sexta-feira, 3 de maio de 2019

BEREN E LÚTHIEN [Resenha]


TOLKIEN. J. R. R. Beren e Lúthien. Editado por Christopher Tolkien. Rio de Janeiro, RO: Harper Collins, 2018. 288p.


O LIVRO

O livro foi organizado por Christopher Tolkien, herdeiro literário e figura praticamente tão importante quanto o próprio pai da Terra Média - como um pesquisador organizaria uma obra acadêmica, reunindo todas as versões da história de Beren e Lúthien que encontrou nos manuscritos de seu pai e explicando-as da melhor forma possível (dando cronologias, quando foram escritos, a importância da história para seu pai, etc.). Isso, por si só, já acrescenta muito ao livro. O estilo de Christopher Tolkien é claro e extremamente didático, com o objetivo de verdadeiramente te ajudar a encaixar (e compreender) a história dentro do panorama mais amplo da Terra-média. Várias versões da narrativa são apresentadas, algumas em prosa, outra em poesia. As modificações são muito perceptíveis de uma para a outra, mas apresentando, de forma geral, os mesmos “motivos” (palavra aqui usada com o sentido de tema). Essa variação das versões de uma mesma história nos faz ter a impressão de que estamos lendo histórias de cunho oral (como folclore ou contos de fada), de um povo que realmente existiu, e não uma obra literária criada pelas mãos de um único homem com tinta e papel. É absolutamente estarrecedor. A Terra-média, em todos os seus aspectos, parece uma civilização antiga e real – muito real.[1]

É bom importante lembrar que as duas histórias - “Os Filhos de Húrin” e “Beren e Lúthien”, juntamente com o conto de “A Queda de Gondolin” formam os três principais pilares sobre os quais se sustenta O Silmarillion. Sobre isso, Ronald Tolkien afirma na Carta n. 131: “A principal das histórias do Silmarillion, e que recebe o tratamento mais pleno, é a História de Beren e Lúthien , a Donzela-Élfica. Aqui encontramos, entre outras coisas, o primeiro exemplo do motivo (que se tornará dominantenos Hobbits) de que as grandes políticas da história mundial, ‘as rodas do mundo’, são frequentemente giradas não pelos Senhores e Governantes, ou mesmo os deuses, mas pelos aparentemente desconhecidos e fracos – devido à vida secreta que há na criação, e à parte incompreensível de toda a sabedoria, exceto a do Um, que reside nas intrusões dos Filhos de Deus no Drama. É Beren, o mortal proscrito, que é bem-sucedido (com o auxílio de Lúthien, uma simples donzela, mesmo que uma elfa pertencente à realeza) onde todos os exércitos e guerreiros falharam: ele penetra na fortaleza do Inimigo e arranca uma das Silmarilli da Coroa de Ferro. Dessa maneira, ele obtém a mão de Lúthien e o primeiro casamento de mortal e imortal é realizado.” [2]


A ORIGEM DESTA HISTÓRIA

A história real que inspira Beren e Lúthien: J. R. R. Tolkien tinha 16 anos quando se apaixonou por Edith, de 19. Ambos eram órfãos e encontraram o conforto de que precisavam um no outro. Mas o tutor de Tolkien não aprovava a relação: por um lado, considerava que Edith o distraía dos deveres académico; por outro, sentia-se incomodado pela religião anglicana dela – Tolkien era católico. Por isso, proibiu o contacto entre ambos. Só aos 21 anos, quando se tornou legalmente adulto, é que Tolkien voltou a contactar Edith, declarando-se a ela e pedindo-a em casamento. Alguns anos depois, Tolkien seria convocado para combater na Batalha do Somme, em França. Regressado a casa, em 1917, escreveu a história de Beren e Lúthien, que viria a ser publicada como um dos contos do livro O Silmarillion. Ainda assim, Tolkien sempre achou que a história merecia ser publicada como um livro distinto.


QUEM FOI BEREN E LÚTHIEN

Beren é um homem mortal que vive apaixonado por Lúthien, uma bela criatura élfica imortal. Eis o problema: o pai de Lúthien, líder dos Elfos, não aprova a relação. Por isso, impõe a Beren a missão impossível de roubar uma preciosa joia ao mais poderoso representante do mal, Morgoth. Seria esta a única forma de Beren receber permissão para casar com a sua apaixonada.

