sábado, 25 de abril de 2020

O ASSUNTO DO CÉU [Resenha 064/20]


“A humanidade não passa por fases como um trem passa por estações. Estar vivo tem o privilégio de se estar sempre em movimento sem jamais deixar algo para trás. O que quer que tenhamos sido, de alguma maneira, ainda somos. ” Isso está no parágrafo inicial de “Alegoria do amor”, de C. S. Lewis.

Uma das características que notabilizaram o acadêmico, escritor e crítico C.S. Lewis foi sua extraordinária capacidade de abordar qualquer tema com perspicácia, fosse em seus escritos ou suas palestras. Tal habilidade se mostrava ainda mais peculiar pelo fato de boa parte das observações, dos comentários e das análises que fazia serem fundamentadas em sua estrutura de valores cristã. Assim, deliberadamente ou por acaso, disponibilizou vasto material com evidente teor devocional e moral ao longo da extensão de sua obra.

Fazendo as vezes de um garimpeiro, o consultor literário norte-americano Walter Hooper se dispôs a selecionar trechos especialmente inspirativos dos escritos de Lewis, com o objetivo de criar um livro de leituras diárias – uma para cada dia do ano – que ele denominou de “Ano Litúrgico”. É importante falar que para aquele leitor que conhece de forma exaustiva as obras de Lewis, vai perceber que muitos dos textos encontrados neste livro, são pequenos trechos de outros livros de Lewis. Lembrando que Hooper foi secretário particular do autor de As crônicas de Nárnia, Cristianismo puro e simples e Trilogia cósmica em seus últimos anos de vida. O resultado de sua pesquisa foi uma compilação de mensagens inspirativas para os 365 dias do ano.

Ao fazer a compilação, Walter Hooper diz que: “Pareceu-me, então, que o tema do ano litúrgico serviria muito bem àqueles que apreciam leituras diárias. E, quando comecei a selecionar trechos, passei a crer que, se adequadamente seguido, o tema poderia constituir um uso bastante interessante e diversificado dos escritos de C. S. Lewis”.

O Editor do livro, afirma ao acompanhar as leituras diárias na ordem em que foram organizadas, perceberá que a maioria dos textos é sobre moral. Porém, verá igualmente que há trechos que se destinam a mostrar-nos — conforme Lewis disse — que “alegria é o assunto sério do Céu”. Lewis obriga-nos a olhar para a totalidade daquilo que somos.

Portanto, ao iniciar a leitura deste livro, o leitor inicia-se uma jornada que conduz à “feliz terra da Trindade”. É ali que começam as alegrias quase inimagináveis neste mundo. Começam, não terminam. Naquela feliz terra”, não será preciso que nos expliquem o “assunto sério do Céu”. Nós nos esqueceremos de que qualquer outra existiu algum dia.
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LEWIS, C. S. O Assunto do céu. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2019. 432p.

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