sábado, 21 de julho de 2018

INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO BÍBLICA [Resenha]


KLEIN, William W.; BLOMBERG, Craig L.; HUBBARD, Robert L. Introdução à Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017. 896p.

Tenho aqui diante de mim, na minha mesa o livro “Introdução à Interpretação Bíblica”. Este livro está na terceira edição nos Estados Unidos e foi publicado no Brasil pela Editora Thomas Nelson Brasil. Este livro como diz a sua sinopse “reflete os últimos avanços de estudos nas áreas da interpretação bíblica e traz a melhor e mais atualizada informação necessária para interpretar as Escrituras. Este livro é extremamente útil, bem organizado e fácil de usar e ler. Suas diretrizes concisas, lógicas e práticas fazem deste livro uma obra de referência indispensável.”

Seus autores são:

William W. Klein - Dr. William Klein ingressou na faculdade do Seminário de Denver em 1978. Ele é professor de Novo Testamento e dirige o Mestrado em Estudos Cristãos programa de graduação. Ele também serviu como decano acadêmico associado de 1994 até 2001. Ele é um membro da Sociedade Evangélica Teológica, Sociedade de Literatura Bíblica, Instituto de Pesquisa Bíblica e Tyndale Fellowship para Pesquisa Bíblica.

Craig L. Blomberg - O Dr. Craig Blomberg é professor emérito de Novo Testamento no Seminário Denver, Colorado (EUA), onde é especialista em estudos do Novo Testamento. Recebeu seu bacharelado pela Faculdade Augustana, Illinois (EUA) (com graduação tripla em Matemática, Espanhol e Religião), seu mestrado na Trinity Evangelical Divinity School, e o Ph.D. na Universidade de Aberdeen, Escócia. É importante lembrar que o Dr. Craig L. Blomberg é o autor de Jesus e os Evangelhos (Edições Vida Nova), Questões cruciais do Novo Testamento (Editora CPAD) e Nem pobreza nem riqueza: as posses segundo a teologia bíblica (Editora Esperança).

Robert L. Hubbard Jr – Dr. Robert Hubbard é professor de Literatura Bíblica no North Park Theological seminary, em Chicago, Illinois, EUA. É graduado pela Wheaton College e pós graduado pelo Fuller Thological Seminary e pela Claremont Graduete University, onde obteve seu Ph.D. É o autor do livro Rute – Comentário do Antigo testamento (Editora Cultura Cristã).

O livro está dividido em 5 partes. Cada parte está dividido com capítulos que procuram preencher lacunas e responder questões importantes sobre a arte de interpretação bíblica.


A primeira parte (Parte 1) mostra A TAREFA DA INTERPRETAÇÃO. Esta parte tem 4 capítulos: A necessidade e a história da interpretação; abordagens literárias recentes da interpretação e o cânon e as traduções.

O Capítulo 1 chama atenção a necessidade da interpretação.

“Entender corretamente a Bíblia é uma tarefa árdua e, por vezes complexa. Podemos prontamente explicar o que a Bíblia diz, mas temos mais dificuldade em concordar sobre aquilo que ela quer dizer a partir daquilo que diz. E, de forma ainda mais problemática, os cristãos modernos divergem profundamente sobre a maneira pela qual as palavras da Bíblia devem influenciar a vida deles nos dias de hoje, se é que elas devem fazê-lo” [p.45]

Isso é verdade, pois nem todos se apercebem do fato de que cada leitura de um texto envolve um processo de interpretação do mesmo. Não existe compreensão de um texto sem que haja interpretação, mesmo que esta leitura seja do jornal e o processo de interpretação aconteça inconscientemente. Sendo um texto, a Bíblia não foge a essa regra. Cada vez que a abrimos e lemos, buscando entender a mensagem de Deus para nós, engaja-nos num processo de interpretação. Como palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como nenhum outro livro. Mas tendo sido escrita por homens, ela deve ser interpretada como qualquer outro livro. Sem interpretação, não há compreensão.

O Capítulo 2, os autores trabalham a história da interpretação. Começando pela interpretação judaica, os períodos apostólico e patrística, idade média, reforma e pós reforma e finalmente ao período moderno. Nenhum intérprete deve desprezar a história da interpretação bíblica. Os escritos dos pais da igreja e dos bons intérpretes contemporâneos e do passado são úteis na avaliação dos resultados da nossa interpretação. A história da igreja, das doutrinas e, particularmente, da interpretação bíblica são referenciais valioso para avaliação da nossa própria interpretação.