Lúthien, à primeira vista, ela parece uma donzela como outra qualquer, vista por Beren pela primeira vez em meio à natureza, dançando e cantando. No entanto, é apenas com sua magia e presença de espírito que salvam Beren em todos os seus momentos de necessidade – tanto quando ele é capturado, quanto quando eles se infiltram em Angband No fim, à porta da casa da morte, a escolha é de Lúthien, e somente dela. Ela, então, escolhe permanecer ao lado de seu amado Beren por quantos anos – mesmo que poucos – puder viver.[3]

Tolkien escreveu: “Nunca chamei Edith de Lúthien – mas ela foi a fonte da história que no devido tempo tornou-se a parte principal do Silmarillion. Foi primeiramente concebida em uma pequena clareira em um bosque repleta de cicutas em Roos em Yorkshire (onde por um breve período estive no comando de um posto avançado da Guarnição Humber em 1917, e pôde morar comigo por um tempo). Naqueles dias seu cabelo era preto, sua pele clara, seus olhos mais brilhantes do que você os viu, e ela sabia cantar – e dançar.”[4]

Foi assim que nasceu aquela que, para Tolkien, seria a principal história de sua mitologia, quando sua esposa Edith dançou para ele em meio às árvores em plena Primeira Guerra Mundial.

No túmulo de Tolkien e Edith está escrito sob os seus nomes Lúthien e Beren, sendo que o próprio Tolkien escolheu o epitáfio: É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien […] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se tornou parte de O Silmarillion.

Lúthien é uma princesa élfica Sindarin (de descendência Telerin), filha única de Elu Thingol, rei de Doriath, e de Melian uma Maia (raça divina dos Valar), e foi bisavó de Elrond o meio-elfo rei de Rivendell. O romance de Lúthien com Beren talvez seja a história mais importante do Silmarillion, acontecida durante a Primeira Era. Até mesmo durante o fim da Terceira Era (onde acontece a Guerra do Anel) ela é relembrada por personagens como Aragorn entre outros.

Este livro é mais uma importante peça para todos os leitores sérios de J. R. R. Tolkien: reflete um acontecimento real de sua vida com Edith que originou a principal lenda de sua mitologia; mostra as diversas versões do processo evolutivo da história; é uma edição de Christopher Tolkien que, apesar da idade avançada, ainda trabalha firmemente nos escritos de seu pai.


OS AUTORES

J. R. R. Tolkien viveu entre 1892 e 1973 no Reino Unido. Foi poeta, professor de Literatura na Universidade de Oxford e autor de uma das mais célebres sagas literárias de sempre: O Senhor dos Anéis. Entre os seus livros mais aclamados contam-se ainda O Hobbit, prequela de O Senhor dos Anéis que celebrou recentemente o 80.º aniversário, e The Silmarillion, que nos situa na primeira era do mundo concebido por si.

Este Beren e Lúthien, em particular, é da responsabilidade do seu filho, Christopher Tolkien, que dedicou grande parte da sua vida a organizar e aperfeiçoar os textos não publicados do pai. Foi também ele quem desenhou os mapas originais da Terra Média, que aparecem nos livros de O Senhor dos Anéis.[5]


A LENDA DE LÚTHIEN E BEREN (DE ACORDO COM O SILMARILLION)[6]

Descrita como a Estrela da Manhã pelos elfos, um termo que significa que foi a mais bela entre os mais nobre elfos. Em contraste, Arwen Undómiel foi conhecida como Estrela do Anoitecer, em parte pela sua beleza comparável à de Lúthien e em parte devido ao ocaso da raça dos elfos.

Ela se apaixonou por Beren, um homem (Edain) da Casa de Bëor. Eles se encontraram pela primeira vez na floresta de Neldoreth, no reino protegido de Doriath, onde uma barreira conhecida como Cinturão de Melian – formada pelo poder da mãe Maia de Lúthien – impedia a entrada de qualquer um que não fosse autorizado. A relação deles estava condenada desde o início, devido à linhagem real e divina de Lúthien enquanto Beren era um simples homem mortal fugindo do Senhor Escuro Morgoth além de ser um fora da lei, sem pai e exilado pela sua própria raça.

Thingol não aceitou a união deles, apesar de Melian não se opor, e para se livrar de Beren ele definiu uma missão impossível como condição para o casamento: Beren deveria trazer para ele umas das Silmarils da coroa de ferro do Senhor da Escuridão Morgoth!

