sexta-feira, 28 de junho de 2019

A GENTILEZA QUE CATIVA [Resenha]


WILLARD, Dallas. A Gentileza que cativa: Defendendo a fé como Jesus faria. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2018. 176p.


O AUTOR - Dallas Willard lecionou filosofia na Universidade do Sul da Califórnia até sua morte, em 2013. É autor de livros como A conspiração divina, A renovação do coração e A grande omissão, que mudaram para sempre o modo como milhares de cristãos vivem e praticam sua fé. Com a esposa, Jane, teve dois filhos, John e Rebecca.


O LIVRO - O livro possui além do prefácio, introdução e fontes suplementares para estudo, têm sete capítulos onde o autor apresenta para uma reflexão transformadora acerca da apologética ao estilo de Jesus Cristo, que é fundamentada na gentileza, no amor e no respeito ao próximo. Conforme Dallas aponta, a defesa da fé cristã deve ser pautada por uma vida espelhada em Cristo e pela consideração por aqueles que possuem dúvidas sobre a doutrina. Somente com um comportamento receptivo e gentil, e por meio de um testemunho de vida cristalino, é que o cristão conseguirá despertar o interesse das pessoas em conhecer mais sobre aquele que é Deus.

Segundo o autor, não apenas o uso isolado da razão, da lógica e da verdade da doutrina tornarão o discurso do cristão eficaz, mas sua disposição para ajudar o próximo, tendo o amor como fundamento para o diálogo. Assim, apologética não é bullying intelectual, não é menosprezo, e não é uma forma de levar as pessoas à salvação sem a graça de Deus. A apologética cristã é um serviço amoroso, um ministério de ajuda, e só ‘de modo amável e respeitoso’ as pessoas poderão ver, confirmar e sentir-se persuadidas a responder àquilo que o cristão tem a dizer. Repleto de verdades contundentes sobre a fé e a vida cristã, “A gentileza que Cativa” também elucida questões como a importância do conhecimento e da razão, o envolvimento de Deus na ciência e na tecnologia e o problema do sofrimento e do mal.

No prefácio do livro, é apresentado o tema que será tratado neste livro: Hoje em dia, a apologética se tornou uma espécie de competição de ringue, orbitando em torno de provas da existência de Deus e do envolvimento divino nos fatos do mundo. Torou-se um campo de renhida batalha para debates que opõem design inteligente e darwinismo, e também para outras discussões candentes sobre religião versus ciência. O que se perde hoje na "apologética" é a habilidade de tratar com gentileza e amor — e até mesmo receber com alegria — as dúvidas e perguntas honestas que oprimem a fé dos que creem. "Mas a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura. Também é pacífica, sempre amável e disposta a ceder a outros. E cheia de misericórdia e é o fruto de boas obras. Não mostra favoritismo e é sempre sincera" (Tg 3.17). [p.10]


Na INTRODUÇÃO do livro temos um conceito de apologética e sua fundamentação bíblica e como fazer apologética caracterizada pela humildade e verdade.

APOLOGÉTICA - Na maioria das vezes, a palavra apologética está sempre associada a termos como discussão, prova, razão e defesa. Mas poucos pensariam em acrescentar à lista as palavras gentil ou gentileza. Isso acontece porque a palavra apologética provém do sistema jurídico grego, no qual um cidadão apresenta sua defesa contra as acusações do demandante. Esse não é o contexto ideal para gentilezas. Mas o apóstolo Paulo e outros autores do Novo Testamento adaptaram o termo, de modo que apologética passou a descrever as tentativas cristãs de defender ou explicar a fé para outros. E foi dessa maneira que a igreja passou a usar tal palavra.

SUA FUNDAMENTAÇÃO - O quadro apresentado no contexto de 1 Pedro 3.8-17 mostra discípulos dedicados à promoção do bem, e eles são perseguidos por isso. Como Jesus ensinara, esses discípulos deviam alegrar-se e regozijar-se (Mt 5.12). Isso levou aqueles que os observavam a indagar como podiam sentir-se alegres e esperançosos naquelas circunstâncias. Naturalmente, a pergunta não poderia ser outra naquele mundo rancoroso, desprovido de esperança e alegria. Assim os discípulos foram orientados por Pedro: "E, se alguém lhes perguntar a respeito de sua esperança, estejam sempre preparados para explicá-la. Façam-no, porém, de modo amável e respeitoso" (I Pe 3.15-16).

