O apóstolo Paulo escreveu essa carta aos cristãos da região da Galácia numa tentativa de evitar que eles aceitassem a mensagem de certos pregadores que queriam torná-los adeptos do judaísmo. Alguns missionários judeus que aparentemente haviam se convertido ao cristianismo estavam ensinando aos cristãos não judeus de diversas igrejas recém-fundadas por Paulo que eles precisavam se circuncidar e guardar a Lei de Moisés para serem aceitos por Deus. Em outras palavras, a mensagem desses “missionários judaizantes” era que o homem necessita fazer alguma coisa — no caso, guardar a Lei — para poder receber o perdão de Deus e ser aceito por ele. Os cristãos da Galácia estavam prestes a aceitar essa mensagem sedutora quando Paulo lhes escreveu.
Paulo tem vários objetivos na carta. O primeiro deles, evidentemente, é defender sua autoridade apostólica. A defesa era necessária não apenas por causa dos judaizantes, mas também porque a autoridade do evangelho que pregava dependia da plena aceitação de Paulo como verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo. Outro objetivo da carta é combater o ensino dos judaizantes (Gl 3.1-4.31). Para Paulo, a mensagem deles anulava a graça de Deus e tornava a morte de Cristo na cruz irrelevante. Mais do que isso, os que seguissem o ensino deles caminhariam para a perdição, pois não poderia haver justificação de pecados mediante as obras da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo.
A Carta aos Gálatas tem sido considerada pelos cristãos de todas as épocas uma das mais importantes missivas escritas por Paulo. Lutero fez uso extenso dela em sua luta contra o catolicismo romano de seus dias.
Este livro é composto, além do prefácio, introdução e considerações finais, de 19 capítulos. O autor afirma que o objetivo do é, “portanto, apresentar essa mensagem ao público brasileiro. Não se trata, rigorosamente falando, de um comentário exegético da epístola, embora, certamente, seu conteúdo seja o resultado de um trabalho de exegese e interpretativo da famosa carta de Paulo. O livro é resultado de uma série de exposições que fiz na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife. As mensagens foram transcritas e editadas por Edições Vida Nova.”
CAPÍTULO 1 – A MENSAGEM DE PAULO (Gálatas 1.1-5)
Neste capítulo, o autor enfatiza o chamado e a mensagem apostólica de Paulo.
1. O papel dos apóstolos. Eles não foram constituídos por homens; o próprio Deus os chamou para levar a mensagem da salvação ao mundo. O número deles era limitado, e eles não tiveram sucessores.
2. A missão dos apóstolos. Era anunciar o evangelho de Cristo e que esse evangelho provém de Deus. É a boa notícia da parte do Pai de que, segundo sua vontade, o Filho veio ao mundo para morrer voluntariamente pelos nossos pecados, a fim de nos desarraigar do século perverso em que vivemos e nos libertar de nossas iniquidades e do poder do pecado. Recebemos ainda a boa notícia de que ele tem preparado os “séculos dos séculos”, ocasião em que a igreja haverá de glorificar a Deus eternamente por essa libertação maravilhosa.
O autor nos lembra que, os apóstolos dos nossos dias, são apóstolos “da parte” de homens. Eles mesmos se constituem como tais ou são ordenados por um conselho “apostólico”. Existe um chamado “conselho de apóstolos” no Brasil que ordena outros apóstolos. Mas tudo isso contraria o que Paulo está dizendo na abertura de sua carta. O verdadeiro apóstolo não vem da parte de homem algum; ele é chamado diretamente por Deus. [p.17-26]
CAPÍTULO 2 – A ORIGEM DO EVANGELHO (Gálatas 1.6-24)
Neste capítulo, após a abertura da Carta aos Gálatas, na qual Paulo se apresenta, identifica os destinatários e lhes faz votos de graça e paz, ele passa a discorrer sobre a origem do evangelho que prega, de sua autoridade apostólica, a revelação que recebeu da parte de Deus. Diante do texto de Gálatas 1.6-24, o autor, nos mostra três lições importantes que aqui podemos aprender.
1. A natureza e o surgimento do evangelho. Ele não foi dado por Deus para agradar às pessoas em primeiro lugar. Em vez disso, trata-se de uma revelação de Deus. O centro do evangelho é Deus, não o ser humano. O evangelho não é invenção humana.
2. Sobre os “apóstolos” de hoje. Se um apóstolo é o que Paulo descreve — uma pessoa especial que Deus pessoalmente convocou e a quem revelou o evangelho para que fosse pregado ao mundo —, então não existe mais ninguém assim em nossos dias.
3. A revelação. Quando falamos que Deus se revelou a Paulo, estamos falando de uma revelação especial de Deus aos apóstolos de Cristo no início do cristianismo. Não cremos que Deus hoje se revele daquela maneira, ou que apareça em sonhos ou em visões para ensinar novas verdades às pessoas. Não cremos em novas revelações. Para os que seguem Cristo, tudo que Deus queria revelar já está na Bíblia. [p.27-46)
CAPÍTULO 3 – A DEFESA DO MINISTÉRIO DE PAULO (Gálatas 2.1-10)
Aqui, o autor, expõe sobre o encontro de Paulo com os outros apóstolos. Neste encontro Paulo afirma que ele já pregava o evangelho havia pelo menos catorze anos quando, enfim, resolveu ir a Jerusalém para um encontro com os líderes da igreja judaico-cristã daquela cidade. Para esta visita, Paulo diz que foi orientado por Deus através de uma revelação. Nesta ocasião Paulo teve que confrontar alguns falsos irmãos que se intrometeram na reunião sobre o seu trabalho em meio aos gentios. Depois de toda a argumentação de Paulo, Pedro, Tiago e João puderam constatar que Deus estava agindo também através de Paulo. Os apóstolos conseguiram perceber uma coisa importante: Deus havia designado Paulo para pregar o evangelho aos gentios, assim como designara Pedro para pregar o evangelho aos judeus. Ao perceberem isso, reconheceram, por conseguinte, o apostolado de Paulo. E, como expressão desse reconhecimento, o versículo 9 diz que “estenderam a mão direita da comunhão”.
No final deste capítulo, o autor conclui enfatizando as várias lições podem ser aprendidas neste texto e desta situação.
1. Há somente um evangelho com diferentes aplicações. Embora seja pregado a povos diversos, de épocas e culturas diferentes, é o mesmo evangelho. Ele pode ser contextualizado e se adaptar à cultura.
2. Comunhão com todos os cristãos verdadeiros. Paulo foi a Jerusalém e lá procurou a liderança daquela igreja. Em certo sentido, as igrejas que ele fundara eram diferentes em sua expressão e na liturgia; contudo, Paulo queria se acertar com aqueles irmãos.
3. Não abrir mão do fundamental no evangelho. Paulo se dispôs a viajar até Jerusalém para conversar com Pedro, Tiago e João, a fim de expor e entender as diferenças entre o ministério de cada um. Mas não estava disposto a aceitar que Tito fosse circuncidado. Não por causa de Tito em si, seu filho na fé, mas por aquilo que o ato representaria: um desvio fundamental da verdade do evangelho.
CAPÍTULO 4 – O EVANGELHO DA GRAÇA (Gálatas 2.11-14)
De conformidade com o que está escrito no capítulo 2, o apóstolo Paulo registra o confronto com Pedro, um dos principais líderes da igreja de Jerusalém! O autor diz que Paulo está aqui categoricamente dizendo que Pedro errou feio, cometeu um equívoco lamentável, e que por essa razão o enfrentou cara a cara. Contudo, o que estava em jogo naquela ocasião não eram questões particulares, e sim a mensagem inegociável de que a salvação se dá pela graça, sem as obras da lei. Quais as lições que se tira deste episódio? O autor afirma que:
1. Os grandes homens de Deus erram. A primeira lição que podemos aprender com o que aconteceu ali é que os grandes homens de Deus erram: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Pedro foi repreendido por Paulo em Antioquia porque “merecia ser repreendido”.
2. O pecado corrompe. “Os outros judeus também fizeram como ele, a ponto de até Barnabé se deixar levar pela hipocrisia deles” (v. 13). O erro de Pedro logo começou a ser reproduzido.
3. A inspiração da Bíblia. Pedro cometeu erros; contudo, quando ele se sentou para escrever as cartas que hoje temos na Bíblia, Deus supervisionou de tal maneira o processo que o produto final foram textos inerrantes e infalíveis, embora o apóstolo não o fosse.
4. Uma defesa do Evangelho. Tão logo percebeu que o evangelho estava em jogo e que Pedro, com sua dissimulação, estava ensinando o contrário do que ele mesmo pregava, tratou de repreender o amigo. A pureza do evangelho estava, desse modo, sendo ameaçada.
5. A importância da Doutrina da Salvação. Somos salvos não por alguma coisa que possamos fazer, mas apenas pela misericórdia de Deus. [p.69-92]
CAPÍTULO 5 – A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ (Gálatas 2.15-18)
Paulo escreveu a Carta aos Gálatas com o objetivo de ajudar os cristãos da região da Galácia a permanecer firmes no que haviam aprendido, ou seja, que o ser humano é aceito, perdoado, recebido por Deus e justificado de seus pecados mediante a fé em Cristo Jesus. Portanto, quando Paulo começou a ensinar a salvação pela fé em Jesus Cristo, sem as obras requeridas pela Lei, muitos judeus rejeitaram esse evangelho, primeiro porque não criam que Jesus fosse o Messias e, segundo, porque, mesmo que fosse, essa fé implicaria que a Lei de Moisés não teriam mais validade.
O autor lembra que os judaizantes “judaizantes” não negavam que a salvação era obtida em Cristo Jesus, mas afirmavam que não bastava crer nele. Era preciso crer em Jesus e se circuncidar; crer em Jesus e eliminar a carne de porco da dieta; crer em Jesus e guardar a Páscoa. Ou seja, não bastava crer em Jesus; era necessário também guardar as obras da lei. Para Paulo, o ensino dos judaizantes não provinha de Deus, que eles estavam, na verdade, destruindo o evangelho da graça dado por Cristo.
A doutrina da justificação pela fé, é a doutrina mais importante do cristianismo. Sem esse conhecimento ninguém pode ser salvo, pois nele reside a essência do evangelho: o homem é justificado diante de Deus mediante a sua graça e pela fé nas promessas divinas, mais especificamente pela fé em Cristo Jesus, o Messias esperado, que na cruz do Calvário derramou seu sangue a favor dos pecadores. [p.93-105]
CAPÍTULO 6 – A UNIÃO COM CRISTO (Gálatas 2.19-21)
A nossa união mística com Cristo Jesus é o assunto de todo este capítulo. Essa união espiritual é a base da vida cristã, de nossa salvação e de tudo que Deus nos concede — não recebemos dele nada que não seja mediante Jesus Cristo, que é o mediador entre Deus Pai e os homens. Contudo, quando a Bíblia diz que estamos unidos a Cristo, que ele é a Cabeça e nós, o corpo, e que somos um em Cristo Jesus, isso não quer dizer que nos tornamos exatamente como Cristo e agora participamos de sua divindade e de seus poderes. Pois enquanto estivermos neste mundo, seremos pecadores e humanos, mesmo unidos a Cristo. Seremos sempre fracos e vulneráveis, e certamente vamos morrer, caso Jesus Cristo não volte antes. A presença de Cristo em nós, nossa união com ele, tem várias implicações, mas não a de que nos tornamos iguais a Deus. Paulo menciona alguns efeitos da vida em Cristo e o autor nos convida a refletir agora em quatro desses efeitos.