“Uma breve pesquisa da história da interpretação bíblica é benéfica de várias maneiras. Primeiramente, ela apresenta questões importantes pertinentes à interpretação bíblica, que, por sua vez prepara o estudante para entender a abordagem dessas questões que apresentamos. Em segundo lugar, ela abre os olhos dos leitores para as oportunidades e as armadilhas envolvidas em tentar contextualizar a Bíblia no presente. Uma avaliação crítica dos principais métodos de interpretação praticados ao longo da história desafia os leitores a desenvolverem uma abordagem pessoal da Bíblia que amplia as oportunidades e diminui as armadilhas. Por último, o conhecimento da história da interpretação cultiva uma atitude humilde com relação ao processo interpretativo. Com certeza queremos evitar os métodos que a história julgou como equivocados e defeituosos. Ao mesmo tempo, a história ilustra como o processo é complicado e como é inadequada a arrogância ao busca-la” [p.79]

O capítulo 3, traz as abordagens literárias recentes da interpretação. No final do século XX, os cristãos em geral, e os protestantes em particular, enfrentam tremendos desafios no campo da interpretação da Bíblia. O mundo acadêmico tem oferecido múltiplas opções metodológicas para a compreensão das Escrituras. Atualmente há uma hermenêutica liberacionista que deram origem a teologia feminista, teologia gay, teologia da prosperidade, teologia da libertação, etc.

“Nas últimas décadas, no entanto, muitos estudiosos da Bíblia, em particular os que estão fora dos círculos evangélicos, tem apelado por nada além de uma mudança de paradigma na hermenêutica. Eles acharam os procedimentos antigos estéreis, limitantes ou enganosas e acreditaram que era hora de fazer algo novo. As sugestões que eles têm feito para substituir a abordagem mais comum de interpretação (a análise histórico-gramatical tradicional) se concentram principalmente em duas áreas de estudo: (1) a crítica literária moderna e (2) a análise sociocientífica. Admitimos que essas novas áreas de estudo podem trazer percepções importantes para complementar a hermenêutica tradicional, mas elas também trazem armadilhas perigosas quando usadas de forma inadequada” [p.144-145].

O capítulo 4 vai tratar do cânon e as traduções das Escrituras. Sendo as Escrituras, cridas por nós, como a palavra de Deus, é importante que conheçamos o que elas contêm: como chegaram até nós e como vieram a ser reconhecidas, dentre muitos outros escritos, das várias épocas, como sendo “inspiradas por Deus”, constituindo o que hoje chamamos Bíblia, Escrituras Sagradas. Contudo, o mais legal deste capítulo é o texto “escolhendo uma tradução”

“Qual tradução é a melhor para usar? A resposta básica é que depende do seu propósito ou momento. Se, a título de fazer estudos de palavras ou destacar uma passagem, você quer uma versão que tenta geralmente refletir a estrutura real da linguagem bíblica e que traduz os termos principais com a mesma palavra no português o mais frequentemente possível, então siga a ARC, a AFC, a VR, TB, ou, com mais poucas exceções, a ARA” [p.243].


A segunda parte (Parte 2) fala sobre O INTÉRPRETE E SEU OBJETIVO. Esta parte tem apenas dois capítulos (cap. 5 e 6).

O capítulo 5 enfatiza as qualificações, pressuposições e pré-entendimentos do intérprete. Como qualificações, os autores nos fornece um quadro com detalhes importantes sobre tais qualidades:

“Acreditamos que há um conjunto de qualificações que coloca o intérprete na melhor posição para obter interpretações válidas a partir do texto bíblico. (1) Fé refletida no Deus que revela; (2) Disposição de obedecer a sua mensagem; (3) Disposição de usar os métodos adequados; (4) Iluminação do Espírito Santo; (5) Ser membro da Igreja” [p.248].

No que diz respeito aos pressupostos do intérprete, é preciso entender que é de suma importância verificar o que há por trás do discurso. A interpretação não é somente influenciada pelas qualificações dos intérpretes, mas também por um conjunto de ideias pré-concebidas.

