sexta-feira, 31 de maio de 2019

PERSONAGENS AO REDOR DA MANJEDOURA [Resenha]


HOUSTON, Tom. Personagens ao redor da manjedoura: testemunhas da maior História já contada. Curitiba, PR: Editora Esperança, 2018. 192p.


O LIVRO E SEU AUTOR

As cenas do nascimento de Jesus nunca mais serão as mesmas, pois Tom Houston, neste livro, por meio de reflexões sobre os personagens bíblicos reais que cercaram este acontecimento, consegue nos impactar com o real cotidiano de tais personagens. Esse impacto é porque focamos com muito afinco ao nascimento de Jesus e não percebemos os aspectos do extraordinário drama humano que cerca este grande evento. Com uma mistura de compreensão expositiva, base histórica e sensibilidade psicológica, Tom dá vida aos personagens. E não apenas aos óbvios, como Maria, José, os pastores e os reis. Também somos apresentados ao Imperador Augusto, a Simeão, aos próprios narradores, Mateus e Lucas e, é claro, João Batista e seus pais. Como um contador de histórias, Tom Houston, consegue fazer com venhamos sentir o clima que envolve tais personagens. Sentimos suas emoções, identificamos-nos com suas reações e nos maravilhamos com a maneira pela qual os detalhes pessoais, assim como os grandes movimentos políticos, se combinam para demonstrar a soberania de Deus. Uma leitura que aquece o coração e oferece um ângulo novo e desafiador de uma história familiar.

Tom Houston é o autor desta excelente obra. Nasceu em 1928na Escócia e iniciou sua carreira como ministro, em 1951, na Igreja Batista Johnstone na Escócia, e depois serviu como capelão de Quarriers Homes (lar de crianças e colônia epiléptica) antes de ser chamado para pastorear a Igreja Batista de Nairobi no Quênia, de que mais tarde se tornou Pastor Emérito. De 1971 a 1983, ele atuou como Diretor Executivo da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, e se tornou o Presidente da World Vision International. Em 1989, foi nomeado Diretor Internacional e, posteriormente, Ministro Geral do Movimento de Lausanne (então chamado de Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial). Ele mora em Oxford, Inglaterra.

O livro possui, além da introdução e dois apêndices, 20 capítulos divididos em duas partes. Sendo que a primeira parte, constituída de 14 capítulos, falam explicitamente sobre os “Personagens ao redor da manjedoura”: Herodes, Zacarias, Isabel, Maria, José, Augusto, os pastores, Simeão, Ana, os magos, Mateus, Lucas e o “menino que nos nasceu”. A segunda parte deste livro, Tom Houston é sobre João, o Batista. O autor escreveu: Nossa tarefa, então, é explorar como João Batista tornou público o que, até ali, havia sido revelado somente em particular e muito tempo antes. Os anúncios dramáticos que cercaram o nascimento de Jesus eram de que ele era o Filho de Deus, o Messias e o Senhor, e que, de algum modo, seria um rei como Davi. Veremos isso acontecendo e tornando-se público na história de João batista. [p.133]

A nossa resenha será descritiva. Identificamos o personagem e transcrevemos o trecho do capítulo que mais nos chamou a atenção. Fazendo assim, julgamos incitar os leitores a ler toda a obra e tirar suas próprias conclusões.


ZACARIAS: UM VELHO HOMEM E SUAS ORAÇÕES. No período final do reinando de Herodes, o Grande, havia um casal que vivia próximo de Jerusalém. Zacarias era um sacerdote e sua esposa, Isabel, também era de família sacerdotal. Sendo sacerdotes, moravam em uma terra à parte, separadas para os sacerdotes. Eles também tinham sua renda complementada como a partilha dos dízimos e ofertas trazidos pelo povo ao templo em Jerusalém. Ele é primeiro personagem ao redor da manjedoura. [p.31]


ISABEL: A ESPOSA TEMENTE A DEUS. A história de Isabel era a história de Zacarias, ainda assim, é muito diferente da do seu marido. Ambos vieram de uma família sacerdotal. A maioria dos convidados de seu casamento eram seus parentes sacerdotes. Sua vida de casados começou como qualquer outra. Então começou a parecer que não teriam filhos tão rapidamente como os parentes da sua grande família. Como casal, passaram a se sentir diferentes. Quando toda a família se reunia para a Festa da Páscoa, todas as crianças participavam do Seder e então corriam à procura da recompensa especial que o avô havia escondido. Nenhuma das crianças era deles. Isso aumentava seu sentimento de vazio. [p.41]


