domingo, 30 de dezembro de 2018

A BIBLIA TODA, O ANO TODO [Resenha]


STOTT, John. A Bíblia toda, o ano todo: Meditações Diária de Gênesis a Apocalipse. Viçosa, MG: Ultimato, 2007. 


A ORIGEM DO DEVOCIONAL 

EM 1963 UM GRUPO Litúrgico Unido foi constituído na Grã-Bretanha, representando oito igrejas. O relatório não-oficial deste encontro foi intitulado O Calendário e Lecionário: Uma Reconsideração. A proposta era um calendário em que o período do Advento (dezembro) estivesse focado na primeira vinda de Cristo, sem a pretensão de tentar celebrar, de forma simultânea, suas duas vindas. Esse calendário se estenderia também a um período anterior, até os domingos seguintes ao Pentecostes. Dessa forma, o ciclo anual da igreja estaria mais ou menos completo. 

Desde então, houve várias tentativas no sentido de dar à igreja um calendário e um lecionário que fossem consensuais, particularmente no que diz respeito à adoração comunitária aos domingos. Isso nos daria condições de, pertencendo ou não a uma igreja chamada litúrgica, nos lembrarmos a cada ano de toda a história bíblica, desde a criação, no livro de Gênesis, até a consumação, em Apocalipse 22. Além disso, quando o ano eclesiástico é concebido dessa maneira, ele se divide naturalmente em três períodos iguais de quatro meses cada. 

O primeiro período vai do início de setembro (quando começa o ano da Igreja Ortodoxa Oriental e quando as igrejas europeias realizam suas festas da colheita) até o Natal. Este período nos permite reviver a história do Antigo Testamento desde a criação até o nascimento de Cristo. O segundo período vai do início de janeiro até o final de abril, culminando no Whitsun, ou Pentecostes. Ele nos permite reviver a história de Jesus nos Evangelhos, desde o seu nascimento, passando pelo seu ministério, até sua morte, ressurreição, ascensão e envio do Espírito Santo. 

O terceiro período vai do início de maio até o final de agosto e é formado pelas semanas que seguem o Pentecostes. Este período nos dá a oportunidade de reviver a história dos Atos dos Apóstolos e nos lembrarmos de que o Espírito Santo é o poder de Cristo para ser vivido agora, bem como a sua garantia da nossa herança final, quando da volta de Cristo. Neste período, refletimos sobre a vida cristã e sobre a esperança cristã como apresentada nas Cartas e no Apocalipse. 

Assim como o calendário da igreja se desdobra em três períodos, a Bíblia se divide em três seções e o Deus Todo-Poderoso é visto como tendo se revelado em três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo. 

Além disso, estes três três podem impor-se uns aos outros em uma estrutura trinitária saudável. Ela cobre toda a história da Bíblia. No primeiro período (setembro a dezembro) refletimos sobre a obra de Deus Pai, e sobre como ele prepara o seu povo, a partir do Antigo Testamento, para a chegada do Messias. No segundo período (janeiro a abril), refletimos sobre a obra de Deus Filho, e sobre o seu ministério salvador, como descrito nos Evangelhos. No terceiro período (maio a agosto), refletimos sobre a obra do Espírito Santo, e sobre sua atuação como registrada no livro de Atos, nas Cartas e no Apocalipse. 

Lembrar, reviver e celebrar anualmente esta história divina pode nos conduzir a uma fé abrangente e equilibrada na Trindade e aumentar a nossa familiaridade com a estrutura e o conteúdo da Bíblia. Ajuda-nos também a firmar nossa confiança no Deus da história, que trabalhou e continua trabalhando por seu propósito antes, durante e depois da vida encarnada de nosso Senhor Jesus Cristo até que ele venha em poder e glória. 

A BÍBLIA TODA, O ANO TODO foi organizado de uma forma que o leitor possa iniciar a leitura por qualquer uma de suas três partes. É natural, por exemplo, começar com a “Criação”, na semana 1 (em setembro), e seguir a história bíblica desde o seu início até o fim.  Mas alguns leitores podem preferir esperar os meses de dezembro e janeiro para começar com “A Natividade”, na semana 17.  Uma terceira opção é começar com a Páscoa, nos meses de março e abril. Uma vez que a data da Páscoa está compreendida em uma das cinco semanas entre 22 de março e 25 de abril, não é possível fixá-la ou fixar as outras grandes festividades vinculadas ao domingo de Páscoa. 

A melhor forma de manter-se conectado com o calendário cristão é remarcar a data da Páscoa no ano em que estiver usando o livro. Então, durante as duas semanas que a precedem (Semana da Paixão e Semana Santa), podemos ler as meditações inseridas nos conteúdos da semana 31 (As Sete Palavras da Cruz) e da semana 32 (O Significado da Cruz). No dia da Páscoa propriamente dito, bem como durante os outros dias da Semana da Páscoa, pode-se também ler as meditações inseridas no conteúdo da semana 33 (As Aparições da Ressurreição) e durante a semana seguinte às contidas na semana 34 (A Importância da Ressurreição). 

Isto vai garantir que durante as semanas centrais antes e depois da Páscoa sejam lidos textos e reflexões apropriados. Também é possível ajustar conteúdos de outras semanas mais ou menos desconexos nos intervalos restantes e observar o Dia da Ascensão (quarenta dias depois da Páscoa) e o Domingo de Pentecostes (dez dias mais tarde). O Domingo da Trindade é o clímax e cai sempre no domingo seguinte ao Pentecostes. 


O LIVRO E O AUTOR 

Ler a Bíblia é a arte de procurar a Deus até encontrá-lo. De enxergar o que está por trás da letra, de ouvir a voz de Deus. É assim que o autor de Práticas Devocionais começa o capítulo "Prática da Leitura da Bíblia". 

