quinta-feira, 13 de setembro de 2018

TEOLOGIA DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO [Resenha]



ADAMS, Jay E. Teologia do Aconselhamento Bíblico – Mais que Redenção. Eusébio, CE. Editora Peregrino, 2016. 


O livro possui além do prefácio, introdução e conclusão, 23 capítulos divididos em 7 partes. Cada uma dessas parte fala sobre uma doutrina especifica dentro da Teologia Sistemática com o propósito de mostrar o relacionamento entre aconselhamento e teologia e o que o aconselhamento não pode ser feito sem compromissos teológicos. Jay Adams escreve: “Todo ato, toda palavra (ou a falta destes) implica em compromissos teológicos. O Estudo teológico leva a implicações no aconselhamento. A tentativa de separar os dois não deve ser feita; teologia e aconselhamento não podem ser separados sem grande prejuízo para ambos. A separação é tão antinatural (e perigosa) quanto a separação entre o espírito e o corpo. Parafraseando Tiago, podemos dizer que o aconselhamento sem teologia é morto” [p.32]. 

As doutrinas especificas são: 
1) Doutrina das Escrituras: Revelação Especial. 
2) A Doutrina de Deus – O nome de Deus, Oração e Trindade. 
3) A Doutrina do Homem – Vida, pecados, hábitos e pensamentos. 
4) A Doutrina da Salvação – Perdão e Redenção. 
5) A Doutrina da santificação – Novidade de Vida, Fruto do Espírito, amputação radical, Perseverança e sofrimento. 
6) A Doutrina da Igreja – Novos convertidos, Disciplina e obras de misericórdia. 
7) A Doutrina das coisas futuras – Morte e julgamento. 

A Bíblia é a base para o aconselhamento cristão por causa de tudo que representa, ou do que está envolvido no aconselhamento (mudança de vida a partir da mudança de valores, crenças, relacionamentos, atitudes, comportamentos). A própria Bíblia nos oferece princípios para o entendimento e engajamento no aconselhamento noutético e orienta os ministros cristãos a tornarem esse tipo de aconselhamento uma parte da vida de seu chamado para o ministério da Palavra (embora outros cristãos devem igualmente aconselhar, sempre que Deus lhes conceder oportunidade). 

Esta será uma resenha descritiva e iremos trabalhar cada parte aqui citada e faremos todas citações necessárias desta excelente obra. 

O Capítulo 1 tem como tema A necessidade de Teologia no Aconselhamento. Jay Adams faz uma afirmação interessante. “Desde o início da criação, o gênero humano dependeu de aconselhamento. O homem foi criado como ser cuja própria existência deriva e depende de um Criador, a quem deve reconhecer como tal e de quem deve obter sabedoria e conhecimento por meio de revelação. O propósito e significado da vida humana, bem como de sua existência, é derivado e dependente. Nada poderá ele encontrar deste significado em si mesmo. O homem não é autônomo” [p.15]. 

O ser humano foi criado moral e fisicamente bom. “Mas algo aconteceu, resultando na miséria da raça humana: O homem deu as costas ao conselho de Deus e abraçou o conselho de satanás. Fazendo isto, Adão tentou tornar-se independente de Deus, afirmando sua própria autonomia. Contudo, a rebelião adâmica apenas apontou a futilidade de qualquer tentativa de autonomia humana. Confusão e angústia foi o resultado, a humanidade tornou-se sujeita ao medo, a ignorância e morte. Ao seguir o conselho de satanás, ele perdeu sua liberdade, a capacidade de fazer o bem e de seguir o bom conselho de Deus. Tornou-se escravo do pecado e de Satanás” [p.19]. 

Esta verdade teológica é uma refutação contra o existencialismo e o relativismo fundamentado nos falsos ensinos de Freud (que afirma que o homem não é responsável pelo seu pecado), de Carl Rogers (de que o homem é essencialmente bom e não necessita de ajuda externa), ou até mesmo de Skinner (o homem não passa de um animal, sem valor intrínseco, sem liberdade ou dignidade). Tais ensinos estão repletos de erros, falsidades e ensinos anticristãos com o objetivo de levar as pessoas a acreditarem que seus problemas podem ser solucionados sem Cristo. 

Jay Adams afirma que para apresentar uma solução a crise de angustia em que ser o humano está submetido, o conselheiro cristão deve ser radicalmente fervoroso no estudo das Escrituras e conclui: “Somente a teologia – uma dose verdadeiramente abrangente de teologia sistemática, bíblica, exegética – pode mudar esta situação” [p.26] 

O Capítulo 2 Jay Adams trabalha os conceitos de Teologia e Aconselhamento. Para o autor “em sua forma mais simples, teologia não é nada mais, nada menos, do que um entendimento sistemático do que ensinam as Escrituras sobre vários assuntos. Teologia é a tentativa de examinar uma determinada doutrina (ou ensino) à luz de tudo que diz sobre aquela doutrina” [p.27]. 

