quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

CALVINO, GENEBRA [Resenha]


Jean-Marc Berthoud, erudito teólogo e filósofo calvinista, nos presenteia nesta obra com uma visão perspicaz sobre Calvino, sua vida, formação, e o papel dele na propagação da fé reformada na França do século XVI. Calvino mantinha uma estratégia diferente e mais eficaz para disseminar as boas novas do Evangelho. Ele não estava interessado apenas em enviar pregadores, mas em estabelecer igrejas com estrutura verdadeira e disciplina eclesiástica. Como nos lembra Berthoud, as chamadas “igrejas organizadas” poderiam desempenhar todas as funções de uma verdadeira igreja: “ensinar, alimentar e dirigir de maneira fiel a assembleia local dos crentes”.

As lutas enfrentadas na cidade de Genebra para a implementação das verdades do Evangelho na vida diária de seus habitantes, as crises politico-religiosas e a luta contra os interesses pessoais e escusos dos inimigos da fé apenas fortaleceram a resolução do reformador sobre a necessidade da criação de uma cultura moldada pelos valores e centrada no Criador.

A pregação sistemática de Calvino e a existência da Academia de Genebra serviram de molde para a formação de pastores e seu envio às igrejas reformadas da França. A demanda era grande, pois literalmente milhares de igrejas reformadas foram organizadas em poucos anos. Por sua vez, elas se tornaram o berçário de pregadores, missionários e novas plantações de igrejas. Na visão de Calvino, essa era a melhor forma de contribuir para o avanço do Reino de Deus e de sua glória.

O livro além do prefácio, introdução e conclusão, tem oito capítulos, divididos em duas partes: (1) na primeira temos um breve panorama da vida de Calvino, o contexto e as origens da Reforma Francesa e presença de Calvino em Genebra; (2) o trabalho eclesiástico na França, o envio de missionários para França, formação dos pastores e a pregação de Calvino e o último capítulo com um título palpitante: “A soberania de Deus e a pregação do Evangelho”.

Esse livro é um bom lembrete a respeito da pregação que virou o mundo de cabeça para baixo na Idade Moderna. Uma pregação que pode (e deve) fazer o mesmo em nossos dias. Deus é soberano e isso não significa que não devamos anunciar seu Evangelho; antes, significa que ele pode usar os nossos parcos recursos para a expansão do seu Reino, para que a glória seja somente dele. E ele prometeu fazê-lo.
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BERTHOUD, Jean-Marc. Calvino, Genebra e a propagação da Reforma na França do século XVI. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2017. 146p.

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