CARACTERIZAÇÃO - O que significa sermos caracterizados pela gentileza? (1) significa sermos humildes. O amor nos purificará de qualquer desejo de vencer por vencer, bem como da hipocrisia intelectual e do menosprezo pelas opiniões e habilidades dos outros. O apologista que defende Cristo se caracteriza pela "humildade total" (Cl 3.12; At 20.19; I Pe 5.5), um conceito que é fundamental no Novo Testamento mas que nossa palavra "humildade" não consegue captar por si só. (2) Somos servos incansáveis da verdade. Jesus, que disse: "De fato, nasci e vim ao mundo para testemunhar a verdade" (Jo 18.37), é chamado de "a testemunha fiel e verdadeira" (Ap 3.14). E por isso que declaramos a razão de nossa fé de modo respeitoso (ou com temor segundo outras traduções). A verdade revela a realidade, e a realidade pode ser descrita como aquilo com que nós, seres humanos, colidimos quando estamos errados — uma colisão na qual sempre saímos perdendo.

E, finalmente, em uma época moldada pelos belicosos compromissos intelectuais e pelas batalhas culturais sobre religião, ciência, verdade e moral, como conseguiremos que alguém nos dê ouvidos mediante nossa mera insistência de que temos a verdade e a razão do nosso lado? Muitos fizeram essas alegações antes de nós. Alguns movidos por um espírito de agressão, alguns por medo, e outros por arrogância. Nossa apologética acontece em um contexto eivado de inimizade, hostilidade, insultos e outras formas de oposição, o que, em última análise, vai exatamente contra aquilo que nossa mensagem exalta. E por isso que nossa apologética tem de incluir a mensagem e a pessoa que queremos divulgar. Só "de modo amável e respeitoso" as pessoas poderão ver, confirmar e sentir-se persuadidas a responder àquilo que temos a dizer.

Portanto, sobre estes capítulos iremos extrair textos (resumo) e aplicar comentários quando for preciso.


1. COMEÇANDO A PENSAR COMO CRISTO. O autor continua trabalhando com conceitos e fundamentando cada argumento com a Palavra de Deus. Neste capítulo temos conceitos de apologética (de forma mais estendida), conhecimento, verdade e conclui sobre a vida de discipulado que cada cristão deve entender (discípulo ou cristão?)

APOLOGÉTICA - A apologética é um ministério do Novo Testamento que faz uso do pensamento e do raciocínio, confiando na atuação do Espírito Santo para auxiliar quem tem o desejo sincero de abandonar a descrença e a desconfiança em relação a Deus e a seus bons propósitos para a humanidade. O trabalho da apologética ajuda as pessoas a conhecer fatos que estão especialmente relacionados com Jesus Cristo e a crer neles: sua vinda a este mundo, sua vida e morte e, agora, a continuação de sua vida em nós. A apologética é um ministério fundamental do Novo Testamento. [p.20] A apologética não é uma espécie de competição, com vencedores e perdedores. E um serviço amoroso. E a descoberta de respostas para fortalecer a fé. Ela deveria ser praticada no espírito de Cristo e com seu tipo de inteligência, que, a propósito, está ao nosso alcance (Fp 2.5). As pessoas que estão seguindo o caminho de Cristo devem ser as que melhor raciocinam em todo o planeta, assim como devem ser melhores em todas as outras coisas, porque dispõem de um auxiliar que lhes diz: "Estou sempre com vocês" (Mt 28.20). Jesus nos ajudará a pensar e nos dará seu Espírito. [p.27-28]

CONHECIMENTO - O conhecimento é o resultado de um envolvimento contínuo com um assunto, e, quando o conhecimento chega, vem com ele certa autoridade. Se você tem conhecimento, está autorizado a agir, a supervisionar a ação, a formular políticas e assegurar que sejam implementadas, e a ensinar. Se você tiver apenas crença ou fé, não disporá desse tipo de autoridade. As pessoas que atuam com base no conhecimento — algo que puderam testar e pôr em prática — têm uma maneira única de interagir com a realidade. Elas eliminaram a dúvida e a mente dividida sobre as quais lemos em Tiago 1.6-8, e não se pode superestimar a importância disso. E óbvio que ainda agimos baseados na fé e em nossas crenças, mas as pessoas não são unânimes em reconhecê-las como verdade, ao contrário do que acontece com o conhecimento. [p.26]