Para o conselheiro é de fundamental importância entender tudo que dizem as Escrituras sobre determinado tópico, a fim de oferecer direcionamento completamente bíblico aos seus consulentes, uma vez que seu conselho depende dos princípios bíblicos. Portanto, todo aconselhamento, por natureza (por tentar explicar e direcionar os seres humanos em seu viver diante de Deus e diante de seus semelhantes num mundo caído) implica compromissos teológicos por parte do conselheiro. Este, simplesmente não pode envolver-se na tarefa de mudar crenças, valores, atitudes, relacionamentos e comportamentos, sem que mergulhe fundo nas águas da teologia. 

Jay Adams, conclui esse capítulo afirmando: “O relacionamento entre aconselhamento e teologia é orgânico; o aconselhamento não pode ser feito sem compromissos teológicos. Por outro lado, o estudo teológico leva a implicações no aconselhamento. A tentativa de separar os dois não deve ser feita; teologia e aconselhamento não podem ser separados sem grande prejuízo para ambos” [p.32]. 

O Capítulo 3 é o único que constitui a primeira parte deste livro como título A Doutrina das Escrituras e trabalha o Aconselhamento e a Revelação Especial e é apresentado o relacionamento entre determinados aspectos da doutrina das Escrituras para o ministério de aconselhamento. Jesus é o perfeito Conselheiro, como descrevem as Escrituras, sem uso da psicologia e psiquiatria clínicas, dos quais afirmam os descrentes (e muitos crentes que os seguem) são essenciais ao aconselhamento eficaz. As Escrituras é tratada como “conselheiro”. Não é de admirar, portanto, que Davi (Sl 119.24) se refira à palavra de Deus como seu “conselheiro”. Além disso, ao contrastar o que aprendera com a sabedoria humana, ele declara que o conselho das Escrituras p fizera mais sábio do que todos os seus mestres (Sl 119.99). Jay Adams escreve: “O fundamentado num livro como a Bíblia, confere uma nota de autoridade ao aconselhamento. Quando confrontado com propostas descaradas de pecado (“posso deixar minha esposa por outra mulher?”), quando questionado sobre comportamento (“Devo pagar impostos injustos?”), etc., o conselheiro cristão pode dar uma resposta inequívoca, porque não se fundamenta em sua própria opinião a partir das probabilidades das consequências, a partir da conveniência ou de qualquer outro padrão relativo, mas no mandamento do Deus vivo, que tem falado” [p.37]. O Deus “Único,” o “Conselheiro” (Is 9.6) é simplesmente isto: “único” (este é o significado real da palavra “maravilhoso” no texto de Isaías). Diluir a alternativa cristã com adições de Freud, Rogers, Maslow, Harris, mesmo as visões especulativas de quaisquer outros pensadores não-bíblico da área, portanto, é enfraquecer o poder de testemunho da igreja de Cristo. O testemunho de Cristo deve ser mantido único, como o foi nos dias quando ele andou entre os homens (nenhum traço de ecletismo pode ser encontrado em suas palavras e obras) [p.43]. 

Jay Adams conclui esse capítulo, dizendo que: A escritura tem o poder de transformar, tanto nosso status diante de Deus (justificação), quanto nosso estado (santificação). Não de se admirar, portanto, que Satanás dedique tanto esforço e empenho para destruir e desacreditar as Escrituras. Ele direciona seus ataques à fonte de toda piedade. Na medida em que for biblicamente fundamentado, o aconselhamento tem o poder de produzir piedade; na medida em que a Escritura é ignorada (ou diluída em mistura eclética) ele perde seu poder. É por isso que o aconselhamento cristão pode (naturalmente) ser chamado de aconselhamento bíblico [p.61]. 


A segunda parte deste livro intitulado A Doutrina de Deus é constituído por 4 capítulos (4, 5, 6, e 7). Nestes 4 capítulos, os assuntos abordados são: a existência de Deus, a justiça de Deus, o nome de Deus, Trindade e oração. 

(1) A existência de Deus – Deus existe; portanto, o aconselhamento piedoso deve existir. Este aconselhamento põe Deus no centro; ele não desviará de Deus, do início ao fim. Deus é o seu objetivo. Seu propósito é honrá-lo e levar os consulentes a um relacionamento mais profundo com ele. O aconselhamento bíblico reconhecerá Deus como autor de seus princípios. Será, portanto, um sistema orientado por Deus, derivado de sua revelação a respeito do mundo, do homem, de si mesmo [p.89]. 

Diante, da situação do homem. Deus é o único que possui todas as respostas, pode comunicar-nos todas elas e nos capacitar a entendê-las e viver segundo cada uma delas. 

No aconselhamento, além de se fundamentar na existência de Deus, também há um outro fator (2) A justiça de Deus – Diferente do que os consulentes gostariam de ouvir, a justiça de Deus nem sempre se manifesta imediatamente. A injustiça parece prevalecer por algum tempo. É verdade que os pecadores semeiam as sementes de sua própria destruição, mas, como diz o salmista, por um tempo eles florescem e vicejam “qual árvore frondosa. Durante esse tempo de prosperidade dos ímpios, o desequilíbrio das escalas não é nada fácil de suportar por parte dos justos. 

