domingo, 26 de abril de 2020

DESVENDANDO O CÓDIGO MISSIONAL [Resenha 068/20]


Esta obra é trata-se de uma abordagem prática, sem deixar de ser conceitual, de um dos maiores desafios enfrentados pelas igrejas da atualidade: a redescoberta de seu caráter missional no contexto de uma sociedade que se torna aceleradamente pós-cristã. Neste livro são levantados os seguintes questionamentos: “Por que algumas igrejas estão morrendo? Por que outras estão lutando bravamente para simplesmente sobreviver? Por que poucas estão efetivamente crescendo ao pregar a conversão ao evangelho de Jesus?”.

Mas, o que significa missional? Na forma mais comum da palavra, o termo missional deriva-se da palavra missionária, que foi modificada para ser um adjetivo. Igrejas missionais fazem o que um missionário além-mar faz. Eles podem desembarcar em uma vila da Índia ou atingir uma grande cidade metropolitana tal como São Paulo ou Curitiba e ainda sim serem missionais. Se as igrejas fizerem o que os missionários fazem antes de ir para suas jornadas, tal como estudar, aprender a língua nativa, tornar-se parte da cultura, proclamar o evangelho de Deus, ser a presença de Deus e contextualizar a mensagem bíblica e a vida com a cultura onde ela atinge, estas igrejas são missionais. Uma igreja missional funciona como um missionário em pleno bairro onde ela está plantada. A igreja Missional leva a sério o texto de Atos 1:8, agindo como missionárias em suas próprias “Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra”. Igrejas Missionais são fiéis e intencionais onde Deus enviar.

A grande maioria dos cristãos vive hoje cercada por não cristãos, alguns dos quais sem nenhuma memória cristã. Essa tomada de consciência tem implicações radicais para nós quanto à forma de organizarmos nossas igrejas, pregarmos domingo após domingo e desafiarmos os membros de nossas comunidades.

Mais do que entender por que as igrejas estão morrendo (ou meramente sobrevivendo), precisamos pensar no que Jesus nos chama a fazer na história. Por isso mesmo, Stetzer e Putman precisam ser lidos com muita atenção, pois são categóricos em afirmar que o problema enfrentado pelas igrejas na atualidade não será resolvido pela mera imitação de modelos bem-sucedidos em outros contextos. Cada comunidade local está inserida numa cultura específica, apesar de seus vínculos com a cultura global, como dissemos anteriormente. Por isso, as igrejas precisam aceitar o desafio de compreender a cultura para a qual foram enviadas por Jesus. Se desejam comunicar o evangelho aos homens e mulheres dessa cultura, precisam criar pontes e fazer uso da linguagem e dos meios que fazem sentido a eles.

Portanto, a percepção de que não vivemos mais num mundo em que a cosmovisão cristã predomina e de que as pessoas às quais fomos enviados a comunicar o evangelho não trabalham com as mesmas categorias com as quais trabalhamos desafia a igreja a uma profunda mudança. Não se trata de mudança no conteúdo da mensagem, mas na forma de comunicar essa mensagem. Esse é o cerne do que nos é apresentado aqui por Stetzer e Putman. Trata-se de um convite a perceber o que está acontecendo na cultura que nos cerca e um desafio a repensar a igreja que é enviada para comunicar o evangelho a homens e mulheres inseridos nessa cultura. Ao ler as palavras deste livro, pastores e líderes serão desafiados a mudar.

Além da introdução e epílogo, o livro possui 16 capítulos, ondes os autores oferecem informações reveladoras de especialistas no que tange à igreja, à cultura e à missão, ilustradas com estudos de caso de igrejas missionais com crescimento vertiginoso e impacto significativo nas regiões em que atuam.
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STETZER, Ed. Desvendando o código missional: tronando-se uma igreja missionaria na comunidade. São Paulo, SP: Vida Nova, 2018. 256p.

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