segunda-feira, 11 de junho de 2018

O CULTO SEGUNDO DEUS: A MENSAGEM DE MALAQUIAS [Resenha]


LOPES, Augustus Nicodemus. O culto segundo Deus: a mensagem de Malaquias para a igreja de hoje. São Paulo: Edições Vida Nova, 2012. 156p. 

Para quem deseja aprender sobre o que o profeta Malaquias pregou contra o povo de sua época, vai aí um resumo: A pregação de Malaquias era sobre a centralidade de Deus no culto, as razões corretas para cultuarmos a Deus, a relação entre o culto e a nossa vida diária, a necessidade de adorarmos a Deus de acordo com o que Ele nos revelou e não de acordo com nossa criatividade. Havia ainda uma situação de descaso moral, como corrupção do clero, casamentos mistos e abuso por parte dos poderosos. 

Neste contexto, a palavra de Malaquias era “peso da palavra do Senhor contra Israel”, ou seja, não trazia uma mensagem doce, agradável. Era uma palavra de denúncia, uma palavra de crítica, por isso era chamada de peso ou sentença. 

Para o autor do livro, a profecia de Malaquias foi proferida e registrada em um contexto muito parecido com os evangélicos vivem hoje no Brasil. Em outras palavras, o livro, assim como nos dias que hoje vivemos, situa-se em um contexto no qual adorar a Deus parece não fazer diferença visível na vida dos que o buscam constantemente nos locais de culto. A sua mensagem é dirigida, em grande parte, aos sacerdotes, àqueles que eram responsáveis por manter o culto devido a Deus da maneira correta. Portanto, as palavras inspiradas por Deus, servem para a igreja de todas as épocas como uma orientação a respeito do culto segundo a vontade de Deus. O autor conclui: O objetivo desse estudo é que possamos entender esses princípios e aplica-los aos nossos dias, pois, assim como nos dias de Malaquias, um reavivamento do culto bíblico hoje também se faz extremamente necessário. 

O livro está dividido em oito capítulos. O capitulo 1, trabalha o questionamento do povo perante Deus, com o seguinte assunto: “por que cultuar a Deus se tudo está dando errado?” O capítulo 5 quebra a ordem dos capítulos 2 ao 7, para tratar de um assunto interessante: “Por que cultuar a Deus se o mal existe, os ímpios prosperam e os justos sofrem?” E o capitulo 8 traz um resumo dos princípios do culto a Deus. Os outros seis capítulos (2 ao 7) irá tratar dos seguintes assunto: Deus exige: devoção verdadeira e sinceridade de coração [cap. 2]; Fidelidade na pregação da palavra [cap. 3]; vida pessoal e moral reta [cap. 4]; Obediência [cap. 6]; e temor ao seu nome [cap. 7]. 

Neste RESENHA DESCRITIVA vou me deter apenas aos capítulos 1, 5 e 7. Os demais capítulos deixo para quando os nossos leitores descobrirem quando adquirem este excelente livro. 

Capítulo 1: Por que cultuar a Deus se tudo está dando errado? A base dos comentários deste capítulo está fundamentada em Malaquias 1.1-5. Neste capítulo, seguindo a lógica do livro de Malaquias, Deus faz uma declaração, o povo questiona e então Deus responde, refutando o argumento apresentado pelo povo, seguido por uma resposta de Deus. 
a) Deus faz uma declaração – “Eu sempre vos amei, diz o Senhor” (Ml 1.2) Malaquias traz a ideia de que Deus não somente amou um dia, mas continua amando seu povo. 
b) O povo questiona – “De que maneira nos tem amado? ” Questionamento se dá pelo fato de que o povo vivia uma situação financeira e difícil e ainda estavam sob o jugo dos persas. Que amor era esse se eles viviam ainda em situação de miséria?
c) E então Deus responde, refutando o argumento apresentado pelo povo, seguido por uma resposta de Deus. – “Não era Esaú irmão de Jacó? Disse o Senhor; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú”. (Ml 1.2-3). A resposta de deus faz referência à predestinação: “Por acaso não era Esaú irmão de Jacó?, diz o Senhor. No entanto, amei a Jacó e rejeitei Esaú”. A resposta de Deus é esta: “A prova de que eu tenho amado vocês é que, quando eu poderia ter escolhido Esaú, que é o pai dos edomitas, dos árabes, escolhi o pai de vocês, Jacó, e isso quando ambos ainda não tinham feito nem bem nem mal.” O Comentário de Paulo sobre esse texto, em Romanos 9.10-16, diz que a escolha soberana de Deus é apresentada por Malaquias não apenas como prova de que ele é soberano, mas como prova do amor livre que deus tem para com o seu povo, sua igreja e a nação de Israel, da qual somos continuação. Assim, quando os judeus questionavam a Deus, “de que maneira nos tens amado?” Deus respondia: “Vocês poderiam estar entre aqueles que eu rejeitei para sempre, mas estão entre os que escolhi amar soberanamente, e essa é a maior prova de amor que eu posso dar a vocês. A escolha soberana de Jacó como o pai da nação israelita era a maior prova do amor de Deus. 