Os autores escreveram: “Ninguém interpreta nada sem ter por trás um conjunto de pressupostos. Quando supomos explicar o sentido da Bíblia, podemos fazê-lo com um conjunto de ideias preconcebidas. Esses pressupostos podem ser examinados e declarados, ou simplesmente adotados de forma inconsciente, ou numa mescla consciente e inconsciente. Mas todo aquele que afirma não tê-los ou que estuda a Bíblia de forma objetiva e indutiva ou está enganado ou é ingênuo. Defendemos que os intérpretes têm que descobrir, declarar e conscientemente adotas essas suposições com as quais concordam e podem defender, senão eles podem guardar sem nenhum crivo aquelas que já possuem, sejam elas adequadas ou válidas, ou não” [p.259].

E finalmente, o pré-entendimento do intérprete. Todos temos algumas suposições sobre o mundo baseados em nossa experiência, educação e pensamentos anteriores, e interpretamos nossas experiências fundamentados nessas premissas. Elas podem ser verdadeiras ou falsas, ou parcialmente falsas ou verdadeiras, mas elas filtram e colorem tudo o que achamos pela frente. De forma consciente ou não, construímos um sistema de crenças e atitudes que usamos para interpretar ou trazer sentido ao que vivenciamos. Essas crenças e atitudes são chamadas de “pré-entendimento”, e eles desempenham um papel importante para dar forma à nossa visão da realidade. Não podemos evitar ou negar a presença dos pré-entendimentos na tarefa da interpretação bíblica. Todo intérprete chega ao estudo da Bíblia com preconcepções e predisposições.

“Quando falamos de pré-entendimento queremos dizer que ele é um ponto de partida em um certo momento. É o lugar onde começamos o nosso estudo bíblico. Mas o nosso entendimento sobre o ensino da Bíblia e da sua importância nunca será estático, nem deve ser, se estivermos crescendo como cristãos em nosso entendimento espiritual graças ao nosso envolvimento com a Bíblia. O intérprete aborda a Bíblia com perguntas, preconceitos e pré-entendimentos que surgem de sua situação pessoal. Inevitavelmente, esse pré-entendimento influencia a resposta que ele obtém. Contudo, o seu pré-entendimento está sujeito a revisão como consequência do seu estudo honesto e guiado pelo Espírito Santo. O estudo bíblico, se for buscado com responsabilidade, influencia o intérprete: o texto interpreta o intérprete, que se torna não apenas o sujeito que interpreta, mas também o objeto interpretado. Declaramos esse objetivo como o que temos na condição de intérpretes: desejar um pré-entendimento que sempre cresce orientado pela Bíblia que nos capacita cada vez mais a ter descobertas válidas sobre o sentido dos textos” [p.296].

Todo o capítulo 6 tem um só assunto: O Objetivo da Interpretação. Em nosso estudo da Bíblia, buscamos entender a revelação de Deus. Os textos bíblicos originais foram inspirados: esses textos foram codificados nos contextos históricos originais. Mesmo que uma passagem possa ser entendida de várias maneiras, o nosso é determinar qual desses vários sentidos tinha uma chance maior de ser compreensível para o seu autor e para os seus leitores originais. Por essa razão é que as pessoas se comunicam: elas esperam que o que elas expressam seja entendido da forma que elas pretendiam.

Os autores afirmam que “com base no nosso pressuposto de que a Escritura é a Palavra de Deus para as pessoas transmitida por meio de autores humanos, o nosso objetivo em lê-la é descobrir os sentidos dos autores codificados nos textos que eles escreveram. Seguindo a teoria básica dos atos da fala, acreditamos que os autores escreveram textos para transmitir conteúdo e para provocar reações em seus leitores. Cremos que Deus não quis que a Bíblia funcionasse como um espelho refletindo os leitores e os seus significados, mas como uma janela para os mundo e sentidos dos autores e para os textos que eles produziram. Portanto, propomos o seguinte: o sentido histórico codificado pelo autor é o objetivo central da hermenêutica” [p.326].


A terceira parte (Parte 3) fala sobre ENTENDENDO A LITERATURA. Esta parte é constituída pelos capítulos 7 e 8.

O capítulo 7 vai tratar da primeira regra geral para interpretação de textos escritos em prosa. Daí os autores tratar da questão do contexto literário, sua importância, fluxo de pensamento e o sentido preciso das palavras.