1. Morremos para e lei. O primeiro efeito da união com Cristo é a morte para a Lei — algo que nos condena ao revelar o santo padrão de Deus, que exige obediência perfeita. Paulo não vê mais todas as ordenanças da Lei como o caminho da justificação. A Lei foi perfeitamente cumprida por seu Representante, Cristo; por isso, Paulo está completamente morto para ela.
2. Vivemos para Deus. “... a fim de viver para Deus”. Isso implica não só que estamos mortos para a Lei, para o pecado e para a morte, mas também que agora vivemos com um objetivo diferente: vivemos para Deus. Vivemos para sua glória, sua vontade, sua satisfação e seu deleite.
3. Ele vive em nós. “Não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim” (v. 20). Ele vive em todo verdadeiro cristão! Cristo está sempre presente em sua igreja. Paulo diz que a vida que ele vive agora não é mais vivida pelo velho Paulo: há um novo princípio de vida, a vida do Filho de Deus, que está nele e o faz declarar: “Cristo vive em mim”.
4. Um amor especial. “E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (v. 20b). Deus ama o mundo, porque fez todas as coisas. Mas ele tem um amor especial e específico, devotado apenas aos que são seus. Paulo diz que Cristo se uniu “a mim”. Ele não se uniu ao mundo inteiro. [p.107-126
CAPÍTULO 7 – A INSENSATEZ DOS GÁLATAS (Gálatas 3.1-5)
Depois de descrever o conceito da união com Cristo e seus efeitos na vida do cristão (Gl 2.15-21), Paulo passa a se concentrar na experiência passada e na atitude presente dos gálatas em relação a Cristo. Paulo faz cinco perguntas referentes à experiência dos gálatas, com o propósito evidente de apontar e estabelecer que o caminho correto é o da salvação pela fé.
1. Quem vos induziu? - “Quem vos seduziu?”, perguntou o apóstolo, embora certamente já soubesse a resposta. No entanto, com essa pergunta, ele queria fazer que os próprios gálatas refletissem sobre o que estava acontecendo: eles estavam trocando o evangelho da graça por outro evangelho, que somente os levaria ao engano.
2. Foi pelas obras da lei que recebestes o Espírito? – Ao fazer esta pergunta, Paulo desejava provocar nos gálatas uma reflexão sobre o modo que eles haviam recebido o Espírito Santo: havia sido pelas obras da lei ou pela pregação da fé? O argumento de Paulo é que, se o Espírito Santo foi concedido aos gálatas enquanto ele pregava a mensagem da cruz, então daquela forma Deus havia autenticado sua mensagem, o evangelho da graça. Quando receberam o Espírito, certamente ele não estava pregando que a salvação era obtida por mérito, através das obras da lei ou pela circuncisão.
3. Sois tão insensatos assim? (v.3) - O apóstolo está novamente remetendo os gálatas à experiência que tiveram no passado, no caso o início da vida cristã. Aperfeiçoar-se no Espírito, que é o ideal correto, está de acordo com a mensagem do evangelho. Significa correr a carreira cristã dependendo do que Deus fez por nós e do que ele nos concede. É a vida pela fé, que descansa nas promessas de Deus e aguarda a operação do poder divino.
4. Será que sofrestes tanto por nada? - Provavelmente, os gálatas haviam suportado perseguições como essas, sem negar a fé em Jesus Cristo. Mas agora Paulo estava lhes perguntando onde estavam a firmeza, a determinação e a perseverança que tinham demonstrado no início da fé cristã. Será que tudo aquilo fora em vão? Eles estavam abandonando voluntariamente algo que toda a perseguição que sofreram não havia conseguido fazer que abandonassem: sua fé!
5. Deus realiza milagres pelas obras da lei ou pela fé? (v.5) - Pelo que o apóstolo diz nesse versículo, podemos deduzir que Cristo estava ainda operando poderosamente entre as igrejas da região da Galácia. Aquele que concedera o Espírito Santo aos gálatas estava operando milagres entre eles, sinal de que aquelas igrejas ainda eram cristãs. Era o ouvir com fé a pregação sobre Cristo que fazia que as pessoas fossem transformadas, abençoadas, e era essa mesma mensagem que ocasionava sinais e prodígios entre eles. Certamente, era por meio dessa pregação que Deus operava no meio deles. [p.127-141]
CAPÍTULO 8 – A EXPERIÊNCIA DE ABRAÃO (Gálatas 3.6-9)
No texto em estudo neste capítulo, Paulo destaca três pontos da história de Abraão. Nos versículos 1 a 5, o apóstolo argumentou com os gálatas utilizando a própria experiência deles. Agora, nos versículos 6 a 9, o apóstolo apela para a experiência de Abraão, a fim de fazê-los entender que a salvação é pela fé somente, não pela observância da Lei.
1. Abraão foi justificado pela fé - Um dos argumentos dos judeus em defesa da ideia da salvação pelas obras da lei era que Abraão, o pai da nação judaica, o amigo de Deus, tinha conhecimento da Lei. Contudo, Paulo diz no versículo 6: “Assim foi com Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi atribuído como justiça”. Com esse exemplo, Paulo está argumentando: “Os judeus alegam que são filhos de Abraão, mas de que forma o patriarca foi justificado: pela Lei? Como ele foi aceito por Deus: guardando o sábado, não ingerindo carne de porco nem sangue, desviando-se dos animais mortos, oferecendo sacrifícios? Não, ele foi aceito porque creu na palavra de Deus, que lhe havia prometido uma multidão de descendentes quando ele, aos 100 anos, não tinha sequer um filho e era casado com uma mulher estéril. Mas, contra toda esperança, Abraão creu. Isso é fé!”.
2. Os verdadeiros filhos de Abraão - A afirmação de Paulo pressupõe um questionamento a respeito de quem seriam os verdadeiros filhos de Abraão, o verdadeiro povo de Deus. Ao que Paulo responde: “Sabei, então, que os da fé é que são filhos de Abraão” (v. 7). O povo de Deus não é mais uma nação, e sim aqueles que creem como Abraão creu. Abraão é o pai dos crentes e nosso exemplo. Hebreus 11 menciona pessoas que viveram pela fé, como Abel e Enoque, o próprio Abraão e Moisés. Nós até os chamamos de “heróis da fé”, mas eles eram todos crentes como nós, só que do Antigo Testamento.
