O livro é pequeno, mas é muito esclarecedor. Além da introdução e conclusão, o livro possui cinco capítulos, onde nos mostra os escritos de João Calvino e sua percepção incomum à época, traçando claramente os limites de atuação do Estado e especificando com clareza a esfera da Igreja.
Em seu mais famoso trabalho, as Institutas da Religião Cristã, no Livro IV, Capítulo 20 (o último capítulo desse seu livro), encontramos uma grande exposição do tema, sob o título Do Governo Civil, em 32 seções. Na terminologia de Calvino, os governantes são chamados de “magistrados” ou de “magistrados civis”, seguindo a própria terminologia paulina de Romanos 13.1-7.
Ao concluir o livro, aprendemos sobre o cristão e seu relacionamento com os Magistrados. Os cristãos devem ter os magistrados em honra, respeito e obediência; Devem estar sujeito a eles não por castigo, mas pela consciência; Devem se sujeitar não por medo, mas porque ao fazerem estarão obedecendo ao próprio Deus. “É impossível resistir ao magistrado sem ao mesmo tempo resistir a Deus”.
O pensamento de Calvino tem, portanto, uma visão elevada da importância dos governantes. Ele não “abre brechas” para focos de insubmissão ou de insurreição. Calvino não deixa de classificar as esferas de cada um – Estado e Igreja, agindo em áreas e situações diferentes. Acima de tudo, ele coloca tanto governantes como governados responsáveis diante de Deus por suas ações ou omissões. Em nossos dias, a visão clara e precisa de Calvino a respeito desses diversos aspectos da regência terrena de nossas vidas deveria ser estudada, aplicada e defendida tanto pelos governantes como pelos governados.
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CALVINO, João. Os dois reinos e a aplicação civil das duas tábuas da lei. Cascavel, PR. Editora Caridade Puritana, 2020. 114p.
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