segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

AQUELA FORTALEZA MEDONHA [Resenha]


Esse livro foi escrito antes do fim da guerra e lançado em dezembro do mesmo ano que o Eixo caiu, Lewis escreve em um cenário “futurista” distópico pós guerra e dá ao livro o subtítulo de “Um conto de fadas moderno para adultos” e até mesmo escreve um prefacio explicando o porquê desse subtítulo: “Chamei este livro de contos de fadas na esperança de que aqueles que não gostam de fantasia não sejam persuadidos a continuar sua leitura, pelos dois primeiros capítulos, para depois virem queixar-se decepcionados. Se me perguntarem por quê, se eu pretendia escrever sobre magos, demônios, animais treinados e anjos planetários, ainda assim começo com cenas e pessoas tão enfadonhas, respondo que estou seguindo a tradição dos contos de fadas. Nem sempre percebemos seu método, porque os chalés, castelos, lenhadores e reis mesquinhos com que um conto de fadas tem início se tornaram para nós tão remotos quanto as bruxas e os ogros que nele são descritos, embora não fossem de modo algum remotos para os homens que criaram e inicialmente apreciaram os contos.”

Três pontos aqui são importantes (1) O cenário do livro é o mesmo cenário da Terra Média e o próprio conto do Rei Arthur. Vale salientar que tudo feito ao modo de C. S. Lewis, é tanto que o termo Númenor aparece com a grafia errada durante o livro. (2) É um livro de ficção cientifica que traz em sí a presença do sobrenatural, ou seja, o conceito do homem deixar de ser um corpo imperfeito e mortal e se tornar uma mente imortal e perfeita através da tecnologia (mais precisamente na transferência da mente para um computador) é explorado aqui, mas o foco é na distopia. Esse fato foi muito elogiado por George Orwell, autor dos livros 1984 e Revolução dos Bichos. (3) É um livro onde o cristianismo é presente. Sua importância está na discussão de porque essa batalha está acontecendo. E como escreveu um blogueiro: “Os antagonistas do livro não são demônios nem pessoas que o seguem, mas conceitos e ideologias que Lewis considerava malignas e que ganhavam força na época, expondo seu ponto de vista de dentro e como elas são contraditórias ou inalcançáveis.”

Os personagens são constantemente criticados como rasos ou simplórios. De fato, nenhum deles é explorado muito a fundo. Enquanto nos dois primeiros livros a quantidade de personagens era resumida a menos de uma dúzia, Lewis apresenta vários personagens em “Aquela fortaleza medonha”, mas o foco aqui não é explorar os personagens, mas contar uma história. Os personagens são tão profundos quanto a história exige, isso agradando os leitores ou não.

Na conclusão do prefácio Lewis escreve duas coisas importantes: (1) “Acredito que uma das ideias centrais desta história surgiu na minha cabeça a partir de conversas que tive com um colega da área científica, algum tempo antes de encontrar uma sugestão bastante similar na obra do senhor Olaf Stapledon.” (2) Quem quiser aprender mais sobre Numinor e o Ocidente Verdadeiro deverá (infelizmente!) aguardar a publicação de grande parte do que ainda existe apenas em manuscrito de meu amigo, o professor J. R. R. Tolkien.
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LEWIS, C. S. Aquela fortaleza medonha: um conto de fadas modernos para adultos. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2019 (Trilogia Cósmica: 3)

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