(1) Escrito em 1678, durante o tempo em que o peregrino John Bunyan (1628-1688) permaneceu na prisão por ter se rebelado contra a igreja oficial da Inglaterra, e publicado 1685, O texto reflete a situação moral da sociedade inglesa do século XVII no tocante a fé. O peregrino relata, sobretudo, a história de fé do crente/cristão, a partir do momento da sua Conversão aonde se inicia uma caminhada na estrada da Salvação até sua chegada na Cidade Celestial (céu). Durante sua acidentada, mas interessantíssima viagem, o Cristão depara-se com personagens e alegorias que o perturbam ou o ajudam. Passa por diversos lugares (todos tem uma real significação na vida do crente), como o desfiladeiro do Desespero, o vale da Humilhação, a feira das Vaidades, o pântano da Desconfiança, a casa Prudência Carnal, a montanha da Lei, a aldeia da Moralidade, a terra da Vanglória, o caminho Estreito, a sala da Paz, o vale da Sombra da Morte, o Rio da Morte, e outros, até chegar á Cidade Santa.
(2) Este livro mantém-se atual porque trata da essência da vida humana: a busca da felicidade. Como o leitor perceberá nesta história alegórica, o que o personagem Cristão enfrenta em sua caminhada da Cidade da Destruição para a Cidade Celestial não é diferente do que sempre aconteceu e ainda está presente na trajetória da humanidade: perigos, maldades, traições, mas também boa vontade, sabedoria e esperança.
(3) A obra é uma alegoria contada como fosse um sonho. Durante boa parte de sua caminhada, Cristão carrega sobre as costas um pesado fardo (que são os seus pecados) que automaticamente cai quando ele se acha diante da cruz de Cristo. Todos os percalços da vida cristã (as lutas emocionais, os conflitos teológicos, a luta da carne X e o espírito, as derrotas as vitórias) enfim, os dilemas que o crente enfrenta são retratados de uma maneira tão marcante, tão lúdica, que provam o porquê do sucesso desta obra. O Peregrino ou a viagem do Cristão à Cidade Celestial é a história de todo crente desde a sua conversão até sua chegada nos Céus.
Traduzido em mais de 200 idiomas, O Peregrino cativa ainda pela beleza e simplicidade do texto. Nesta versão atualizada, Claudio Blanc usa a linguagem de hoje, sem deixar escapar nada da riqueza do original. Ele recria nomes de personagens, bons e maus, bem fiéis ao que se vê hoje no Brasil e pelo mundo afora, como Amor-ao-Dinheiro, Bajulação, Caridade, Duas Caras, Glória Mundana, Hipocrisia, Ignorância, Legalidade, Ócio, Piedade, Pretensioso e Vira-Casaca.
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BUNYAM, John. O Peregrino. São Paulo, SP: Editora Jardim dos Livros, 2019. 244p.
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