Jay Adams escreve: Todo povo de Deus precisa prender esta verdade. Consulentes não conseguem esperar pela justiça. O desejo de tornar isento de problemas pode ser o erro de alguns. Portanto, os conselheiros devem estar prontos a usarem as exortações dos Salmos (37 e 73) no aconselhamento. Quando um consulente nos diz: “Isto não é justo!” Ele deve ser conscientizado da seriedade de sua acusação; ele está desafiando a justiça de Deus e a fidelidade de sua Palavra. Ademais, está exibindo uma clara falta de fé [p.83]. 

Em seguida temos a questão da (3) Trindade que parece ser área da doutrina a despertar mais especulação entre os consulentes. Eles geralmente se confundem com os vários aspectos dessa doutrina. 

Jay Adams escreve: Portanto, toda especulação a respeito de fatos não-revelados deve ser desmerecida e explicada como proibida (Deus não revelou, por exemplo, como ele pode ser três e um, como as duas naturezas, humana e terrena, de Cristo, interagem, etc.). Mas, ao contrário, Deus revelou fatos a respeito da Trindade, com suas aplicações práticas, que devem ser enfatizados. É importante substituir a especulação pela aplicação prática [p.83]. 

Em seguida, ainda falando sobre Deus, a ênfase recai sobre (4) os nomes de Deus. O próprio Deus não somente revelou algo a respeito de sua natureza e caráter através de seus nomes, como também pelo seu Espírito levou seus servos a relatarem os nomes que eles usaram a respeito de Deus para expressarem sua gratidão pelo que ele havia feito por eles.

Jay Adams se pronuncia: Isto é também de grande importância para os consulentes, especialmente por que eles se desenvolvem através das circunstâncias nas quais o povo de Deus experimenta a fidelidade de Deus. É extremamente importante compreender que estes nomes também são uma revelação de Deus – dada mediata, não imediatamente – mas, no entanto, nomes que Deus destina a serem reveladores de si mesmo. Foi ele, pelo Espírito, que supervisionou o relato desses nomes para o nosso encorajamento [p.90]. 

O último aspecto teológico deste capítulo é a (5) oração. A oração ocupa um lugar central no aconselhamento cristão, tanto para o conselheiro quanto para o consulente. Qualquer aconselhamento que não seja baseado no entendimento de que é somente o poder de Deus que transforma o consulente, se constitui essencialmente não cristão. Portanto, a oração deve ter o lugar de proeminência, pois tanto conselheiro como consulente devem buscar o auxílio divino, ambos dependendo de Deus para recebe-lo. 

Depois de mostrar a importância da oração no aconselhamento, Jay Adams desenvolve uma teologia da oração e faz a seguinte afirmação: Quero desenvolver uma doutrina que tem sido omitida no estudo da teologia sistemática (a despeito de sua importância e de nossa incompetência para busca-la), a doutrina da qual estou falando é a oração [p.95-96]. 

Esta teologia da oração, que ele mesmo denomina-o de Doutrina Cristã da Oração é desenvolvida nas páginas 103 a 127 e conclui: esta é a razão pela qual a oração, o crescimento no estudo bíblico, são tão cruciais para nossas vidas e também porque a discussão destas áreas se faz tão importante para o aconselhamento. Adão andava e falava com Deus na viração do dia. O pecado destruiu aquela comunhão. Em Cristo aquele relacionamento é restaurado, para os que nele confiam (1 Jo 1). A oração agora se constitui uma parte significante da maneira pela qual o cristão desenvolve um contato íntimo com seu ambiente. Fora das Escrituras (nas quais Deus fala ao homem) e da oração (pela qual o homem fala com Deus), o homem perde o contato com a realidade [p.127-128]. 


A terceira parte deste livro intitulado A Doutrina do Homem é constituído por 4 capítulos (8, 9, 10, e 11). Nestes 4 capítulos, os assuntos abordados são: 

(1) Humanismo – Jay Adams já começa dizendo que talvez a área mais significativa para o conselheiro, seja o estudo dos seres humanos, pois vivemos numa atmosfera completamente humanista. Contudo, o aconselhamento cristão tem falhado no que diz respeito à antropologia por duas razões primárias: primeiro, a ascensão do humanismo no pensamento modero e segundo, por que tal aconselhamento tende a focar nos seres humanos, oferecendo auxilio na tentativa de operar neles mudanças. O que o conselheiro cristão precisa levar em conta que o humanismo é um problema sério porque coloca os seres humanos num lugar devido somente a Deus. O homem se torna a medida de todas as coisas. É aqui que se faz necessário estudos teológicos, praticamente orientados para o aconselhamento. Estes estudos não devem só martelar as verdades do ensino bíblico a respeito da vida humana, mas também expor todas as implicações de cada uma delas para o aconselhamento. O conselheiro cristão a considerar a personalidade humana, ele sabe o lodaçal na qual foi mergulhada pelo pecado e do que Deus tem feito por ela em Cristo. 

