O AUTOR – Há sete anos, o pastor Francis Chan decidiu deixar o comando de uma próspera megaigreja na Califórnia, Estados Unidos, para cumprir o real propósito de Deus em sua vida. A Igreja Cornerstone, na cidade de Simi Valley, era composta por cerca de 5 mil pessoas em 2010, quando Chan sentiu que não estava cumprindo a vontade de Deus em sua posição. “Eu fiquei frustrado, analisando a situação biblicamente”, disse o pastor na última quinta-feira (29) durante uma palestra na sede do Facebook. “De acordo com a Bíblia, cada uma dessas pessoas tem um dom sobrenatural. Mas eu via 5 mil pessoas toda semana para ouvirem e verem o meu dom”. “Então eu comecei a pensar o quanto custava para executar aquilo? Milhões de dólares!”, ele continuou. “Eu estava desperdiçando os recursos humanos de pessoas que, de acordo com as Escrituras, têm um dom miraculoso, mas elas estavam apenas ali, sentadas, calmamente. Elas simplesmente sentavam lá e me ouviam”.
Além disso, Chan sentia que a igreja não estava seguindo o mandamento de amar uns aos outros — já que o relacionamento de seus membros se limitava a cumprimentos de 30 segundos e pose para algumas fotos. Na época de sua saída da Cornerstone, Chan também revela que estava tomado pelo orgulho por causa do sucesso de vendas de seu livro Crazy Love, vendido no Brasil com o título Louco Amor. “Fui tomado pelo orgulho quando ia de uma conferência à outra e via meu rosto em uma revista”, revela o pastor. “Eu estava me tornando tudo o que Deus disse que odiava. Estava perdendo minha alma”.
Hoje, Francis Chan lidera um movimento de igrejas em San Francisco chamado “We Are Church” (“Nós Somos A Igreja”, em tradução livre). Atualmente, ele conta com 15 igrejas domésticas e 30 pastores (dois pastores por igreja). Cada igreja é projetada para ser pequena, para que os membros se relacionem como uma família e exerçam seus dons. “Eles só se reúnem em suas casas, estudam, oram, cuidam uns dos outros”, disse Chan. O pastor espera dobrar o número de igrejas domésticas e fazer com que, em 10 anos, mais de 1,2 milhão de pessoas façam parte desse movimento. Chan faz questão de reforçar que tudo é gratuito. Como ele compara uma megaigreja com o movimento atual? “A igreja do jeito que eu estava fazendo era como um orfanato. Hoje somos apenas um bando de crianças com um líder. É diferente de dizer: ‘Vamos te colocar numa casa e esses caras vão cuidar de você’. Hoje somos apenas como uma família”.
SINOPSE – Em sua obra mais recente, Francis Chan, autor de “Louco Amor” desafia o leitor a avaliar a organização atual e a relevância (ou irrelevância) da igreja para o mundo em que vivemos. E, mais importante, quão próxima ou distante ela está do que as Escrituras apontam como o seu propósito, que é sinalizar o Reino de Deus. Francis Chan conta sua experiência como plantador de igrejas e o que aprendeu com os erros e com os acertos, numa avaliação honesta e não menos crítica dos descaminhos trilhados por comunidades cristãs ao redor do planeta. Engana-se, no entanto, quem espera um mero desabafo. Francis Chan apresenta instruções valiosas para igrejas que não só querem compreender seu papel bíblico mas também anseiam por inspirar vitalidade, compromisso e significado. “Cartas à Igreja” é, portanto, uma chamado para fazer diferença. Francis Chan escreve: Por décadas, lideres eclesiástico como eu perdemos de vista o poderoso mistério inerente à igreja e, então corremos em busca de outros métodos na tentativa de atrair a atenção das pessoas. Sendo bem sincero, incitamos você a se viciar nessas coisas menores. Banalizamos o sagrado, e devemos nos arrepender disso.