Lúthien teve uma visão de Beren aprisionado nos poços do Senhor dos Lobos, e pediu para sua mãe contar o que realmente aconteceu com Beren, que para sua tristeza foi confirmado que ele estava cativo nos calabouços de Sauron, o Regente do Senhor da Escuridão. Por causa disso Lúthien decidiu que ela deveria ir salvá-lo e enfrentar pessoalmente Sauron.

Ela contou suas intenções para seu amigo Daeron, que ficou muito preocupado e contou para o rei Thingol. Este resolveu aprisionar a própria filha para impedi-la de tal loucura.

Mas Lúthien era filha de uma Maia, e como tal possuía poderes mágicos. Ela conseguiu fugir, mas no caminho acabou sendo encontrada por Huan, o cão de caça de Valinor, sendo levada para o seu mestre Celegorm e seu irmão Curufin. Celegorm acabou se apaixonando por Lúthien, e planejava força-la a se casar com ele escondendo essa sua intenção. Fingindo-se de amigo ela a convenceu a segui-los para Nargothrond. Chegando lá ela a fez prisioneira, e a proibiu de falar com qualquer um além dos dois irmãos. Celegorm ambicionava obter o status da família de Thingol, e não perderia essa oportunidade, além de casar com a mulher mais bela do mundo.

Huan que foi o “Maior lobo de todos” se apiedou de Lúthien, e decidiu se rebelar contra seu mestre. A ele foi permitido falar com palavras apenas três vezes, e uma vez que assim fizesse ele morreria. Apesar disso ele a aconselhou com palavras e juntos eles escaparam de Nargothrond.

Eles então chegaram à Ilha de Sauron. Então ela começou a cantar para Beren, e ele respondeu ao seu chamado, mesmo imaginando que era apenas a sua imaginação devido a tristeza de perdê-la.

Sauron ouvindo que Lúthien estava lá e sabendo da fama de sua beleza, se encheu de malícia, desejando fazê-la prisioneira para Morgoth, seu mestre, para que ele se divertisse com ela. Ele enviou lobo após lobo para matar Huan, que derrotou todos. Após isso ele enviou o poderoso lobisomem Draugluin, que também foi derrotado por Huan. Então ele decidiu enfrentar Huan pessoalmente, cheio de confiança que ele finalmente mataria o famoso Cão dos Valar ele se transformou no mais poderoso lobisomem que já existiu. Huan vacilou e se afastou, mas Lúthien permaneceu para enfrenta-lo.

Sauron avançou para cima de Lúthien, mas ela levantando uma dobra de sua capa encantada o acertou, desorientando-o e então permitindo que Huan o atacasse. Os dois lutaram por muito tempo, e Huan acabou vencendo apesar de Sauron tomar muitas formas. Finalmente Lúthien ordenou que ele se rendesse ou tivesse o seu corpo destruído pela fúria de Huan. Sauron desistiu das chaves da torre, e se transformou em um odioso vampiro, antes de fugir na noite estrelada, envergonhado e derrotado.

Então Lúthien tomou controle da ilha, e com seus poderes destruiu a torre e libertou os prisioneiros. Lúthien encontrou Beren caído ao lado do corpo de Felagund, e pensou que estivesse morto. Mas ele acordou ao nascer do sol, e viu seu amor ali com ele. Eles enterraram Felagund na ilha, Huan retornou a seu mestre Celegorm.

Beren pediu para Lúthien retornar aos seus pais, pois não achava digno que uma pessoa tão nobre como ela vivesse na pobreza em uma floresta, como se fosse uma bandida ou uma mulher mortal. Eles acabaram reencontrando Celeborm, que estava envergonhado por ter sido expulso de Nargothrond devido ao acontecido anteriormente, e iniciou uma luta com Beren, Huan mais uma vez abandonou seu mestre, e lutou ao lado de Beren e Lúthien. Eles conseguiram iniciar uma fuga, mas Curufin armou um tiro com seu arco em Lúthien. Beren nesse momento pulou na frente da flecha e recebeu o disparo. Huan caçou os irmãos até que eles desaparecessem, e retornou para Lúthien. Pela mágica de Luthien Beren ressuscitou, que esperou ela dormir para entregá-la aos cuidados de Huan enquanto ele empreenderia a jornada a Angband, em busca da Silmaril da coroa de Morgoth.

