A história é passada na França durante o século XIX, os cenários são descritos com extrema riqueza de detalhes. A construção dos personagens também merece destaque. É impressionante como o autor consegue criar personagens tão reais e vívidos, de modo que o leitor entende suas motivações e ações. A história de Jean Valjean, o homem que é preso por roubar um pão para sustentar a irmã e os sobrinhos, já emocionou gerações e gerações. É difícil iniciar a leitura deste livro e já não se sentir revoltado e emocionado logo nas primeiras páginas. E não é somente a história deste maravilhoso personagem que nos emociona. Como não questionar ao ler a jornada de Fantine, que se doa de corpo e alma em prol da filha? Como não se revoltar com a jornada de Cosete, a criança que é forçada a trabalhar e impedida completamente de ter infância? Como não protestar com a jornada de Gavroche, o garoto morador de rua que mesmo completamente pobre, ainda tira forças para ajudar outras crianças? E como não se revoltar e torcer por Marius, o jovem que luta por uma França melhor e ainda encontra tempo de se apaixonar em um período onde parece que amar é um dos piores pecados?
O livro se encerra de maneira brilhante uma história sobre amor, desespero, perda e esperança. O livro escrito em 1862 nunca esteve tão atual a trazer as críticas a nossa sociedade, que continua desigual até os dias de hoje. O livro possui uma forte lição moral a respeito do bem e do mal, do certo do errado e do "politicamente correto". Conhecemos a morte, a miséria e a dor de perto, mas também somos testemunhas do amor, da pureza e da força que as pessoas encontram para lutar pelo o que é certo. Os Miseráveis representam um grito de uma sociedade excluída e que por anos se manteve calada e marginalizada. É uma leitura triste, densa, cruel, literal e miserável, porém, ao mesmo tempo, é uma lição de empatia, de amor ao próximo e de lealdade.
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HUGO, Victor. Os Miseráveis. São Paulo, SP: Editora Martin Claret, 2014. 1511p.
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