terça-feira, 19 de maio de 2020

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA [Resenha 083/20]


José Saramago é reconhecido como um dos maiores escritores da língua portuguesa e o livro Ensaio Sobre a Cegueira foi crucial para ele alcançar esse posto, escrito em 1995, três anos antes do autor receber o prêmio Nobel de Literatura.

O autor, por ocasião da apresentação pública do seu livro Ensaio Sobre a Cegueira, disse: “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é necessário termos coragem para o reconhecer”.

Em uma cidade grande qualquer as pessoas começam a ficar cegas. Não há uma explicação científica, mas o fato é que aos poucos a cegueira vai se espalhando como uma doença contagiosa. Inicialmente, os cegos ficam confinados em um manicômio, basicamente deixados à própria sorte. A única exceção é a mulher do médico. Não se sabe os motivos, mas ela mantém a capacidade de enxergar e vai servir como uma guia para os outros.

Os personagens do livro “Ensaio Sobre a Cegueira”, não possuem nomes, apenas lhe são atribuídas características físicas superficiais como: a mulher do médico, o rapazinho estrábico, a rapariga de óculos, o cego da pistola, o cego que escreve em braile, o ladrão, os soldados, a velha do primeiro andar, o cão de lágrimas…

Há muitos questionamentos sobre o propósito do livro, se trata de um retrato social ou meramente uma ficção literária. Na minha opinião, através do romance, o Saramago realiza diversas críticas sociais e, entre elas, expõe a complexidade dos “cegos que, vendo, não vêem”. O livro é bom, e consegue manter facilmente a atenção pelos desafios de sobrevivência, superação e organização social da capacidade humana mediante uma inesperada adversidade.
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SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1995.

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