sábado, 18 de abril de 2020

O JARDIM SECRETO [Resenha 060/20]


Frances Hodgson Burnett nasceu no dia 24 de novembro de 1849, em Manchester, Inglaterra, e emigrou em 1865 para os Estados Unidos, onde escreveu romances e peças de teatro de grande sucesso. Em muitos deles tratou de temas sociais, como o trabalho nas minas de carvão de Lancashire ou a corrupção política de Washington.

É, no entanto, com uma história de cunho psicológico – embora também descritiva de situação social – que Frances Hodgson Burnett mantém-se viva em nossos dias: O pequeno lorde. A história do menino americano que herda propriedade na Inglaterra, publicada em 1886, tornou-se um clássico da literatura para crianças. Não menos conhecido é O jardim secreto, recentemente transformado em filme.

Trata-se da história de Mary, menina nascida na Índia de pais ingleses, que se torna órfã e retorna à Inglaterra para viver com o tio em sua grande propriedade campestre. Tímida e cheia de complexos, pois se achava muito feia comparada à beleza que fora sua mãe, Mary é desagradável de trato, malcriada, cheia de vontades – enfim, uma criaturinha difícil. Tudo isso agravado pela vida no enorme casarão de cem quartos, sob a guarda da governanta pouco interessada.

Mas a curiosidade natural da infância leva Mary a descobrir que no mesmo casarão vivia um primo quase da sua idade, criança doentia e enfraquecida pela imobilidade e pela solidão.

O que o companheirismo e amizade que se desenvolve entre os dois faz pela saúde e pelo conhecimento afetivo e social de ambos é o tema do livro, que se desenrola de forma sempre surpreendente em prosa cativante.

A paisagem, triste no inverno, é inteiramente modificada na primavera. A metáfora concretizada nos jardins que cercam a casa, principalmente no jardim secreto que dá título ao livro, é perfeita para a modificação que se espera no caráter e físico dos dois meninos transformados em crianças fortes, sadias e simpáticas pelo contato com a natureza e com crianças camponesas das redondezas.

A história desenvolve temas absolutamente contemporâneos, como a valorização da natureza – típica do romantismo – que torna o livro um texto ecológico, antes que o termo ecologia fosse inventado. Dickon, o grande amigo de Mary e Collin, é um verdadeiro “menino do dedo verde”, antes que Druon criasse seu famoso personagem.

Envolvente, O Jardim Secreto sugere caminhos para uma vida feliz. Trata-se também de um belo texto que emociona a cada página e cujas qualidades sobrevivem apesar da passagem do tempo.
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SANDRONI, Laura. In: O jardim secreto, de Frances Hodgson Burnett. São Paulo: Editora 34, 2013. (Orelhas).

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