"Se você leu as edições especiais de C.S. Lewis, lançadas pela Thomas Nelson Brasil, e ficou com
gostinho de quero mais, temos uma grande novidade: tem livro inédito saindo do
forno! E os destaques da vez são Sobre histórias e A última noite do mundo,
dois grandes títulos desse célebre autor britânico que reúnem textos exclusivos
sobre diversas questões religiosas e literárias. Tudo isso, é claro, naquela
belíssima edição especial de capa dura que você já conhece. Os dois títulos são
lançamentos de setembro e em breve estarão disponíveis em pré-venda para que
você possa aumentar sua coleção!"
Enquanto leia um trecho:
O regresso de Jesus à terra é considerado pelo apóstolo Paulo a
"bendita esperança" dos cristãos.
Numa época em que o pessimismo e o juízo apocalíptico caracterizam a
perspectiva dos cientistas numa extensão quase tão grande como a dos teólogos,
ousamos afirmar diretamente, baseados na autoridade da Palavra de Deus, que
aguardamos novos céus e nova terra enquanto esperamos pelo Senhor da Glória.
"ousamos afirmar diretamente,
baseados na autoridade da
Palavra de Deus, que aguardamos
novos céus e nova terra enquanto
esperamos pelo Senhor da Glória."
"ousamos afirmar diretamente,
baseados na autoridade da
Palavra de Deus, que aguardamos
novos céus e nova terra enquanto
esperamos pelo Senhor da Glória."
A doutrina da segunda vinda não tem sentido se, pelo que nos diz respeito, não
nos fizer compreender que em qualquer momento do ano se pode aplicar
devidamente à nossa vida a pergunta de Donne: "Que seria, se fosse
esta A ÚLTIMA NOITE DO MUNDO?".
Por vezes, incomoda-nos essa idéia, acompanhada de profundo terror, o qual é
incutido em nós por aqueles que nem sempre se aproveitam devidamente dela. Não
é justo, creio eu, pois estou longe de aceitar que se pense no temor religioso
como algo desumano e degradante, a ponto de se optar por sua exclusão da vida
espiritual.
Sabemos que o amor, quando puro, não admite nenhuma espécie de temor. O mesmo
já não sucede com a ignorância, o álcool, as paixões, a presunção e até a
estupidez.
Seria bom que todos alcançássemos aquele amor puro, em que o temor já não
existe; mas não convinha que qualquer outro agente inferior pudesse bani-lo,
enquanto não conseguíssemos chegar àquela perfeição.
Quanto a mim, é um caso diferente o argumento que não raro surge de que a idéia
da segunda vinda de Cristo pode provocar um terror contínuo nas almas.
Decerto não é fácil, pois o temor é uma emoção e, como tal, mesmo fisicamente
não pode manter-se por muito tempo. Pela mesma razão, não é fácil admitir uma
ânsia contínua de esperança na segunda vinda. O sentimento-crise é
essencialmente transitório, já que os sentimentos vêm e vão, e só se pode fazer
bom uso deles nesta altura. De forma alguma poderiam constituir o nosso
alimento de todos os dias na vida espiritual.
"O que importa não é o terror
(ou a esperança) que possamos
ter em relação ao fim; o que é
necessário é não esquecê-lo,
tendo-o em devida conta."
(ou a esperança) que possamos
ter em relação ao fim; o que é
necessário é não esquecê-lo,
tendo-o em devida conta."
O que importa não é o terror (ou a esperança) que possamos ter em
relação ao fim; o que é necessário é não esquecê-lo, tendo-o em devida conta.
Vejamos um exemplo. Uma pessoa normal em seus setenta anos não vai pensar
(muito menos falar) na morte que se aproxima; mas não procede assim o avisado,
o inteligente, embora os anos ainda não lhe pesem. Seria loucura aventurar-se
em ideais baseados em esquemas que supõem mais uns vinte anos de vida; loucura
seria não satisfazer a sua vontade.
"Ora, a morte está para cada
indivíduo como a segunda vinda
está para a humanidade inteira."
"Ora, a morte está para cada
indivíduo como a segunda vinda
está para a humanidade inteira."
Ora, a morte está para cada indivíduo como a segunda vinda está para a
humanidade inteira. Todos acreditamos, suponho, que o homem tem de
desprender-se da sua vida individual, lembrando-se de que essa vida é breve,
precária e provisória, e não abrindo o coração a nada que possa findar com ela.
O que os cristãos de hoje parecem esquecer com facilidade é que a vida de toda
a humanidade neste mundo é também breve, precária e provisória.
Qualquer moralista nos dirá que o triunfo pessoal de um atleta ou de uma
dançarina é certamente provisório, mas o principal é lembrar que um império ou
uma civilização são também transitórios.
Sob o aspecto meramente mundano, todos os empreendimentos e triunfos nada
significarão quando chegar o fim.
De parabéns, os cientistas e os teólogos: a terra não será sempre habitada. E o
homem, por mais que viva, não deixa de ser mortal. Há apenas uma diferença:
enquanto os cientistas esperam uma desagregação lenta, vinda do interior, nós a
temos como uma interrupção rápida vinda do exterior, a qualquer momento. Será
então a "última noite deste mundo".
Clive Staples Lewis, comumente mais referido como C. S. Lewis (Belfast, 29 de novembro de 1898 — Oxford, 22 de novembro de 1963), foi um professor universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ensaísta e apologista cristão britânico. Durante sua carreira acadêmica, foi professor e membro do Magdalen College, tanto da Universidade de Oxford como da Universidade de Cambridge.
Ele é mais conhecido por seus trabalhos envolvendo a apologia cristã, incluindo as obras O Problema do Sofrimento (1940), Milagres (1947) e Cristianismo Puro e Simples (1952), e a ficção e a fantasia, sendo as obras As Crônicas de Nárnia (1950-56), Cartas de um diabo ao seu aprendiz (1942) e Trilogia Espacial (1938-45), exemplos de sua produção literária voltadas para esses temas. Foi também um respeitado estudioso da literatura medieval e renascentista, tendo produzido alguns dos mais renomados trabalhos acadêmicos envolvendo esses temas no século XX.
Em vida, foi grande amigo do também professor universitário e escritor britânico J. R. R. Tolkien (1892-73). Juntos, os dois serviram como membros do corpo docente da Faculdade de Língua Inglesa da Universidade de Oxford e lideraram o grupo informal de discussão e colaboração literária The Inklings. Apesar de ter sido criado ao longo da infância dentro das tradições da Igreja da Irlanda, se tornou um ateu convicto na altura de sua adolescência, seguindo essa linha de convicção pessoal até o início de sua idade adulta, quando, por intermédio de Tolkien, voltou a professar a fé cristã, se tornando um árduo defensor do cristianismo até o fim de sua vida e carreira.
(Artigo publicado originalmente na revista americana “His”).
(Artigo publicado originalmente na revista americana “His”).
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