3. Abraão já sabia da descendência espiritual - Em seguida, Paulo argumenta que a ideia da descendência espiritual não era estranha ao próprio Abraão. O apóstolo não tinha dúvidas de que Abraão já sabia que a descendência de que Deus lhe falava não era física. Veja o que diz o versículo 8: “A Escritura, prevendo que Deus iria justificar os gentios pela fé, anunciou com antecedência a boa notícia a Abraão, dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações”. O patriarca já havia compreendido que a bênção de Deus alcançaria povos de todas as raças, ou seja, sua descendência não estaria condicionada a uma questão étnica, uma questão meramente física.
Nós cremos como Abraão creu. Cremos em Cristo, o descendente de Abraão, e somos hoje o povo de Deus, comprado e remido pelo sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário. [p.143-156]
CAPÍTULO 9 – A LEI NÃO SALVA (Gálatas 3.10-14)
No trecho estudado neste capítulo, o autor diz que Paulo se apoia em quatro argumentos.
1. A Lei põe debaixo de maldição todos os que querem se salvar por ela (v. 10) – A primeira citação que Paulo faz aqui é de Deuteronômio 27, em que está registrada uma ordem de Deus a Moisés. Por esse texto, já se percebe a impossibilidade de alguém se salvar pela guarda dos mandamentos, porque ninguém podia cumpri-los plenamente. Isso já estava claro no Antigo Testamento. Não havia um único israelita capaz de obedecer a todos os mandamentos da Lei de Moisés. E assim, por definição, quem quisesse se justificar por esse meio estaria se colocando debaixo de maldição.
2. A própria Lei ensina que quem é justo diante de Deus vive pela fé (v. 11) - Para contrastar a impossibilidade de justificação pela Lei com a salvação pela fé, o apóstolo cita Habacuque 2.4. Assim, fica evidente que o crente do Antigo Testamento se justificava diante de Deus pela fé em suas promessas. Ao olhar para os animais sacrificados, ele confiava no que Deus dizia a respeito do sangue derramado em prol da alma do ofertante pecador; sangue que apontava para o sacrifício maior que um dia Deus ofereceria pelos pecados de seu povo. Era pela fé nessa promessa que a pessoa era considerada justa diante de Deus, era perdoada e aceita por ele. A própria Lei dizia isso: ela amaldiçoava quem era das obras da lei e dizia que a salvação seria pela fé. Sendo assim, depois da vinda de Cristo Jesus, as pessoas só poderiam ser justificadas pela fé nele. Esse é o segundo argumento de Paulo.
3. A Lei e a fé constituem dois sistemas mutuamente excludentes — não é possível adotar os dois (v. 12). - Fé e Lei representam dois sistemas mutuamente excludentes — Lei aqui entendida como legalismo, a tentativa de se justificar por meio da obediência aos preceitos dela. Assim, quando Paulo diz que a Lei não vem da fé, ele está afirmando que a Lei exclui a fé e a fé exclui a Lei.
4. Cristo veio nos resgatar da maldição da Lei (v. 13,14) - Cristo se fez maldito pelo seu povo na hora em que foi pendurado no madeiro. A maldição da Lei, que deveria recair sobre nós, Cristo a levou sobre si quando se fez maldito de Deus ao ser crucificado na cruz do Calvário. Ali ele recebeu todo o castigo previsto nessa maldição e fez isso em nosso lugar, pois nós é que deveríamos estar pendurados na cruz. [p.157-173]
CAPÍTULO 10 – GRAÇA E FÉ (Gálatas 3.15-29)
Neste capítulo, segundo o autor, Paulo argumenta justamente contra a compreensão errada dos judeus de que a salvação poderia ser obtida pela Lei. Em outras palavras, ele combate o conceito de que podemos ser salvos pelo cumprimento meritório da Lei de Deus ou qualquer outro sistema de leis e normas.
Paulo faz então um contraste entre a promessa feita a Abraão e a Lei. Ele comenta que as promessas de Deus a Abraão, incluídas na aliança, não foram feitas aos descendentes de Abraão, no plural, o que as estenderia a cada judeu de todas as épocas. O apóstolo afirma, em vez disso, que as promessas foram feitas ao descendente do patriarca. Portanto, ela não se estenderia a todos os descendentes do patriarca, mas apenas aos que estivessem ligados a esse descendente. Abraão já sabia que Deus cumpriria sua promessa por meio desse descendente, identificado como Cristo por Paulo no final do versículo.
Portanto, com base nesse raciocínio apresentado por Paulo, fica muito claro que a Lei não representa um novo sistema de salvação, não é uma nova maneira proposta por Deus para salvar o ser humano. A salvação sempre foi e será pela graça e pela fé. A salvação nunca foi pela Lei, mas, sim, pela promessa, pela fé. O autor, começa a responder através das palavras de Paulo, as seguintes perguntas: Com que propósito a Lei foi outorgada? Qual foi a razão de toda aquela pompa no monte Sinai? Qual é o papel dos Dez Mandamentos? Qual foi o objetivo de toda aquela legislação e dos sacrifícios? A resposta a estas questões são pontos importantes neste capítulo. [p.175-192]
CAPÍTULO 11 – A SUPERIORIDADE DO EVANGELHO (Gálatas 4.1-20)
No texto de Gálatas, em que o autor trabalha, ele afirma que nesta passagem, o apóstolo Paulo continua a demonstrar que a justificação de judeus e gentios diante de Deus só se dá mediante a fé em Jesus Cristo, não por obras da lei ou méritos pessoais. Ele apresenta cinco comparações entre a graça e as obras, entre os efeitos do evangelho e os efeitos do legalismo, com o intuito de provar aos gálatas a superioridade do evangelho. Neste capítulo, veremos os quatro primeiros contrastes.