VERDADE - A verdade é tão importante que Jesus Cristo veio ao mundo para testemunhar dela, e seus seguidores, a igreja, são "coluna e alicerce da verdade" (I Tm 3.15). A verdade é preciosa para a vida humana em todas as suas dimensões, pois só por meio dela podemos chegar a um acordo com a realidade. E, quando pensamos no evangelho de Cristo e no que fazemos como cristãos, precisamos entender essas coisas no âmbito da verdade, da informação indispensável. Se não enxergarmos o evangelho sob esse prisma, simplesmente não o entenderemos. As palavras de Jesus são a melhor informação sobre os assuntos mais relevantes para os seres humanos, saibam eles disso ou não. Cristo é o único fundamento sólido para nossas ideias. [p.29-30]


2. A CARTA RÉGIA DA APOLOGÉTICA NO NOVO TESTAMENTO. Neste capítulo, o autor vai tratar da fundamentação da apologética no Novo Testamento e trabalha sobre o contexto e a abrangência da apologética. Ele também instrui sobre como lidar com dúvida.

CARTA RÉGIA DA APOLOGÉTICA – Os versículos de 1 Pedro 3.15-16 são a carta régia do Novo Testamento sobre a apologética, e uma das muitas passagens que examinaremos sobre esse tópico. Nela, identificamos duas dimensões: (1) o contexto do trabalho apologético: é um trabalho baseado na natureza e na qualidade da vida que se leva; e (2) a abrangência do trabalho apologético: a apologética é para todos. Essas duas dimensões, contexto e abrangência, serão muitíssimo importantes para entendermos o papel da apologética. Trata-se de algo que todo mundo deveria estar disposto a aprender e uma atividade na qual todos deveriam se envolver. [P.34]

O CONTEXTO – O contexto da apologética é realmente muito importante. Se você não demonstra uma vida que está acima do padrão deste mundo — não há nada em seu interior que lhe cause alegria, paz e força em uma situação que, vista de fora, parece muito ruim —, não haverá nada que leve outras pessoas a perguntarem sobre sua fé. Você simplesmente se comportará da mesma forma que se comportam os incrédulos de sua rua. Creio que isso implica muitas outras coisas além da apologética, e peço-lhes desculpas por isso, mas preciso dizer o seguinte: aqui estamos falando de vida, uma vida sobre a qual Jesus se expressou assim: "Quem vive e crê em mim jamais morrerá" (Jo 11.26). [p.40]

A ABRANGÊNCIA - Observem agora o pressuposto da carta régia segundo o qual a apologética é para todos. Ela se destina a toda a humanidade precisamente porque tão somente invoca uma capacidade humana natural: a razão. Devemos submeter essa habilidade a Deus para que ele possa completá-la com seu Espírito e usá-la como faz com todas as nossas outras habilidades naturais. [p.41]

DÚVIDA - Outra coisa que esse trecho revela é que a apologética não é apenas um ministério para os que não creem; antes, destina-se a qualquer um que esteja lutando com certos tipos de dilemas ou perplexidades. Precisamos enfatizar esse ponto com veemência, porque o grande problema para o evangelho de Jesus

Cristo não é a dúvida que se situa fora da igreja; é a dúvida que está dentro da igreja. Precisamos saber lidar com a dúvida de modo amoroso, esperançoso e, especialmente, sem censurar ou humilhar ninguém. Devemos permitir que as pessoas sejam quem são e, então, devemos ser capazes de nos encontrar com elas exatamente onde estão. [p.30-35]


3. APOLOGÉTICA BÍBLICA. Neste capítulo, o autor continua conceituando “apologética” e trabalha conceitos tais como: O que é Filosofia e o papel da razão. Desta vez ele faz a explanação de algumas ideias sobre a natureza da apologética bíblica. Para o autor, apologética bíblica é fazer o melhor uso de nossas faculdades naturais relativas ao pensamento, em submissão ao Espírito Santo com o intuito de remover dúvidas e solucionar problemas que impedem uma participação confiante e ativa em uma vida de relacionamento pessoal com Deus. [p.46] O autor diz também o que a apologética não é: (1) A apologética cristã não é uma tentativa de provar que estamos certos. (2) Apologética não é bullying intelectual, não é menosprezo, e não é uma forma de levar as pessoas à salvação sem a graça de Deus. (3) Por fim, a apologética cristã não se constitui de "provas cristãs" ou tentativas sistemáticas de mostrar que o cristianismo é verdadeiro - embora evidências cristãs sejam uma iniciativa legítima.

O QUE É FILOSOFIA? A propósito, o que é filosofia? E uma tentativa de descobrir a melhor maneira de viver, a melhor maneira de ser e agir. Se você examinar os filósofos, orientais ou ocidentais, de qualquer época da história, verá que era essa a preocupação deles. Uma característica distintiva da filosofia é que ela não precisa apelar para a revelação. Pode fazê-lo, mas não precisa. E possível identificar muitos filósofos que, embora acreditassem na revelação, não usariam em suas discussões premissas nela baseadas, porque estavam preocupados em fazer uso do que estava à disposição dos seres humanos comuns para lidar com a vida: questões acerca da natureza, da alma e da vida honesta; a diferença entre o certo e o errado; e assim por diante. Eles usaram a razão para tentar chegar a uma compreensão abrangente dessas questões básicas enfrentadas por todos os seres humanos. [p.48]

O PAPEL DA RAZÃO. A razão é a capacidade humana de estabelecer uma relação entre fatos reais ou possíveis e outros fatos reais ou possíveis, de tal forma que, tendo-se os primeiros também se têm os outros. Ou, se for uma relação excludente, tendo-se os primeiros, não se tem os outros. Quais eram os fatos aos quais Jesus se referia em Mateus 6.30? Premissa maior: Deus cuida da erva do campo. Premissa menor: vocês valem pelo menos tanto quanto a erva do campo. Qual é, então, a conclusão? Deus cuida de vocês. E o que explica isso é a relação entre fatos reais e possíveis e outros fatos reais ou possíveis. Você é capaz de raciocinar — pensar exatamente como é capaz de abrir e ler este livro. Por favor, perdoe-me, mas precisamos estabelecer com clareza inequívoca que o trabalho apologético emprega a razão. Submetemos nossa razão a Deus para ajudar as pessoas a entender coisas que vão aumentar e ampliar sua fé. A razão funciona como uma base de responsabilidade perante Deus precisamente por sua capacidade de atuar no sentido de instigar, alimentar e corrigir a fé. Devido a essa capacidade, somos responsabilizados perante Deus quando deixamos de agir de acordo com os resultados da razão. Menosprezar o papel da razão na produção e sustentação da fé é contradizer o propósito claro das Escrituras, segundo o qual a razão fornece fundamentos para um culto adequado a Deus. [p.51-52]


4. FÉ E RAZÃO. O tema deste capítulo está explicito no título. O autor mostra o modo com o Senhor Jesus fez uso da razão. Neste capítulo a assuntos empolgantes tais como: A razão humana sob a graça, a existência do inferno e “mitos triviais” tais como o Big Bang e a evolução cósmica, e finalmente, o envolvimento de Deus na ciência e na tecnologia.

JESUS FEZ USO DA PERCEPÇÃO E DA RAZÃO EM GRANDE PARTE DE SEU ENSINO. Você há de concordar comigo que, além de ter todas as outras boas qualidades, Jesus foi uma pessoa esperta. Acho que é seguro dizer que ele conhecia lógica melhor que ninguém. Conhecia química melhor que ninguém. E isso se aplica a qualquer matéria que se mencione. Lembre-se, em Colossenses 2.3 recebemos a informação de que "Nele estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e conhecimento". E, óbvio, é perfeitamente lógico que a razão de todos os tesouros estarem escondidos nele é que ele criou tudo. Assim, se você está envolvido em algum campo de pesquisa, deve tê-lo como parceiro, pois ele realmente sabe o que faz tudo funcionar. Não importa o que você esteja investigando, Jesus tem o conhecimento que se requer para resolver seus problemas.

Jesus muitas vezes usou a razão para ensinar. Em Marcos 11.27-12.34, lemos sobre uma discussão na qual ele lidou de modo bastante veemente com os intelectuais da época. A "oposição" decidiu que estava na hora de livrar-se de Jesus, e lançou contra ele praticamente tudo o que tinha a seu dispor. Jesus lida cuidadosamente com cada pergunta e, depois, oferece uma lição adicional a ponderar (Mc 12.35-37). Essa é uma bela ilustração do papel do raciocínio na pregação e no ensino do evangelho. Jesus não está simplesmente tentando testar a paciência de seus opositores e impor-lhes o conhecimento de que haviam encontrado alguém que podia derrotá-los.

Aqui, Jesus está usando a lógica para questionar a noção que, naquela época, as pessoas tinham do que seria o Messias. (Em geral, elas julgavam que se tratava de alguém semelhante a Davi, mas talvez um pouco mais próximo da perfeição.) Assim, por meio desses textos de Salmos, Cristo leva essas pessoas "que pensam" a refletir sobre o relacionamento de Davi com o Messias. Quem é esse filho que Davi chama de Senhor? Eis aí algo que os pais e avós daquela época não faziam: não chamavam sua prole de "Senhor". Desse modo, Jesus está ajudando os que se mostram disposto a aprender. Está ajudando-os a entrar mais profundamente na natureza do Messias em sua relação com a aliança davídica. Esta tentando levá-los a descobrir o significado da natureza messiânica, uma vez que não a entendiam. Pelo raciocínio ele procura tirá-los de onde estão e levá-los aonde passarão a entender.

Ora, esse é o modo típico pelo qual as Escrituras abordam a razão. Todas as faculdades devem submeter-se a Deus: o poder físico, o poder artístico e o poder de percepção. De fato, todas as forças naturais devem submeter-se a ele. [p.62-63]


5. COMUNICAÇÃO ENTRE DEUS E A HUMANIDADE. Esse capítulo o autor procura mostrar que para o desenvolvimento de uma apologética que os cristãos deveriam seguir, é mais importante dar sentido à fé do que tentar provar isso ou aquilo para outras pessoas (especialmente para aqueles que, no fim das contas, não querem acreditar). Precisamos mostrar que dispor de uma Bíblia como a nossa é precisamente a coisa certa a se fazer, se visamos ao que Deus planeja realizar com seres humanos na história. [p.86]

O autor ela vai falar sobre vários aspectos da comunicação com Deus com a humanidade e quero aqui enfatizar apenas dois:

OS BONS PROPÓSITOS DE DEUS NA HISTÓRIA. Quando olhamos para a história humana hoje, nossa pergunta é esta: qual poderia ser o bom propósito da história humana? Mas uma das coisas que incomoda as pessoas quando lidam com essa questão é: como posso ter certeza de que Deus é bom? Vou lhe dizer de modo muito simples como sei que Deus é bom. Se ele não fosse bom, se ele fosse mau, o mundo seria muito pior do que é. Isso me garante que ele não poderia ser mau. A visão bíblica é que Deus está sempre nos protegendo do mal, contra o qual ele luta constantemente. Isso é afirmado muitas e muitas vezes nas Escrituras. Por exemplo, em Gênesis 6, antes do dilúvio. Deus diz: "Meu Espírito não tolerará os humanos por muito tempo, pois são apenas carne mortal. Seus dias serão limitados a 120 anos" (v. 3). Temos aí um quadro em que se vê Deus lutando contra o mal que há no coração da humanidade e impondo-lhe limites. De fato, nessa passagem, temos a impressão de que Deus decidiu encurtar a extensão da vida dos seres humanos para limitar o tempo durante o qual eles podem resistir ao próprio Deus. Percebe? O Espírito de Deus está constantemente presente na vida humana. [p.92-93]

O AMIGO DE DEUS. Assim, quando Deus entrou na história humana, ele encontrou um único homem. Eu não acho que todos os outros deixaram de ser tocados por Deus; mas acho que, quando veio para realizar esses propósitos específicos, Deus escolheu uma pessoa específica: Abraão. O termo usado nas Escrituras para descrever o relacionamento entre Abraão e Deus é "amigo". Abraão era amigo de Deus. Em um momento de crise nacional para o povo de Israel, Josafá ora dizendo: “Ó nosso Deus, acaso não expulsaste os habitantes desta terra quando Israel, teu povo, chegou? Não deste esta terra para sempre aos descendentes de teu amigo Abraão?” (2Cr 20.7). Isaías usa as mesmas palavras: "Quanto a você, meu servo Israel, Jacó, meu escolhido, descendente de meu amigo Abraão (Is 41.8) e explica em detalhes o chamado de Abraão. Observe como Deus é identificado: "Deus, o Senhor, criou os céus [...], criou a terra e tudo que nela há". E sempre dessa maneira soberana que Deus e identificado nas Escrituras. Em segundo lugar, ele é apresentado como alguém que tinha uma aliança com Abraão: "Eu o darei a meu povo, Israel, como símbolo de minha aliança com eles, e você será luz para guiar as nações". A ideia básica é que, por causa dos propósitos divinos para a história humana, quando ele estava pronto para entrar em contato com a humanidade. Deus o fez por meio de um indivíduo com o qual se relacionava como amigo. Por meio da família desse indivíduo, ele criou um povo e uma cultura. [p. 97-99]


6. O PROBLEMA DO SOFRIMENTO E DO MAL. Este é o capítulo que mais me chamou a atenção. O problema é tratado aqui, apologeticamente, com muita seriedade e fundamentação bíblica. Para o autor, algumas pessoas consideram a presença do sofrimento no mundo como um golpe particularmente fatal à fé cristã. Isso não deve causar nenhuma surpresa. Ao passar por uma crise de dor física ou de doença psicológica, a maioria das pessoas tende a pensar no universo como sendo qualquer coisa exceto o reino de um Deus benevolente e poderoso. E mais fácil amaldiçoar o mundo por ser estúpido e insensível para com os inestimáveis e admiráveis seres humanos que acreditamos ser.