Quando Lúthien acordou e viu que ele tinha partido, correu atrás de Beren. Quando eles chegaram em Angband, assumiram a forma de Thuringwethil, o vampiro servo de Morgoth e Drauglin o Lobisomem. Ela deu a Beren a pele de um grande Lobisomem, e disfarçados dessa forma eles entraram em Angband. Nos portões, no entanto, Carcharoth, um incrível lobisomem os confrontou. Lúthien utilizando de seu poder fez com que ele caísse em um sono profundo. Juntos eles chegaram até o trono de Morgoth, mas o Senhor da Escuridão conseguiu enxergar através de seus disfarces.

Lúthien então começou a cantar e toda a corte de Morgoth e inclusive Beren caíram em um profundo sono. Aproveitando-se disso ela saltou no ar e atirou sua capa encantada sobre os olhos de Morgoth, protegendo Beren e a si mesma dele. Ela acordou Beren, que cortou a Silmaril da coroa de Morgoth usando a Angrist (a adaga feita pelo grande Fëanor, que Beren tomou de Curufin) ele retirou a Silmaril da coroa de ferro de Morgoth. Mas não contente com uma Silmaril ele tentou tirar todas as três, e ao tentar tirar outra a lâmina se quebrou, acertando o Morgoth e o acordando.

Então eles fugiram, com um exército inteiro de servos de Morgoth atrás deles. Ao chegarem aos portões de Angband, Carcharoth os atacou. Beren ao tentar proteger Lúthien, que estava enfraquecida, empurrou a Silmaril na face do lobisomem, o ameaçando. O lobisomem então mordeu a mão inteira de Beren, engolindo a Silmaril. Em terror e dor ele fugiu, deixando Beren mortalmente ferido nos braços de Lúthien, com uma horda de servos de Angband no seu encalço.

As presas do lobisomem eram venenosas, e então Lúthien sugou o veneno com seus lábios, e com seu já enfraquecido poder tentou salvá-lo.

Quando tudo já parecia perdido, as águias de Manwë vieram e os carregaram para o céu, longe da horda de Ang band. Eles foram até o encontro de Huan, e este os levou para o reino de Doriath, deixando-os no chão.

Lúthien aguardou até Beren se curar, então juntos eles entraram em Doriath, até o rei Thingol. Beren disse que a questão foi comprida, e que ele segurou a Silmaril em sua mão, mas quando Thingol exigiu vê-la, ele mostrou apenas o toco de sua mão. Ao ouvir toda história Thingol percebeu que Beren estava acima de qualquer homem mortal, por causa disso ele permitiu a união deles, os casando no mesmo dia perante o seu trono.

Entretanto, Carcharoth estava dizimando todos os seres vivos na fronteira de Doriath, em uma loucura produzida pela Silmaril em seu estômago. Então Beren, Thingol, Huan, Mablung dos Mão pesadas e Beleg Arcoforte saíram com outros elfos para derrotar a fera. Beren então foi atacado pela besta, Huan saltou para defendê-lo e matou a fera, mas morreu devido a ferimentos mortais, com seu amigo Beren ao seu lado também ferido mortalmente.

Beren foi carregado até Doriath, onde morreu nos braços de Lúthien, após ela ter prometido a ele que o esperaria além do grande mar, após a vida.

Lúthien sofreu muito, e morreu devido a esse sofrimento, indo parar nos Salões de Mandos, onde os espíritos dos mortos aguardam para reembarcar para Valinor (se forem Elfos) ou partem do círculo desse mundo (se Homens). Ali ela cantou uma canção de pesar perante Mandos, o Senhor dos Mortos e Mandos sentiu piedade pela primeira e única vez. Como resultado ele invocou Beren das profundezas das moradas dos mortos, e o espírito de Lúthien reencontrou Beren mais uma vez. Lúthien sabia que essa seria seu encontro final, pois Beren não poderia mais permanecer na terra além de seu tempo, e ela teria vida eterna em Valinor. Mandos consultou Manwë, o Rei de Arda, e como ele não podia mudar o destino dos homens, apresentou a Lúthien a possibilidade dela viver como imortal em Valinor onde esqueceria todo sofrimento, mas sem Beren, ou então o retorno à Terra-Média com Beren, mas como mortal, aceitando o destino dos homens e o que os espera além dos círculos do mundo após a morte deles. Ela escolheu essa última opção, se tornando uma mulher mortal.

