quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

DISCIPULADO [Resenha]


Dietrich Bonhoeffer era filho do psiquiatra Karl Bonhoeffer, de quem herdou a precisão científica, e da piedosa Paula von Hase, que, mesmo descrente da igreja institucional da época, criou os oito filhos num ambiente de obediência aos preceitos da fé. Nesse cenário, a opção de Bonhoeffer pelo ministério pastoral foi recebida com surpresa pela família, mas igualmente encorajada na direção da melhor formação teológica disponível em seu tempo. O jovem Dietrich graduou-se na universidade de Tübingen e doutorou-se na universidade de Berlim, com a tese Sanctorum Communio (1927). Bonhoeffer, no entanto, não era meramente influenciável. Se, por um lado, sua formação teológica foi marcada pela crítica bíblica historicista de Adolf von Harnack (1852-1930), o mais famoso de seus professores em Berlim, por outro, foi na voz dissonante de Karl Barth (1886-1968) que encontrou as ênfases teológicas que o acompanhariam por toda a vida: a centralidade da revelação de Deus em Jesus Cristo e a questão sobre sua presença no mundo — que ele procurou resolver na Igreja.

Em 1937, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer publicou seu famoso livro “Discipulado”. Uma exposição do Sermão do Monte, na qual ele comenta o que significa seguir a Cristo. O contexto era a Alemanha no início do nazismo. Sua preocupação era combater o que ele chamou de “graça barata”, essa graça que oferece perdão sem arrependimento, comunhão sem confissão, discipulado sem cruz. Uma graça que não implica obediência e submissão a Cristo. Seu compromisso com Cristo e sua cruz o levou a morte prematura em abril de 1945.

Discipulado é um livro denso, envolvente, conflitante, o autor começa criticando a teologia barata de sua época, o liberalismo e ele sabe criticar, pois estudou nesta escola, inclusive ganhou o título de doutor em teologia, mesmo discordando da maioria de seus professores, portanto sabe mostrar os pontos de incoerência, a frieza da graça barata, do relativismo das escrituras, bem como aponta para o caminho da verdadeira graça.

O livro está dividido em duas partes. A primeira parte constituída de nove capítulos, o autor escreve sobre Graça e Discipulado. A segunda parte, possui seis capítulos e o autor escreve sobre a Igreja de Jesus Cristo e o discipulado. Concluindo, o autor escreve: quando as Escrituras Sagradas tratam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do ser humano de todos os preceitos humanos, de tudo que o oprime, de tudo que o sobrecarrega, de tudo que lhe suscita preocupação e dor na consciência. No discipulado, o ser humano deixa o duro jugo de suas próprias leis e vai para o jugo suave de Jesus Cristo.
____________
Bonhoeffer, Dietrich, 1906-1945. Discipulado. São Paulo, (SP): Mundo Cristão, 2016. 256p.

Nenhum comentário: