quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

CONFISSÕES [Resenha]


A obra foi escrita por Agostinho quando já era bispo de Hipona, por volta de 397 d.C. e é ambientada no ocaso do império romano, na África Setentrional e Itália. Por meio deste livro podemos ter alguns vislumbres do século IV no que tange à cristandade, astrologia, maniqueísmo, os platônicos (como eram conhecidos os adeptos do neo-platonismo), alegorese, geografia, influências literárias, etc. Mas acima de tudo aponta a devoção do monge Agostinho, que se descortina diante de Deus e de seus leitores ao longo de cada página. Trata-se de uma autobiografia paradigmática para muitos escritores, que também escreveram suas memórias em forma de confissões. De longe, esta é a obra mais conhecida de Agostinho. A linguagem é refinada, a escrita é boa, com um alto teor retórico e que pode apresentar alguns entraves ao neófito em literatura agostiniana. No entanto, apesar da grandeza da linguagem, a trama é tão bem escrita, que até mesmo iniciantes podem compreendê-la, caso haja vontade e esforço para continuar lendo até o final.

Confissões é escrita com o propósito de expor as fraquezas de Agostinho diante de Deus, em tom de oração, ao mesmo tempo que tem como objetivo levar os seus leitores a amar a Deus e a buscar deleitar-se exclusivamente nEle. Agostinho apresenta a tese de que a verdadeira felicidade e o verdadeiro descanso estão em Deus e é com base nesse pressuposto (de um escritor que já alcançou a felicidade) é que ele escreve esta autobiografia.

Agostinho termina a obra pedindo o descanso e a paz de Deus, que é tomado como tese no início das Confissões e apresenta o sétimo dia como símbolo do repouso final, onde Deus será nosso repouso e descanso, em eterna felicidade.

A obra é fantástica, sublime, bela, digna das maiores honrarias literárias em toda a história da literatura. É a saga da redenção vivida pelo indivíduo, exemplificada na vida de Agostinho, que reconhece o significado último da verdade e da felicidade somente em Deus e que a revelação desta realidade ocorre no mais íntimo do ser, em sua alma. E esta revelação individual é que salva o homem e o faz descansar em Deus, aguardando o dia do repouso eterno!

A obra original está dividida em 13 livros, contudo, nesta edição da Mundo Cristão, os livros de 11 a 13 não foram incluídos. Cada livro é dividido em capítulos e cada capítulo é dividido em parágrafos. Você se identificará nos relatos de todos os livros e verá quão profunda e desesperadoramente necessitamos de Deus! Só dEle, nossa Beleza tão antiga e tão nova!
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AGOSTINHO. Confissões. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2017. 240p.


CRÉDITOS
Texto original e completo publicado no blog
https://farescamurcafurtado.wordpress.com/2017/01/04/resenha-01-confissoes-agostinho/

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