Em seguida, ele levanta quatro argumentos que as pessoas usam com respeito a presença do mal no mundo e todo o restante do capítulo é uma resposta a essas argumentações: (1) Se o cristianismo é verdadeiro, então Deus é benevolente em relação à humanidade, bem como infinitamente poderoso. (2) Se Deus é benevolente em relação à humanidade e infinitamente poderoso, então ele providenciará para que nós não soframos. (3) Deus não providencia para que nós não soframos. (4) Logo, o cristianismo é falso, uma vez que Deus ou não é benevolente ou não é poderoso, o que é comprovado pela presença do sofrimento. (p.110)

Outros dois pontos neste livro, levantado pelo autor é a distinção entre o sofrimento e o mal e em seguida o valor do sofrimento.

DISTINÇÃO ENTRE O BEM E O MAL. sofrimento é, dos males, o mal supremo? O sofrimento em si mesmo não é, de modo nenhum, um mal. Considerar o sofrimento como mal é apenas um testemunho da cegueira moral de certas pessoas que equiparam aquilo de que elas não gostam com aquilo que é ruim ou errado. Assim, a dor, ou seja, o sofrimento não é em si um mal, muito menos o mal supremo. (p.114)

O VALOR DO SOFRIMENTO. O sofrimento poderia ter alguma finalidade boa? Sim, com certeza! Em primeiro lugar, ele torna possível a vida humana como a conhecemos. E, por mais estranho que isso possa parecer à luz de tudo o que nos oprime, a maioria das pessoas considera boa esta vida como a conhecemos. O prazer e o sofrimento são, em suma, os polos positivo e negativo entre os quais fluem as correntes da vida humana. Desligue um polo, e a vida humana cessará. As pessoas que pedem um mundo sem sofrimento não sabem o que estão pedindo. [p.114-115]


7. VIVENDO E AGINDO COM DEUS. Neste último capítulo além de fazer uma exposição acerca do viver e agir com Deus fundamentado no Salmo 23 e nutrir o hábito de oração, o autor dá três aspectos importantes sobre a defesa e testemunho de fé. (1) A suprema apologética é a vida do indivíduo que vive dos recursos do reino de Deus. Ter um belo conjunto de ideias e argumentos abstratos pode ser muito importante, mas nós precisamos ser gente que de fato atua no reino dos céus por meio de orações e palavras. (2) Uma das coisas cruciais que devem ser discutidas no propício ministério da apologética é o ministério de lidar com a dúvida e afastá-la com esclarecimentos que nos vêm do Espírito Santo: Deus está falando conosco. (3) A suprema apologética — isto é, o supremo fator de superação da dúvida - é o crente que age na fé, em uma vida interativa com Deus. A coisa mais importante que temos a fazer por meio da apologética é ensinar de tal maneira que as pessoas que realmente não confiam na interação genuína do indivíduo com o Grande Pastor sejam levadas a ver sentido nisso e se sintam inspiradas a experimentá-lo: isto é, elas tentarão alguma coisa.

O autor conclui: Precisamos ajudar os outros durante todo esse processo, de modo tal que vá além da apologética tradicional, a qual consiste em apresentar argumentos que resolvem possíveis objeções. Devemos adotar uma postura didática que pressupõe a investigação para chegar ao conhecimento, uma postura de descoberta compartilhada e de entendimento comunitário. Essas são partes naturais e essenciais da convivência comunitária. Mantenha, portanto, a postura didática em sua vida, e trabalhe com os que estão ao seu redor seguindo o estilo gentil de Jesus. Agindo assim, você de fato prestará um serviço em prol de todos no desempenho da apologética.


CONCLUSÃO - Um livro curioso e altamente provocante que não pode faltar na biblioteca do cristão que deseja fazer a diferença no meio em que está inserido e tornar o debate apologético uma oportunidade única para gerar empatia com aqueles que possuem dúvidas em relação à Palavra de Deus. Para adquiri clica na imagem acima.

Nenhum comentário: