sábado, 15 de junho de 2019

TODAS AS PARÁBOLAS DA BÍBLIA [Resenha}


LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia: Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras. São Paulo, SP: Editora Vida, 1999. 432p.


O AUTOR - Herbert nasceu em 1886 em uma pequena cidade perto de Londres. Embora tenha sido criado por pais não-cristãos, ele experimentou uma conversão espiritual como um jovem adulto, como resultado de conhecer sua futura esposa, Lily Flory. Frequentou o Instituto Bíblico de Glasgow, e durante a Segunda Guerra Mundial foi um ministro em Perth, na Escócia.

Ele se tornou um pastor na Escócia e na Inglaterra, e um líder no Movimento de Vida Keswick Superior. Em 1936, depois que ele falou no 50º aniversário da fundação do Instituto Bíblico Moody, Ele se aventurou em uma extensa campanha bíblica nos Estados Unidos.

Ele escreveu os seguintes livros: Todos os Homens da Bíblia. Este foi o início da série Todo estudo bíblico agora famoso e elogiado por estudiosos da Bíblia, a série é composta por 21 volumes, incluindo todos os milagres da Bíblia, todas as promessas da Bíblia, e todas as mulheres da Bíblia. Os livros inspiradores tornaram-se best-sellers internacionais. Durante os últimos sete anos de sua vida, o Dr. Lockyer viveu em Colorado Springs, Colorado, com seu filho Rev. Herbert Lockyer, Jr., um pastor presbiteriano que se tornou seu editor. Dr. Lockyer faleceu em 3 de dezembro de 1984.


O LIVRO – o livro “Todas as parábolas da Bíblia” mostra que Jesus falava aos seus discípulos por parábolas, ensinando-lhes as verdades sobre o Reino dos Céus. Antes dele, porém, outros servos de Deus utilizaram essas ilustrações para enfatizar determinados ensinos morais e espirituais no período do Antigo Testamento.

Este livro é um clássico e o único disponível em língua portuguesa que trata deste de forma tão abrangente sobre as parábolas. O autor investiga com profundidade mais de 250 dessas preciosidades literárias, que tanto têm enriquecido e instruído o povo de Deus através dos tempos. No livro Todas as parábolas da Bíblia o autor fez uma monumental pesquisa bíblica e histórica dissecando tanto as parábolas que aparecem no Antigo quanto às registradas no Novo Testamento. Todas as parábolas da Bíblia são indispensáveis para todo e qualquer estudioso interessado em conhecer a Palavra de Deus em profundidade.

O livro está dividido em duas partes e cada parte tem a sua própria introdução. Para se ter uma ideia do conteúdo desta obra, transcrevemos abaixo o índice, com alguns comentários, tanto do autor, como também com nossas notas.

Na introdução, o autor escreve: Em todo o âmbito literário não há livro mais rico em material alegórico e em parábolas do que a Bíblia. Onde, por exemplo, podemos encontrar parábolas, emblemas ou figuras de linguagem comparáveis àquelas que os grandes profetas da antiguidade — dentre os quais Jesus, o maior de todos eles — empregavam quando discursavam aos de sua época? Sabendo do poder e do fascínio da linguagem pictórica, usavam esse recurso para aumentar o efeito de seu ministério oral. Embora o uso das parábolas tenha sido característica ímpar do ensino popular de Jesus, visto que "Sem parábolas não lhes falava", não foi Cristo o criador desse recurso didático. As parábolas são utilizadas desde a antiguidade. Embora Jesus tenha contribuído para os escritos sagrados com parábolas inigualáveis e tenha elevado esse método de ensino ao mais alto grau, era sabedor da existência milenar desse método de apresentar a verdade.

Só na introdução leitor já se depara com os seguintes assuntos: A longevidade do método de parábolas; O significado do termo parábola; As várias divisões da linguagem figurada; O valor da instrução por parábolas; A missão da parábola; A falsa e a verdadeira interpretação da parábola; As múltiplas formas da parábola.

Sobre a Introdução deste livro, que vai desde a página 7 a 23, o que aprendi foi edificante.

