Os seres humanos foram criados à imagem de Deus para mostrar quem ele é. É isso que as imagens fazem. E foram redimidos por Jesus e renovados de acordo com a imagem de nosso Criador para recuperar esse propósito inicial. Mas por quê? Certamente não é para que a obra de Deus em seu povo passasse despercebida ou não fosse elogiada. Se Deus é soberano e se toda boa dádiva vem do alto, não elogiar o que há de bom nos outros é uma espécie de sacrilégio e doença da alma.
Quando nossa boca está vazia de elogios aos outros, provavelmente é porque nosso coração está cheio de amor pelo eu. É isso que quero dizer ao usar a ideia de doença da alma. C. S. Lewis estava plenamente certo quando escreveu: “O mundo está cercado de elogios — o amante elogia sua amada, os leitores, seu poeta favorito, os caminhantes, o campo, os jogadores, seu jogo favorito —, elogios a coisas como clima, vinhos, louças, atores, motores, cavalos, universidades, países, personagens históricos, crianças, flores, montanhas, selos raros, insetos raros, às vezes até mesmo políticos e acadêmicos. Não havia notado que as mentes mais humildes — e, ao mesmo tempo, mais equilibradas e abertas — elogiam mais, ao passo que os excêntricos, os desajustados e os descontentes elogiam menos”.
O livro de Sam é um bálsamo curador para excêntricos, desajustados e descontentes que estão de tal modo cheios de si mesmos que mal conseguem enxergar e menos ainda celebrar as belezas simples da virtude imperfeita presente nos outros. Ou, em outras palavras: preciso deste livro.
A ausência de encorajamento ou elogio sobre a obra de Deus em seu povo também é um tipo de sacrilégio — por três razões, pelo menos.
Primeira, é uma desobediência ao mandamento de Deus: “A mulher que teme o Senhor, essa será elogiada” (Pv 31.30). E não consigo pensar em alguma razão pela qual isso não se aplique por princípio também a homens que temem o Senhor.
Segunda, isso rebaixa Jesus, como se ele estivesse insistindo em fazer algo indigno quando diz: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25.21,23). Se ele diz isso, por que deveríamos considerar uma humilhação fazer tal coisa?
Terceira, todas as obras de Deus são dignas de elogio. Não há bem algum em ninguém senão pela obra de Deus (1Co 4.7; 15.10).
A coisa vai ainda mais longe. Sam diz: “O melhor encorajamento se baseia não apenas no caráter de Deus, mas no evangelho”. O que significa que qualquer vislumbre de bem na vida dos filhos de Deus foi comprado pelo sangue. Jesus morreu para que isso se tornasse possível. Se ele morreu para que tal bem acontecesse e se não considerarmos essa obra digna de elogio, o que tudo isso diz sobre nós? Ou seja, devo novamente declarar: preciso deste livro.
É claro que existem armadilhas e problemas. Qual é a diferença entre o elogio positivo e a bajulação negativa? O que dizer sobre o fato de que, na Bíblia, o povo de Deus nunca diz “obrigado” uns aos outros, mas apenas agradece a Deus uns pelos outros? O que dizer do perigo de encorajar o desejo de alguém por elogio humano, que Jesus tão claramente condena? Há algo errado em querer estar entre os que recebem elogios? E o que dizer do não crente que não “se renova [...] segundo a imagem daquele que o criou”? Quando devemos elogiá-lo? Ou será que não devemos fazê-lo? Sam ataca todas essas questões de frente. Este não é um livro superficial.
Mas ele é prático. Incrivelmente prático — com dezenas de ilustrações e aplicações para o ambiente de trabalho, o casamento, a criação de filhos, as amizades e o ministério. E, é claro, isso é o que eu esperaria de Sam Crabtree. Ele vive o seu livro. Trabalho ao lado de Sam na equipe de nossa igreja desde 1997. Isso significa que tenho estado do lado que recebe um perseverante encorajamento centrado em Deus. Não sem correção. E, sim, há uma seção no livro sobre isso também.
Agradeço a Deus por você, Sam. Oro para que possamos juntos terminar bem. Você me ensinou mais do que imagina. Você escreveu um livro único. Não tenho dúvida de que, no último dia, este livro será uma das muitas razões pelas quais o Senhor Jesus dirá a você: “Muito bem”.
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CRABTREE, Sam. Elogios que edificam: proferindo palavras que encorajam as pessoas e glorificam a Deus. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2017
Este texto é uma transcrição completa do Prefácio do livro escrito por John Piper.
quarta-feira, 9 de junho de 2021
ELOGIOS QUE EDIFICAM: PROFERINDO PALAVRAS QUE ENCORAJAM AS PESSOAS E GLORIFICAM A DEUS [Resenha 040/21]
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