1. Escravo e filho - O primeiro contraste feito por Paulo é entre a condição de escravo e a de filho (4.1-7). Na condição de escravo, é provável que Paulo esteja se referindo aos princípios elementares que os gálatas seguiam antes de conhecerem Cristo mediante o evangelho. No caso dos judeus, seriam as obras prescritas pela Lei de Moisés. No caso dos gentios, as suas religiões pagãs, com seus ritos e práticas ocultas. O “porém” de Paulo no início de 4.4 sinaliza a grande mudança trazida por Deus. Ele enviou o seu Filho para nos trazer à maioridade, por assim dizer. Jesus Cristo veio libertar tanto os judeus quanto os gentios da escravidão aos princípios elementares do mundo. Ele veio nos libertar dos sistemas legalistas de religião e das práticas pagãs ocultistas que nos escravizam.
2. Pagão e cristão - O segundo contraste que Paulo introduz é entre a vida pregressa dos gálatas no paganismo e a vida no conhecimento de Cristo e de Deus. O apóstolo apela outra vez para a experiência dos gálatas ao fazer esse contraste entre a antiga maneira de viver deles e sua nova vida como cristãos (4.8-11). O contraste não é tão aparente assim, pois o enfoque é a vida deles quando não conheciam Deus. Mas é evidente que Paulo pretende despertá-los para comparar o antes e o depois de Cristo segundo a experiência íntima de cada um.
3. Anjo de Deus e inimigo - Ainda argumentando com base na experiência pessoal dos gálatas, Paulo dessa vez faz um contraste entre a atitude inicial deles para com o apóstolo, quando creram na mensagem da justificação pela fé, e a atitude presente, em que os gálatas parecem considerar Paulo um inimigo (4.12-17). O que o apóstolo sentia agora era hostilidade e rejeição da parte daqueles que, a princípio, o haviam recebido como ao próprio Jesus Cristo.
4. Falsos mestres e Paulo - O contraste seguinte é entre a atitude dos falsos mestres que defendiam a submissão à Lei de Moisés e a atitude de Paulo para com os gálatas (4.17-20). O apóstolo acusa esses missionários judaizantes de serem insinceros em suas intenções. A preocupação deles, ao pregar aos crentes da Galácia, não era com seu estado espiritual nem com sua salvação eterna. Eles estavam ensinando o que diziam ser a verdade a respeito da salvação não porque eram zelosos da verdade e do bem, mas porque queriam afastar Paulo dos gálatas e, assim, tomar o lugar do apóstolo no coração daqueles crentes. Eram mercenários mal-intencionados que disfarçavam suas intenções com a capa de palavras piedosas (4.17). [p.193-210]
CAPÍTULO 12 – SARA E AGAR (Gálatas 4.21-31)
Chegamos ao ponto da carta em que o apóstolo Paulo extrai lições e aplicações da história de Sara e de Agar, as duas mulheres de Abraão. No capítulo anterior foram apresentados os quatro primeiros deles e, agora, mostra o último, que é um contraste entre Sara e Agar. Paulo consegue extrair da história dessas duas mulheres e seus filhos uma lição importante para as igrejas gálatas. Ele utiliza a história de Sara e Agar para estabelecer um contraste entre a dispensação da Lei, o período em que o povo de Deus vivia sob a Lei de Moisés, e o tempo da graça, o tempo da redenção em Cristo Jesus. O texto em estudo mostra esse contraste entre a Lei e o evangelho, entre Ismael e Isaque, entre a promessa e a carne, entre dois sistemas de salvação.
1. O Filho da carne e o filho da promessa - O apóstolo pergunta aos cristãos interessados em retornar ao sistema da Lei se eles ignoram o que ela própria diz: a escrava é Agar, a egípcia, e a livre é Sara, a legítima esposa de Abraão, a quem Deus fez a promessa. Paulo mostra uma diferença: Ismael e Agar estão relacionados com a carne, com intenções e pensamentos humanos; Sara e Isaque estão ligados à promessa, o nascimento que ocorreu conforme Deus havia prometido.
2. As duas alianças - Por contraste, Agar representa a aliança mosaica firmada no monte Sinai, que gera filhos para a escravidão, Sara representa a aliança com Abraão, a aliança da graça e da misericórdia, cujos filhos nascem livres, como Isaque. A antiga aliança gera filhos para a escravidão, e a nova aliança em Cristo Jesus, feita pela promessa, gera pessoas livres, filhos de Deus, que nascem no reino de Deus, pois, embora venham a este mundo, já pertencem ao reino celestial.
3. Duas cidades - As duas mulheres também representam duas cidades. Na verdade, uma cidade só, porém entendida de duas maneiras. Paulo diz, no versículo 26: “A Jerusalém do alto é livre; e esta é a nossa mãe”. Por conseguinte, Agar representa a Jerusalém terrestre dos dias de Paulo, ainda “escrava com seus filhos”. A Jerusalém que o apóstolo conhecia vivia debaixo da escravidão.