“Vários princípios norteiam o intérprete para identificar os cenários histórico-culturais dos mundos bíblicos. Temos que entender cada passagem de modo coerente com o seu cenário histórico e cultural. Para que qualquer interpretação possa se candidatar a ter o sentido que se visualizou em um texto, ela tem que ter o sentido mais provável de acordo com as circunstâncias da escrita e da leitura originais da passagem. Qualquer explicação sugerida para uma passagem que teria sido incompatível ou inconcebível no cenário histórico ou cultural do autor ou dos destinatários não pode ser válida. Pode-se perguntar: de acordo com as circunstâncias originais, qual interpretação se encaixaria de forma mais natural no nosso tempo? Este princípio significa que um intérprete tem que entender o cenário histórico e cultural da forma mais precisa possível e tem que interpretar a mensagem bíblica de forma compatível com esse entendimento” [p.391].

O capítulo 8 continua tratando sobre a regra geral para interpretação de textos escritos e desta vez sobre poesia que é a segunda característica literária mais comum e abrande cerca de um terço de toda a Bíblia. É verdade que este tipo de literatura mesmo fora dos livros chamados de poéticos como Salmos, Jó, Cântico dos Cânticos e Lamentações.

“Igualmente de forma contrária à impressão comum, a poesia marca as páginas do NT, tanto nas suas formas originais quanto nas suas citações do AT. De fato, de forma diferente do que se faz nos dias de hoje, a impressão de mais textos no formato de poesia em vez de prosa nas Bíblias modernas capacitaria o leitor a apreciar melhor a sua natureza poética. Não de admirar que [...] não há nenhum livro da Bíblia que não exija até certo ponto a habilidade de interpretar poesia, porque todos os livros incluem alguma linguagem figurada. O propósito dessa seção é preparar os intérpretes para apreciar e entender como interpretar bem a literatura poética da Bíblia. [...] a Bíblia é um livro afetivo que comunica grande parte do seu significado envolvendo os sentimentos e a vontade dos seus leitores, o leitor tem que ter cuidado para não despoetizar a sua forma ignorando as suas normas literárias” [449-450]. Todo este capítulo trata-se da dinâmica, estrutura, linguagem e unidade maiores da poesia.


A quarta parte (Parte 4) fala sobre ENTENDENDO OS GÊNEROS LITERÁRIOS. Esta parte é constituída pelos capítulos 9 e 10.

O capítulo 9 faz uma exposição dos gêneros literários do Antigo Testamento, tratando de: definição de gênero, narrativas, lei, poesia, profecia e sabedoria. A história das formas é o estudo do desenvolvimento das formas literárias breves do Antigo Testamento. Tem como objetivo fixar cada forma distinta em seu contexto sócio-histórico original. Assim se explica melhor sua significação e esclarece a vida social e cultural de Israel.

“Afirmamos que o estudante da Bíblia que conhece a formação, a função e o cenário de cada tipo literário (gênero) está na melhor posição de interpretar corretamente e evitar sérios equívocos. Então, da mesma forma que na poesia, a discussão de agora em diante se baseia nos notáveis avanços recentes no nosso entendimento sobre o panorama rico e variado da Bíblia. Este capítulo se nutre das descobertas da crítica da forma do Antigo testamento para iluminar o nosso entendimento sobre a estrutura, o tipo de gênero literário, o cenário original, e a intenção de grande parte da literatura do Antigo testamento” [p.518].

O capítulo 10 trabalha a exposição dos gêneros literários do Novo Testamento, tratando de: Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epístolas e Apocalipse. No Novo Testamento não contém tantos gêneros ou formas literárias como o Antigo Testamento. Ainda assim, quatro gêneros mais importantes parecem com várias sub-formas embutidas neles. Como o Antigo testamento, os princípios de interpretação podem variar de acordo com o gênero ou a forma.

“Quando interpretam as passagens do Novo Testamento, posteriormente os leitores têm que sempre levar em conta se eles estão lendo um Evangelho, o livro de Atos, uma epístola ou o livro de Apocalipse. Cada um desses gêneros, por sua vez, contém várias formas ou subgêneros. [...] cada gênero ou forma tem características únicas que os intérpretes também precisam levar em consideração. Não podemos tratar as parábolas exatamente da mesma forma que as histórias de pronunciamento. O ensino no livro de Atos geralmente é mais indireto que nas Epístolas, e a literatura apocalíptica é bem diferente da narrativa histórica direta” [p.706].


A quinta e última parte deste livro (Parte 5) enfatiza sobre OS FRUTOS DA INTERPRETAÇÃO. Esta parte é constituída pelos capítulos 11 e 12.

