Esse livro estonteante é uma clara e direta crítica ao nazismo e à ocupação militar alemã, que humilhou e subjugou os franceses. Escrito ao longo da guerra, com a expectativa que de que a aflição passasse um dia, A peste é uma lembrança de que o pior sofrimento um dia se acaba. Noites são escuras. Mas não são eternas. A peste é também discurso contra qualquer forma de opressão humana, da qual o nazismo revelava-se como a mais opressiva de todas. A peste é ainda atitude de incredulidade para com o absurdo, contra o qual conduz revolta necessária e libertadora.
A Peste é uma obra literatura com panos de fundo existencialistas, uma vez que a narrativa explora sentimentos, emoções e reflexões humanas, centralizando-se especificamente na situação do indivíduo que confronta-se com inquietações interiores, com inseguranças e com incertezas. Este livro apresenta a vida sob uma perspectiva absurda que destaca-se a falta de sentido e a ausência de suportes concretos que forneçam respostas concisas e confortáveis.
Camus concluiu esse desesperado livro lembrando que o bacilo da peste não morre e não desaparece. Avisou-nos que o bacilo da peste fica “dezenas de anos a dormir nos móveis e nas roupas”. Ainda, advertiu que a peste “espera com paciência nos quartos, nos porões, nas malas, nos papeis, nos lenços”. E quando volta, “para nossa desgraça, manda os ratos morrerem numa cidade feliz”.
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CAMUS, Albert. A Peste. Lisboa, Portugal. Editora Livros do Brasil, 1957. 334p.
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