Capítulo 5 – Este capítulo trata sobre um dos dilemas mais antigos para doutrina cristã que é o problema do mal. Existe um termo teológico que dá nome a esse tema: teodiceia, que é o estudo do problema do mal e sua origem. Se Deus é bom, por que existe o mal? Como pode existir o mal em um Universo governado por um Deus justo, bom e todo poderoso? A teodiceia procura responder a essas perguntas. Mas a questão vai mais além: Como um Deus justo, bom e todo-poderoso permite que o mal exista em seu Universo, que os ímpios prosperem e pequem abertamente ser castigados? E por que ele permite que o justo sofra neste mundo? 

O livro nos apresenta três respostas básicas para essas indagações: Primeira resposta é a do ateísmo. Este parte do seguinte raciocínio: Se Deus é justo, bom e todo-poderoso, por que o mal existe? Se o mal existe, a conclusão deles é que Deus simplesmente não existe. A natureza é determinista, não segue qualquer princípio ou ordem moral. O mal faz parte do Universo. Não existe um Deus bom nem um Deus justo que possa impedir a realidade do mal. Segunda resposta é a da chamada teologia relacional ou teísmo aberto. A teologia relacional diz o seguinte: Não é culpa de Deus que o mal exista no mundo, porque Deus não é todo poderoso nem onisciente. Deus esvaziou-se de sua onisciência e de sua onipotência para poder se relacionar de maneira ideal com as pessoas, a fim de que não fôssemos meras peças de um jogo de xadrez em suas mãos. Terceira resposta vem das religiões orientais, como o zen-budismo e outras correntes religiosas que negam o outro lado da equação, ou seja, afirmam a inexistência do mal. Seus adeptos alegam que o mal é simplesmente uma projeção de nossa mente. Para eles, se a pessoa alcançar determinado nível de espiritualidade, entrará em sintonia com a realidade que temos ao nosso redor, na natureza e nas forças que nos cercam. Dessa maneira o mal e a dor deixarão de ser uma realidade para ela. Isso tem tudo a ver com a meditação transcendental, que tenta resolver o problema do mal negando a própria existência do mal. 

A resposta do Cristianismo é que o nosso serviço a Deus independe dessas coisas, pois ele é bom, justo e todo-poderoso, mas permite a existência do mal. E assim o permite porque tem o propósito de mostrar sua soberania ao castigar os ímpios, naquele dia que ele já preparou, e igualmente de mostrar sua misericórdia ao salvar aqueles que são seus neste mundo tenebroso. Portanto, mesmo que não possamos entender os motivos por que Deus permite que o mal atinja determinadas pessoas, podemos afirmar que ele é justo, santo, bom, todo-poderoso, que o mal existe neste mundo por permissão dele e está dentro dos seus planos. Embora nem sempre possamos entender isso claramente, de uma coisa podemos ter certeza: haverá um dia que Deus julgará todo o mal. 

