segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A GLÓRIA DE CRISTO [Resenha]


SPROUL, R. C. A Glória de Cristo: Um encontro com a majestade do Senhor dos Senhores. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2004. 208p.


O AUTOR - Nascido em 1939, na Pensilvânia, EUA, Robert Charles Sproul pode ser considerado um dos teólogos reformados mais proeminentes dos últimos anos. Fundador e presidente da Ligonier Ministries, R. C. Sproul em decorrência de complicações respiratórias faleceu em 14 de dezembro de 2017, aos 78 anos. A nota oficial publicada no site de Ligonier Ministries dizia que o impacto do ministério de Sproul para a história da igreja só poderá ser mensurado futuramente. “Neste momento, sentimos imensa tristeza e profunda perda - a perda de um pastor, um professor, um líder, um irmão em Cristo, um amigo. R. C. agora vê o objeto de sua fé, o Cristo ressuscitado.”

Ordenado na Igreja Presbiteriana Unida antes de se transferir para a Igreja Presbiteriana na América (PCA), Sproul trouxe educação teológica às massas, criando uma ponte entre a escola bíblica dominical e o seminário, através de seu programa de rádio, a revista Tabletalk, palestras, livros e dezenas de artigos. Para a Christianity Today, o legado de Sproul vive em gerações de leigos e líderes reformados. Quando o assunto é Soberania de Deus, ele é considerado a maior referência no assunto.


O LIVRO - Glória. A palavra é rica em significado. Ela coloca os corações dos cristãos no alto. A alma é levada pela contemplação da glória de Deus e de seu Filho Unigênito. Cristo em sua glória é o alvo de nosso louvor e adoração. Como cristãos somos unidos à comunhão dos santos e as hostes celestiais ao rendermos a ele louvor e honra.

O autor afirma que a vida de Jesus foi marcada por humilhações e sofrimento. Sua humanidade lhe serviu de véu, ocultando o esplendor de sua deidade. Mas houve momentos em que sua glória resplandecia. Era como se o vaso de sua natureza humana não tivesse força suficiente para esconder sempre essa glória.

Há uma frase no latim popular que os teólogos do século 16 gostavam de repetir: finitum non capax infinitum. A frase comunica duas ideias. A primeira, que o finito não pode compreender o infinito. Nesse sentido, chama atenção para a incompreensibilidade de Deus. Aponta para as limitações de nossas mentes humanas de abarcar completamente a grandeza de Deus. Na melhor das hipóteses, nossa compreensão de Deus é fraca.

O segundo sentido da frase em latim é que o finito não consegue conter o infinito. Assim foi na encarnação. Embora a plenitude da trindade habitasse em Cristo corporalmente, essa plenitude não poderia se restringir aos limites da natureza humana de Jesus, nem ser sujeita a essa natureza humana.

Este livro não pretende fornecer um exame completo da vida de Jesus, e sim focalizar momentos de sua vida em que a glória dele irrompia e era revelada às pessoas ao seu redor. O livro considera os pontos em que sua humilhação dava lugar à sua exaltação.

O livro contém, além do prefácio, 16 capítulos com um conteúdo edificante. Como todas as nossas resenhas, iremos trabalhar de conformidade a estrutura do livro, capítulo à capítulo, extraindo pequenos parágrafos e fazendo resumos. O nosso propósito é fomentar no leitor o desejo para a compra ou não do livro completo e a nossa proposta é se ter a estrutura do sumário e citações pontuais do livro.


1. GLÓRIA NAS CAMPINAS – Neste capítulo, o autor enfatiza a primeira manifestação da glória de Cristo entre os homens. Ele diz que na noite em que Jesus nasceu houve algo de espetacular. As planícies de Belém tornaram-se o palco de um dos shows de som e luzes mais deslumbrantes de toda a História humana.

O céu irrompera em festa. Quando os pastores de Belém foram visitados pelos anjos estremeceram de medo, contudo, foram advertidos pelo anjo: "Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.10,11).