O capítulo 11 tem como assunto o seguinte tema – usando a Bíblia nos dias atuais. E nos mostra a importância de usarmos a Bíblia, que embora sendo um texto antigo, ela se constitui na revelação de Deus para o seu povo de todos as épocas. Deus nos deu a Bíblia para que pudéssemos conhecê-lo e fazer a Sua vontade aqui na terra. A Bíblia não foi escrita meramente para nossa informação, mas para transformação. “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). A Bíblia dirige-se a todas as áreas da vida. No entanto, não é um manual mágico em ordem alfabética de “como consertar os problemas e ser feliz”.  Como foi exposto aqui, encontramos na Bíblia narrativas, poesias, mandamentos, profecias e promessas, cartas — ela não é uniforme, mas ela é unificadaA Bíblia aponta para uma Pessoa, Jesus Cristo como Redentor e Senhor, e para o relacionamento com Ele. A transformação real e duradoura acontece quando aprendemos a ver a nós mesmos e nossos problemas no contexto do relacionamento vital com Cristo. Abrir a Bíblia no discipulado é aconselhamento não é apenas ir em busca de instruções e ilustrações, mas é encontrar-se com uma Pessoa.

“Milhões ao redor do mundo acham que esse livro venerável fala ao coração deles e é útil para eles. A Bíblia desempenha muitas funções importantes, e, acreditamos, se tornará mais útil ainda se as pessoas a empregarem de acordo com os princípios da interpretação bíblica sensata e precisa que articulamos neste livro. Acreditamos que o povo de deus deve se esforçar para entender e corresponder à sua mensagem. É uma mensagem usada para nos envolver: para nos incentivar, para nos motivar, para nos orientar e para nos instruir. Além disso e acima de tudo isso, a Bíblia retrata a grande narrativa da missão de Deus no mundo: Ele usa o seu povo para o representar e trazer as boas notícias do evangelho para todas as pessoas. Então, devido ao seu caráter como livro histórico e à sua origem divina, refletimos nas páginas seguintes sobre as quais os cristãos usam a Bíblia” [p.709].

O capítulo 12 enfatiza agora sobre a grande necessidade de se fazer a aplicação em cada contexto aonde a Palavra está sendo anunciada. Aplicar a Bíblia é o dever de todos os cristãos. Se não a aplicarmos, a Bíblia torna-se para nós nada mais do que um livro comum, uma coleção impraticável de manuscritos antigos. É por isso que Paulo diz: "O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco" (Filipenses 4:9). O primeiro passo para aplicar a Palavra de Deus em nossas vidas é lê-la. Nosso objetivo na leitura é conhecer a Deus, aprender os Seus caminhos e entender o Seu propósito para este mundo e para cada um de nós individualmente. Ao ler a Bíblia, podemos aprender sobre as interações de Deus com a humanidade ao longo da história, o Seu plano de redenção, Suas promessas e Seu caráter. Vemos como deve ser a vida cristã. O conhecimento de Deus que aprendemos da Escritura serve como uma base inestimável para aplicarmos os princípios da Bíblia à vida.

“Os capítulos anteriores, descrevemos e definimos o modo pelo qual o intérprete decifra o sentido do texto. Mesmo assim, para o cristão praticante, o processo que se iniciou com a interpretação fica incompleto se ele se restringir ao nível do sentido. Tem que se perguntar como que o texto se aplica à vida. Com certeza, não poderemos descobrir a aplicação adequada de um texto até que descubramos o que ele significa. A aplicação coloca a verdade da palavra de deus em perspectiva para as situações específicas, relacionadas à vida. Ela ajuda as pessoas a saber o que fazer ou usar o que elas aprenderam” [p.749].

Finalmente o livro termina com ênfase no principal intérprete das Escrituras, o Espírito Santo. A Bíblia deve ser interpretada através da iluminação do Espírito Santo, mas ao mesmo tempo a Bíblia é um livro, e a única correta interpretação é aquela que concorda com sua gramática – o que está escrito. Por esta razão é importante que nós estejamos familiarizados com as regras ou princípios da interpretação. A ciência da Hermenêutica é o estudo desses princípios. Hermenêutica é um assunto sério. A nossa interpretação da Bíblia irá determinar nossas crenças e essas crenças determinarão como pensamos e agimos. 

“Também seríamos omissos se não relembrássemos o nosso leitor de um pressuposto que afirmamos antes: nada do que ensinamos neste livro chegará ao objetivo proposto se o intérprete não estiver em oração na tarefa hermenêutica. Defendemos esse pressuposto; é parte do nosso pré-entendimento” [p.791.

RECOMENDO.

Nenhum comentário: