O livro, na verdade, é sobre lógica, ética, filosofia e, até, teologia. O livro de 1950 reúne contos escritos por Asimov ao longo da década de 40, uma época em que computadores eram máquinas repletas de válvulas termiônicas, que ocupavam prédios inteiros e só conseguiam rodar um programa de cada vez. Para superar a dificuldade, Asimov inventou a ideia de um cérebro “positrônico”, que funcionaria animado por pósitrons, partículas de antimatéria semelhantes ao elétron. Além do cérebro positrônico, Asimov cria as Três Leis da Robótica, que resumidamente são: nenhum robô pode ferir um ser humano ou permitir, por omissão, que um ser humano seja ferido; todo robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto se essa obediência levar a uma violação da primeira lei; todo robô deve preservar a própria existência, exceto em caso de contradição com a primeira ou a segunda leis.
Algo que chama a atenção nos 9 contos é a relação entre o comportamento dos robôs e dos humanos. E todos os conflitos e problemas são ocasionadas entre duas ou mais leis e geram diversas situações interessantíssimas, desconstruídas sempre de maneira inteligente. Em cenários que vão do nosso pequeno planeta Terra até o forte calor do sol no solo de Mercúrio, o livro narra um profundo registro evolutivo de como os robôs foram inseridos na sociedade como simples babás-mudas até governarem o mundo com seus super-cérebros.
Para concluir dois pontos precisam ser enfocados. Primeiro: Eu, Robô consegue alimentar discussões éticas sobre a relação das pessoas com a tecnologia e os limites do poder que devemos atribuir a ela. Segundo: Quanto à linguagem, Asimov era leve e eficiente. Seu estilo é direto e quase ensaístico, o que serve muito bem ao tipo de história que se propõe a contar. E as sutilezas que encontra na formulação das Leis da Robótica são especulação linguística para ninguém botar defeito.
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ASIMOV, Issac. Eu, Robô. São Paulo, SP: Editora Aleph, 2014. 320p.
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