domingo, 2 de agosto de 2020

A TORRE NEGRA E OUTRAS HISTÓRIAS [Resenha 131/20]


Logo após a morte de C. S. Lewis, em 22 de novembro de 1963, devido a mudança para uma casa menor, o seu irmão, major W. H. Lewis depois de separar alguns papéis que para ele tinham uma importância especial, começou a desfazer dos outros, ou seja, jogar na fogueira. Felizmente, no entanto, o jardineiro de Lewis, Fred Paxford, preservou uma grande quantidade de cadernos e de papéis para que o antigo secretário de Lewis tivesse a chance de vê-los.

O ex-secretário de C. S. Lewis, era o Sr. Walter Hooper, que assim escreve no prefácio desta obra: “Naquela noite, enquanto os examinava, deparei-me com um manuscrito que me deixou bastante empolgado. Amarelado pelo tempo, mas ainda perfeitamente legível, começava com as palavras: ‘É claro’, disse Orfeu, ‘o tipo de viagem do tempo sobre a qual você lê nos livros — viagem no tempo no corpo — é absolutamente impossível’. Algumas linhas abaixo, na mesma página, encontrei o nome “Ransom”, sobre quem se diz “ter sido o herói ou a vítima de uma das mais estranhas aventuras que jamais tinha acontecido a um homem mortal”. Imediatamente percebi que estava lendo um trecho de mais um dos romances interplanetários de Lewis — “A Torre Negra”, como eu vim a chamá-lo”.

A Torre Negra é um esboço de um quarto volume que daria continuidade a série de ficção científica conhecida como trilogia Cósmica. É composta por seis histórias. A primeira história é a que dá título ao livro – A Torre Negra. Hooper deixa claro que "A Torre Negra" é uma história que infelizmente está incompleta e comenta que o manuscrito foi composto por sessenta e duas páginas e que tentou preservá-las da melhor forma possível. É uma história cativante que continua as aventuras de personagens como Dr. Elwin Ransom e MacPhee. Na trama, cinco homens se reúnem no escritório de Orfeu, na Universidade de Cambridge, para testemunhar a violação do espaço-tempo por meio do cronoscópio , um telescópio que não olha apenas para um outro mundo, mas para outras dimensões. Ao longo das narrativas, seus personagens travam debates brilhantes sobre a matéria, no tempo e no espaço.

O livro conta com outros pequenos contos como “O homem que nasceu cego”, que provoca uma certa curiosidade (afinal, você saberia explicar para alguém que nasceu cego e voltou a ver, o que é a luz?), “As terras fajutas” (um tanto intrigante), “Anjos Ministradores” que fala sobre o isolamento social), “As Formas Desconhecidas” (afinal, cabelos balançam num local sem atmosfera?) e “Depois de Dez Anos”, que é uma ótica diferente de uma história grega um tanto quanto famosa. Esse último é outro que penosamente está inacabado.

Para concluir, observamos que “A Torre Negra” consiste num texto muito intrigante, que revela em si as duas faces mais elevadas de seu autor na produção literária ficcional, ou seja, seu talento para o desenvolvimento de enredos que tem seu ápice na fantasia, e o trato apurado de temas relevantes para a humanidade, como o tempo, o espaço, o desenvolvimento humano, e a relação entre as pessoas, algo bastante arraigado a sua produção em ficção científica.
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LEWIS, C. S. A Torre negra e outras histórias. São Paulo, SP: Editora Planeta, 2016.

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