O segundo assunto desta terceira parte mostra o porquê que o aconselhamento preventivo existe, o (2) Pecado humano. A consideração do pecado e de seus efeitos sobre o ser humano, bem como as implicações disto no aconselhamento trata-se de um enorme desafio. Os DESAFIOS existem quando começa-se com (a) corrupção. Jay Adams escreve: A Bíblia ensina que pelo pecado de Adão a raça humana tornou-se culpada e corrupta. Esta corrupção (ou depravação, como a chamam os teólogos) é total. Mas quando falamos de total depravação devemos esclarecer que não estamos afirmando que todas as pessoas são tão más quanto o podem ser. Antes, a ideia subjacente à palavra total é a de que em todas as partes e aspectos de sua vida o homem é depravado – nenhuma área da vida humana escapa aos efeitos contaminadores do pecado [p.197]. 

Mas também é verdade que o homem nasce culpado. Como a (b) Culpa é a base para o sentimento de culpa (ou de sentimentos negativos como reação de uma consciência culpada – que é a real dinâmica envolvida) os cristãos devem reconhecer, que – escreve Jay Adams – a culpado pecado original (culpa que nasce representativamente do ato de transgressão de Adão) pode ser removida somente pelo perdão judicial, representativo em Cristo. A culpa do pecado real do cristão também deve ser tratada pelo perdão parental que Deus estende a todos os seus filhos em Cristo. Naturalmente, culpa (e sentimento de culpa) procedem de ambos [p.202].  

A (c) Miséria humana é o resultado do julgamento de Deus sobre o pecado do homem. Não havia miséria no jardim do Éden antes da queda, e toda dor, lamento, etc., serão eliminados no estado eterno (Ap21.4). Dor e tristeza e outras formas de miséria humana são resultados da maldição que veio sobre a humanidade após a queda. 

Falando sobre estes desafios, Jay Adams escreve: Conselheiros, portanto, devem estar teologicamente conscientes do problema do mal, prontos a lidarem com ele como Deus o faz e devem ajudar os consulentes a fazerem o mesmo. Quando a teologia do conselheiro é deficiente, ele caminhará com muita dificuldade. Ele comunicará suas próprias perplexidades e confusão ao consulente, que não precisa de mais confusão ou de encorajamento em sua rebeldia pecaminosa. É vital, portanto, que o conselheiro esteja totalmente compromissado com um entendimento bíblico do pecado. O maior auxílio que o conselheiro pode dar ao consulente é convencê-lo do fato de que por trás de todo sofrimento há um Deus bondoso que – para seus propósitos justos – permite tal sofrimento. Feito isto, p conselheiro pode mostrar ao consulente caminhos para entrar nas bênçãos do sofrimento, como fez Paulo [221-222]. 

O penúltimo assunto dentro da Doutrina do homem é a questão do (3) Hábitos. Este é um outro assunto, que na opinião de Jay Adams, livros de teologia sistemática raramente tratam desse assunto. Os hábitos ocupam boa parte do nosso cotidiano, e que a Escritura fala frequentemente acerca desses hábitos, são fatos que uma cuidadosa análise desses escritos confirma. Os efeitos do pecado sobre a capacidade humana de fazer as coisas por hábito é, portanto, uma questão importante para os conselheiros cristãos. Jay Adams conclui: Hábito – a capacidade de aprender a reagir inconscientemente, automaticamente e confortavelmente – é uma grande benção de Deus que tem sido mal utilizada por pecadores [p.224]. Portanto, o entendimento do ensino bíblico acerca do hábito é essencial para todo conselheiro cristão. 

O último tema da terceira parte deste livro é sobre como o pecado afeta o (4) Pensamento. A total depravação não significa que a pessoa seja tão má quanto possa ser (a graça comum de Deus restringe os pecadores de uma total manifestação de sua pecaminosidade potencial), mas, antes que todos os aspectos da pessoa foram afetados pelo pecado. Isso significa (naturalmente) que, dentre outras coisas, seus processos de pensamento, desarranjos podem ocorrer – e de fato ocorrem. Por conta do pecado de Adão – e do seu próprio pecado – seres humanos não pensam corretamente! Isto é um fato de total importância para o conselheiro considerar. Constantemente nas Escrituras, somos confrontados com o fato de que o pensamento humano pecaminoso é o reverso do pensamento de Deus. A forma pecaminosa de pensar do homem perverteu os valores bíblicos de tal forma que um sistema inteiro de inversão de valores pode ser desenvolvido e acolhido como opção por muitos. Nietzche, de fato, pensou assim explicitamente. Mas a ganância, a autoafirmação, a busca por ser o número um. 