MARIA: A SERVA OBEDIENTE DO SENHOR. Na verdade, toda mulher judia esperava ter o privilégio de ser a mãe do Messias. Nenhuma delas, no entanto, sonhava que seria fora das circunstâncias normais da vida familiar. Nenhuma delas certamente imaginou que envolveria a desgraça social de uma jovem mulher ficando grávida fora do casamento. Mesmo assim, Maria, uma vez que ficou convencida de que seria pelo poder de Deus que isso aconteceria, estava pronta para tudo o que isso implicava. Tal submissão total a Deus era incomparável. [p.50]


JOSÉ: O GUARDIÃO NOMEADO POR DEUS. José era um respeitado carpinteiro na cidade de Nazaré, ao final do reinado de Herodes, o Grande. Ele era de uma boa família. Ele Ele tinha uma reputação de ser moralmente rigoroso e sensível com os outros. Ele tinha sangue real em suas veias. Estranhamente, apesar de ser uma peça indispensável no drama divino, não se tem registro de ele ter falado nem uma palavra durante os incidentes nos quais tomou parte. A tarefa dada e guiada por Deus a José foi de cuidar do menino Jesus e de sua mãe, Maria. Ele forneceu segurança, tornando-se legalmente marido de Maria e pai de Jesus. Protegeu-a da vergonha que, de outra maneira, a teria perseguido por causa das circunstâncias do nascimento de Jesus. Sua genealogia tornou-se necessário que o casal estivesse em Belém para o recenseamento. Ele ajudou a fazer com que a profecia de Miquéias sobre o nascimento do Messias em Belém se cumprisse. [p.57,63]


AUGUSTO: A HORA CERTA. Foi publicado um decreto. César Augusto criou um tipo de Estado inteiramente novo. A história daquele período soa surpreendentemente contemporânea. Ele restaurou o estado de direito e o governo constitucional. A força foi devolvida à lei, autoridade aos tribunais, prestígio ao Senado e o poder dos magistrados foi renovado. Ele estabeleceu uma força policial. A justiça poderia ser obtida. O mecanismo de trazer denúncias a Roma foi muito melhorado, como Paulo pôde descobrir quando um simples apelo a César o levou de Jerusalém a Roma para ser julgado (At 25.11). Por isso, Lucas registrou que o nascimento de Jesus aconteceu naqueles dias em que foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se (Lc 2.1). É como se o historiador Lucas estivesse dizendo: “Há um caminho alternativo para as pessoas preencherem suas aspirações. Há um líder alternativo para César Augusto. Não importa o quão bom tenha sido ou será, ele só pode ser por um tempo, e seus sucessores serão ineficientes e decepcionarão no final”. Lucas estava afirmando que Deus governa nos assuntos dos homens, datando o nascimento de Jesus e o começo do seu ministério em referência a Augusto e Tibério César: Jesus, o Filho de Deus, é o Senhor da História. [p.66,72]


OS PASTORES: OS MONTES ESTAVAM VIVOS. Os próximos instrumentos para a revelação desse novo evento, o nascimento do Messias, foram alguns pastores naquela parte do país que estavam passando a noite nos campos, cuidando de seu rebanho (Lc 2.8). Sua importância é que eles trouxeram a José e Maria a confirmação de que o filho dela era o Salvador, o Messias e o Filho de Deus. Desde as aparições de anjos para Zacarias, Maria e José, não houve palavra alguma do céu por alguns meses, que tenhamos notícia. Muitas coisas tinham sido difíceis para José e Maria: a hostilidade da sua comunidade, a longa e árdua viagem para o sul, a fim de se registrarem em Belém, seu fracasso em encontrar acomodações decentes e, finalmente, dar à luz um menino em um estábulo, em um lugar que estava cheio de gente, mas nenhum conhecido. Lucas provavelmente ouviu de Maria história dos pastores e a escreveu para nós. Há algumas lições nela. Deus fala de maneira simples para pessoas simples, e elas conseguem entender o que Ele diz, verificar por si mesmas e ter toda sua perspectiva transformada. Quando Deus fala, há um lado coletivo nisso. Tem importância não só para o individuo que recebe, mas para os outros com os quais ele tem contato. Deus não fala assim todos os dias. Há momentos especiais, mas a maioria das vezes ocorre em momentos rotineiros e comuns. Quando Deus fala conosco, devemos estar prontos para compartilhar com os outros. [p.75,80]