No entanto, para alguns ler a Bíblia toda é um desafio. Para outros, um prazer, alimento diário, consolo, orientação. Às vezes, ler a Bíblia pode ser uma obrigação ou daquelas tarefas que todos os anos agendamos e não cumprimos. Os métodos variam. As sugestões levam em conta o temperamento, o estilo pessoal de leitura, a disponibilidade de tempo. 

Em novembro de 2007, a Editora Ultimato lançou "A Bíblia Toda, O Ano Todo – leituras diárias", do conhecido teólogo e escritor inglês John Stott. A cada leitura diária, ao longo dos 365 dias do ano e por toda a narrativa bíblica, o autor mostra a história do povo de Deus, o cuidado e a atuação divinos. Tendo como base o calendário cristão, a obra é dividida em três partes. A primeira começa com a criação, em Gênesis, e termina com o nascimento de Cristo – nos faz mais próximos das histórias do Antigo Testamento; a segunda começa com Jesus Cristo, seu ministério, morte e ressurreição, e vai até o Pentecoste. A terceira começa com o livro de Atos dos Apóstolos, mostra os desafios e o significado da vida cristã, passando pelas Cartas e vai até o livro de Apocalipse. Enfim, uma forma de ler a Bíblia em boa companhia. E, claro, uma obra de peso, que celebra o conteúdo bíblico e a fé cristã, bem como a confiança no Deus único e Senhor da história. 

John Stott foi indicado pela revista Time como uma das personalidades mais influentes do mundo. Do mesmo autor conheça também Por Que Sou Cristão e Cristianismo Básico, publicados pela Editora Ultimato. 

Conhecido no mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista, John Stott é autor de mais de quarenta livros, traduzido em dezenas de idiomas, incluindo A Bíblia Toda, o Ano Todo, Por Que Sou Cristão, Cristianismo Básico, Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos, Para Entender a Bíblia, As Controvérsias de Jesus, Como Ser Cristão, Desafios da Liderança Cristã, Cristianismo Equilibrado, O Discípulo Radical e a série Lendo a Bíblia com John Stott. John Stott foi pastor emérito da All Souls Church, em Londres, e fundador do London Institute for Contemporary Christianity. Foi indicado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo. 


SINOPSE 

Usando o calendário cristão como pano de fundo, A Bíblia Toda, O Ano Todo explora, em 365 dias, toda a história bíblica, da criação em Gênesis até a consumação em Apocalipse. Dia a dia somos guiados, ao longo do ano, por toda a narrativa bíblica. 

A obra considera o calendário da igreja em três períodos, assim como divide a narrativa bíblica em três partes. A primeira parte começa com a criação, em Gênesis, e termina com o nascimento de Cristo — nos faz mais próximos do Antigo Testamento. A segunda começa com Jesus Cristo, seu ministério, morte e ressurreição, e vai até o Pentecostes. A terceira parte traz uma reflexão sobre a vida cristã a partir do livro de Atos dos Apóstolos e sobre a esperança cristã como apresentada nas Cartas e no Apocalipse. 

Lembrar, reviver e celebrar anualmente esta história sublime pode nos conduzir a uma fé equilibrada na Trindade e aumentar a nossa familiaridade com a estrutura e o conteúdo da Bíblia. Ajuda-nos também a firmar nossa confiança no Deus da história, que trabalhou e continua trabalhando por seu propósito antes, durante e depois da primeira vinda de nosso Senhor Jesus Cristo até que ele volte em poder e glória. 


A PRIMEIRA DEVOCIONAL 

A INICIATIVA DO CRIADOR: No princípio Deus criou os céus e a terra. GÊNESIS 1.1 

As primeiras três palavras da Bíblia (“No princípio Deus”) formam uma introdução indispensável para todo o resto. Elas revelam que nunca podemos nos antecipar a Deus ou surpreendê-lo, pois ele está sempre lá, “no princípio”. A iniciativa de toda ação é sempre de Deus. 

Isto é particularmente verdadeiro sobre a criação. Os cristãos crêem que, quando Deus deu início à sua obra criativa, nada existia além dele mesmo. Só ele estava lá, no início de tudo. Só ele é eterno. A centralidade de Deus em Gênesis 1 é proeminente em toda a narrativa. Deus é o sujeito de quase todos os verbos. “Deus disse” aparece dez vezes no texto e “Deus viu que era [muito] bom”, sete vezes. 

Nós não temos que optar entre Gênesis 1 e a cosmologia ou astrofísica contemporânea. Deus nunca teve a intenção de que a Bíblia fosse um texto científico. Na verdade, deveria ser evidente para os leitores que o texto de Gênesis 1 é um poema altamente estilizado e belo. Ambas as abordagens da criação (a científica e a poética) são verdadeiras, porém partem de perspectivas diferentes e se complementam. 

Quando o Credo dos Apóstolos afirma nossa crença em “Deus Pai TodoPoderoso”, está se referindo não apenas à sua onipotência, mas também ao seu poder de controle sobre toda a criação. O que ele criou, ele também sustenta. Sua presença é imanente neste mundo; ele está continuamente sustentando, revigorando e colocando em ordem todas as coisas. O fôlego de todos os seres viventes está em suas mãos. É ele quem faz o sol brilhar e a chuva cair. Ele alimenta os pássaros e protege as flores. Isto pode ser poético, mas é também verdadeiro. 

Daí a sabedoria das igrejas que mantêm um culto anual para ação de graças e dos cristãos que dão graças antes das refeições. Estas atitudes não apenas são corretas como nos ajudam a relembrar que nossas vidas e todas as coisas dependem de nosso fiel Criador e Mantenedor.  (Para saber mais: Mateus 5.43-45; 6.25-34)

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