Jay Adams escreveu: o aconselhamento bíblico leva a sério os efeitos do pecado no pensamento e nos processos de tomada de decisões. Pensamento e obediência são realmente inseparáveis. Conhecer a verdade não se trata de um processo neutro, “intelectual” (como muitos pensam), mas um fato moral que demanda decisões e compromissos com relação à vida. João 8.32 segue João 8.31: Conhecer a liberdade que a verdade traz é o resultado de conhecer e obedecer a palavra Daquele que é, Ele mesmo, a verdade [p.239]. 


A quarta parte deste livro intitulado A Doutrina da Salvação é constituído por 2 capítulos (12 e 13). Nestes 2 capítulos, os assuntos abordados são: 

(1) Redenção – Desde a eternidade deus planejou a salvação humana, escolhendo seu povo em Cristo “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4). Jesus Cristo, o cordeiro de Deus para o sacrifício, morreu “por aqueles cujos nomes foram escritos” em seu “livro da vida antes da fundação do mundo” (Ap 13.8; 17.8). Pedro diz que “Ele foi conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo” para ser o Salvador, cujo “precioso sangue” seria derramado “como de cordeiro sem defeito e sem mácula” (1 Pe 1.19,20). E foi para o bem destas pessoas que Deus preparou bênçãos eternas por intermédio de Seu Filho “antes da fundação do mundo” (Mt 25.24). 

Jay Adams escreve: Portanto, a salvação foi planejada desde o princípio. Em todo tempo deus pretendeu demonstrar seu amor por meio de enviar Cristo. Seja como for que o conselheiro enxergue a salvação, é importante que ele a reconheça como parte do propósito eterno de Deus, que determinou que seu Filho deveria morrer. Esta determinação não foi feita depois do pecado ter entrado no mundo, mas antes da fundação do mundo – antes que houvesse o homem para pecar ou o mundo no qual ele pecaria [p.243-244]. Acrescenta ainda: O conselheiro cristão, portanto enxerga toda a história profética de Genesis 15 em diante – todo o sistema sacrificial no qual milhares de animais eram esfolados todos os tipos e figuras do período do Antigo Testamento, etc. – não como uma espécie de hesitação humana da parte de Israel em relação ao verdadeiro Deus e ao modo correto de adorá-lo, mas (antes) como uma parte essencial do desígnio de Deus de “conduzir muitos filhos à glória” (Hb 2.10. Aquele que foi o “autor da salvação deles” realizou tudo que o programa de Deus requereu para assegurar essa salvação [p.245]. 

Portanto, é importante reafirmar o fato de que é a salvação que torna o aconselhamento cristão possível; ela o fundamento para todo aconselhamento.  Jay Adams diz: Quando se faz o verdadeiro aconselhamento, quando se trabalha com pessoas salvas, capacitando-as a realizar mudanças, ao nível de profundidade que agrada a deus – é possível resolver qualquer problema real de aconselhamento. Tal segurança fundamenta-se no fato de que todos os recursos necessários para a mudança encontram-se disponíveis na Palavra e por intermédio do Espírito santo [p.247]. 

O próprio Deus é o Conselheiro que guia e direciona através de sua Palavra. O conselheiro cristão não está só; para sabedoria, princípios etc., ele depende, não de sua própria força, mas da vontade revelada, escrita, de Deus. O aconselhamento que não traz a convicção de ser bíblico é deficiente; o consulente deve ser convencido se suas decisões e ações estão realmente agradando a Deus. Não é bom que ele os veja meramente como expediente. 

O segundo assunto da quarta parte deste livro é o (2) Perdão. A maior necessidade do homem é de perdão. É muito fácil para o cristão esquecer o que significou pra ele vir a Cristo e ser perdoado. Mas, um senso vívido de ter sido perdoado é essencial para a devoção cristã; sem isto o cristão facilmente abandona o se “primeiro amor” (ap 2.4). Sem esta percepção, ele tende a perder a atitude de perdão em relação a outrem, que também é essencial ao viver cristão adequado, e ao tratamento de muitas dificuldades no aconselhamento. 

Jay Adams diz: É importante, portanto, aos conselheiros, aprenderem tudo que for possível a respeito do perdão; também devem dedicar tempo lembrando-se de como foram perdoados e relembrando aos consulentes o tremedal de lama do qual foram tirados. Conselheiros cristãos precisam aprender o que dizem as Escrituras sobre o perdão, devem conhecer o assunto com propriedade, dominando todo o campo com maestria, até estarem completamente familiarizados com ele. Devem também conhecer os aspectos exegéticos, teológicos e práticos desse assunto [p.255-256]. 

Em seguida, Jay Adams escreve sobre a linguagem e o significado e a base do perdão, o lugar e o propósito da culpa, arrependimento e confissão, conclui: Quando um consulente é perdoado por deus e pelos outros, mas reconhece que isto “não é o bastante”, ele está certo. O perdão não é apenas um fim; é também um novo começo. O perdão pode fechar as portas de certos relacionamentos, mas também faz nascer a possibilidade de novos. O perdão é um divisor de águas. Há verdadeiramente a necessidade de algo novo – mas não se trata de mais perdão (lembre-se, o perdão dá início a um novo relacionamento) [p.314-315]. 


