Um livro que ensina como ler livros. A proposta do autor, um dos maiores tomistas das últimas décadas, era necessária na época e, ainda mais, se faz necessária hoje. Uma rápida reflexão sobre o tema e pode-se concluir que há muito tempo as pessoas leem mal, quando leem.
A leitura do livro, do começo ao fim, é agradável. O autor tem uma escrita suave, direta e simples. No decorrer dos capítulos pode-se encontrar um ou outro termo ou palavra que não esteja presente no vocabulário popular, mas o uso de um dicionário é praticamente dispensável.
O livro divide-se em quatro partes.
(1) leitura elementar ou rudimentar, sugere que a pessoa se alfabetizou, aprendeu os rudimentos de arte de ler e recebeu o treinamento básico para a leitura; nesse nível a pergunta-chave a ser respondida é “O que a frase diz?”.
(2) leitura inspecional ou pré-leitura, tem como fator principal o tempo, pois essa leitura pressupõe determinado período no qual temos de ler certos trechos para extrair o máximo do livro; é a arte de folheá-lo sistematicamente, examinando sua superfície. As perguntas-chave são: “O livro é sobre o quê?”, “Qual é a estrutura do livro” e “Que tipo de livro é este?”.
(3) leitura analítica, é aquele em que a atividade é mais complexa e sistemática, quando comparada aos anteriores; depende das dificuldades do livro a ser lido e pode exigir muito ou pouco do leitor; trata-se da leitura completa, a melhor possível num período de tempo ilimitado. Ela suscita muitas perguntas, segundo o tipo de livro que se tem em mãos (elencadas na Parte 2 do livro).
(4) leitura sintópica, é o tipo mais complexo, e também pode ser encarado como uma leitura comparativa, pois implica muitos livros, ordenados em relação a um assunto determinado. Vai além da comparação, pois habilita o leitor a fazer uma análise que talvez não esteja em nenhum dos livros. É o nível mais ativo, trabalhoso e, portanto, o mais compensador de leitura.
Após ler esse livro, algumas conclusões e indagações surgem. O primeiro ponto, já citado no primeiro parágrafo, é que as pessoas leem muito mal. Ainda mais nos dias de hoje, onde a leitura precisa ser algo rápido. O segundo ponto é como a escola, nos moldes atuais, atrofia ainda mais a nossa habilidade prévia de ler, o que implica anos mais tarde em universitários analfabetos funcionais. Adler, como um tomista renomado, traz a proposta de se resgatar a tradição de ler bem. Embasado em uma filosofia vilmente esquecida, o tomismo, ele traz uma estrutura de reflexão sobre a ação que não vemos hoje em dia. Dificilmente alguém lerá esse livro e não refletirá sobre seus próprios hábitos de leitura da próxima ver que tatear um livro. [2]
No final do livro, encontramos uma lista de leituras recomendadas. A lista está em ordem alfabética de acordo com o nome do autor e a obra ou obras indicadas. Há também exercícios e testes referentes aos quatro níveis de leitura. Os testes são bem completos e acredito que devam ajudar realmente. Não fiz nenhum!
O livro traz muita informação. Impossível não aprendermos algo. Um livro para ser lido e estudado muitas vezes ao longo da vida. Recomendo para quem quer aperfeiçoar seus níveis de leitura, para quem quer estudar melhor, para quem faz algum curso e para quem quer pesquisar algo.[3]
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ADLER, Mortimer J. Como ler livros: um guia clássico para a leitura inteligente. São Paulo, SP: É realizações, 2010.
Créditos
[1] https://www.getabstract.com/pt/resumo/como-ler-livros/26123
[2] https://medium.com/@raulfoliv/resenha-do-livro-como-ler-livros-do-autor-mortimer-adler-bd016bbc1610
[3] https://www.lelendolido.com.br/2016/04/resenha-34-como-ler-livros-mortimer-j.html
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