O anjo declara que esse Salvador-Messias-Senhor "vos nasceu": nasceu para vocês. A participação divina não é um oráculo de julgamento, e sim a declaração de uma dádiva. O Rei recém-nascido nasceu para nós. Quando o coral celestial terminou, os pastores discutiram o assunto entre si. A Palavra nos conta que saíram apressados em busca do lugar do nascimento do Cristo. Ficamos curiosos sobre o que fizeram quanto ao rebanho, se com a pressa e emoção deixaram os animais sem ninguém. Seria inconcebível qualquer pastor responsável fazer isso. Será que deixaram um ou mais de seus companheiros para trás? E se deixaram, como se sentiram aqueles que ficaram, perdendo a maior das aventuras? A Bíblia não fornece respostas a essas perguntas e só podemos imaginar como teria sido.

Logo depois do grande encontro, os pastores voltaram aos seus rebanhos. Foi uma caminhada marcada por adoração e louvor incontido. Esses homens nunca seriam mais os mesmos. Tinham visto com seus olhos e ouvido com seus ouvidos a manifestação da glória de Deus.


2. GLÓRIA NO TEMPLO – Neste capítulo, sobre a Glória no Templo, o autor fala além da circuncisão de Cristo, fala também sobre a presença do Profeta Simeão e da Profetisa Ana. Oito dias depois do nascimento impressionante de Jesus, os pais dele mandaram circuncidá-lo de acordo com os regulamentos estabelecidos na lei judaica.

Quando Jesus é apresentado por seus pais para a circuncisão, vemos sua submissão à Lei da Aliança. Jesus assim se torna herdeiro da aliança de Israel. As sanções da aliança serem colocadas sobre o Filho de Deus indica ao mesmo tempo sua humilhação e sua glória. Nesse momento, ele passa a assumir seu papel de novo Adão, o autor de uma humanidade glorificada. É ele quem está destinado a cumprir a Lei em todos os seus detalhes e ganhar as bênçãos da aliança para seu povo. Justamente onde nós falhamos e nos tornamos infratores da aliança, merecendo a maldição que ela impõe, Jesus, o nosso campeão, é bem sucedido em seu papel de Novo Adão, o supremo guardador da aliança.

Não somos apenas remidos pela morte de Cristo; somos também remidos pela vida de Cristo. Sua morte na cruz revela o nadir, o ponto mais baixo de sua humilhação quando ele toma sobre si a maldição em nosso lugar. Mas essa é apenas parte de sua realização redentora. Não basta termos nossos pecados expiados. Para receber as bênçãos da aliança, precisamos possuir uma retidão real. Necessitamos daquilo que não podemos suprir por nós mesmos. Esse mérito da justiça é ganho para nós pela vida de perfeita obediência de Jesus. Vemos assim que, passando pela circuncisão, Jesus não é apenas parte de um ritual sem sentido; ele está se lançando na estrada da redenção como Novo Adão.


3. GLÓRIA NA SUA INFÂNCIA – Neste capítulo, o autor enfatiza a Glória de Cristo quando surpreendia os teólogos do templo com a sua sabedoria. Ainda neste capítulo o autor trabalha as duas naturezas de Cristo.

Naturalmente, quando Jesus estava no templo, os mestres não sabiam que estavam recebendo Deus encarnado. Mas reconheceram que estavam dialogando com um jovem extraordinariamente dotado. Lucas nos diz que "muito se admirava da sua inteligência e das suas respostas" (Lucas 2.47 NVI). Por que extasiados, maravilhados? Qual era a causa? A convicção da Igreja é que em Jesus nós encontramos aquele que é o Deus homem. Isto é, confessamos que Jesus era vere homo (verdadeiramente homem) e vere deus (verdadeiramente Deus). [p.42]

Ora, é possível que o que surpreendeu os mestres no templo tenha sido mesmo uma mostra de conhecimentos sobrenaturais que o menino Jesus recebeu de sua natureza divina. Mas não é necessário apelar ao divino que havia em Jesus para explicar sua habilidade de extasiar os doutos professores. Isso ele pode ter feito somente pela força de sua perfeita humanidade. [p.44]

Concluímos, então, que essa narrativa sobre Jesus impressionando os mestres no templo revela a glória de sua identidade, de sua missão e, mais claramente, de sua perfeita natureza humana. [p.47]


4. GLÓRIA À MARGEM DO RIO – Para mostrar a Glória de Cristo, primeiramente, o autor trabalha todo o ministério profético de João, o Batista.