O LIVRO – Definitivamente, nenhum outro livro meu foi tão difícil de escrever quanto este, principalmente porque tenho procurado manter em mente o texto de I Tessalonicenses 5.14. Nessa passagem. Deus diz que devemos advertir os indisciplinados e encorajar os desanimados. Isso é tranquilamente factível quando conhecemos bem as pessoas a ponto de saber do que precisam. O problema de escrever um livro de grande alcance é que alguns de vocês precisam de um abraço mas se sentirão chutados, e outros, que precisam de um cutucão, se sentirão encorajados! No que diz respeito aos que amam Jesus e se sentem desmotivados, oro para que este livro lhes dê esperança para alcançar tanto quanto for possível. Quanto àqueles que proposital ou inconscientemente prejudicam a igreja, oro para que Deus lhes dê a graça do arrependimento. Recentemente, ocorreu-me que Jesus escreveu para sete igrejas, uma carta para cada uma conforme registram os capítulos 2 e 3 de Apocalipse. Estou tentando escrever a milhares de igrejas diferentes por meio de um único livro! E a redação de Jesus é bem melhor que a minha...
Quando terminei de escrever este livro, notei que ele mais se parecia com uma coleção de cartas independentes, mais relacionadas. Cada capítulo/carta aborda um aspecto sobre o qual a igreja que você frequenta pode ou não precisar debruçar. Orei para que o Espírito Santo ajude você a discernir quais cartas devem chegar ao seu coração e ao coração de sua igreja. Este livro não trata de detalhes obscuros que identifiquei em Levítico, mas das instruções mais óbvias, repetidas em toda a Bíblia. Tentei prestar atenção às ocasiões em que Deus parece mais aborrecido com o comportamento de seu povo. Há muita gente desejosa de mudar a igreja, mas, não raro, a motivação se baseia em preferências pessoais, e não em fundamento bíblico. O que busco destacar aqui é apenas o conjunto das verdades bíblicas mais evidentes sobre a vontade de Deus para sua Noiva - verdades que nenhum de nós pode se dar ao luxo de ignorar.
Há ocasiões em que Deus abomina nossa adoração, e existem igrejas que ele simplesmente quer ver fechadas. Muitas vezes, presumimos que basta expressar algum tipo de adoração e, então, Deus ficará satisfeito. A Bíblia diz que não ó bem assim (Am 5.21-24; Is 58.1-5; Ml 1.6-14; I Co 11.17-30; Ap 2.5; 3.15-16).
Desde o início dos tempos, há certos tipos de adoração que Deus ama e outros que ele rejeita. Ao observar a condição da igreja cristã hoje, não posso deixar de pensar que Deus está descontente com muitas igrejas.
Não estou dizendo isso por dizer ou motivado por algum sentimento pessoal, mas porque é o que leio nas Escrituras. Minha esperança é que você tenha uma Bíblia por perto enquanto lê este livro, para verificar se estou distorcendo a Palavra ou apenas apresentando o óbvio. A intenção não é atacar ninguém nem causar polêmica. Penso que integramos o mesmo time, todos em busca do tipo de igreja que mais agrada a Deus. [p.22-23]
O livro contém, além dos agradecimentos, epílogo e notas, 9 capítulos com um conteúdo edificante. Como todas as nossas resenhas, iremos trabalhar de conformidade a estrutura do livro, capítulo à capítulo, extraindo pequenos parágrafos e fazendo resumos. O nosso propósito é se ter a estrutura completa do conteúdo de acordo com sumário e citações pontuais do livro.
1. A PARTIDA – Neste capítulo, o autor fala sobre os motivos que o levaram a deixar uma mega igreja e plantar uma nova igreja.
Eu estava determinado a criar algo diferente de tudo o que tinha vivenciado. Aquela era a minha chance de erguer justamente o tipo de igreja do qual gostaria de participar. Em síntese, eu tinha três objetivos em mente. Primeiro, queria que todos nós cantássemos diretamente para Deus. E digo "cantar" mesmo. Não estou falando de se deixar embalar por uma cantoria rotineira ou motivada por culpa. Você já integrou um grupo que canta diretamente para Deus, de coração? já cantou com reverência e entusiasmo? Cantou como se Deus estivesse mesmo ouvindo sua voz? É uma experiência poderosa, e eu queria que essa fosse uma marca da nossa nova igreja.
Segundo, eu desejava que todos nós realmente ouvíssemos a Palavra de Deus. Não seríamos aquele tipo de gente que se reúne para escutar tolices em forma de autoajuda, nem deixaríamos metade da Bíblia de lado. Minha intenção era que investigássemos as Escrituras a fundo - até mesmo as passagens que contradizem nossa lógica e nossos anseios. Eu queria que a exposição da verdade divina fosse vigorosa e que a levássemos a sério. Então, comecei a pregar, semana após semana, examinando cada verso bíblico. Verdadeiramente nos dispusemos a ouvir tudo o que a Palavra de Deus estava nos dizendo.
E, por fim, eu almejava que todos vivêssemos em santidade. Já tinha visto muitas igrejas abarrotadas de cristãos que pareciam não ter nenhum interesse em fazer o que a Bíblia diz. Não conseguia me conformar com a trágica ironia disso tudo. Aquela gente retornava toda semana para ouvir sobre um Livro que lhes ordena; "Não se limitem, porém, a ouvir a palavra; ponham-na em prática" (Tg 1.22), mas, ao que tudo indicava, aquilo não gerava efeitos. Não que eu fosse perfeito ou esperasse que outros o fossem, mas eu imaginava nossa igreja como um grupo no qual as pessoas se incentivassem mutuamente à ação. Não fazia sentido ensinar as Escrituras sem experimentar mudança. Portanto, desde o comecinho, nós desafiamos um ao outro a agir. [p.11-12]
2. O SAGRADO – O assunto deste capítulo nos chama atenção para aquilo que consideramos corriqueiro em nossa vida como crente – O Sagrado.
Na primeira vez que li que Uzá foi morto por Deus pelo simples fato de ter tocado a arca da aliança para que ela não fosse ao chão, eu me senti bastante incomodado. Uzá se prontificou a segurar a arca porque os bois que a carregavam tropeçaram. Parecia apenas um equívoco motivado por boas intenções. Sim, Deus proibira terminantemente que alguém tocasse a arca, mas o que Uzá deveria ter feito então? Deixado a arca cair?
Não é meio intrigante saber que o sacrifício oferecido pelo rei Saul lhe custou o próprio reinado (ISm 13)? Afinal, Saul havia passado sete dias esperando que Samuel apresentasse as ofertas, e o profeta não chegou no prazo combinado. Parece--me nobre a iniciativa de Saul, isto é, oferecer o sacrifício para evitar ir à guerra sem antes apresentar-se diante de Deus. E, ainda assim, ele acabou perdendo o trono?
E o que dizer de Moisés, que não chegou à terra prometida só porque, em vez de falar à rocha, bateu nela com a vara (Nm 20)? Depois de tudo o que ele havia passado, será que era um crime assim tão grave decepcionar-se com o povo e extravasar a própria ira batendo em uma rocha?
Há também o caso de Ananias e Safira. Ambos foram fulminados ao mentir sobre a quantia de dinheiro que ofertaram à igreja (At 5).E olha que isso é relatado no Novo Testamento! De verdade, será que não foi demais?
Para arrematar, lembremos que Paulo disse aos coríntios que muitos deles estavam doentes e alguns até haviam morrido por celebrar a ceia de maneira inapropriada (I Co 11.30). Se Paulo não estava exagerando, talvez estejamos muito perto de morrer!
Para nós, muitas das punições relatadas na Bíblia foram severas demais se considerados os delitos a elas associados. E por que pensamos assim?