4. Dois povos - Sara e Agar representam também dois povos (v. 28-31). O primeiro povo são os cristãos — “vós, irmãos” —, que são “filhos da promessa, à semelhança de Isaque” (v. 28). O apóstolo traça uma linha de descendência que começa em Sara e termina nos cristãos. Sara gerou um filho segundo a promessa e, por isso, corresponde à Jerusalém celestial, a mãe dos cristãos. Os seguidores de Cristo são, portanto, filhos da promessa como Isaque, os legítimos filhos de Abraão. [p.211-225]
CAPÍTULO 13 – CAIR DA GRAÇA (Gálatas 5.1-12)
A circuncisão foi instituída por Deus no Antigo Testamento. Era o sinal ou selo da aliança que Deus estabeleceu com seu povo. Para os judeus, a circuncisão era extremamente importante, por isso estavam assustados com o fato de Paulo, também judeu, afirmar que os convertidos não precisavam mais se circuncidar; que a fé em Cristo Jesus era suficiente para o ingresso na família de Deus; que o salvo em Cristo estava isento de guardar a Lei de Moisés; que o símbolo da aliança agora era o batismo, símbolo da circuncisão espiritual do coração. Por isso, na ausência de Paulo, alguns missionários judaizantes chegaram à Galácia para convencer os cristãos gentios daquela região a mudarem de ideia. Paulo ficou consternado ao saber que os gálatas, depois de conhecerem a liberdade que o evangelho proporciona, estavam querendo se circuncidar para ser salvos! Ele faz nesse versículo um apelo veemente a que permaneçam na liberdade de Cristo e não se submetam a um “jugo de escravidão”. Paulo passa a relacionar as consequências de alguém aceitar a circuncisão depois de conhecer a liberdade do evangelho
1. Anulação da obra de Cristo - Ele afirma: “Eu, Paulo, vos declaro que Cristo de nada vos servirá, se vos deixardes circuncidar” (v. 2). Tudo o que Cristo fez seria inútil para eles, porque o evangelho ensina, com muita clareza, que o homem é pecador, indigno de Deus e incapaz de observar os preceitos da Lei.
2. Obrigação de guardar a lei - Paulo menciona a segunda consequência de trocar o evangelho da graça pela salvação por méritos: “Outra vez declaro solenemente a todo homem que se deixa circuncidar que ele fica obrigado a cumprir toda a lei” (v. 3). A circuncisão é o símbolo da Lei de Moisés, de todo o sistema mosaico. A conclusão do apóstolo, portanto, é que o cristão que se circuncida está obrigado a guardar toda a Lei — os sacrifícios, as regras alimentares, o calendário judaico e tudo mais que ela estipula —, porque a circuncisão não é um rito isolado: é a marca de um sistema inteiro.
3. O cair da graça - A terceira implicação é semelhante à primeira: “Vós, que vos justificais pela lei, estais separados de Cristo; caístes da graça” (v. 4). O que Paulo está afirmando, mais uma vez, é que os dois sistemas são mutuamente excludentes. Quem decide se circuncidar se desliga de Cristo, e este é o significado da expressão “cair da graça”. Quando os gálatas conheceram a graça, eles se ligaram a Cristo. Mas agora que ouviram o falso evangelho e resolveram “ajudar” Cristo a salvá-los, por meio da circuncisão, eles se desligaram de Cristo e assim caíram da graça. [p.227-242]
CAPÍTULO 14 – GUIADOS PELO ESPÍRITO (Gálatas 5.13-26)
Depois de denunciar as más intenções daqueles mercenários, Paulo exorta seus irmãos a que sejam servos uns dos outros pelo amor, o que somente seria possível se eles andassem pelo Espírito Santo, não pela doutrina judaizante. Aqui, o autor nos diz que Paulo aborda os conflitos internos que ocorriam na igreja dos gálatas. Ao que parece, havia brigas e disputas entre eles, a ponto de o apóstolo mencionar com ironia “se mordeis e devorais uns aos outros, cuidado para não vos destruirdes mutuamente” (5.15). Essas brigas aparentemente eram resultado da influência nefasta dos agitadores judaizantes e do legalismo ensinado por eles (5.26). Paulo aponta para o amor como a solução; amor que cumpre a Lei (5.13-15) e que é fruto do Espírito (5.16-26).
1. Legalismo e libertinagem - É verdade que Deus havia chamado os gálatas para a liberdade (5.13). No entanto, essa libertação da Lei não era licença para uma vida na carne, no pecado. Ao contrário, eles eram livres da Lei, mas escravos (“servos”) uns dos outros (5.13c). Deus nos liberta em Cristo da escravidão das regras, normas, estatutos e mandamentos da Lei, porém o faz para que nos tornemos escravos uns dos outros. Somos livres para servir, e servir em amor. Isso leva Paulo ao próximo nível de argumentação: aquilo que os judaizantes queriam por força da Lei os cristãos fazem por amor, não como obrigação meritória.
2. Quem ama o próximo cumpre a Lei - Paulo resume toda a Lei de Deus no mandamento de amarmos o próximo como a nós mesmos (5.14), um mandamento que já estava em Levítico 19.18. Ou seja, todas as leis que nos foram dadas por Deus através de Moisés, inclusive os Dez Mandamentos, são cumpridas nesta única ação, a de amarmos o nosso próximo da mesma maneira que amamos a nós mesmos.
3. Polêmicas da igreja - Contudo, parece que os crentes gálatas estavam longe de amar uns aos outros. A advertência de Paulo em 5.15 revela o que estava acontecendo nas igrejas: conflitos, brigas e polêmicas entre os cristãos por causa do ensino dos judaizantes. Quem sabe as igrejas já estavam divididas em grupos, uns seguindo os judaizantes e outros, o ensino de Paulo. A discussão entre eles parece que havia chegado a um ponto extremo.
4. Somente dois caminhos - Em contraste com as brigas entre os gálatas, Paulo apresenta a vida no Espírito como o caminho para o amor que cumpre todos os mandamentos e vence a carne: “Mas eu afirmo: Andai pelo Espírito e nunca satisfareis os desejos da carne” (5.16). Aqui e nos versículos seguintes podemos verificar que Paulo associa a doutrina da justificação pela fé ao andar no espírito e ao fruto do Espírito. Quem anda no Espírito não satisfaz os desejos da carne, não está sob a Lei, dá o fruto do amor e já foi crucificado com Cristo (5.16,18,22-24). Em contraste, os que vivem debaixo da Lei vivem na carne, que produz suas obras pecaminosas e traz condenação ao final (5.19-21). São dois sistemas opostos, duas maneiras de viver contrárias entre si. A vida no Espírito trará a vida eterna, e a vida debaixo da Lei, a condenação eterna.