Esta é a chave para se entender o batismo de Jesus. Ele se submeteu a um batismo para cumprir toda a justiça, isto é, para fazer tudo que Deus exige. Através do comando profético de João Batista, Deus havia acrescentado uma nova exigência para seu povo da aliança, ou seja, que fossem lavados em preparação para a vinda do reino. Qualquer coisa que fosse exigida de Israel seria exigida do Servo de Israel, que o faria pela nação. Jesus, como Cordeiro de Deus, suporta toda a carga de seu povo, incluindo a exigência do batismo. Para Jesus se tornar nossa justiça, ele tinha de cumprir todos os mandados de Deus.

Aqui no Jordão vemos sua humilhação na disposição de se submeter ao batismo. Contudo, o ato não fica sem um momento subsequente de glória: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.16,17).

Os leitores atuais passam por cima deste relato como se fosse apenas uma nota de acréscimo ao batismo de Jesus. Contudo, o que ocorreu ali foi de importância esmagadora. Com o batismo de Jesus, houve uma abertura do próprio céu. Um sinal visível da glória dele foi dado na forma de uma pomba que descia. Acrescenta-se a isso a voz audível de Deus. Imagine só a reação dos espectadores. Só três vezes o Novo Testamento registra que Deus falou audivelmente. O batismo de Jesus marca um ponto decisivo em sua vida. Agora ele deixa a oficina de carpintaria para assumir as responsabilidades de seu ministério terreno. [p.58]


5. GLÓRIA NO DESERTO (PARTE 1) – Com o propósito de mostrar a Glória de Cristo no deserto, nesta primeira parte, ele mostra o contraste entre Adão e Jesus.

A tentação de Cristo não foi uma charada vazia. Toda a força do inferno estava mobilizada contra a natureza humana de Jesus. Em sua natureza humana, ele sofreu sob o peso da fome, da solidão e todos os outros perigos do deserto. Para termos um retrato da severidade da prova dada a Jesus, observar alguns contrastes entre a experiência dele e a de Adão pode nos ajudar.

O lugar da provação de Adão foi o Éden, um paraíso, um jardim verdejante, com belo ambiente e comida abundante. Adão foi testado com o estomago cheio; Jesus foi testado em meio a um longo jejum.

Adão tinha a Eva. Adão e Eva foram sujeitos ao assalto do mal contra eles enquanto tinham um ao outro em quem encontrar apoio. Jesus enfrentou sozinho o tentador.

Outro contraste entre o primeiro Adão e o Segundo Adão foi a ausência e a presença do costume de pecar. Quando Adão e Eva foram testados, não havia o clima cultural de pecado. Não existia pecado nenhum. Era um ambiente cultural de pureza original. Quando Jesus entrou em sua tentação, ele o fez em um mundo acostumado ao pecado.

A missão quê Jesus recebeu foi de alcançar a obediência perfeita. Nada menos seria suficiente, se era para ele se qualificar como o Cordeiro sem defeito. Quando a carta aos Hebreus declara que "não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas" está nos fazendo lembrar que nosso Salvador foi submetido a uma tentação muito real. Jesus sentiu a força do assalto de Satanás nas profundezas de sua humanidade. [p.67-69]


6. GLÓRIA NO DESERTO (PARTE 2) - Neste capítulo, o autor trabalha o assalto de que Satanás se utilizou para atrair Jesus. Desenvolve uma teologia sobre Satanás e tentação.

Satanás apela à Escritura e sugere que Jesus prove que as Escrituras são verdadeiras, colocando-as sob teste. E quando Jesus repreende Satanás por colocar Escritura contra Escritura. Satanás sugeriu um método de verificar a veracidade da Bíblia usando meios não permitidos na Palavra de Deus. Satanás retoma de novo à questão de Jesus ser Filho de Deus: “Se tu és o Filho de Deus...” Jesus se recusou a comprometer a Escritura. Ele viveu seu próprio ensino de que a Escritura não pode ser transgredida.

Jesus também nos dá uma lição de hermenêutica. Ele não quis nada com uma interpretação bíblica que considerasse um único trecho à parte do todo. Ele não interpretaria um trecho da Escritura de maneira a colocá-la em conflito com outro trecho.

Com a vitória de Jesus na terceira tentação, Satanás deixou-o sozinho, pelo menos por um tempo. Mateus nos oferece o acréscimo de uma informação maravilhosa; “Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram” (Mt 4.11). Satanás acabara de tentar a Jesus para provar que anjos viriam cuidar dele numa crise. Nenhum anjo esteve visível durante a tentação. Contudo, uma vez vencida a tentação, os anjos se manifestaram e assistiram às suas necessidades. Seu momento de triunfo sobre o assalto de Satanás foi unido a um momentâneo sabor de glória, indicado pela presença dos anjos ministradores. O Filho de Deus foi alimentado e confortado. Ele estava agora pronto para embarcar no seu ministério terreno. [p.80]


7. GLÓRIA NO CASAMENTO - Neste capítulo, o autor trabalha o papel que os milagres desempenham e qual o seu propósito. Ele afirma, que: O principal objetivo dos milagres na Bíblia é indicar o selo de aprovação de Deus sobre seus mensageiros. O milagre certifica uma pessoa como sendo agente genuíno da revelação. [p.83]

Em seu Evangelho, João usa a palavra "sinais" para indicar os milagres de Jesus. A palavra em si chama atenção para o objetivo dos milagres. Os milagres são chamados de sinais porque significam algo. Eles apontam para além das obras em si em direção a alguma outra coisa, alguma coisa bem maior. Os sinais de Jesus apontam para a verdadeira identidade de Jesus. O primeiro sinal foi no casamento em Caná. (Jo 2.1-11) [p.85]

João resumiu o evento com uma observação importante: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2.11). João declara que nesse primeiro sinal algo foi revelado ou manifestado sobre Jesus. A palavra usada aqui significa "tornar claro, tomar visível”. Aquilo que estava oculto agora fica à mostra abertamente. O que foi revelado foi a glória de Jesus. Novamente observamos por que João usou a palavra "sinal" para descrever os milagres de Jesus. Essas obras não eram só miraculosas; eram reveladoras. Elas apontavam além de si mesmas para a glória daquele que as realizava. [p.87-88]


8. GLÓRIA NA CONFISSÃO – Nesse capítulo, como todos os demais, o autor sempre faz uma exposição de tema importante da fé cristã. Aqui ele vai falar sobre o significado de termos, tais como Filho do Homem, Messias e Ungido.

A experiência que Jesus teve em Cesareia de Filipe foi um momento decisivo para o ministério e também foi um evento pivô para seus discípulos. A confusão reinava quanto a sua verdadeira identidade. Em Cesareia de Filipe ele fez uma pergunta de peso aos discípulos: "Quem diz o povo ser o Filho do homem?" (Mt 16.13). A forma com que Jesus coloca essa pergunta é não usual. Ao indagar quais os pontos de vista populares sobre sua identidade, Jesus usa sua autodenominação preferida. Ele não pergunta meramente: Quem dizeis que eu sou?" — Ele acrescenta à pergunta as palavras "o Filho do Homem". Ao identificar-se como o Filho do Homem, Jesus estava afirmando que ele era um ser celestial. Quem mais tarde subiria ao céu foi quem primeiro desceu do céu. O Filho do Homem é uma figura de glória (Dn 7.13-14). Ele chega ao Ancião de dias com as nuvens celestiais de glória. A ele é dada a glória junto com um domínio eterno e um reino inconquistável. O Filho do Homem é o pro metido Rei da Glória do Antigo Testamento. [p.94-95]


