos e a conversão da família do carcereiro.

São experiências como essas que tornaram a igreja de Filipos tão importante para Paulo. O apóstolo chegou a elogiá-los pelo apoio financeiro que recebia de uma comunidade que não era das mais abastadas, mas que generosamente contribuía com seu trabalho missionário e também com o socorro a crentes que passavam por situações de provas e dificuldades ainda maiores (Fp 4.15-16). Mesmo aquém da mobilização de outras igrejas no mundo mediterrâneo, os filipenses estavam juntos de Paulo, tanto em momentos difíceis como em ocasiões favoráveis, sempre alegres e dispostos a com ele partilhar da missão de Jesus.

Este é o amálgama que a carta aos Filipenses nos convida a experimentar: por um lado, o avanço do evangelho sobre um dos berços da civilização ocidental; por outro, as intensas dificuldades que esse avanço cobrava. O exercício das virtudes fundamentais fomentadas pelo evangelho não estava na assimilação cognitiva de informações ― talvez um padrão com o qual os gregos estivessem mais acostumados ―, mas na obediência expressa no amar e servir aos outros, em amor ao Senhor, a despeito de todas as dificuldades. E é exatamente dentro desse contexto que as palavras alegria, encorajamento, consolo e fortalecimento devem ser entendidas. Aliás, esse é o padrão da experiência dessas virtudes ao longo de toda a história da igreja de Cristo desde então, até os dias de hoje.
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BIBO, Rodrigo; MIGLIORANZA, Alexandre; MARQUES, Cacau; FONTANA, Victor; WON, Paulo. Nova mentalidade: conversas em torno da carta de Paulo aos Filipenses. São Paulo: Mundo Cristão, 2021. 160p.

- Trecho do prefácio da obra escrito por Paulo Won.

- Livro disponível [Kindle e Capa Dura] – Mundo Cristão e Amazon

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

30 DIAS DE LIBERTAÇÃO [Resenha 002/2022]


Este é o segundo livro do Pr. Eliézer Magalhães sobre a atuação demoníaca. No primeiro, Demonologia, o foco foi a teologia e através de uma densa construção, fruto de sua tese de mestrado pela Southeastern Baptist Theological Seminary, na Carolina do Norte.

Neste segundo livro a sua abordagem tem como foco a ação prática. Se existem possessões e opressões demoníacas então como podemos de modo prático enfrentar tais afecções.

A marca deste trabalho está na simplicidade. Ele foi escrito como um devocionário que convida o leitor a refletir e aplicar em sua vida a fé e o poder libertador de Jesus, mediante confissão e entrega. Um verdadeiro assumir do Senhorio de Cristo nos mais variados aspectos da vida. Neste devocional de 31 dias, você será imergido em temas como: o engano da idolatria, a magia e a feitiçaria, quem é o nosso inimigo, a imagem correta de Deus, vencendo o orgulho, entrando em batalha, o pecado contra o corpo e o poder da adoração

Este não é um livro apenas para leitura. Ele precisa ser exercitado, incorporado passo a passo, fazendo Jesus o nosso poderoso libertador. O autor possui um profundo conhecimento da Bíblia e uma sólida abordagem hermenêutica. Seus insights, exemplos e orações sugeridas se misturam para fornecer um conteúdo que não apenas traz informações à sua cabeça, mas também – pela graça de Deus e por sua glória – transformação para a vida do leitor.

Por isso gostaria de convidá-lo a transformar os valores aqui apresentados, como princípios da sua própria vida. Se você o fizer, certamente o resultado será Jesus Senhor, Salvador e Libertador de toda a forma de ataques do maligno. Simplesmente porque “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
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MAGALHÃES, Eliézer dos Santos. 30 dias de Libertação. A. D. Santos Editora. Curitiba, PR: 2018. 176 páginas.

1. Vida Espiritual
2. Ética Cristã
3. Deus
4. Fé
1ª edição: Agosto de 2018.

Acesse e adquira o seu livro na AD Santos Editora e Amazon

domingo, 2 de janeiro de 2022

MANIA DE CLIENTE: PRONTOS PARA SERVIR [Resenha 001/2022]


Foco total no cliente. Este é o mantra que pode resumir todos os ensinamentos do recém-lançado “Mania de Cliente”, livro dos especialistas norte-americanos Ken Blanchard, Jim Ballard e Fred Finch que tem como base as estratégias adotadas pela gigante de alimentação Yum! Brands.

Os autores entrevistaram altos executivos da holding que controla marcas como Pizza Hut, Taco Bell e KFC para mostrar como elas chegaram ao nível global de atendimento e excelência que tem hoje – e como qualquer negócio também pode ganhar uma relevância assim.

Ao longo de 224 páginas, os autores apresentam um perfil de cada empresa e exemplos reais estudados nos mínimos detalhes para mostrar como e por que deram certo. Para Ken Blanchard, o principal motivo do sucesso das marcas tem a ver com a valorização da sua própria mão-de-obra, tratando os colaboradores como se fossem as pessoas mais importantes da empresa – e o são.

“Se as pessoas de uma empresa são tratadas e veem a si mesmas como vitoriosas, a satisfação do cliente e a lucratividade virão naturalmente”, retrata um dos trechos do livro.

A obra traz lições importantes a todas as pessoas que trabalham com o público, direta ou indiretamente. Para os gestores, particularmente, mostra que nunca é tarde demais para criar uma empresa com foco no cliente da maneira correta.

O livro “Mania de Cliente” desenvolve toda a narrativa com base em quatro pilares que se dividem em tópicos específicos de atenção. Cada um deles traz à tona discussões sobre como os processos internos e o desenvolvimento dos colaboradores são tocados pelas marcas.

O primeiro incentiva os gestores a mirarem no alvo certo do negócio, com o devido atendimento aos clientes e a criação de um ambiente motivacional aos funcionários. Blanchard é incisivo nessa questão.

“Se você não cuida dos seus clientes, alguém cuidará”, diz.

A afirmação dá o tom de como o seu negócio pode perder o cliente para a concorrência, já diria um velho ditado. O especialista afirma que os empreendedores não devem apenas se contentar em satisfazer o consumidor, mas criar fãs incondicionais que vão divulgar o negócio praticamente no boca a boca para outras pessoas.

E esse retorno acaba influenciando diretamente os próprios colaboradores, que se sentem mais motivados em fazer um trabalho cada dia melhor.

Neste ponto, em relação aos colaboradores, tudo começa com o correto recrutamento e o treinamento adequado para cada função. E nisso se incluem os aprendizados das competências e habilidades necessárias para desempenhar melhor o trabalho.

“Mas, devemos lembrar que as funções estão mudando o tempo todo, e uma das principais características das boas organizações é estarem comprometidas com o treinamento e a educação constantes de seus funcionários. Para que eles recebam o que há de mais atual em termos de conhecimento para realizar o trabalho”, cita o especialista.

Uma característica que Ken cita no livro é o constante benchmarking que a Yum! Brands faz para o treinamento dos funcionários. Para ele, a holding reconhece que há processos da concorrência que podem ser adotados e melhorados em seus negócios.

Por fim, o desenvolvimento do tipo certo de liderança dos colaboradores é o pilar final para a conquista de cada vez mais clientes. Ou seja, formar líderes que sejam capazes de executar com seus times tudo o que foi trabalhado nos três pilares anteriores.

“Líderes servidores assumem a responsabilidade pelo desenvolvimento de uma visão coerente; em seguida, invertem a pirâmide hierárquica e se colocam na base para servir como líderes de torcida, apoiadores e encorajadores”, define Ken Blanchard.

Para o especialista, a maioria das empresas foca o negócio apenas nos resultados, e esquece que elas são feitas de pessoas. Ken conta que a Yum!, por exemplo, “não tolera a filosofia tradicional que foca primeiro em resultados, e considera as pessoas como um recurso a ser explorado”.

É a partir disso que o sucesso do negócio, de acordo com o especialista está garantido. Os bons resultados, para ele, serão apenas consequência.
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BLANCHARD, Ken. Mania de cliente: prontos para servir. São Paulo, SP: Editora Hábito, 2021. 

Mania de cliente: prontos para servir.
por Ken Blanchard, Jim Ballard e Fred Finch
Preço sugerido: R$ 39,90
Disponível na Editora Hábito e Amazon.

Publicado Originalmente em
Jornal Gazeta do Povo.
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