KLEIN,
William W.; BLOMBERG, Craig L.; HUBBARD, Robert L. Introdução à Interpretação
Bíblica. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017. 896p.
Tenho
aqui diante de mim, na minha mesa o livro “Introdução à Interpretação Bíblica”.
Este livro está na terceira edição nos Estados Unidos e foi publicado no Brasil
pela Editora Thomas Nelson Brasil. Este livro como diz a sua sinopse “reflete
os últimos avanços de estudos nas áreas da interpretação bíblica e traz a
melhor e mais atualizada informação necessária para interpretar as Escrituras.
Este livro é extremamente útil, bem organizado e fácil de usar e ler. Suas
diretrizes concisas, lógicas e práticas fazem deste livro uma obra de
referência indispensável.”
Seus
autores são:
William W. Klein - Dr. William Klein ingressou na faculdade do Seminário
de Denver em 1978. Ele é professor de Novo Testamento e dirige o Mestrado em
Estudos Cristãos programa de graduação. Ele também serviu como decano acadêmico
associado de 1994 até 2001. Ele é um membro da Sociedade Evangélica Teológica,
Sociedade de Literatura Bíblica, Instituto de Pesquisa Bíblica e Tyndale
Fellowship para Pesquisa Bíblica.
Craig L. Blomberg - O
Dr. Craig Blomberg é professor emérito de Novo Testamento no Seminário Denver,
Colorado (EUA), onde é especialista em estudos do Novo Testamento. Recebeu seu
bacharelado pela Faculdade Augustana, Illinois (EUA) (com graduação tripla em
Matemática, Espanhol e Religião), seu mestrado na Trinity Evangelical Divinity
School, e o Ph.D. na Universidade de Aberdeen, Escócia. É importante
lembrar que o Dr. Craig L. Blomberg é o autor de Jesus e os
Evangelhos (Edições Vida Nova), Questões cruciais do Novo Testamento (Editora
CPAD) e Nem pobreza nem riqueza: as posses segundo a teologia bíblica (Editora
Esperança).
Robert L. Hubbard Jr – Dr. Robert Hubbard
é professor de Literatura Bíblica no North Park Theological seminary, em
Chicago, Illinois, EUA. É graduado pela Wheaton College e pós graduado pelo
Fuller Thological Seminary e pela Claremont Graduete University, onde obteve
seu Ph.D. É o autor do livro Rute – Comentário do Antigo testamento (Editora
Cultura Cristã).
O livro
está dividido em 5 partes. Cada parte está dividido com capítulos que procuram
preencher lacunas e responder questões importantes sobre a arte de
interpretação bíblica.
A primeira parte (Parte 1) mostra A TAREFA DA
INTERPRETAÇÃO.
Esta parte tem 4 capítulos: A
necessidade e a história da interpretação; abordagens literárias recentes da
interpretação e o cânon e as traduções.
O Capítulo 1 chama atenção a necessidade
da interpretação.
“Entender corretamente a Bíblia é uma tarefa
árdua e, por vezes complexa. Podemos prontamente explicar o que a Bíblia diz,
mas temos mais dificuldade em concordar sobre aquilo que ela quer dizer a
partir daquilo que diz. E, de forma ainda mais problemática, os cristãos
modernos divergem profundamente sobre a maneira pela qual as palavras da Bíblia
devem influenciar a vida deles nos dias de hoje, se é que elas devem fazê-lo”
[p.45]
Isso é verdade, pois nem todos se apercebem do fato de que
cada leitura de um texto envolve um processo de interpretação do mesmo. Não
existe compreensão de um texto sem que haja interpretação, mesmo que esta
leitura seja do jornal e o processo de interpretação aconteça
inconscientemente. Sendo um texto, a Bíblia não foge a essa regra. Cada vez que
a abrimos e lemos, buscando entender a mensagem de Deus para nós, engaja-nos
num processo de interpretação. Como palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida
como nenhum outro livro. Mas tendo sido escrita por homens, ela deve ser
interpretada como qualquer outro livro. Sem interpretação, não há compreensão.
O Capítulo 2, os autores trabalham a
história da interpretação. Começando pela interpretação judaica, os períodos
apostólico e patrística, idade média, reforma e pós reforma e finalmente ao período
moderno. Nenhum intérprete deve desprezar a história da interpretação bíblica.
Os escritos dos pais da igreja e dos bons intérpretes contemporâneos e do passado
são úteis na avaliação dos resultados da nossa interpretação. A história da
igreja, das doutrinas e, particularmente, da interpretação bíblica são referenciais
valioso para avaliação da nossa própria interpretação.
“Uma breve pesquisa da história da
interpretação bíblica é benéfica de várias maneiras. Primeiramente, ela
apresenta questões importantes pertinentes à interpretação bíblica, que, por
sua vez prepara o estudante para entender a abordagem dessas questões que
apresentamos. Em segundo lugar, ela abre os olhos dos leitores para as
oportunidades e as armadilhas envolvidas em tentar contextualizar a Bíblia no
presente. Uma avaliação crítica dos principais métodos de interpretação
praticados ao longo da história desafia os leitores a desenvolverem uma
abordagem pessoal da Bíblia que amplia as oportunidades e diminui as
armadilhas. Por último, o conhecimento da história da interpretação cultiva uma
atitude humilde com relação ao processo interpretativo. Com certeza queremos
evitar os métodos que a história julgou como equivocados e defeituosos. Ao mesmo
tempo, a história ilustra como o processo é complicado e como é inadequada a arrogância
ao busca-la” [p.79]
O capítulo 3, traz as abordagens
literárias recentes da interpretação. No final do século XX, os cristãos em
geral, e os protestantes em particular, enfrentam tremendos desafios no campo
da interpretação da Bíblia. O mundo acadêmico tem oferecido múltiplas opções
metodológicas para a compreensão das Escrituras. Atualmente há uma hermenêutica
liberacionista que deram origem a teologia feminista, teologia gay, teologia da
prosperidade, teologia da libertação, etc.
“Nas últimas décadas, no entanto, muitos
estudiosos da Bíblia, em particular os que estão fora dos círculos evangélicos,
tem apelado por nada além de uma mudança de paradigma na hermenêutica. Eles
acharam os procedimentos antigos estéreis, limitantes ou enganosas e
acreditaram que era hora de fazer algo novo. As sugestões que eles têm feito
para substituir a abordagem mais comum de interpretação (a análise
histórico-gramatical tradicional) se concentram principalmente em duas áreas de
estudo: (1) a crítica literária moderna e (2) a análise sociocientífica. Admitimos
que essas novas áreas de estudo podem trazer percepções importantes para
complementar a hermenêutica tradicional, mas elas também trazem armadilhas
perigosas quando usadas de forma inadequada” [p.144-145].
O capítulo 4 vai tratar do cânon e as traduções
das Escrituras. Sendo as Escrituras, cridas por nós, como a palavra de Deus, é
importante que conheçamos o que elas contêm: como chegaram até nós e como
vieram a ser reconhecidas, dentre muitos outros escritos, das várias épocas,
como sendo “inspiradas por Deus”, constituindo o que hoje chamamos Bíblia,
Escrituras Sagradas. Contudo, o mais legal deste capítulo é o texto “escolhendo
uma tradução”
“Qual tradução é a melhor para usar? A
resposta básica é que depende do seu propósito ou momento. Se, a título de
fazer estudos de palavras ou destacar uma passagem, você quer uma versão que
tenta geralmente refletir a estrutura real da linguagem bíblica e que traduz os
termos principais com a mesma palavra no português o mais frequentemente
possível, então siga a ARC, a AFC, a VR, TB, ou, com mais poucas exceções, a
ARA” [p.243].
A segunda parte (Parte 2) fala sobre O INTÉRPRETE E SEU OBJETIVO. Esta
parte tem apenas dois capítulos (cap. 5 e 6).
O capítulo 5 enfatiza as qualificações,
pressuposições e pré-entendimentos do intérprete. Como qualificações, os
autores nos fornece um quadro com detalhes importantes sobre tais qualidades:
“Acreditamos que há um conjunto de
qualificações que coloca o intérprete na melhor posição para obter
interpretações válidas a partir do texto bíblico. (1) Fé refletida no Deus que
revela; (2) Disposição de obedecer a sua mensagem; (3) Disposição de usar os
métodos adequados; (4) Iluminação do Espírito Santo; (5) Ser membro da Igreja”
[p.248].
No que
diz respeito aos pressupostos do intérprete, é preciso entender que é de suma
importância verificar o que há por trás do discurso. A interpretação não é
somente influenciada pelas qualificações dos intérpretes, mas também por um
conjunto de ideias pré-concebidas.
Os
autores escreveram: “Ninguém interpreta nada
sem ter por trás um conjunto de pressupostos. Quando supomos explicar o sentido
da Bíblia, podemos fazê-lo com um conjunto de ideias preconcebidas. Esses
pressupostos podem ser examinados e declarados, ou simplesmente adotados de
forma inconsciente, ou numa mescla consciente e inconsciente. Mas todo aquele
que afirma não tê-los ou que estuda a Bíblia de forma objetiva e indutiva ou
está enganado ou é ingênuo. Defendemos que os intérpretes têm que descobrir,
declarar e conscientemente adotas essas suposições com as quais concordam e
podem defender, senão eles podem guardar sem nenhum crivo aquelas que já
possuem, sejam elas adequadas ou válidas, ou não” [p.259].
E
finalmente, o pré-entendimento do intérprete. Todos temos algumas suposições
sobre o mundo baseados em nossa experiência, educação e pensamentos anteriores,
e interpretamos nossas experiências fundamentados nessas premissas. Elas podem
ser verdadeiras ou falsas, ou parcialmente falsas ou verdadeiras, mas elas
filtram e colorem tudo o que achamos pela frente. De forma consciente ou não,
construímos um sistema de crenças e atitudes que usamos para interpretar ou
trazer sentido ao que vivenciamos. Essas crenças e atitudes são chamadas de
“pré-entendimento”, e eles desempenham um papel importante para dar forma à
nossa visão da realidade. Não podemos evitar ou negar a presença dos
pré-entendimentos na tarefa da interpretação bíblica. Todo intérprete chega ao
estudo da Bíblia com preconcepções e predisposições.
“Quando falamos de pré-entendimento queremos
dizer que ele é um ponto de partida em um certo momento. É o lugar onde
começamos o nosso estudo bíblico. Mas o nosso entendimento sobre o ensino da
Bíblia e da sua importância nunca será estático, nem deve ser, se estivermos
crescendo como cristãos em nosso entendimento espiritual graças ao nosso
envolvimento com a Bíblia. O intérprete aborda a Bíblia com perguntas,
preconceitos e pré-entendimentos que surgem de sua situação pessoal.
Inevitavelmente, esse pré-entendimento influencia a resposta que ele obtém.
Contudo, o seu pré-entendimento está sujeito a revisão como consequência do seu
estudo honesto e guiado pelo Espírito Santo. O estudo bíblico, se for buscado
com responsabilidade, influencia o intérprete: o texto interpreta o intérprete,
que se torna não apenas o sujeito que interpreta, mas também o objeto
interpretado. Declaramos esse objetivo como o que temos na condição de
intérpretes: desejar um pré-entendimento que sempre cresce orientado pela
Bíblia que nos capacita cada vez mais a ter descobertas válidas sobre o sentido
dos textos” [p.296].
Todo o capítulo 6 tem um só assunto: O
Objetivo da Interpretação. Em nosso estudo da Bíblia, buscamos entender a
revelação de Deus. Os textos bíblicos originais foram inspirados: esses textos
foram codificados nos contextos históricos originais. Mesmo que uma passagem
possa ser entendida de várias maneiras, o nosso é determinar qual desses vários
sentidos tinha uma chance maior de ser compreensível para o seu autor e para os
seus leitores originais. Por essa razão é que as pessoas se comunicam: elas
esperam que o que elas expressam seja entendido da forma que elas pretendiam.
Os
autores afirmam que “com base no nosso
pressuposto de que a Escritura é a Palavra de Deus para as pessoas transmitida
por meio de autores humanos, o nosso objetivo em lê-la é descobrir os sentidos
dos autores codificados nos textos que eles escreveram. Seguindo a teoria
básica dos atos da fala, acreditamos que os autores escreveram textos para
transmitir conteúdo e para provocar reações em seus leitores. Cremos que Deus
não quis que a Bíblia funcionasse como um espelho refletindo os leitores e os
seus significados, mas como uma janela para os mundo e sentidos dos autores e
para os textos que eles produziram. Portanto, propomos o seguinte: o sentido
histórico codificado pelo autor é o objetivo central da hermenêutica” [p.326].
A terceira parte (Parte 3) fala sobre ENTENDENDO A LITERATURA. Esta parte é
constituída pelos capítulos 7 e 8.
O capítulo 7 vai tratar da
primeira regra geral para interpretação de textos escritos em prosa. Daí os
autores tratar da questão do contexto literário, sua importância, fluxo de
pensamento e o sentido preciso das palavras.
“Vários princípios norteiam o intérprete para
identificar os cenários histórico-culturais dos mundos bíblicos. Temos que
entender cada passagem de modo coerente com o seu cenário histórico e cultural.
Para que qualquer interpretação possa se candidatar a ter o sentido que se
visualizou em um texto, ela tem que ter o sentido mais provável de acordo com
as circunstâncias da escrita e da leitura originais da passagem. Qualquer
explicação sugerida para uma passagem que teria sido incompatível ou
inconcebível no cenário histórico ou cultural do autor ou dos destinatários não
pode ser válida. Pode-se perguntar: de acordo com as circunstâncias originais,
qual interpretação se encaixaria de forma mais natural no nosso tempo? Este
princípio significa que um intérprete tem que entender o cenário histórico e
cultural da forma mais precisa possível e tem que interpretar a mensagem
bíblica de forma compatível com esse entendimento” [p.391].
O capítulo 8 continua tratando sobre a
regra geral para interpretação de textos escritos e desta vez sobre poesia que
é a segunda característica literária mais comum e abrande cerca de um terço de
toda a Bíblia. É verdade que este tipo de literatura mesmo fora dos livros
chamados de poéticos como Salmos, Jó, Cântico dos Cânticos e Lamentações.
“Igualmente de forma contrária à impressão
comum, a poesia marca as páginas do NT, tanto nas suas formas originais quanto
nas suas citações do AT. De fato, de forma diferente do que se faz nos dias de
hoje, a impressão de mais textos no formato de poesia em vez de prosa nas
Bíblias modernas capacitaria o leitor a apreciar melhor a sua natureza poética.
Não de admirar que [...] não há nenhum livro da Bíblia que não exija até certo
ponto a habilidade de interpretar poesia, porque todos os livros incluem alguma
linguagem figurada. O propósito dessa seção é preparar os intérpretes para
apreciar e entender como interpretar bem a literatura poética da Bíblia. [...]
a Bíblia é um livro afetivo que comunica grande parte do seu significado
envolvendo os sentimentos e a vontade dos seus leitores, o leitor tem que ter
cuidado para não despoetizar a sua forma ignorando as suas normas literárias”
[449-450]. Todo este capítulo trata-se da dinâmica, estrutura, linguagem e
unidade maiores da poesia.
A quarta parte (Parte 4) fala sobre ENTENDENDO OS GÊNEROS LITERÁRIOS. Esta
parte é constituída pelos capítulos 9 e 10.
O capítulo 9 faz uma exposição dos
gêneros literários do Antigo Testamento, tratando de: definição de gênero,
narrativas, lei, poesia, profecia e sabedoria. A
história das formas é o estudo do desenvolvimento das formas literárias breves
do Antigo Testamento. Tem como objetivo fixar cada forma distinta em seu
contexto sócio-histórico original. Assim se explica melhor sua significação e
esclarece a vida social e cultural de Israel.
“Afirmamos que o estudante da Bíblia que
conhece a formação, a função e o cenário de cada tipo literário (gênero) está
na melhor posição de interpretar corretamente e evitar sérios equívocos. Então,
da mesma forma que na poesia, a discussão de agora em diante se baseia nos
notáveis avanços recentes no nosso entendimento sobre o panorama rico e variado
da Bíblia. Este capítulo se nutre das descobertas da crítica da forma do Antigo
testamento para iluminar o nosso entendimento sobre a estrutura, o tipo de
gênero literário, o cenário original, e a intenção de grande parte da
literatura do Antigo testamento” [p.518].
O capítulo 10 trabalha a exposição dos
gêneros literários do Novo Testamento, tratando de: Evangelhos, Atos dos
Apóstolos, Epístolas e Apocalipse. No Novo Testamento não contém tantos gêneros
ou formas literárias como o Antigo Testamento. Ainda assim, quatro gêneros mais
importantes parecem com várias sub-formas embutidas neles. Como o Antigo
testamento, os princípios de interpretação podem variar de acordo com o gênero
ou a forma.
“Quando interpretam as passagens do Novo
Testamento, posteriormente os leitores têm que sempre levar em conta se eles estão
lendo um Evangelho, o livro de Atos, uma epístola ou o livro de Apocalipse.
Cada um desses gêneros, por sua vez, contém várias formas ou subgêneros. [...]
cada gênero ou forma tem características únicas que os intérpretes também
precisam levar em consideração. Não podemos tratar as parábolas exatamente da
mesma forma que as histórias de pronunciamento. O ensino no livro de Atos
geralmente é mais indireto que nas Epístolas, e a literatura apocalíptica é bem
diferente da narrativa histórica direta” [p.706].
A quinta e última parte deste livro (Parte 5)
enfatiza
sobre OS FRUTOS DA INTERPRETAÇÃO. Esta
parte é constituída pelos capítulos 11 e 12.
O capítulo 11 tem como assunto o seguinte
tema – usando a Bíblia nos dias atuais. E nos mostra a importância de usarmos a
Bíblia, que embora sendo um texto antigo, ela se constitui na revelação de Deus
para o seu povo de todos as épocas. Deus nos deu a
Bíblia para que pudéssemos conhecê-lo e fazer a Sua vontade aqui na terra. A
Bíblia não foi escrita meramente para nossa informação, mas para transformação.
