quarta-feira, 15 de abril de 2020

REFLEXÕES CRISTÃS [Resenha 057/20]


Pouco depois de sua conversão, em 1929, C. S. Lewis escreveu a um amigo: “Quando tudo é dito (e verdadeiramente dito) sobre as divisões da cristandade, permanece, pela misericórdia de Deus, um enorme terreno comum”. Desde aquele momento, Lewis pensou que o melhor que ele poderia fazer a seus vizinhos incrédulos era explicar e defender a crença que tem sido comum a quase todos os cristãos em todas as épocas. E com este propósito que ele escreveu estes catorze artigos, que foram organizados cronologicamente, e foram compostos nos últimos vinte e tantos anos da vida de Lewis; alguns foram escritos especificamente para periódicos; outros, publicados aqui pela primeira vez, foram lidos para sociedades em Oxford e em Cambridge e seus arredores.

O assunto principal de todos estes artigos é para provar “que todos os homens são imortais”. E isso merece uma ênfase especial; não apenas porque é um ingrediente muito importante na compreensão de Lewis sobre o cristianismo, mas porque o fato de os homens serem imortais é novidade para muitas pessoas hoje em dia. E, porque a maioria dos teólogos liberais modernos está ocupada demais sendo “relevante” (seja o que for que esteja na moda), eles não fazem uma apresentação efetiva do cristianismo “puro e simples” — o Evangelho Eterno — para as pessoas por quem Cristo morreu.

Os catorze artigos tratam de temas variados. Desde a literatura, campo em que o Lewis domina muito bem, até temas mais complexos, como a teologia moderna e crítica bíblica.

Os dois primeiros ensaios, que aborda a relação do cristianismo com a literatura e a cultura, e mostra a Bíblia não condena o envolvimento com elas e, muito menos, condena aqueles que trabalha e sobrevive através delas. Nos demais ensaios, sua defesa pela fé cristã é muito cristalina: “Religião: realidade ou substituto?”, “A linguagem da religião”, “Teologia moderna e crítica bíblica” são alguns exemplos de como ele argumenta esses problemas que são levantados pelos incrédulos

Os demais assuntos são sobre Ética, futilidades, subjetivismo e mito. Tem ainda sobre música sacra, historicismo. Os últimos ensaios são sobre Salmos, oração e olho que vê. Nesse último, de forma poética Lewis afirma que não podemos encontrar Deus apenas subindo grandes alturas. Só saberemos sobre Deus se Deus escrever algo sobre si mesmo em nossa vida, em nosso mundo. E Ele o fez.

Sem medo da polêmica, ele desafia o espírito de secularização que testemunhou ao longo da vida (e que parecia mais ameaçador na década de 1960, quando esta obra foi originalmente publicada) com uma teologia robusta, uma lógica impecável e uma sólida convicção dos valores – o cristianismo puro e simples – que abraçou e defendeu até o fim da vida.
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LEWIS, C. S. (Clive Staples). Reflexões Cristãs. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2019.

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