5. Andar no Espírito - Paulo promete aos gálatas que, se andarem no Espírito, nunca satisfarão a concupiscência da carne (5.16). Essa negativa radical está ancorada no poder do Espírito Santo, o qual os gálatas já tinham recebido quando creram em Jesus (3.2). O Espírito foi enviado, pela graça, ao coração deles, como resultado de terem sido aceitos por Deus como seus filhos (4.6). Se os gálatas andassem debaixo do poder e da orientação do Espírito, teriam força suficiente para resistir aos desejos carnais de sua natureza pecaminosa.
6. As obras da carne - Havendo mencionado a “carne”, Paulo passa a descrever como ela se manifesta na vida daqueles que andam debaixo da Lei, segundo os princípios elementares deste mundo (5.19-21). As “obras da carne” constituem a maneira de viver dos que não herdarão o reino de Deus.
7. O fruto do Espírito - Várias tentativas têm sido feitas pelos estudiosos para classificar as nove qualidades aqui mencionadas pelo apóstolo Paulo. Talvez ele não tenha tido a intenção de oferecer uma lista por ordem ou categorizada. Nunca saberemos isso com exatidão. Nesse aspecto, qualquer tentativa de catalogação sempre parecerá superficial.
Por fim, os cristãos deveriam analisar-se com bastante seriedade à luz das listas de obras da carne e do fruto do Espírito que Paulo nos apresenta. Uma vida na carne pode ser indicadora de que algo está fundamentalmente errado. Será que fomos de fato justificados de nossos pecados? [p.243-257]
CAPÍTULO 15 – COMO RESTAURAR UM IRMÃO (Gálatas 6.1-5)
No início do capítulo 6, Paulo trata das questões de como restaurar espiritualmente um irmão e trata também de nossa responsabilidade pessoal na vida cristã. O cuidado de Paulo em tratar especificamente desse assunto em sua carta evidencia que mesmo o crente verdadeiro pode ser surpreendido em alguma falta. Paulo nos recomenda nessa passagem, necessitamos de muita humildade e verdadeira obediência à lei de Cristo, que é o amor.
1. Todos nós podemos errar - Em primeiro lugar, o apóstolo fala explicitamente sobre a possibilidade de alguém ser surpreendido em alguma falta e, logo de início, fica claro que ele não está se referindo a descrentes ou pessoas alheias à comunidade cristã.
2. A necessidade de vigilância - A possibilidade de o cristão pecar é bastante real. Não foi por acaso que o Senhor Jesus alertou seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). A vigilância é, portanto, necessária para que o pecado não nos surpreenda.
3. A perfeição é nosso alvo - Entendemos que a Palavra de Deus estabelece a perfeição como um alvo na vida do crente. Todavia, o fato de nosso alvo ser a perfeição não quer dizer que ela será alcançada neste mundo. Embora devamos procurar com todo o coração agradar a Deus e buscar ser perfeitos em tudo, ainda assim conviveremos até o último dia de vida com nossa natureza pecaminosa, com o pecado que habita em nós e provoca conflitos e lutas constantes.
4. A correta atitude da igreja - Se alguém for surpreendido em alguma falta, o que a igreja deve fazer? O apóstolo afirma de modo claro que ela deve corrigir esse irmão e põe essa responsabilidade sobre determinado tipo de cristão: “...vós, que sois espirituais...”. A igreja deve ajudar o irmão surpreendido em algum pecado, seja por intermédio de membros mais maduros, seja por meio de sua liderança. Enfim, o que mais importa é que essa medida seja tomada. Restaurar ou corrigir significa recolocar no caminho certo aquilo que está errado. Em seguida Paulo fala, segundo o autor, em quatro atitudes que devem caracterizar a correção.
a) Brandura - Todos os estágios do processo de correção do membro que for surpreendido em uma falta devem ser caracterizados pelo espírito de brandura, não por palavras ásperas, censuras violentas e descabidas ou qualquer atitude rude.
b) Cuidar de nós mesmos - Outra recomendação de Paulo na hora da correção é que temos de nos guardar para que também não sejamos tentados. Quando corrigimos uma pessoa, devemos ter em mente que poderíamos estar no lugar dela. O fato de que também podemos errar deve tirar o orgulho de nosso coração e afastar a arrogância.
c) Assumir o fardo do outro - Os fardos seriam as tristezas causadas pela culpa, a angústia e o sofrimento que o pecado faz recair sobre quem o cometeu, como verdadeiras cargas sobre suas costas. Muitos irmãos genuínos que foram feridos pelo pecado passam a carregar um fardo muito grande. Paulo recomenda que levemos as cargas uns dos outros.
d) Humildade - É muito fácil nos colocarmos numa posição de superioridade ao corrigir uma pessoa nessa situação, porque ela é quem está caída e nós somos os que estão “por cima” lhe estendendo a mão. Se a estamos ajudando, ensinando e corrigindo, não é difícil pensar que somos alguma coisa. Em ocasiões assim, podemos cair na tentação de nos comparar com aquele que foi surpreendido em pecado, pois em geral tendemos a nos considerar melhores do que alguém que adulterou ou foi apanhado fazendo o que não devia no trabalho, ou do que uma pessoa que perdeu a paciência e disse o que não devia, e assim por diante. [p.259-276]
CAPÍTULO 16 – SEMEADURA E COLHEITA (Gálatas 6.6-10)
No capítulo anterior, vimos as orientações de Paulo aos cristãos da Galácia quanto ao trato de algum irmão que tivesse caído em pecado (6.1-5). Continuando suas instruções finais, o apóstolo aborda a necessidade do sustento financeiro aos verdadeiros mestres da Palavra. Essas instruções compõem a parte prática da carta que Paulo escreveu aos gálatas.