9. GLÓRIA NA MONTANHA - É provável que, de toda sua vida, o mais deslumbrante irromper da glória de Cristo tenha ocorrido no Monte da Transfiguração (Mateus 17.1-3). A não ocultação da glória foi testemunhada apenas por três dos discípulos. Pedro, Tiago e João. O texto diz que Jesus foi "transfigurado". O autor divide esse fenômeno em três etapas principais.

a) A Transfiguração: Os escritores do Evangelho dão uma narração viva daquilo que foi visto pelos discípulos. "Seu rosto resplandecia como o sol." Tanto Lucas como Mateus registram que o rosto de Jesus começou a brilhar. Mateus compara o fulgor do brilho com a intensidade do sol. Aqui o Logos divino encarnado manifesta sua própria glória. O que João disse que "vimos" não foi glória refletida, como no caso de Moisés, mas a glória própria do Verbo. João fala da glória do "Unigênito do Pai" - esse "Unigênito" coloca Cristo numa classe à parte. [p. 103-105]

b) O aparecimento de Moisés e Elias conversando com Jesus: Na transfiguração, Moisés e Elias apareceram conversando com Jesus. Os dois são significativos não só por causa do caráter misterioso de suas respeitáveis partidas deste mundo, mas pelo papel que cada um desempenhou no Antigo Testamento. Moisés foi o mediador da Antiga Aliança como Jesus é o Mediador da Nova Aliança. Elias, foi um dos mais importantes de uma longa sucessão de profetas do Antigo Testamento. Moisés e Elias juntos representam a Lei e os Profetas. No Monte da Transfiguração, a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) testemunharam a própria encarnação e personificação do evangelho. [p.108-109]

c) A voz do céu: Os discípulos, então, foram de repente envolvidos pela nuvem da glória de Deus. É bem provável que enquanto estiveram encobertos pela nuvem nada puderam ver senão a refulgência que os envolvia. Nessa situação aterrorizante, a experiência sensorial ultrapassa a visual, passando à auditiva. Eles ouvem agora a voz de Deus o Pai. Assim como Deus falou do céu no batismo de Jesus, assim fala agora novamente, declarando que Jesus é seu Filho amado. Com a declaração vem uma ordem, um imperativo divino: "A ele ouvi". Chegou ao fim esse momento soberano do irromper da glória divina. Terminou a transfiguração pela qual tinha sido ultra passada a divisória entre o finito e o infinito, o temporal e o eterno, o natural e o sobrenatural. Mas a lembrança ficou. Jesus mais uma vez teve de instruir os discípulos a guardarem o assunto em segredo até quando pudesse ser contado: "A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos" (Mt 17.9). [p.111-112]


10. GLÓRIA NA ENTRADA TRIUNFAL – Neste capítulo, o autor trabalha o aspecto profético de Jesus entrar em Jerusalém montado em jumento e o uso da aclamação “Hosana”.

Lucas nos diz que enquanto Jesus entrava na cidade ao som das boas-vindas do povo, seu próprio espírito não era de festa. Quando viu a Cidade Santa, chorou sobre ela e pronunciou um oráculo profético de condenação (Lc 19.41-44). No momento exato em que as multidões o aclamavam como aquele que vem de Deus, Jesus estava consciente de que eles não entenderam na realidade quem ele era, nem o que sua missão compreendia. Ele sabia que sua tarefa redentora ainda continuava oculta aos olhos deles. Eles celebravam a paz, mas nada entendiam do sentido de paz. Para que se estabelecesse a paz suprema, era preciso que Jesus morresse como expiação pelos pecados de seu povo. O Rei de Israel chegara em Jerusalém. O Filho de Davi tornara assunto público sua posição messiânica. As boas-vindas iniciais das multidões foram entusiásticas. Entretanto, o choro de Jesus foi um presságio daquilo que logo aconteceria. Depressa se aproximava a Páscoa e o Cordeiro Pascal estava sendo preparado para ser morto. [p.124-125]


11. GLÓRIA NO CENÁCULO – Neste capítulo o autor trata das duas Alianças (antiga e a nova aliança) e mostra como Jesus, no cenáculo fez a transição de uma para outra. Trabalha o ensino de Jesus sobre o Espírito Santo e a glorificação de Cristo na oração sacerdotal.

O autor afirma que João registra a longa "oração sacerdotal" de Jesus. Na essência dessa oração está o tema da glorificação. A "hora" de Jesus finalmente havia chegado e tomou-se o ponto focai de sua prece (Jo 17.1-5; 20-24). A oração de Jesus trata da glória recíproca. Ele pede diretamente ao Pai que glorifique o Filho. O objetivo do pedido, entretanto, não é buscar seus próprios interesses. O objetivo está claro: que o Filho possa também glorificar o Pai. Jesus, portanto, não está pedindo que algo novo lhe seja acrescentado. Ele pede que lhe seja restaurado aquilo que possuía desde a eternidade. Essa glória eterna tinha ficado encoberta, voluntariamente oculta do público, durante sua encarnação. Sua obra messiânica está prestes a ser completada. Ele olha além da sombra da cruz que se avoluma à sua frente e vê o retomo ao reino da glória do qual viera. Jesus não ora só pela restauração de sua própria glória; ele ora pedindo que aqueles que são dele possam compartilhar na presença de sua glória. Jesus não orou só pelos discípulos que andaram com ele na terra, mas também orou por nós e por todos aqueles que o recebem sinceramente através do testemunho dos apóstolos. [135-136]


12. GLÓRIA NA CRUZ - A morte de Cristo foi tanto uma propiciação como uma expiação pelo pecado. Propiciação significa desviar a ira através de oferta. A ira de Deus foi satisfeita. Sua justiça é cumprida através do sacrifício. Expiação refere-se a cobrir pecados. Pela expiação, nossos pecados são removidos. A expiação satisfaz tanto às demandas do Pai como às necessidades do povo de Cristo. O fato de se realizar tal transação dupla através de uma só Pessoa, em um só evento, é uma questão de glória eterna. [p.142-143]

Na cruz, Jesus não só recebe a maldição de Deus, como torna-se a maldição. Ele é a personificação da maldição. Todos os cursos de maldição convergem sobre Jesus, em seu julgamento e sua morte. Seu julgamento e sentença vieram dos romanos depois que os judeus o tinham mandado "para fora do arraial". Ele morreu pela crucificação, o método romano de execução. Se ele tivesse sido executado sob a lei judaica, ele teria sido apedrejado. Como Paulo observa, citando Deuteronômio, corpos pendurados em árvores eram tidos como contaminados e amaldiçoados. A forma da morte de Jesus, portanto, era amaldiçoada pela Lei dos judeus. [p.150-151]

Onde está a glória em tudo isso? Para Jesus, naquele momento, não havia nenhuma. Mas para nós foi o momento máximo de toda a história do mundo. Em um só momento, o momento no tempo que conteve a mais plena expressão da ira e do juízo divino foi também o momento da expressão máxima de sua gloriosa graça. A justiça do evento é visível no fato de o pecado não ter sido tratado com tolerância, mas com castigo completo e real. A graça é visível no fato de que o castigo foi suportado por um substituto que Deus mesmo providenciou. [p.152]


13. GLÓRIA NA RESSURREIÇÃO - Na cruz Jesus alcançou o ponto mais baixo, o nadir de sua humilhação. A questão que se costuma colocar é: Qual o ponto exato entre a humilhação e a exaltação? A resposta mais frequente que ouvimos para esta questão é: a ressurreição.

As circunstâncias do sepultamento de Jesus apontam para uma transição da humilhação à exaltação. Normalmente, os corpos dos criminosos executados ou ficavam na cruz para ser devorados por abutres ou eram jogados displicentemente no Geena, o depósito de lixo fora de Jerusalém. O Geena servia, para os judeus, como símbolo apropriado do inferno, porque era um lugar de fogo perpétuo. O lixo que ia sendo acrescentado com regularidade ao depósito estava continuamente sendo queimado para que a quantidade diminuísse. Então, o depósito de lixo estava sempre, pelo menos, fumegando. Intercederam pelo corpo de Jesus, para que não sofresse a indignidade de ser jogado nesse monturo (Jo 19.38-42)

A quantidade de aromas que Nicodemos trouxe para ungir o corpo de Jesus foi exagerada. Ela era apropriada para o sepultamento de alguém da realeza. Essa iniciativa, analisada junto com a qualidade do sepulcro, chama a atenção para o cumprimento da profecia de Isaías (Is 53.8-9)

A força desse texto é o fato de que o Servo Sofredor de Israel morreria na companhia dos maus, mas por causa de sua inocência seu túmulo seria com os ricos. A riqueza do sepultamento de Jesus marca uma transição clara da humilhação à exaltação. Tanto Pedro, no dia de Pentecostes, como Paulo, em um sermão em Antioquia, fizeram referência à promessa do Antigo Testamento de que Deus não permitiria que seu Santo visse a corrupto (At 13.34-37) [p.157-159]


14. GLÓRIA NA PARTIDA - Neste capítulo a ênfase do autor é a Ascensão de Cristo. Na ascensão o autor enfatiza três pontos que muito me chamou a atenção: o legado de Jesus, sua função de rei, intercessor e advogado.

O autor escreve: As igrejas cristãs celebram o Natal, a Sexta-Feira Santa e o Domingo da Páscoa. Algumas igrejas também comemoram o Pentecostes. Mas poucas igrejas protestantes dão atenção à comemoração da ascensão de Jesus. Provavelmente, isso reflete uma compreensão inadequada da importância do evento. Em certo sentido a ascensão é o ponto culminante do ministério terreno de Jesus e merece ser colocado no mesmo plano da Sexta-feira Santa, Páscoa e Pentecostes. [p.173]

Continua: Assim como é impensável contemplar a crucificação sem uma ressurreição, também é impensável haver uma ressurreição sem uma ascensão. Se não houvesse existido uma ascensão, não teria existido uma exaltação digna de Cristo. Ele não teria recebido a glorificação prometida pelo Pai. Sem a ascensão, não existiriam o Pentecostes nem a Segunda Vinda. [p.174]

Conclui: Havia algo exclusivo, nunca experimentado antes por aqueles que subiram ao céu. A Ascensão de Jesus foi diferente da ida de Enoque e Elias, por exemplo. Jesus indicou isso em um de seus ensinos: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem” (Jo 3.13). Nessa conversa com Nicodemos, Jesus fez menção da qualidade singular de sua ascensão. Outros subiram ao céu, mas ninguém ascendeu no sentido especial em que ele iria. Só aquele que desceu do céu estava qualificado a ascender no sentido especial da palavra. A palavra ascender aqui significa mais do que simplesmente “subir”. Essa é uma; referência especifica para subir a um lugar específico, para fazer uma tarefa específica. Jesus ascendia ao lugar onde seria entronizado como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele seria colocado à direita do Pai na posição de autoridade cósmica. [p.178-180]


15. GLÓRIA NA VOLTA – O assunto deste capitulo a Segunda vinda de Cristo. Aqui, o autor trabalha todo o aspecto teológico que envolve o arrebatamento da Igreja.

