Urwand (que aliás é judeu) concentra sua pesquisa nos anos da ascensão e consolidação do Nacional-Socialismo, antes que os Estados Unidos entrassem na guerra – e, principalmente, antes que sequer se imaginassem os horrores que seriam perpetrados por Hitler, ainda que os sinais emitidos nos anos 30 já fossem preocupantes. O autor afirma (e comprova em 60 páginas de notas) é que, ao longo da década de 30, os grandes estúdios fizeram negócios com a Alemanha, que era um mercado consumidor fundamental de suas produções. Diga-se de passagem, o próprio Hitler, que reconhecia o grande poder do cinema em moldar a opinião pública, era um consumidor voraz dos filmes hollywoodianos, aos quais assistia quase todas as noites, sem falar na sua aposta em cineastas como Leni Riefenstahl, diretora do clássico documentário “O Triunfo da Vontade” (1935), como artista responsável por fixar nas telas uma imagem positiva do Reich.
Essas negociações entre Hollywood e Hitler incluíram concessões, cortes de sequências inteiras e eventualmente censura explícita, imposta por autoridades nazistas e acatada pelos executivos americanos, em acomodações mais ou menos tensas, dependendo do caso. Com o início da Segunda Guerra, naturalmente, essa atitude mudou, e Hollywood passou a trabalhar abertamente contra Hitler, como era natural, passando da colaboração à resistência.
Em seis capítulos, o autor traça um estudo esclarecedor sobre Hollywood e a elite nazista. Com documentos nunca antes examinados, citando cartas, memorandos e reportagens de jornal, o pacto entre Hollywood e o nazismo levanta a cortina de um episódio da história de Hollywood – e dos Estados Unidos – que permaneceu oculto por muitas décadas.
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URWAND, Bem. O pacto entre Hollywood e o nazismo: como o cinema americano colaborou com a Alemanha de Hitler. São Paulo, SP: Editora LeYa, 2019. 368p.
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