A quinta parte deste livro intitulado A Doutrina da Santificação é constituído por 5 capítulos (14 e 18). Nestes 5 capítulos, os assuntos abordados são: 

(1) Novidade de Vida – O verdadeiro aconselhamento é feito num nível profundo; é um trabalho do Espírito santo, que envolve mudança interior. Esta mudança acontece no coração do ser humano regenerado como resposta favorável ao ministério da palavra em virtude de suas tendências de nova vida. 

Jay Adams escreveu: Santificação é a doutrina que descreve uma obra realizada não somente por deus diretamente, mas indiretamente, usando a agência do homem. Na conversão, pela sabedoria e poder do Espírito Santo, o homem se arrepende e crê (Deus o capacita para assim o fazer, pois sem ele efetivamente não o faria); na santificação, o homem crê e obedece (mas uma vez, Deus o capacita a assim fazer, pois sem isso ele não o faria) [p.320]. Portanto, um entendimento do processo de santificação com o aconselhamento é muito importante, pois mudança é levar o consulente a viver uma “novidade de vida” 

(2) Fruto do Espírito – A busca do fruto do Espírito no aconselhamento é uma prioridade. As características listadas – “amor, alegria, paz,” etc. – são todas qualidades que ambos, consulentes e a maioria dos conselheiros os consideraria desejáveis. Portanto, eles se tornam alvos a serem buscados pelos conselheiros cristãos em seu aconselhamento. Sendo eles vitais – e alvos são tão vitais – é essencial que todo conselheiro cristão entenda o significado básico de cada termo e saiba também como ele deve ser buscado. Conselheiros devem tentar preencher essas lacunas em seus consulentes, identificando fraquezas e forças, descrevendo cada qualidade em profundidade. Em poucas palavras, devem entender o fruto do Espírito em sua totalidade. 

Jay Adams escreve: A tarefa do conselheiro é orientar o consulente por meio de um estudo bíblico apropriado de cada uma das suas qualidades, mostrando a falta de outras rotas frequentemente tomadas por consulentes que falharam encorajando-o a perseverar na busca da piedade. Consulentes, via de regra buscam paz (ou amor, ou alegria, etc.) “imediatamente”. Eles querem usar truques e atalhos para atingirem seu objetivo. Conselheiros devem advertir contra estas tendências e ajudar no desenvolvimento (de modo claro e prático) das passagens bíblicas que apontam para método correto da busca, ao fim da qual, encontrar-se-á a qualidade desejada [p.344].  Durante todo este capítulo 15, é apresentado um quadro da vida e personalidade cristã. A busca destas qualidades pode mudar dramaticamente a vida do cristão. 

(3) Amputação radical – A santificação é um processo que tem a ver com o despojar de velhos hábitos de vida e com a aquisição de novos. Santificação é mudança de vida. Essa nova forma de pensar e de agir foi trazida ao crente na conversão. A pessoa verdadeiramente regenerada está mudando externamente (despojando-se de velhos padrões e adquirindo novos) por causa da mudança interior pela qual está passando. O termo santificação significa “separar” oi “por à parte”. Negativamente, é a separação do pecado, positivamente, para Deus. O regenerado é separado dos demais, único; especial para Deus. 

Santificação, Jay Adams considera que isso é uma amputação radical, definitiva e preventiva que pode tomar várias formas – romper relacionamentos com más influências (1Co 15.33) – observe a primeira expressão: “Não vos enganeis...”; consulentes constantemente enganam a si mesmos no pensamento de que não precisariam fazer isso), livra-se de material pornográfico, mudar de trabalho, etc. Mas, seja já o que for preciso fazer, uma ação radical e efetiva deve ser tomada, o que é essencial para a santificação [p.361]. 

(4) Perseverança – O nome da doutrina é Perseverança dos Santos; não “segurança eterna”, ou “uma vez salvos, salvos para sempre”. E por uma boa razão. As duas últimas alternativas são bastante verdadeiras, mas, perigosamente, elas enfatizam somente um lado da verdade. A frase “perseverança dos Santos”, enfatiza de modo pleno que é através de esforços envolvidos na santificação (santo é alguém que foi separado) que a pessoa permanece segura – não sem esforços. Porém, todas as pessoas verdadeiramente salvas, perseverarão. 

Jay Adams explica: é interessante notar que Deus continuamente admoesta os crentes à perseverarem (Mt 10.22; 24.13; Rm 2.7-8). Esta é uma nota que deve estar sempre nos lábios dos conselheiros. Ademais, muitos consulentes chegam ao consultório como pessoas derrotadas, esmagados sob o peso dos problemas. Os conselheiros devem afirmar com segurança que se essas pessoas são verdadeiramente filhos de Deus (propriedade de Deus), esse Deus se preocupa com seus problemas; Ele cuida, e os santos perseverarão; mais cedo ou mais tarde eles entenderão isto, de modo que poderão enfrentar seus problemas agora e sair de sua zona de autocomiseração (ou seja o que for) e começar a agir como santos. [p.366]. 