Juntos eles retornaram para Doriath, que ficou feliz ao ver a volta da filha. Mas Melian não podia mais olhar nos olhos de Lúthien, por ela ter desistido da sua imortalidade.

Eles então foram para Ossiriand como marido e mulher, onde tiveram seu filho Dior, também conhecido com Eluchíl, o herdeiro de Thingol.

Anos mais tarde, Thingol recebeu o famoso colar Nauglamír como um presente de Húrin por ter cuidado de sua família enquanto ele esteve aprisionado por Morgoth (o colar foi encontrado por Húrin nas ruinas de Nargotrhond, após a saída do dragão Glaurund). Thingol desejava unir Nauglamír (a mais impressionante e obra de arte dos anões) com a Silmaril que Beren conseguiu obter, assim unindo o melhor da arte élfica com a anã. Para isso ele recrutou os melhores artesãos anões da cidade de Nogrod, que conseguiram uní-las. Mas os anões ficaram tão impressionados com a beleza da jóia, e movidos pela cobiça, exigiram que Thingol a entregasse a eles. Thingol ficou revoltado com eles e ordenou que deixassem seu reino sem pagamento algum, os insultando. Os anões mataram Thingol, o que causou o rompimento do Cinturão de Proteção de Melian. Com isso Doriath foi saqueada pelos anões de Nogrod.

Mas Beren e um exército de Elfos e Ents conseguiram emboscar os anões no caminho de volta para Nogrod. A maior parte do tesouro de Thingol caiu no rio Ascar, mas Beren conseguiu recuperar Nauglamír, que agora continha a Silmaril.

Beren e Lúthien ficaram com Nauglamír até o fim das suas vidas. Dizia-se que a beleza de Lúthien combinada com a de Nauglamír e a Silmaril fez com que sua terra Tol Galen se tornasse a mais bela ao leste de Valinor. Mas a beleza da jóia de Lúthien foi tão grande que até mesmo acelerou o fim deles, pois mortais não poderiam suportar por muito tempo tal beleza.

Lúthien e Beren encontraram seu fim na verdejante Ossiriand na época do nascimento do seu neto.

O filho deles Dior Elúchil recebeu Nauglamír com a Silmaril como herança, mas os Elfos filhos de Fëanor, motivados pela sua maldição saquearam Doriath assassinando Dior e sua esposa Nimloth. Mas a filha de Dior, Elwing, conseguiu fugir com Nauglamír para as Bocas do Sirion (a região mais ao sul de Beleriand).

Os Elfos filhos de Fëanor nunca desistiram de obter a Silmaril, e foram atrás de Elwing que atirou-se ao mar com Nauglamír. Ulmo salvou Elwing e a Silmaril mas, Nauglamír perdeu-se para sempre no mar.


CONCLUSÃO

1. A história de Beren e Lúthien é fundamental para qualquer leitor que queira compreender a evolução do mundo de Tolkien. Nesta mais recente edição, ilustrada por Alan Lee, Christopher Tolkien apresenta-nos a história, antes de mais, na versão original – portanto, através das palavras do pai –, complementando-a depois com excertos em prosa e em verso de textos posteriores que mostram como esta narrativa foi evoluindo à medida do tempo.

2. A história da Silmaril nunca foi concluída por Tolkien, apresentando-se como uma das partes mais complicadas de toda a sua obra. Christopher Tolkien acrescentou alguns pontos à história, baseando-se apenas em suposições e algumas notas manuscritas sobre o trabalho do pai. Elrond de Rivendell e Arwen são descendentes de Lúthien enquanto Aragorn é um descendente de Elros, um irmão de Elrond. De acordo com a lenda suas linhagens jamais serão interrompidas.

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[1] Thais Rocha, Beren e Lúthien em <https://rochathais.wordpress.com/2018/02/23/resenha-beren-and-luthien/> Acesso em 10 out 2019.
[2] J. R. R.Tolkien – Carta para Milton Waldman, 1951
[3] Ibid.
[4] J. R. R. Tolkien, Carta para Christopher Tolkien, 11 de julho de 1972
[5] Carolina Morais in: <http://www.revistaestante.fnac.pt/beren-luthien-historia-amor-tolkien/> Acesso em 29 abri de 2019.
[6] A Lenda de Lúthien e Beren, é um texto de Alessandro Ciapina e publicado originalmente no blog do autor no seguinte endereço <https://aleciapina.wordpress.com/2010/08/13/a-historia-de-luthien-e-beren/>

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