1) A palavra portuguesa parábola vem diretamente do grego, parabolé, “pôr ao lado de”, com o sentido de “comparar”, a fim de servir especificamente como ilustração de alguma verdade ou ensino. A comparação assim provida, pois, torna-se um instrumento didático.

2) As parábolas podem ser símiles simples ou narrativas elaboradas, cujos detalhes envolvam alguma espécie de conotação moral ou espiritual. Na interpretação das parábolas não podemos esquecer a “lição principal”, sem entrar em maiores detalhes, que servem somente para preencher uma história aceitável, mas que não se revestem de qualquer sentido especial. Naturalmente, algumas das parábolas de Jesus foram esclarecidas por ele mesmo; e, nesses esclarecimentos, ele forneceu detalhes que vão além do ponto principal. Mas, quando esses pormenores não são explicados, devemos preocupar-nos apenas com o ímpeto principal da história, e os pontos secundários não deveriam ser exagerados em sua importância. Uma boa história com frequência pode avivar um sermão ou uma lição, e uma parábola sempre pode ser um poderoso meio de fazer isso. Não é mister supormos que as parábolas sempre narram fatos acontecidos. Talvez algumas delas o façam; mas isso não sucede no caso de todas as parábolas. A ficção também tem seu lugar no ensino religioso. Em uma parábola, entretanto, não devemos estar atrás de alguma mera narrativa, pois o propósito delas é servir de ilustrações espirituais e morais. Até mesmo alguns mitos pagãos são muito instrutivos.

3) A parábola não é uma fábula, porque a fábula é uma forma de história ilustrativa fictícia e que ensina através da fantasia, mediante a apresentação de animais que falam ou de objetos animados. A parábola nem sempre lança mão de histórias verídicas, mas admite a probabilidade, ensinando mediante ocorrências imaginárias, mas que jamais fogem à realidade das coisas. A parábola também não é mito, pois este narra uma história como se fosse verdadeira, mas não adiciona nem a probabilidade e nem a verdade. A parábola não tenta contar uma história que deve ser aceita como história real e, sim, um tipo de narrativa que nem sempre sucedeu realmente. A parábola, entretanto, não é idêntica ao provérbio, a despeito do fato de que a mes­ma palavra grega é usada para indicar ambas as coisas (ver Lc 4.23; 5.36 e Mt 15.14,15). A parábola pode ser, porém, um provérbio ampliado, e o provérbio pode ser uma parábola condensada ou resumida. A parábola também não é a mesma coisa que a alegoria. A alegoria interpreta a si mesma, tão somente substituindo as personagens reais por outras. Na alegoria, as personagens fictícias são dotadas das mesmas características das pessoas reais, sem qualquer tentativa para ocultar ou para ilustrar por meio de símbolos. A parábola ilustra por meio de símbolos, como por exemplo, “o campo é o mundo”, “o inimigo é o diabo”, “a boa semente são os filhos do reino”, etc. A parábola é uma narrativa séria, colocada na esfera das probabilidades, isto é, a história narrada na parábola pode ter acontecido realmente, sendo ilustração das experiências comuns aos homens, e o conteúdo dessa história tem por fito ilustrar, ensinar ou enfatizar um ou mais princípios éticos, morais, doutrinários ou religiosos. Talvez a alegoria não seja muito diferente disso, excetuando o fato de que pode indicar uma história criada, dotada de mais símbolos comparativos. As definições não estipulam as diferenças entre essas formas de comparação, ou seja, a parábola, a fábula, o mito, o provérbio e a alegoria, conforme fizemos aqui, e pode ser que outras definições sejam acrescentadas a estas.