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim
de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”
(Rm 15.4). A Bíblia dirige-se a todas as áreas da vida. No entanto, não é um
manual mágico em ordem alfabética de “como consertar os problemas e ser
feliz”. Como foi exposto aqui, encontramos
na Bíblia narrativas, poesias, mandamentos, profecias e promessas, cartas — ela
não é uniforme, mas ela
é unificada. A Bíblia aponta para uma Pessoa, Jesus Cristo como Redentor e
Senhor, e para o relacionamento com Ele. A transformação real e duradoura
acontece quando aprendemos a ver a nós mesmos e nossos problemas no contexto do
relacionamento vital com Cristo. Abrir a Bíblia no discipulado é
aconselhamento não é apenas ir em busca de instruções e ilustrações, mas é
encontrar-se com uma Pessoa.
“Milhões ao redor do mundo
acham que esse livro venerável fala ao coração deles e é útil para eles. A
Bíblia desempenha muitas funções importantes, e, acreditamos, se tornará mais útil
ainda se as pessoas a empregarem de acordo com os princípios da interpretação
bíblica sensata e precisa que articulamos neste livro. Acreditamos que o povo
de deus deve se esforçar para entender e corresponder à sua mensagem. É uma
mensagem usada para nos envolver: para nos incentivar, para nos motivar, para
nos orientar e para nos instruir. Além disso e acima de tudo isso, a Bíblia
retrata a grande narrativa da missão de Deus no mundo: Ele usa o seu povo para
o representar e trazer as boas notícias do evangelho para todas as pessoas.
Então, devido ao seu caráter como livro histórico e à sua origem divina,
refletimos nas páginas seguintes sobre as quais os cristãos usam a Bíblia”
[p.709].
O capítulo 12 enfatiza agora sobre a
grande necessidade de se fazer a aplicação em cada contexto aonde a Palavra
está sendo anunciada. Aplicar a Bíblia é o
dever de todos os cristãos. Se não a aplicarmos, a Bíblia torna-se para nós
nada mais do que um livro comum, uma coleção impraticável de manuscritos
antigos. É por isso que Paulo diz: "O que também aprendestes, e
recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será
convosco" (Filipenses 4:9). O primeiro passo para aplicar a Palavra de
Deus em nossas vidas é lê-la. Nosso objetivo na leitura é conhecer a Deus,
aprender os Seus caminhos e entender o Seu propósito para este mundo e para
cada um de nós individualmente. Ao ler a Bíblia, podemos aprender sobre as
interações de Deus com a humanidade ao longo da história, o Seu plano de
redenção, Suas promessas e Seu caráter. Vemos como deve ser a vida cristã. O
conhecimento de Deus que aprendemos da Escritura serve como uma base
inestimável para aplicarmos os princípios da Bíblia à vida.
“Os capítulos anteriores, descrevemos e
definimos o modo pelo qual o intérprete decifra o sentido do texto. Mesmo
assim, para o cristão praticante, o processo que se iniciou com a interpretação
fica incompleto se ele se restringir ao nível do sentido. Tem que se perguntar
como que o texto se aplica à vida. Com certeza, não poderemos descobrir a
aplicação adequada de um texto até que descubramos o que ele significa. A
aplicação coloca a verdade da palavra de deus em perspectiva para as situações
específicas, relacionadas à vida. Ela ajuda as pessoas a saber o que fazer ou
usar o que elas aprenderam” [p.749].
Finalmente
o livro termina com ênfase no principal intérprete das Escrituras, o Espírito
Santo. A Bíblia deve ser interpretada através da iluminação do Espírito Santo,
mas ao mesmo tempo a Bíblia é um livro, e a única correta interpretação é
aquela que concorda com sua gramática – o que está escrito. Por esta razão é
importante que nós estejamos familiarizados com as regras ou princípios da
interpretação. A ciência da Hermenêutica é o estudo desses princípios. Hermenêutica
é um assunto sério. A nossa interpretação da Bíblia irá determinar nossas
crenças e essas crenças determinarão como pensamos e agimos.
“Também seríamos omissos se não
relembrássemos o nosso leitor de um pressuposto que afirmamos antes: nada do
que ensinamos neste livro chegará ao objetivo proposto se o intérprete não estiver
em oração na tarefa hermenêutica. Defendemos esse pressuposto; é parte do nosso
pré-entendimento” [p.791.
RECOMENDO.
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