Capítulo 8 – Este capítulo para mim ele se tornou importante, pois além de um resumo do livro é também uma síntese completa do livro de Malaquias. O livro de Malaquias aborda vários temas diferentes. Ele fala a respeito da eleição e predestinação, da necessidade da consagração total do seu povo a Deus, do ministério dos líderes e sacerdotes, do casamento misto, divórcio, da vinda de Cristo no dia do juízo, dos dízimos e ofertas, do problema do mal, da prosperidade dos perversos e da aliança de Deus com o seu povo, incluindo a aliança de Deus com os sacerdotes e com o casamento. Todos estes temas, embora diferentes, mas todos estão relacionados com a principal preocupação do profeta: o culto a Deus. Essa era sua inquietação maior, porque ele viveu numa época em que o culto a Deus estava corrompido. Os sacerdotes tinham se corrompido: eram ineptos, descuidados, enfadados com o serviço prestado a Deus e não cumpriam corretamente sua função. O povo, por sua vez, não ficava atrás: questionava a justiça de Deus, sua bondade, seu amor, sua lealdade, trazia ofertas defeituosas para serem oferecidas em sacrifício, sonegava os dízimos e as ofertas, levava uma vida irregular no casamento, tanto que se casava com mulheres estrangeiras, assim contribuindo para corromper o povo de Deus, bem como se divorciava sem justa causa, quebrando a aliança com a mulher da sua mocidade, a esposa com a qual contraíra matrimônio. 

Portanto, trata-se de um livro em que podemos aprender vários princípios a respeito do culto que devemos tributar a Deus. 

1. O culto é a celebração pública e visível da aliança que temos com Deus - Essa é uma das grandes ênfases de Malaquias. Ele fala do Deus da aliança por diversas vezes. Essa aliança foi feita com o seu povo. Por meio dela, Deus se comprometeu a abençoar o povo, ser o Deus deles, cuidar da sua descendência e lhes dar vida eterna; e, da parte do povo, havia o compromisso de servir a Deus e andar nos seus caminhos. Essa mesma aliança está em vigor ainda hoje, só que agora ela é chamada de nova aliança, a nova aliança em Cristo Jesus. É uma aliança superior, pois temos um mediador, Jesus Cristo, cujo sangue derramado é superior ao sangue dos animais. O culto que prestamos a Deus expressa exatamente isso. O culto hoje é a celebração pública e visível da aliança que temos com Deus. Tudo que fazemos no culto tem a ver com essa aliança. 

Quando temos essa visão aliancista do culto, as várias aberrações idolátricas ficam do lado de fora. O culto passa a ter mais sentido, pois entendemos por que estamos reunidos como povo para louvar a Deus. 

2. Devemos cultuar a Deus, independentemente das circunstâncias - Um questionamento constante do povo na época de Malaquias é que não fazia diferença servir a Deus ou não. Eles perguntavam: “Onde está o Deus da justiça?”. Os ímpios cometiam pecados, prosperavam e escapavam impunes, e os que serviam a Deus passavam por dificuldades. Então qual era a vantagem de servir a Deus? E inútil servir a Deus, concluíam eles. A resposta de Malaquias foi que Deus nos ama porque ele nos escolheu. Essa é a maior prova do seu amor para conosco. Deus punirá o ímpio e recompensará o piedoso, mas isso só acontecerá no dia que ele já preparou. Até lá, devemos cultuá-lo, independentemente das circunstâncias. Esse princípio vale para nós hoje, numa época em que as pessoas são incentivadas a cultuar a Deus em troca da prosperidade, de um apartamento novo, de um emprego, de um casamento, da restauração da saúde. É esse o apelo que se faz hoje para que as pessoas venham cultuar a Deus, servi-lo, agradá-lo com ofertas e sacrifícios, com dízimos e compromissos. Mas isso é completamente diferente da mensagem de Malaquias, pois ele nos fala de cultuar a Deus em tempo de desesperança, de dificuldades, mesmo quando as coisas não estão dando certo. 