1. Devemos recompensar nossos mestres - O próprio Paulo não tinha por hábito pedir sustento financeiro às igrejas que havia fundado, embora aceitasse com alegria as ofertas que lhe chegavam (Fp 4.14-18). Embora a Bíblia registre períodos em que o apóstolo se dedicou “inteiramente à palavra” (At 18.5), em geral ele se sustentava com seu trabalho de fazedor de tendas (At 18.2,3). Sempre que necessário, porém, ele exortava essas igrejas a sustentarem seus pastores e mestres com ofertas regulares, generosas e voluntárias (veja 1Tm 5.17,18; 1Co 9.1-15).
2. O princípio da semeadura e da colheita - A próxima exortação do apóstolo (6.7,8) é uma advertência contra o autoengano de pensarmos que podemos zombar de Deus e das leis que ele estabeleceu, como a lei da semeadura: nós haveremos de colher aquilo que plantamos durante toda a nossa vida. Não devemos pensar que podemos driblar essa lei. Seria o mesmo que zombar de Deus.
3. Semeando para a própria carne - “[Semear] para a sua carne” (6.8) seria, portanto, investir os recursos financeiros somente na satisfação dos desejos e necessidades relacionados com nossa vida aqui neste mundo. Em outras palavras, seria viver somente para o presente, sem pensar na eternidade, nas coisas de Deus.
4. Semeando para o Espírito - Já aqueles que semearem para o Espírito colherão dele a vida eterna (6.8b). “Semear para o Espírito” representa, em linhas gerais, viver de acordo com a Palavra de Deus; no contexto imediato, seria investir no reino de Deus e, no caso mais específico dos gálatas, sustentar seus mestres (6.6). Uma vida dedicada às coisas de Deus trará, pelo Espírito, a vida eterna ao final.
5. Não nos cansemos de fazer o bem - É fácil nos cansarmos de fazer o bem, especialmente porque com frequência a colheita parece demorada: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois, se não desistirmos, colheremos no tempo certo” (6.9). Mais uma vez, estamos diante de uma exortação de alcance bem geral. O que levou Paulo a mencioná-la pode ter sido ainda a questão do sustento dos mestres pelos cristãos.
6. Fazendo o bem a todos - A última exortação de Paulo nesse trecho é que “façamos o bem a todos” (6.10). Ela é introduzida com um “assim”, indicando que Paulo passa a fazer a aplicação ou a expor a inferência lógica do que disse anteriormente, que haveremos de colher no tempo oportuno o resultado da semeadura para o Espírito. [p.277-291]
CAPÍTULO 17 – AS VERDADEIRAS MARCAS DE CRISTO (Gálatas 6.11-18)
Antes de partir para as considerações finais, Paulo estabelece então um nítido contraste entre as motivações e intenções daqueles missionários e as motivações e intenções dele próprio. A questão das motivações é importante, como destaca Paulo, uma vez que determinados líderes pregam uma nova mensagem, arrebanham seguidores e constituem igrejas, tudo por motivações falsas. É para isso que ele chama a atenção de seus leitores no final da carta, com bastante destaque.
1. Os judaizantes não eram sinceros - Paulo, então, em primeiro lugar adverte os gálatas das verdadeiras intenções e motivações desses missionários judaizantes: “Aqueles que desejam ostentação exterior vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo” (v. 12).
2. Os judaizantes não guardavam a Lei - Paulo diz aos gálatas, no versículo 13, que “nem mesmo esses que se circuncidam guardam a lei”. Aqueles missionários queriam impor a circuncisão e outras práticas da Lei de Moisés aos cristãos gentios, mas nem mesmo eles cumpriam essas exigências.
3. Os judaizantes queriam glória para si - No final do versículo 13, Paulo diz aos gálatas que os judaizantes “querem que vos circuncideis, para se orgulharem de vós em rituais físicos”. É de uma imagem semelhante que Paulo está se utilizando aqui. Ele está convencido de que os judaizantes desejam usar os gálatas como troféus. Com certeza, eles sairiam daquelas igrejas se gabando: “Vejam quantos eu circuncidei, quantos eu ganhei para o judaísmo!”. Não havia compromisso sincero com a verdade, mas, antes de tudo, egoísmo e desejo de glória. E é isso que caracteriza os falsos mestres. Eles querem o show e medem o sucesso pelos números.
4. As motivações de Paulo - Paulo prossegue falando especificamente do que motiva seu ministério. Ele declara: “Longe de mim orgulhar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 14). A glória de Paulo podia ser algo vergonhoso para algumas pessoas: um Salvador executado como um criminoso vulgar. Sim, de fato foi estranho o caminho que Deus utilizou para salvar a humanidade! Porém, segundo o que vemos nas palavras de Paulo, a vergonha da cruz é a glória do salvo. E, em seguida, ele enumera os motivos que tinha para gloriar-se.
5. Livre do mundo - Paulo afirma que pela cruz de Cristo “o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (v. 14). Isso a Lei não podia fazer. A palavra “mundo” aqui remete ao sistema de valores pecaminosos da humanidade sem Deus, à maneira de pensar do mundo decaído, com suas tentações, atrações, pecados e antagonismos a Deus.
6. Ser uma nova criação - O segundo motivo pelo qual Paulo se gloria na cruz é exposto no versículo 15: “Nem a circuncisão nem a incircuncisão são coisa alguma, mas, sim, o ser nova criação”. Além de morrer para o mundo, somos feitos nova criação, passamos a fazer parte da nova ordem que Deus já inaugurou neste mundo, da nova humanidade que Cristo veio constituir. E como nos tornamos parte dessa nova criação? A resposta é a mesma: pela cruz de Cristo.
7. O verdadeiro Israel de Deus - No versículo 16, Paulo abençoa os leitores de sua carta e, ao mesmo tempo, declara que os que creem no evangelho é que são o verdadeiro Israel de Deus: “Que a paz e misericórdia estejam sobre todos que andarem conforme essa norma, e também sobre o Israel de Deus”. [p.293-309]
Chegamos ao final deste e a nossa palavra final é RECOMENDO.
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