"Agora eu quero contar as histórias da beira do cais da Bahia”. Assim inicia Mar Morto, um dos livros mais populares de Jorge Amado, escrito por encomenda do editor José Olympio, que tentava ajudar financeiramente o escritor baiano, recém libertado da prisão no Rio de Janeiro, onde ficara detido por motivos políticos.
A frase é uma verdadeira carta de intenções. E Jorge Amado cumpre a promessa. Desde o título, o mar aqui não é mero cenário ou pano de fundo, mas protagonista dos grandes e pequenos dramas de pescadores, marinheiros, malandros, macumbeiros e prostitutas.
Ora doce e sereno, ora transtornado pela fúria, o mar da Bahia conduz a vida de Guma, jovem e destemido mestre de saveiro, dividido entre o amor de Lívia, que o faz desejar a estabilidade de um lar na parte alta da cidade, e o chamdo de Iemanjá, que o atrai para as ondas e um dia o levará para as místicas terras de Aiocá, como levou seu pai.
Como numa canção praieira de Dorival Caymmi, este é um mundo de homens que saem para enfrentar o oceano – mestre Manuel, Guma, o preto Rufino – e das mulheres que os esperam: Maria Clara, Lívia, Judith, a inconstante mulata Esmeralda. Um mundo em que os próprios barcos, como seus nomes expressivos – Valente, Estrela da Manhã, Viajante sem Porto, Paquete Voador -, são seres com vontade e humores próprios.
Em Mar Morto, homens e mulheres repetem o destino dos pais e avós, como se estivessem presos a um tempo cíclico, de costas para o tempo histórico da cidade. Alguns se rebelam contra o destino e saem para o mundo – como Rosa Palmeirão, mulata valente, “de punhal no peito e navalha na saia” – mas sempre acabam voltando.
Dois personagens que vem de fora – o médio Rodrigo e a professorinha Dulce – sonham com um milagre: o dia em que a gente do cais tome consciência da sua força e rompa com círculo de miséria, opressão e passividade. É essa tensão entre o tempo do mito e o tempo da história que move Mar Morto, envolvendo-nos desde a primeira página no ritmo marítimo, na prosa calorosa de Jorge Amado.
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AMADO, Jorge. Mar Morto. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2008.
A frase é uma verdadeira carta de intenções. E Jorge Amado cumpre a promessa. Desde o título, o mar aqui não é mero cenário ou pano de fundo, mas protagonista dos grandes e pequenos dramas de pescadores, marinheiros, malandros, macumbeiros e prostitutas.
Ora doce e sereno, ora transtornado pela fúria, o mar da Bahia conduz a vida de Guma, jovem e destemido mestre de saveiro, dividido entre o amor de Lívia, que o faz desejar a estabilidade de um lar na parte alta da cidade, e o chamdo de Iemanjá, que o atrai para as ondas e um dia o levará para as místicas terras de Aiocá, como levou seu pai.
Como numa canção praieira de Dorival Caymmi, este é um mundo de homens que saem para enfrentar o oceano – mestre Manuel, Guma, o preto Rufino – e das mulheres que os esperam: Maria Clara, Lívia, Judith, a inconstante mulata Esmeralda. Um mundo em que os próprios barcos, como seus nomes expressivos – Valente, Estrela da Manhã, Viajante sem Porto, Paquete Voador -, são seres com vontade e humores próprios.
Em Mar Morto, homens e mulheres repetem o destino dos pais e avós, como se estivessem presos a um tempo cíclico, de costas para o tempo histórico da cidade. Alguns se rebelam contra o destino e saem para o mundo – como Rosa Palmeirão, mulata valente, “de punhal no peito e navalha na saia” – mas sempre acabam voltando.
Dois personagens que vem de fora – o médio Rodrigo e a professorinha Dulce – sonham com um milagre: o dia em que a gente do cais tome consciência da sua força e rompa com círculo de miséria, opressão e passividade. É essa tensão entre o tempo do mito e o tempo da história que move Mar Morto, envolvendo-nos desde a primeira página no ritmo marítimo, na prosa calorosa de Jorge Amado.
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AMADO, Jorge. Mar Morto. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2008.
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