SIMEÃO: PRONTO PARA MORRER. O velho Simeão, guiado pelo Espírito, ele entrou no templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para dedicá-lo a Deus, pegou a criança em seus braços e deu graças a Deus porque ele cumpriu sua promessa. Orou para morrer tranquilamente. Ele estava feliz porque, com seus próprios olhos, viu no bebê que tinha nos braços, a salvação de Deus. Depois, sua oração tomou um novo rumo. Ele disse que a salvação da qual estava falando havia sido preparada na presença de todos os povos. O que começou como uma autêntica cerimônia judaica estava ultrapassando fronteiras e envolvendo todas as nações. Simeão estava mergulhando fundo em suas lembranças dos Salmos e do profeta Isaías e descobrindo o que dificilmente algum dos seus contemporâneos havia notado. Essa salvação não era só para os judeus. Era para ser, como profetizara Isaías, uma luz para revelar a vontade de Deus aos gentios, os não judeus geralmente desprezados e olhados de cima pelos judeus (Is 42.6). É claro que também traria glória ao povo de Israel, mas parte dessa glória seria o alcance universal dessa salvação. Esta era uma nota que ainda não havia sido atingida nas canções da idosa Isabel e da jovem Maria, ou nas profecias de Zacarias, quando seus ouvidos foram abertos e seus lábios não estavam mais cerrados. O menino Jesus, que Simeão segurava em seus braços, seria o Salvador do mundo, não apenas dos judeus! Não admira que José e Maria tenham ficado maravilhados pelas coisas que ouviram sobre seu filho (Lc 2.25-33). [p.83]


ANA: A QUE NUNCA DESISTIU. Ainda estamos no templo de Herodes, em Jerusalém. Depois da bênção de Simeão e dos avisos para o menino Jesus, uma senhora muito idosa entrou no recinto sagrado. Seu nome era Ana. Sua linhagem era bem conhecida. Ela era filha do profeta Fanuel, da tribo de Aser, que muitos tomaram para si: ... e que a sua paz dure como os seus dias (Dt 33.25). Ana era uma demonstração viva de que a vitalidade espiritual pode ser mantida até o final, por mais velha que uma pessoa seja. Não temos registro das profecias de Ana, mas está claro que ela tinha uma reputação por causa do seu dom. Quando ela falava, as pessoas prestavam atenção. Ao mesmo tempo em que Simeão abençoava o menino Jesus, sua mãe e seu pai, Ana chegou e imediatamente percebeu o que estava acontecendo. Ela também tinha passado sua vida esperando pacientemente pelo Messias, que viria para livrar Israel e sua cidade santa Jerusalém. Seu instinto profético levou-a à mesma conclusão que Simeão. Esta criança era o Messias. Ana também agradeceu a Deus e falou sobre o menino a todos os seus amigos, que estavam esperando que Deus libertasse Jerusalém. Não sabemos o que ela disse, mas falou sobre a criança para todos. Para José e Maria essa era mais uma confirmação das coisas que tinham sido progressivamente reveladas a eles no ultimo ano. [p.90,92-93]


MAGOS: OS HOMENS QUE ESTUDAVAM AS ESTRELAS E SUAS DESCOBERTAS. “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém” (Mt 2.1). Eles eram “magos”. Há tanta especulação sobre esses senhores e suas estrelas quanto sobre qualquer outra parte da historia da Natividade. Não há base para supor que os magos eram três (como aparentemente foi primeiro sugerido por Leão, o grande, em 450 a.C.), e nem que teriam sido reis. A primeira tradição parece ter surgido por causa do número dos seus presentes; a segunda, de entender que eles eram o cumprimento da profecia: As nações se encaminham para a sua luz, ó Jerusalém, e os reis são atraídos para o resplendor do seu amanhecer (Is 60.3) [...] Eles entraram na casa e, quando viram a criança com sua mãe, Maria, ajoelharam-se e a adoravam. Esse comportamento era usado somente para um deus ou uma pessoa divina como um rei, que era considerado um deus, como e a comum na Ásia. Não sabemos o que contribuiu para sua conclusão de aquele bebezinho, em um lar comum, devesse receber tal honra a ponto de se prostrarem em adoração. Eles eram gentios e sabiam pelos judeus da Diáspora, em sua própria terra, que os judeus eram monoteístas. Eles adoravam aquele que, eles diziam, era o únio deus, e não podiam ser representado por nenhum tipo de ídolo. [...] Eles nos fazem questionar como deveria ser a nossa reação a essa pessoa, Jesus, que veio com tantas evidências de sua origem e seu propósito. Eles sentiram que era exigida a resposta da adoração e curvaram-se diante dele. Nós precisamos fazer o mesmo. [p.95,96,99,101]