(5) Sofrimento – Conselheiros devem ter uma visão bíblica do sofrimento para instruir e ajudar seus consulentes. O problema tem sido muito difundido; todas as pessoas (uma hora ou outra) sofre, Consulentes, particularmente, reclamam do sofrimento pelo qual estão passando. De fato, de uma forma ou outra, é algum tipo de sofrimento que leva os consulentes ao lugar onde podem encontrar aconselhamento. O sofrimento pode ser o problema primário do aconselhamento – como lidar com isso; pode ser a complicação de um problema, ou pode ser simplesmente um sintoma. O sofrimento é universal porque a queda e seus efeitos são universais. Todo sofrimento deve ser associado ao pecado de Adão. Se ele, como nosso representante, não tivesse pecado, não haveria sofrimento algum. O sofrimento é resultado da maldição de Deus sobre Adão e sua posteridade. Mas, isto não significa que um sofrimento individual seja necessariamente resultado do pecado pessoal de cada indivíduo. 

Jay Adams diz: Um grande propósito (e uso) do sofrimento é o crescimento através das provações (1Pe 4.1). Aqueles que podem lidar com isso, que passam nos testes e, assim, crescem em conhecimento e força, são os que esperam tais coisas: “Queridos amigos, não se surpreendam como fogo ardente que está vindo em cima de vocês para testá-los, como se algo estranho estivesse acontecendo com você”. Alertar consulentes da possibilidade de testes futuros por meio de provações é muito importante. Um bom aconselhamento olha para frente e prepara os outros para o que possam encontrar no futuro. Só é possível olhar adiante para o futuro imediato quando primeiro se olha para o futuro último. 


A sexta parte deste livro intitulado A Doutrina da Igreja é constituído por 4 capítulos (19 e 22). Nestes 4 capítulos, os assuntos abordados são: 

(1) Igreja – Aconselhamento é obra da igreja. Quando a igreja realmente desenvolve uma forma bíblica de aconselhamento dentro de seu campo de interesse, não apenas muitos dos problemas encontrados nas sessões de aconselhamento diminuirão, como também um novo dia de aconselhamento preventivo. 

Jay Adams escreveu: “Deus tem dado (1) o ensino ordenado e os oficiais governantes (2) a tarefa de mudar as vidas das pessoas (3) através do ministério de autoridade da Palavra (2 Tm 3.15-17). Quando esta autoridade é exercida com propriedade (ou seja, biblicamente), Cristo promete estar “no meio” dando encorajamento, capacitando-nos com sabedoria e fornecendo o poder necessário (cf Mt 18.15-20). O aconselhamento, como pregação, é um ministério da Palavra, e portanto, uma parte integral do ministério do pastor [p.378-379]. 

(2) Novos Convertidos – Sempre houve problemas a respeito de como assimilar novos convertidos na igreja e de como ajuda-los em seu crescimento espiritual. Muitos convertidos em um ano ou dois anos param de crescer, e desenvolvem letargia e se tornam como a maioria dos membros veteranos da igreja – sem qualquer empolgação com sua fé. Por que? Muitas coisas podem contribuir para estes sintomas. Mas seguramente uma delas é a falha no aconselhamento adequado imediatamente após a conversão. 

Jay Adams escreve: A maior necessidade de um novo convertido é reconhecer que sua vida como um todo deve mudar. Cristo quer que ele seja diferente em todo seu viver. Devemos dizê-lo o que fazer, demonstrar com exemplos como tal mudança em cada área de sua vida deve ser feita, e estar preparados para ajudá-lo a fazer. Isto significa que toda congregação deve ter um plano e programa prático para realizar isto [p.382] 

(3) Disciplina - Jay Adams começa este capitulo (21) dizendo que é muito importante para o aconselhamento que eu aborde mais uma vez um assunto que (embora não pareça) é novo (ou possivelmente desconhecido) para muitas igrejas; estou falando da disciplina na igreja. Infelizmente, a falha e, disciplinar os membros da igreja soma-se a retirar ao prejuízo de retirar deles o privilégio de serem confrontados pelos outros crentes e pela igreja, quando erram na doutrina ou na vida. Este direito lhes foi dado por Cristo; não podemos privá-los disto [p.387]. 

Disciplina não é um processo no qual Deus se livra de pessoas problemáticas na igreja, como muitas pessoas pensam, embora isso possa acontecer eventualmente. Mas este não é o propósito da disciplina na igreja é trazer as pessoas de volta ao Senhor e promover condições de reconciliação entre irmãos. 