PRIMEIRA PARTE — AS PARÁBOLAS DO ANTIGO TESTAMENTO

É interessante a observação que o autor faz aqui: É lamentável que quase todos os livros referentes às parábolas se atenham apenas nas que proferiu o nosso Senhor, esquecendo-se do que o resto da Bíblia — além dos quatro evangelhos — apresenta em matéria de linguagem figurada. Perde tempo quem procura um estudo expositivo das muitas parábolas do AT. Certamente alguns dicionários bíblicos trazem uma sinopse do ensino parabólico do AT, onde o termo m_sh_ l é empregado com ampla gama de significados. Como já deixamos prever, há apenas cinco textos tidos como o equivalente mais próximo da "parábola" em sentido estrito, a começar pela parábola do profeta Natã. Ainda assim, como demonstrará o estudo que se segue, o AT faz amplo uso das ilustrações parabólicas. [p.27]

Os assuntos trabalhados nesta primeira parte são: As parábolas dos livros históricos (Gênesis — Jó); As parábolas de Salomão (Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos); As parábolas de Isaías; As parábolas de Jeremias; As parábolas de Ezequiel; As parábolas de Daniel; As parábolas de Oséias, de Miquéias e de Habacuque; As parábolas de Zacarias e de Malaquias.

O que este livro nos esclarece é que, a antiguidade desse método disseminado de linguagem se confirma pelo fato de figurar no AT em larga medida e sob diferentes formas. A primeira parábola, registrada, em forma de fábula, mostra árvores escolhendo para si um rei, retrato do que aconteceria entre o povo (Jz 9). Jotão usou essa fábula com o objetivo de convencer os habitantes de Siquém sobre a tolice de terem escolhido por rei o perverso Abimeleque. As parábolas e os símiles do AT, abordados nesta seção, mostram que era muito comum o método de instrução por meio de parábolas. Para uma melhor compreensão da maneira em que os escritores judeus da antiguidade usavam o mundo visível para ilustrar o reino espiritual, o leitor precisa consultar o capítulo muito interessante de Trench, chamado "Outras parábolas que não as das Escrituras". Em nota de rodapé, cita-se a declaração dos judeus cabalistas, segundo a qual "a luz celestial nunca desce até nós sem um véu [...] É impossível que um raio divino brilhe sobre nós, a menos que velado por uma diversidade de revestimentos sagrados".

Graças à sua infinidade, Deus tinha de utilizar aquilo com que os seres humanos estivessem familiarizados, com o objetivo de comunicar à finita mente humana a sublime revelação de sua vontade. A revelação de preceitos fundamentais era revestida de parábolas e analogias. Hillel e Shammai foram os mais ilustres professores a usar parábolas antes de Cristo. Depois de Jesus veio ainda Meir, com quem, segundo a tradição, a capacidade de criar parábolas declinou consideravelmente. A figueira do povo judeu secou e não pôde mais produzir frutos.


SEGUNDA PARTE – AS PARÁBOLAS DO NOVO TESTAMENTO

O autor faz uma afirmação verdadeira: Em contraposição à falta de material de consulta sobre as parábolas do AT como um todo, o NT oferece uma gama de preciosas riquezas espirituais. Por exemplo, ao lado de apenas uma obra solitária que trata com maior ou menor profundidade das parábolas do AT, tinha diante de mim, para pesquisa, umas cinqüenta obras sobre as parábolas do NT. Sem dúvida esse campo mais vasto de exposição se explica pelas parábolas, protoparábolas, símiles e figuras de linguagem que sobejam em todo o NT. [p.137]

O autor fala de algo, que para mim é novo e esclarecedor. Trata-se da quantidade de parábolas proferidas pelo Senhor Jesus: Entretanto, a maioria dos livros que tratam das parábolas do NT concentra-se nas proferidas pelo Senhor Jesus, as quais são apresentadas em número de 25 a 70. Muitos escritores creem que as parábolas, no sentido estrito do termo segundo o entendimento da teologia, cheguem a 30, número que Trench considera um belo e cômodo resumo. Desse modo, a maioria dos comentaristas segue Trench em seus tratamentos individuais desse número. Mas, como veremos, 30 não é uma lista completa das parábolas transmitidas por Jesus Cristo. O seu ministério verbal foi quase totalmente formado de ensino parabólico. Ele tinha excepcional aptidão para a linguagem figurada. Muitos dos seus ditos saíram nesse molde. "... e nada lhes fala sem parábolas". [p.137]

Quando o Senhor Jesus apareceu entre os homens, como Mestre, tomou a parábola e honrou-a, usando-a como veículo para a mais sublime de todas as verdades. Sabedor de que os mestres judeus ilustravam suas doutrinas com o auxílio de parábolas e comparações, Cristo adotou essas antigas formas de ensino e deu-lhes renovação de espírito, com a qual proclamou a transcendente glória e excelência de seu ensino. Depois de Jesus, as parábolas poucas vezes foram usadas pelos apóstolos. Não existem parábolas em Atos, mas, como mostraremos quanto ao NT, às epístolas e o Apocalipse contêm impressionantes exemplos da verdade divina revestida em trajes humanos.

Outro fato é elucidado pelo autor, quando afirma: Além disso, a maioria dos trabalhos publicados sobre as parábolas do NT concentra-se sobre as dos quatro Evangelhos, nada havendo sobre as ocorrências simbólicas das epístolas e do livro de Apocalipse, os quais fazem uma valiosa contribuição para o alcance geral do ensino parabólico na Bíblia. Tanto Paulo quanto João, sem dúvida inspirados pelo gênio de Cristo em seu uso das parábolas, símiles e metáforas, expressaram verdades de forma similar, como esperamos provar. Prontamente concordamos com William Arnot, segundo quem "Como o povo de Deus nos tempos antigos habitava sozinho, não sendo considerado entre as nações, os ensinos parabólicos do Senhor permanecem distintos, não podendo com propriedade ser associados a outras formas de ensino metafórico. Lógica, bem como espiritualmente, é verdade, 'Jamais alguém falou como este homem'". [p.137]

O conteúdo da segunda parte está assim dividido: As parábolas e seu potencial na pregação; Parábolas como retratos falados; As parábolas de acordo com um esboço; Parábolas do início do ministério; Parábolas do final do ministério; Parábolas da semana da paixão. As parábolas de João Batista; As parábolas do Senhor Jesus Cristo em Mateus em Marcos em Lucas; Ausência de material parabólico em João; Instruções parabólicas em Atos; Instruções parabólicas nas epístolas paulinas; Instruções parabólicas nas epístolas universais; Instruções parabólicas em Apocalipse.


Para concluir a nossa resenha, tem um aspecto que muito me chamou a atenção. Trata-se do uso de parábolas na pregação. O autor cita um livro. O Dr. George a. Buttrick, em The parables of Jesus (As parábolas de Jesus), ecoa uma aplicação similar: "Em qualquer tempo as parábolas provam seu padrão de atualidade. São mais recentes que as notícias dos jornais; pois os jornais seguem a moda, e, porque a moda se tornou moda, começa a morrer. As parábolas exaram verdades eternas por que se julgam todas as modas, as disposições mutantes de uma sociedade indiferente. São tão recentes como a respiração deste instante, tão vividas em seu forte sabor como o 'agora' das experiências imediatas". O pregador, portanto, deve manusear as parábolas por serem “espírito e vida”.

Assim que o pregador fizer uso das parábolas, descobrirá quanto são aptas para transmitir o ensino doutrinário. Como diz Arnot: "a parábola é uma das muitas formas em que a analogia entre o material e o moral pode ser aplicada, como tem ocorrido, de forma prática". Arnot chega a citar um autor estrangeiro: "a parábola não é somente algo intermediário entre história e doutrina, é tanto história quanto doutrina — ao mesmo tempo, doutrina histórica e história doutrinária. Eis o porquê de seu encanto imutável e sempre renovado. Sim, a parábola é a própria linguagem da natureza no coração do homem; daí a sua universal inteligibilidade, seu, por assim dizer, aroma suave permanente, seu bálsamo curador, seu poderoso poder de conquistar aquele que vem novamente para ouvir. Em suma, as parábolas se tornam a voz do povo e, por consequência, também a voz de Deus".

As parábolas devem ser estudadas em relação à plena exposição da verdade divina, que Cristo ensinou aos seus apóstolos e os inspirou a ensinar. As ilustrações pictóricas e a mais inequívoca declaração doutrinária da Bíblia devem andar juntas para que haja elucidação e apoio entre ambas.

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Um comentário:

Unknown disse...

Esse livro é indispensável para aqueles que amam estudar a Bíblia. Tenho ele, e recomendo.