HERODES: O MASSACRE DOS INOCENTES. Por meio da historia dos magos, somos apresentados à atmosfera emocional em Jerusalém ao final do reinado de Herodes, o Grande. Quando os homens do Oriente chegaram e fizeram sua pergunta, o rei Herodes ficou alarmado, e, com ele, toda a Jerusalém (Mt 2.3), mas não pelo mesmo motivo. Herodes estava alarmado porque temia outro candidato à sucessão de seu trono. O povo estava alarmado por medo que o imprevisível Herodes pudesse desencadear uma nova onda de massacres para combater qualquer desenvolvimento desse tipo. Herodes era um homem transformado nos últimos dez anos de seu reinado. Vemos sinais de sua crueldade quando ele chegou ao poder e, imediatamente, executou 45 dos 72 membros do Sinédrio ou Conselho Judeu. [...] A raiz da violência é a raiva. Herodes estava em um caminho perigoso. Isso levou ao que agora chamamos de Massacre dos Inocentes: ...mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforma as informações que havia recebido dos magos... (2.16) [...] A trama da história para o povo de Deus é, muitas vezes, como a de Herodes, mas qual é a última palavra? É “Herodes morreu” e o que aconteceu depois disso (Mt 2.19). O Messias viveu, e, apesar de ainda ter que tomar cuidado com os sucessores de Herodes e finalmente ser crucificado por eles, sua vida estava segura nas mãos de Deus. Ele ressuscitou e viverá para sempre. [p.103,106,108]


MATEUS: O RELATO DO COBRADOR DE IMPOSTOS. Mateus morava em Cafarnaum, a mesma cidade na qual Jesus fez sua base. Jesus pode até ter pago seus impostos para ele. Um dia, repentinamente, convidou Mateus para segui-lo como um dos seus discípulos. Aquilo foi uma surpresa para todos, inclusive para Mateus, mas ele não hesitou. Ele largou seu emprego como cobrador de impostos imediatamente, mas, antes de sair, deu uma grande festa na sua casa para Jesus e seus discípulos. Mateus tornou-se o número sete ou oito na lista dos doze apóstolos. Mateus era judeu, mas não tinha sido um bom Judeu. Ele havia dado as costas ao seu povo trabalhando para os romanos. Ele desrespeitou a Lei de Deus pela companhia que mantinha e pelo estilo de vida que adotou. Provavelmente ele se resentia das atitudes hipócritas dos líderes judeus e do povo, que se recusavam a ter alguma coisa a ver com ele. Quando tornou-se um discípulo de Jesus, viu como os judeus entendiam mal e maltratavam Jesus, ele queria conquistá-los. Ele compensou o tempo perdido e realmente trabalhou duro para entender como o povo judeu pensava. Foi para eles que escreveu seu evangelho. [p.114-115]


LUCAS: O PESQUISADOR. Ao que parece, Lucas mudou sua carreira da medicina para a documentação, como sua tarefa principal. Ele escreveu o Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, a maior parte do Novo Testamento. Nessa profissão adotada de historiador, ele continuava sendo uma pessoa muito reservada. Se dependesse dele, nós talvez nem soubéssemos seu nome. Foi deixado para outros colocarem seu nome no seu Evangelho. A única nota sobre si mesmo em Atos é a sutil mudança da terceira para a primeira pessoa do plural em algumas ocasiões. Lucas apresenta a si mesmo como o pesquisador que queria dar aos seus leitores um relato completo, ordenado e objetivo das coisas que aconteceram na vinda de Jesus ao mundo (Lc 1.1-4). A questão surge é como e onde Lucas encontrou todo esse material exclusivo. Paulo sugere que Lucas não era judeu (Cl 4.10-14). Ele escreveu a maior parte em bom grego, mas quando incluiu material de fontes judaicas, seu estilo reflete essa origem. Ele não nos conta como chegou à fé em Cristo. Sua forte conexão com Paulo e a semelhança de seu estilo podem indicar que Paulo o conduziu a Cristo. [...] O senso histórico de Lucas também pode ser visto no uso frequente das palavras “Boas Novas”, são usadas por João e bem pouco por Mateus e Marcos. A palavra grega é “Evangelion”, e Lucas a introduz na mensagem dos anjos aos pastores: - Não tenham medo! Estou aqui para lhes trazer boa nova de grande alegria (Lc 2.10). Lucas e Paulo usam essas palavras quase exclusivamente. Lucas coloca o nascimento de Jesus pelo menos no mesmo patamar dos imperadores de Roma. Proclamações feitas nos nascimentos destes, ou em outras ocasiões importantes, dizendo que o evento celebrado era de “boas novas” para os povos do mundo. Para Lucas, a verdadeira “Boa Nova” era a vinda de Jesus. [p.118-121]