Nenhum de nós foi testemunha ocular das manifestações da glória de Cristo que já estudamos tanto. Todas elas ocorreram há séculos, na distante Palestina. O público desses vislumbres de esplendor consistiu de grupos pequenos de pessoas. Mas demonstração mais magnificente de glória, ainda está por acontecer. Quando ocorrer, será vista por bilhões. Embora o primeiro advento viesse com um pequeno vislumbre da glória, o segundo aparecimento de Jesus será acompanhado de glória em proporções cósmicas. Os sinais visíveis que acompanharão a volta de Jesus são mencionados no Discurso do Monte das Oliveiras. (Mateus 24.27-31) [p.191]

Os fenômenos que aparecerão no céu, na volta de Cristo, são descritos com imagens que foram buscadas no Antigo Testamento. Para aqueles que persistem em não crer, o dia da volta de Cristo será ocasião de grande choro. Mas, para aqueles que o amam, será ocasião de glória. Outra vez, as nuvens de glória serão o veículo que o transportará. [p.192]

Os sons da vinda de Cristo vão incluir uma forte "palavra de ordem", a voz de um arcanjo e o chamado da trombeta de Deus sons característicos de uma proclamação importante. Será como se um alto falante celestial convocasse a terra para prestar atenção. Como o shofar, o chifre de carneiro, era tocado no Israel do Antigo Testamento para convocar a nação a uma assembleia solene e como trombetas eram usadas pelos guerreiros romanos para chamar as tropas à batalha, assim a terra ouvirá a proclamação do alto, para avisar a entrada de Cristo, o Rei. Há pessoas que acreditam que a volta de Cristo incluirá um arrebatamento secreto dos crentes (essa teoria compreende duas voltas distintas de Cristo). A Bíblia indica, entretanto, que seu aparecimento será o segredo mais mal guardado da história. Será um aparecimento público, preparado por maravilhas astronômicas e um glorioso aviso que parte do próprio reino da glória. [p.193]


16. GLÓRIA NA ESTRADA DE DAMASCO – Neste último capítulo, o assunto é sobre a forma com Cristo manifestou a sua glória na conversão de Saulo de Tarso.

O autor escreve: A transformação de Saulo em apóstolo Paulo foi obra de pura graça soberana. A glória que Jesus revelou a Saulo foi retida de Pilatos e Caifás. Saulo não podia apontar a nenhum mérito próprio como motivo dessa visitação da graça. Paulo, conforme seu próprio testemunho, foi o principal dos pecadores. Cristo não esperou que Saulo lhe inclinasse a alma ou se arrependesse antes de se manifestar a ele. Que outros discutam sobre a doutrina da graça irresistível. Paulo não a debateu. Ele foi remido por essa graça. Ele sabia que a graça que ele recebera naquele momento era completamente imerecida e que foi, para ele, irresistível. Como resultado desse encontro, Saulo ficou cego. Existe entre os homens a cegueira para a glória de Cristo. A cegueira de Paulo foi efeito da glória de Cristo. (Atos 9.6-9)

Depois disso, o Senhor apareceu a Ananias e deu-lhe instruções para a cura de Saulo (Atos 9.10-19). Nas instruções que deu a Ananias, Cristo declarou que Paulo era seu instrumento escolhido. Ele escolheu Paulo para ser a principal testemunha aos gentios. Quando Ananias impôs as mãos sobre Saulo, sua vista foi restaurada. Ele ficou cheio do Espirito Santo e capacitado para o ministério que lhe esperava. Depois de Paulo contar ao rei a experiência de sua conversão e de sua ordenação ao apostolado, ele declarou: "não fui desobediente à visão celestial". Essa é a declaração que todo cristão deseja fazer no final da sua vida. Essa é a resposta apropriada à manifestação da glória de Cristo. (At 26.16-19) [p.206-208]


Para concluir, o que temos neste livro é o relato de um encontro com a majestade do Senhor dos senhores. Sabemos que ele foi um bom mestre. Filho de carpinteiro, gentil com as mulheres, amável com as crianças, compassivo com enfermos, cegos e aleijados. Mas precisamos lembrar que ele é o verdadeiro Deus, Rei dos reis, Senhor dos Senhores, o glorioso Filho de Deus. A glória de Cristo inspira temor e adoração.

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