3. Devemos cultuar a Deus da forma que ele revelou - Não podemos alterar nem acrescentar nada ao culto a Deus. Ele revelou com clareza na sua Lei o culto que desejava. Encontramos isso com muita clareza no Antigo Testamento. Ele revelou que tipo de ofertas deveriam ser trazidas e de que maneira deveriam ser apresentadas, os animais que poderiam ser sacrificados e a maneira de fazê-lo. Ele falou a respeito de quem poderia oferecer o sacrifício — os sacerdotes e levitas —, determinou a tarefa de cada um deles e instituiu leis e normas para que seu culto expressasse a sua vontade em relação a como ele deveria ser adorado. O Novo Testamento não prescreve normas detalhadas para o culto, não apresenta uma ordem litúrgica como havia no Antigo Testamento. Contudo, os elementos do culto a Deus são muito claros: as orações, os cânticos, a pregação da Palavra, os sacramentos e outros, os quais o Novo Testamento diz com clareza que fazem parte do culto a Deus. Não podemos inventar elementos de culto. Não nos cabe introduzir no culto invenções humanas, ainda que a pretexto de ser algo prático, de boa intenção, ligado à tradição, à antiguidade ou mesmo algo que todo mundo faz. Devemos adorar a Deus de acordo com sua Palavra, sem inventar partes ou elementos do culto para chegarmos diante do Senhor. 

4. Devemos cultuar a Deus com a atitude apropriada - Devemos cultuar a Deus com sinceridade de coração. Ele sempre quis que o culto fosse sincero. As regras e leis estabelecidas tinham como objetivo expressar a santidade divina, e o alvo de todas elas era mostrar ao adorador a necessidade da mediação, da purificação de pecados e da graça de Deus, para que o culto fosse agradável a ele. No entanto, mesmo com toda aquela formalidade, o que Deus desejava de fato era o coração do povo, que este se apresentasse diante dele voluntariamente, com o coração quebrantado e contrito. Portanto, não basta apenas termos um culto apropriado, simples, bíblico, contendo somente os elementos que Deus prescreveu, porque, no final, acima de tudo, Deus deseja nosso coração. Deus quer que nos entreguemos a ele no culto. A melhor maneira de cultuar a Deus de forma adequada é lembrar-nos da aliança que ele tem conosco, de quem ele é e de sua grandeza. Ele é o Senhor dos exércitos; ele é nosso Pai e Senhor. Quando Deus é o foco e o centro do culto, e não o homem, então fica mais fácil manter o espírito de adoração do qual Deus é digno e se agrada. 

5. Devemos dar a Deus nosso melhor no culto - Todo culto no Antigo Testamento girava em torno disso. Os dízimos eram os melhores animais que havia no campo; as primícias eram oferecidas a Deus. As ofertas tinham de ser do melhor. Na verdade, o que Deus desejava com isso era demonstrar a importância dele. Ao adorarmos a Deus, devemos apresentar-nos a ele com o melhor do nosso coração, do nosso talento, da nossa disponibilidade e do nosso tempo, com uma atitude que reflita aquilo que Jesus diz: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). 

6. A aceitação do nosso culto depende também da nossa vida moral e espiritual - O Antigo Testamento enfatiza essa relação entre a vida do povo e o culto que ele prestava a Deus. Há uma estreita relação entre a nossa vida moral e o culto que prestamos a Deus. Malaquias, como vimos, denuncia a imoralidade do povo de sua época. Ele denuncia a imoralidade dos sacerdotes, o casamento com mulheres adoradoras de deuses estranhos, o divórcio sem justa causa, e diz: “Deus não aceita o culto de vocês”. Deus não se agrada quando chegamos para adorá-lo com mãos, pés, coração, mente, enfim, com todo nosso ser impuro. É por isso que no culto sempre há uma oportunidade de confissão de pecados, de contrição, de pedir que Deus nos purifique. Aqueles que são de Deus e estão sinceramente arrependidos de seus pecados têm no culto a oportunidade para se purificarem. 

Concluindo, vimos que o nosso Deus tem um culto extremamente definido de acordo com aquilo que ele mesmo revelou, que ele é um Deus que sonda os corações, que exige uma atitude correta, uma vida santa. Há somente um modo de oferecermos a Deus um culto aceitável: pelo sangue de Jesus. Portanto, o culto a Deus é coisa séria, e somente purificados em Cristo podemos chegar diante de Deus e servi-lo de todo o coração. Esse culto, então, que prestamos a Deus aqui neste mundo, pelo sangue de Jesus, é o prelúdio do culto celestial, no qual Deus receberá toda a glória naquele grande dia. 

Chegamos ao final e a minha palavra é: RECOMENDO.

Lembramos que este livro faz parte da série A Mensagem da Bíblia para a Igreja de Hoje.

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https://vidanova.com.br/235-a-mensagem-da-biblia-para-a-igreja-de-hoje

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