quinta-feira, 8 de outubro de 2020

OBRAS ESCOLHIDAS - LIMA BARRETO [Resenha 142/20]


Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Brasil Império, sua obra foi a de um príncipe da prosa nacional e sem sombra de dúvida, um dos maiores nomes da nossa literatura. Uma de suas grandes frustrações foi não ter sido aceito entre os fardados da Academia Brasileira de letras para seu chá com biscoito. Por outro lado, Lima Barreto era conhecido como o repórter letrado e revoltado contra o parnasianismo acadêmico, um homem que tomava cachaça e insistia em contar histórias sobre o Brasil que ele via: seu povo, suas pragas, seus políticos.

Sua obra segue mais atual do que nunca e é considerada fundamental para a compreensão do cenário político e social brasileiro porque, como provou o tempo, Lima Barreto foi um escritor visionário que entendeu o Brasil como ninguém. Foi precursor do modernismo brasileiro, e não houve autores equivalentes em sua época. Essa circunstância fez dele um escritor de estilo único. Lima Barreto não fez da literatura apenas um acessório, nem queria fazer dela uma simples aparência. A literatura não era simples requinte, não era verniz, não era enfeite para o fazer parecer culto. Encarava-a, porém, como vocação. Ele deu a própria vida por suas obras. Como disse no “Cemitério dos Vivos”: “A literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela.” Lima Barreto faleceu em 1º de novembro de 1922, aos 41 anos, deixando um patrimônio literário ímpar, do qual nós todos somos os herdeiros.

Neste terceiro volume da coleção “Clube de Literatura Clássica, tenho em mãos a Trilogia de Lima Barreto, que compõe um monumento literário, não apenas nacional, mas universal, de um autor que foi traduzido para dezenas de línguas. Retrata a evolução espiritual dos seus heróis. Junto com o livro recebemos Um marca-páginas dedicado à obra e a obra “Os Bruzundangas” - do mesmo autor. Estes personagens conseguem desligar-se do ressentimento coletivo e elevar-se sobre ele para encontrar o sentido de suas vidas no perdão.

As três obras são e o livro brinde são:

(1) Recordações do Escrivão Isaías Caminha – “Isaías Caminha é um escrivão de interior que se põe a registrar em suas “Recordações” o tempo em que descobriu a vida: o tempo em que partiu da roça rumo à Capital Federal e se deu conta de que substância nosso país é feito”.

(2) Triste Fim de Policarpo Quaresma – “Quaresma é um visionário às avessas, vítima daquele “grão de sandice” tão bem descrito por Brás Cubas. Contudo, em sua trajetória quixotesca, não deixou de justificar o significado de seu nome: Policarpo, o de muitos frutos”.

(3) Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá – “Homem de talento, de espírito agudo, Gonzaga de Sá, descendente dos fundadores do Rio, é um personagem que se deixou apagar pela vida regular do funcionalismo público, e que, por isso, não floresceu nem pôde deixar qualquer legado reconhecido”.

(4) Os Bruzundangas - “O ideal de todo e qualquer natural da Bruzundanga é viver fora do país. Pode-se dizer que todos anseiam por isso; e, como Robinson [Crusoé], vivem nas praias e nos morros, à espera do navio que os venha buscar.”

O Clube de Literatura Clássica tem como objetivo entregar, todos os meses, em nossa casa, os maiores clássicos da literatura, de modo que possamos juntos, compor uma biblioteca que ficará de herança para a posteridade. Venha fazer parte.
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BARRETO, Lima. Recordações do Escrivão Isaías Caminha; Triste Fim de Policarpo Quaresma; Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá. Novo Hamburgo, RS: Clube Literatura Clássica, 2020. 684p

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