Não compreendemos o que significa dizer que algo é "sagrado". Vivemos em uma realidade centrada no ser humano; as pessoas se veem como autoridade máxima. Somos rápidos em dizer: "Não é justo!" quando não podemos desfrutar os direitos que julgamos ter pelo fato de sermos humanos. Porém, desconsideramos os direitos que Deus tem pelo fato de ser Deus. Até mesmo na igreja, nós nos comportamos como se as ações divinas estivessem submetidas à nossa conveniência. As histórias registradas na Bíblia se propõem nos mostrar que há algo muito mais valioso que nossa mera existência ou nossos direitos. Há coisas que dizem respeito a Deus, coisas sagradas - a arca da aliança, a ordem divina a Moisés, os sacrifícios no templo, o Espírito Santo, a ceia do Senhor, a santa igreja de Cristo. Todos aqueles que avançaram inadvertidamente em direção a essas coisas pagaram o preço por isso. Não deveríamos nos admirar, mas, sim, nos humilhar. Todos já fizemos coisas muito mais ultrajantes que essas; portanto, sejamos gratos a Deus por sua misericórdia e mais reverentes ao lidar com o sagrado. [p.28-29]
3. A ORDEM – Este capítulo, o autor enfatiza o nosso zelo por costumes e tradições, em detrimento dos mandamentos ordenados pelo Senhor a sua igreja.
Suponha que você vá a um restaurante e peça um bife. Vinte minutos depois, o garçom coloca um prato de espaguete à sua frente e comenta que aquela é a melhor macarronada que você poderia provar. Você ficaria satisfeito? Não, você devolveria o prato porque não era o que queria. Não tinha nada a ver com seu pedido.
Penso que é isso o que temos feito com a igreja. Deus nos apresentou seu "pedido" por meio dos mandamentos descritos na Bíblia, dizendo-nos o que queria. Em nossa arrogância, porém, criamos algo que julgamos funcionar melhor. Em vez de estudar diligentemente as ordenanças do Senhor e entregar-lhe exatamente o que ele pediu, temos nos deixado influenciar por muitas outras coisas. Consideramos nossos gostos pessoais, os interesses de outras pessoas, o que outros estão fazendo. No espírito de Caim, ofertamos algo que imaginamos ser aceitável a Deus, em vez de entregar a ele o que de fato nos pediu.
Em Lucas 12, Jesus apresenta a parábola do mestre que atribuiu tarefas específicas a seus servos. Mais tarde, voltando aos servos, esse mestre esperava ver as tarefas realizadas. Ao notar que suas ordens haviam sido negligenciadas, ele puniu duramente os empregados. Como podemos dar de ombros a um relato desses? É insano! Jesus logo virá e espera que sua igreja leve seus mandamentos a sério. Com muita frequência, porém, estamos bem mais preocupados com a qualidade do sermão, com a relevância do grupo de jovens ou com meios de aprimorar a música na igreja. Honestamente, o que é que incitará os irmãos de sua igreja à real mudança? Será que o problema é a desobediência aos mandamentos divinos? Ou será o não atendimento das expectativas que nós mesmos criamos? A resposta a essas perguntas pode nos mostrar se nossa congregação existe para agradar a Deus ou às pessoas, isto é, se é Deus quem conduza igreja ou se somos nós que o fazemos. [p.42-43]
4. A TURMA – O assunto deste capítulo nasce de uma pergunta: Vivemos uma época em que as pessoas frequentam um prédio aos domingos, participam de um culto de uma hora e se denominam membros da igreja. Isso lhe causa estranhamento?
Pouco antes de seu sacrifício na cruz, Jesus fez uma oração fascinante em favor de seus discípulos. Algumas das afirmações que ele incluiu nessa oração realmente desafiam minha fé. (João 17.20-23).
Jesus orou para que a unidade de seus seguidores se igualasse à unidade dele, o Filho, com o Pai! Ele deseja que você e eu sejamos um assim como o Filho e o Pai são um! Já se imaginou buscando esse tipo de unidade com a sua igreja? Você ao menos acredita que isso é possível?
Deixe-me prosseguir. A oração de Jesus não foi para que nós apenas nos relacionássemos bem e evitássemos divisões na igreja. Foi para que alcançássemos "unidade perfeita". Isso porque essa unidade provaria que ele era o Messias. Jesus disse que o propósito de nossa unidade era que "todo o mundo" soubesse que o Pai que o enviou é cheio de amor. Para alguns de nós, a oração de Jesus não faz sentido. Como é que nossa unidade pode levar o mundo a crer? De que maneira a constatação de que amamos uns aos outros pode fazer alguém acreditar que Jesus realmente desceu dos céus?
Unidos, os primeiros cristãos conduziram as pessoas à salvação. Veja como Atos descreve esse grau de unidade (At 4.32-35). Não sei quanto a você, mas esse trecho sempre me comove. Nele a igreja se mostra tão bela, tão atraente! É esse amor que torna nossa mensagem convincente. A Bíblia é clara: há um vínculo real entre nossa unidade e a credibilidade daquilo que apregoamos. Se de fato estamos comprometidos em conquistar os perdidos, devemos levar a sério a busca por unidade.
Empenhar-se para que a igreja viva como família não implica nenhum truque de mágica, nenhuma "amostra grátis" do que é ser parte de uma congregação. Trata-se de um mandamento, e também de algo que nos é ofertado. O que Deus mais deseja é transformar sua igreja em uma família unida e sobrenaturalmente amorosa. Será que acreditamos que ele é capaz de fazer isso? Confiamos que o propósito dele para a igreja é o mais eficaz?
Inventamos inúmeras técnicas para alcançar os perdidos, embora Deus afirme que a unidade é o único método eficiente. Pense nisto: Deus nos instruiu sobre como alcançar o mundo, mas nós abandonamos as orientações divinas e nos atrapalhamos criando aulas, programas e eventos que promovem tudo, menos a estratégia dada por Deus! [p.70-71, 73-74]
5. SERVOS – Uma pergunta: Qual seria a sua reação se Jesus o descalçasse agora mesmo e começasse a lavar os seus pés? Tente vislumbrar essa cena.
Essa noção de que o Deus todo-poderoso se humilhou a ponto de nos servir e de morrer por nós é a essência de nossa fé. Na raiz de nosso chamado está o mandamento para que imitemos a Deus servindo uns aos outros. Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus ordenou que eles fizessem o mesmo entre si (Jo 13.14). Entretanto, em que medida os "cristãos" hoje se dispõem a servir aos outros?
Jesus disse: "Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos" (Mt 20.28). No entanto, não é nenhum segredo que a maioria das pessoas vai à igreja mais para consumir que para servir. Sabemos que isso é uma estupidez, mas nos resignamos a esse ponto. Aprendemos a aceitar essa atitude como se não pudéssemos fazer nada a respeito. As pessoas entregam suas ofertas e, assim, mantêm a equipe ministerial; então, os ministros devem fazer sua parte e atender às pessoas. Parece uma engrenagem adequada e eficiente, e funciona muito bem em alguns casos. Não corresponde à vontade de Deus, mas funciona. (Fp 2.1-8) [p.78-79]
6. BONS PASTORES – Este capítulo foi escrito, segundo o autor “para que avaliemos nossa própria vida. A igreja precisa de líderes piedosos.”
Como mencionei no início do livro, procurei dar especial atenção às ocasiões em que a narrativa bíblica apresenta Deus usando uma linguagem firme. A meu ver, os líderes citados nas Escrituras foram o grupo que ouviu de Deus as palavras mais severas.
Por um lado, os discursos divinos mais temos e honrosos se destinaram à liderança espiritual. Parece que o Senhor não somente se relacionava de maneira ímpar com os líderes, mas também os defendia. Por exemplo, ele fez que Miriã fosse acometida por lepra quando ela se atreveu a falar contra Moisés (Nm 12.1-10). Também enviou duas ursas para que destruíssem quarenta e dois jovens que haviam zombado de Eliseu (2 Rs 2.23-24). João foi chamado de "discípulo a quem Jesus amava" (Jo 21.20), e Abraão ficou conhecido como "amigo de Deus"(Tg 2.23).
Em contrapartida, os líderes também foram alvo de algumas das mais graves repreensões divinas. O esforço por liderar implica advertências bastante firmes. Tiago afirmou que os ministros serão julgados com maior rigor (Tg 3.1), e o autor de Hebreus disse que eles prestarão contas acerca de seus discípulos (Hb 13.17). Jesus se referiu aos líderes religiosos de sua época como filhos do inferno (Mt 23.15). O ponto é que não devemos presumir que todo aquele que ocupa posição de autoridade espiritual o faz por merecimento.
Quem integra a liderança de uma igreja não pode presumir que ali é seu lugar de direito. É preciso se perguntar: "Estou certo de que deveria estar aqui? Estou em condição de liderar? Minha relação com Jesus é algo que desejo ver se reproduzir em outros irmãos?".
7. CRUCIFICADO – O autor ao escrever este capítulo, ele afirma que: “o assunto de que tratamos não é um ensinamento obscuro ou isolado no Novo Testamento. Esse conteúdo pode lhe parecer novidade caso você freqüente uma igreja que, em vez de ensinar a Bíblia em sua totalidade, apresenta apenas os trechos considerados mais palatáveis pela maioria das pessoas. Jesus esclareceu que seguir seus passos implica sofrimento, e todos os outros autores do Novo Testamento também afirmaram isso.”
O apóstolo Paulo escreveu: "Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Portanto, vivo neste corpo terreno pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim" (G1 2.20).
Milhões de pessoas se autodenominam cristãs por acreditar que ser cristão é admirar o exemplo de Cristo; elas não se dão conta de que se trata deum chamado para seguir esse exemplo. Se de fato entendessem assim, o número de cristãos seria drasticamente menor. O Novo Testamento não poderia ser mais direto: não devemos apenas acreditar que Cristo foi crucificado; devemos nos deixar crucificar com ele.
Milhões de homens e mulheres foram ensinados que é possível se tornar cristão sem oferecer nada em troca e acreditaram nisso! Existe até quem tenha a audácia de ensinar que, para ter uma vida melhor, basta orar e convidar Jesus a entrar no coração. Jesus ensinou exatamente o oposto! (Lucas 14.25-33)
Quando Jesus apresentou esse chamado, ninguém cometeu nenhum erro de interpretação, e foi por isso que ele teve tão poucos discípulos. A convocação para seguir Jesus é uma convocação para a morte. O preço estava estampado bem na frente de todos, em números bem grandes. Jesus o deixou bem evidente desde o início e disse às pessoas que elas deveriam avaliar o custo antes de se lançarem em um compromisso para o qual não estivessem preparadas. Hoje, só queremos falar da parte boa: graça e bênçãos. Claro que graça, perdão e misericórdia são elementos centrais do evangelho, mas Jesus foi muito sincero e objetivo quanto ao preço a ser pago, e esse é um conceito que negligenciamos totalmente.
A verdade é que perdemos de vista a essência do que significa ser cristão. Tomar-se seguidor de Jesus implica completa rendição de nossos anseios e apetites ao propósito maior de servir para a glória de Deus. Significa morrer para nós mesmos e viver para Cristo. É esse o compromisso que cabe a você. (Marcos 8.34-37; Mt 24.9-13) [p.114-116, 130]
8. LIBERTOS – Uma pergunta: Igreja ou jaula? Esse capítulo estabelece a diferença!
Poucos meses depois de chamar seus discípulos, Jesus os enviou ao mundo. Isso não quer dizer que eles estavam completamente treinados e isentos de errar; na verdade, mostra que o envio era parte do treinamento. Jesus não os ensinou dentro de uma sala de aula, mas andou com eles e os enviou. A expectativa de Jesus era que proclamassem arrependimento, expulsassem demônios e promovessem cura (Mc 6.12-13). Ele os advertiu de que estavam sendo enviados como ovelhas entre lobos e explicou que seriam odiados e perseguidos (Mt 10.16-22). Nessa mesma ocasião, Jesus prometeu que receberiam as palavras certas nos momentos mais desafiadores. Era uma missão extremamente perigosa e para a qual tinham apenas o mínimo de preparo.
Talvez tenha sido por isso que aqueles homens foram capazes de fazer discípulos. E o modo como treinamos as pessoas hoje é justamente o contrário! Será que o hábito de manter pessoas em auditórios e salas de aula confortáveis durante anos é mesmo o melhor jeito de treinar líderes destemidos? Considere alguns dos movimentos recentes em outras regiões do mundo; todos resultaram da prática de treinar e enviar, válida para todo cristão.
A igreja foi planejada para ser um belo exército, enviado para lançar luz por toda a terra. O que se espera de nós é que levemos bravamente a mensagem de Cristo aos lugares mais remotos, e não que fiquemos todos juntos, escondidos em uma espécie de abrigo. As pessoas devem se admirar ao ver o povo de Deus manifestando "paz que excede todo entendimento" e "alegria inexprimível" (Fp 4.7; I Pe 1.8). Reflita no conteúdo dessas passagens. Mais uma vez: quando falamos nessas coisas, parece exagero e não algo pelo que se deve aguardar. Alguém já se mostrou incrédulo diante da paz que você demonstra? Você é conhecido por ser absurdamente alegre? Inclua o elemento "grandeza insuperável do poder de Deus" (Ef 1.19) e não passará despercebido. Temos buscado atrair as pessoas com métodos diversos, mas e se elas testemunhas em um exército cheio de alegria inexprimível, paz incompreensível e poder insuperável? Acaso não se mostrariam intrigadas?
Todos ficavam fascinados com a igreja primitiva. Quem não ficaria? Aqueles irmãos dividiam seus bens, estavam sempre alegres, desfrutavam paz para além do entendimento, tinham poder incalculável, não reclamavam de nada, mostravam-se gratos por tudo... Houve quem se juntasse a eles e quem os odiasse, mas poucos os ignoraram. A intrepidez com que compartilhavam o evangelho não dava chance para que fossem tratados com desdém. Essa é a nossa herança. Está em nosso DNA. Devemos parar de criar refúgios onde as pessoas se escondem e começar a produzir e enviar guerreiros destemidos. [p.145, 147-148]
EPÍLOGO – Na conclusão deste livro encontra-se a última palavra do autor. É uma mensagem principalmente aos pastores e líderes, para aprenderem a lidar com os orgulhosos e arrogantes.
Não foi fácil para mim escrever este livro, porque sei que, nas mãos erradas, ele poderá mais machucar que ajudar a igreja. É difícil falar objetivamente sobre problemas da igreja, pois há pessoas que gravitam em tomo de críticas. Em vez de usar este conteúdo como ferramenta de autoavaliação, elas vão usá-lo como munição. O orgulho corre solto na igreja, e o conhecimento tem um jeito peculiar de fazê-lo crescer (I Co 8.1). Posso ver gente arrogante marchando em direção aos gabinetes pastorais e acusando os líderes por todas as falhas de sua igreja. “Leia este livro do Francis Chan! Ele concorda comigo quanto à necessidade de mudança nesta igreja!" Esse comportamento é a última coisa de que a igreja precisa.
Muitos de vocês estão cheios de entusiasmo, ávidos por reforma. Desejam ver a igreja florescer e querem ser usados por Deus para que haja mudança. Mas, para alguns, Deus não fará isso. Vocês falharão terrivelmente por uma razão: falta de humildade. “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes" (Tg 4.6). Ao invés de ser instrumento de Deus para reavivar a igreja, você será usado pelo inimigo para destruí-la.
Ao escrever as páginas finais deste livro, senti-me impelido a me dirigir aos arrogantes, na esperança de evitar que as igrejas sofram eventuais divisões. Contudo, quando comecei a trabalhar nesse sentido, dei-me conta de que esse tipo de esforço raramente dá resultado. Já tentou convencer um orgulhoso de que ele é orgulhoso? Alguns de vocês são extremamente orgulhosos, mas não conseguem se dar conta disso porque... são extremamente orgulhosos. Vocês leem este parágrafo e meneiam a cabeça como se eu estivesse falando de outra pessoa. Então, sabendo que minha intenção não daria em nada, decidi escrever algumas palavras de encorajamento àqueles que têm de lidar com orgulhosos. Penso que podemos chamar este trecho de “Amando o arrogante: Guia do líder”. [p.175-176]
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