quinta-feira, 22 de outubro de 2020

500 ANOS DE O PRÍNCIPE [Resenha 152/20]


A pouco mais de cinco séculos, no ano de 1513, Nicolau Maquiavel, político e pensador florentino, escreveu uma carta a um embaixador de sua cidade noticiando que escrevera “um livreto”, que designa como De principatibus e tornou-se conhecido como O Príncipe. Os termos da carta exalam modéstia e engenho simples: trata-se de investigar o que é o principado – “de que espécie são, como se conquistam, como se mantêm, por que se perdem”. Tal concisão não impediu que o “pequeno livro” se tornasse uma das principais obras da cultura moderna, e não apenas do pensamento político moderno.

O pequeno livro foi dedicado ao “Magnífico Lorenzo de Medici”, governante florentino e membro da família mais poderosa da cidade. A dedicatória pode sugerir a olhos precipitados um vínculo temático e estilístico do “pequeno volume” – como o designava Maquiavel – com o estilo literário e político conhecido como “espelho de príncipes”. O estilo tinha como traço central a enumeração, com frequência por parte de um autor protegido ou patrocinado para tal fim, das qualidades necessárias para o governo de um príncipe virtuoso. Quando não tendia para a bajulação aberta, procurava fixar uma coleção de bons preceitos diante dos quais o governante deveria se espelhar.

Já na dedicatória, Maquiavel indica a natureza distinta de seu empreendimento. Embora dedicado a um príncipe, a obra parte de uma curiosa e inovadora premissa. Como que se desculpando pela ousadia de dirigir-se a um príncipe como Lorenzo, Maquiavel – que se apresenta como “homem de baixa e ínfima condição” – sustenta que “para conhecer a natureza dos príncipes é preciso ser povo”, assim como “para bem conhecer a natureza dos povos, é preciso ser príncipe”. A natureza do governo, portanto, aparece não como fundada na consulta principesca de um catálogo de preceitos morais e religiosos, mas emerge da interação sempre complexa e um tanto imprevisível entre os 'grandes' e os 'pequenos'.

Na sinopse do livro lemos: O Príncipe de Maquiavel, mesmo que você nunca tenha ouvido falar em Nicolau Maquiavel, deve conhecer o termo maquiavélico, dizemos que uma pessoa e maquiavélica quando faz qualquer coisa para atingir um objetivo. Os fins justiçam os meios esta e a síntese do pensamento maquiavélico que conhecemos hoje. Porem, ao contrario do que muita gente pensa, essa frase não esta em nenhum livro de Nicolau Maquiavel. Trata-se de uma interpretação do pensamento contido nas paginas de o príncipe, livro escrito ha mais de 500 anos e publicado pela primeira vez em 1532.
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MAQUIAVEL. 500 anos de O Príncipe. Cotia, SP: Editora Pé da letra, 2017. 130p. 

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