(4) Obras de Misericórdia – Jay Adams escreve: A obra de misericórdia na igreja de Cristo é a continuação da “boa obra” do Senhor. Mas, infelizmente, esta mesma obra tem sido negligenciada por muitas igrejas praticantes das Escrituras e raramente reconhecida pelas demais. Em termos de seguro social, seguro de vida, seguro médico. Etc., a tendência é dizer, “Isto é trabalho do governo”. Entretanto, o governo e as instituições pagãs não podem realizar a obra que Deus confiou à igreja para fazer. Pensar que quaisquer agências podem de fato substituir a igreja na realização desta tarefa é um grande equívoco. O gesto de oferecer um copo d’agua em nome de Cristo (o que significa ser acompanhado pelo ministério da palavra) jamais pode ser substituído por um copo d’agua oferecido em nome do governo! Viúvas e órfãos devem receber cuidados (“visitar” significa “cuidar”). É nossa obrigação “fazer o bem a todos (incluindo os descrentes), mas especialmente aos da família da fé (crentes)”, diz o apóstolo Paulo em Gálatas 6.10 [p.397]. 


A sétima e última parte deste livro tem como título A Doutrina das Últimas Coisas é constituído apenas de 2 capítulos (23 e 24). Nestes 2 capítulos, os assuntos abordados são: 

(1) Morte – “E assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez...” todos os seres humanos, com exceção dos crentes vivos ao tempo da segunda vida de Cristo, morrerão. Esta é a razão principal do grande interesse das pessoas no assunto da morte. Não é de admirar, portanto, que o movimento pseudocientífico de tanatologia, associados à Elizabeth Kubler Ross, Reymond Moody e Robert Monroe tenha atraído tanta atenção. O Conselheiro cristão deve analisar este movimento na perspectiva de (1) responder as perguntas dos consulentes, (2) advertir as pessoas que estão sendo influenciadas por esse movimento e (3) desenvolver sua própria abordagem bíblica desses assuntos [p.403]. 

(2) Julgamento – A Bíblia ensina que haverá um julgamento para todos, após a morte. A palavra “krino” (julgar) possui o conceito de separar uma coisa de outra. A palavra mais importante do Antigo Testamento para conceitua julgamento é shaphat (julgar), tem em sua raiz o significado da noção de retificar algo. Desse modo, o termo vem a significar uma correta avaliação. Isto parece ser o que está implícito na pergunta, “Não fará justiça o juiz de toda a terra?” Combinados todos estes significados, podemos afirmar com segurança, que inerente ao conceito de julgamento, está a ideia de justa avaliação, que leva a uma separação de elementos diferentes. 

O conselheiro cristão precisa ter noção exata das implicações do julgamento final. Jay Adams escreve: O valor do julgamento, portanto, encontra-se em distinguir, ou separa as coisas de maneira justa. É o que vemos. As ovelhas são separadas dos bodes. Varios graus de recompensa ou punição são alocados a cada um, respectivamente. Erros são corrigidos, mesas são viradas, o nome de Deus, seu Filho e seu povo são vindicados, a justiça de Deus é proclamada. [...] É o tempo de colheita, quando o trigo é separado do joio, quando os hipócritas são separados dos crentes sinceros, as boas obras separadas das obras mortas. Este é o julgamento. E as punições e recompensas são atribuídas com justiça por aquele que é onisciente, que julga todas as coisas de acordo com seu padrão publicamente declarado, a Bíblia [p.410]. 

Para concluir e transcrevo uma parte da introdução deste livro, que começa afirmando que a base do cristão para o aconselhamento e a base do aconselhamento cristão nada mais é, senão as Escrituras do Antigo e Novo Testamentos. A Bíblia é o livro texto de aconselhamento da igreja cristã. Por quê? Você pode perguntar, “Afinal de contas, os cristãos não se utilizam da Bíblia como base para outras atividades nas quais se engajam – como engenharia, arquitetura, música – por que, então, deveriam insistir em usar as Escrituras como base para o aconselhamento?” 

A resposta a essa pergunta é, ao mesmo tempo, simples e profunda (pois sua simplicidade não compromete a profundidade de suas implicações). A Bíblia se constitui a base para o aconselhamento cristão porque trata das mesmas questões abordadas no aconselhamento. Ela foi dada para ajudar a trazer os homens à fé salvadora em cristo e assim transformar os crentes à imagem do Filho de Deus (2 Tm 3.15-17). O Espírito Santo usa a Bíblia como um instrumento “adequado” que ele declara ter o “poder” de operar tal transformação. Em suma, é isto que estes versículos afirmam. 

Mas é preciso observar, também, que nestes versículos Deus se refere a esta vida transformada pela Palavra como “homem de Deus” (uma frase emprestada da designação do Antigo testamento para o profeta, usada nas epístolas pastorais para se dirigir ao ministro cristão). E, seja-me permitido repetir, o Espírito Santo declara enfaticamente que a Bíblia subsidia completamente o ministro para a realização desta obra. 

Portanto, sendo o aconselhamento – o processo de auxiliar outros a amarem a Deus e ao próximo – uma parte do ministério da palavra (assim como a pregação) é inconcebível usar qualquer texto (do mesmo modo que seria impensável usar outros textos na pregação) que não seja a Palavra de Deus. O ministro da Palavra deixa de o ser, quando se fundamenta em outro texto não seja a Palavra [p.13-14] 

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