sexta-feira, 8 de novembro de 2019

ORIGEM [Resenha]


Uma descoberta revolucionária, capaz de responder às clássicas perguntas “de onde viemos?” e “para onde vamos?”, e com isso desacreditar todas as religiões do mundo, dando lugar à ciência como senhora absoluta das mentes. Esta é a promessa do jovem bilionário Edmund Kirsch – cientista da computação, teórico de jogos e gênio das inovações –, que se tornou conhecido por suas audaciosas previsões e invenções de alta tecnologia, ao estilo de Steve Jobs.

O local escolhido para anunciar a grande descoberta é o ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao, Espanha. Ali, na construção futurista, um grupo de seletos convidados – entre eles o professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon, protagonista de todos os livros de Brown – reúne-se para uma apresentação meticulosamente orquestrada, acompanhada ao vivo por milhões de pessoas em todo o mundo, via internet.

Entretanto, acontece uma tragédia, e a descoberta não é anunciada. Com a impossibilidade de Edmund Kirsch fazer a revelação, cabe ao amigo e ex-professor de Kirsch em Harvard – Langdon – desvendar o mistério e descobrir quem está por trás do desastre, a par de uma fuga desesperada de Bilbao. E o mais importante, elucidar qual foi a descoberta que erradicaria o mito das religiões para sempre. Para isso, conta com a ajuda da jovem e elegante diretora do museu, Ambra Vidal, noiva do príncipe da Espanha. Como em todos os livros do autor, os acontecimentos se sucedem em breve espaço temporal. Neste caso, em 24 horas.

A clássica afirmação religiosa de que “viemos de Deus e para Deus vol­taremos” é menos positivista do que a bíblica “tu és pó e ao pó voltarás”, proferida por Jó, um homem de fé. Entretanto, um destino humano que não coincida com o preconizado pelas grandes religiões do mundo, seria suficiente para eliminar a necessidade de Deus na existência humana?

Langdon reflete: “Dados antropológicos mostram que culturas que praticavam religião historicamente viviam mais do que culturas não religiosas”. “O medo de ser julgado por uma divindade onisciente sempre ajuda a inspirar comportamento benévolo”, admitiu o professor de Harvard. O personagem de Dan Brown toma partido – até certo ponto – ante à desesperança que se abateria sobre a humanidade com o fim da religião.

Questões éticas e filosóficas relevantes – “qual o limite para a inteligência artificial e a automação?”; ou, “a humanidade será melhor sem a religião?”; ou, finalmente, “a ciência é suficiente para suprir as necessidades de um homem sem Deus?” – são inferidas pelo personagem Robert Langdon. As informações reveladas por Edmund Kirsch para o experimento capital do livro são surpreendentes e chocantes. O leitor tomará conhecimento delas. Seriam suficientes para destruir a religião?
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BROWN, Dan. Origem. São Paulo, SP: Arqueiro, 2017. 432p.

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