JOÃO, O BATISTA: UMA INTRODUÇÃO. Antes de nos lançarmos nos eventos e personagens, precisamos ter alguma ideia do que aconteceu e do que não aconteceu nos trinta anos entre o nascimento de Jesus e o começo do seu trabalho público. Sabemos que havia um risco de segurança para o menino Jesus, o que fez sua família permanecer em Nazaré da Galileia, no Norte, em vez de ir para Jerusalém ou Judeia, no sul. Havia também um estigma social surgindo por causa da natureza do nascimento de Jesus de uma virgem, o que deu à família razões para manter-se reservada e distante de qualquer exposição pública desnecessária em Nazaré (Mt 2.22s).

Sobre Jesus, temos apenas um vislumbre dele e de sua família quando chegou à idade de ser levado ao templo, em Jerusalém (Lc 2.41-52). Percebe mos que a ideia de que Jesus via Deus como seu Pai parece ter sido uma surpresa para José e Maria. Isso parece mostrar que não foi falada muita coisa a ele nem a ninguém mais sobre as revelações que vieram no seu nascimento. Seus primos, Tiago e João, somente foram apresentados à ideia de que ele era o Messias por João Batista (Jo 1.35-42).

Temos ainda menos informações sobre o que aconteceu com João Batista nesses anos silenciosos. [Ele] viveu nos desertos até o dia em que havia de manifestar-se a Israel (Lc 1.80). Apesar da relação familiar e do contato antes do nascimento entre Isabel, sua mãe, e Maria, mãe de Jesus, João Batista não sabia que Jesus era o Messias até o dia em que o batizou (Jo 1.31).

João Batista parece ter tido seu próprio chamado, que o levou a pregar e batizar (Jo 1.6,33). Podemos provavelmente supor que seus pais, Zacarias e Isabel, morreram quando ele ainda era jovem, pois eles "já tinham idade avançada" quando João nasceu (Lc 1.7). Não é incomum para um menino que tem pais idosos crescer isolado. Também não é incomum alguém que prefere o deserto à cidade ou à fazenda, ser bastante recluso. Talvez isso estivesse ligado a uma determinação de não ser um sacerdote como seu pai.

Os únicos vestígios do seu início são o estilo de vida e as roupas, que estão relacionados à profecia de que ele seria um Nazireu. Um Nazireu não bebia vinho ou bebida forte e era uma pessoa semelhante a Elias, que prepararia o caminho para o Messias, de acordo com o profeta Malaquias (cf. Ml 3.1; 4.5s com Lc 1.17,76-79). A maneira como se apresentava era nova e pessoal à sua própria ideia a respeito do seu chamado.

Isso parece sugerir que havia apenas traços de memória de seus pais e de qualquer coisa que eles pudessem ter lhe contado. Se eles morreram enquanto João era ainda muito jovem, bem poderiam ter arranjado para que ele fosse criado por uma família ou comunidade que vivia "no deserto".

Nossa tarefa, então, é explorar como João Batista tornou público o que, até ali, havia sido revelado somente em particular e muito tempos antes. Os anúncios dramáticos que cercaram o nascimento de Jesus eram de que ele era o Filho de Deus, o Messias e o SENHOR, e que, de algum modo, seria um rei como Davi. Veremos isso acontecendo e tornando-se público na história de João Batista. [p.132-133]


CONCLUSÃO. Tom Houston explora os personagens com quem está lidando, disparando a imaginação e prendendo a atenção do leitor para que ele queira aprender, crescer e copiar o exemplo que lhe está sendo dado. É difícil ler estas palavras sem sermos transformados, pois tudo o que o autor tem feito é dar vida às Escritoras a fim de que o Espírito Santo possa nos ensinar seu verdadeiro significado.

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