quinta-feira, 16 de junho de 2022

GUERRAS SECRETAS: SUPER HERÓIS MARVEL [Resenha 054/2022]


Guerras Secretas é uma adaptação de um quadrinho homônimo escrito por Alex Irvine e publicado pela primeira vez em 1984. Ele ganhou a versão literária pela editora Novo Século em 2015, que já publicou diversas narrativas oriundas de histórias em quadrinhos. O livro se inicia com diferentes heróis sendo transportados para o Mundo de Batalha, um planeta peculiar que ninguém conhecia. X-Men, Quarteto Fantástico e os Vingadores, bem como os vilões Magneto, Ultron, Galactus e Doutor Destino precisam guerrear entre eles para atingir o maior prêmio que poderiam almejar: a realização de seu maior desejo.

O livro possui um ASPECTO TEÓLOGICO princípio, o leitor pode começar a questionar sobre o que um super-herói poderiam querer, se ele já possui poder, o que qualquer pessoa ordinária desejaria ter. Mas Alex Irvine brilhantemente se concentra nas limitações desses personagens, encontrando no poder delas o motivo de suas frustrações. Um exemplo é quando o Charles Xavier, que é paraplégico, começa a andar; outro é quando o Coisa passa a controlar sua transformação em pedra. Ou seja, mesmo sendo pessoas superpoderosas, elas também são humanas e, por isso, acabam tendo limitações e desejos. Em um determinado momento, os personagens descobrem que existe uma entidade naquele mundo. Ele é chamado de Beyonder e é encarado como o ser que os levou para o Mundo de Batalha. Ao inseri-lo na história como uma entidade cósmica onipotente, Alex Irvine está metaforizando Deus. Essa provocação do autor propõe uma reflexão mais profunda.

Guerras Secretas também permite UMA INFERÊNCIA SOCIAL, questionando a atitude que coletivamente tomamos. É possível ver uma clara crítica ao sistema, que impõe ao ser humano — desde o momento que ele nasce — que ele se municie de ferramentas para realizar seu sonho. Porém, o prêmio é destinado a poucos, e isso gera um conflito de interesses, uma vez que todos querem realizar seus desejos, mas apenas os vencedores são contemplados com este benefício. Que vença o melhor!

Alex Irvine também se preocupou com o PENSAMENTO ALTRUÍSTA, geralmente remetido aos heróis. Charles Xavier é o símbolo dessa ideia, propondo aos demais que eles não lutem, não façam aquilo que o Beyonder tanto incitou a fazê-los. Ele reflete que ninguém queria se levado para lá, então por que não se empenham e sair dali, em vez de jogar o joguinho daquela entidade?

Após essa elucidação, Guerras Secretas faz o leitor compreender que ele deveria usar o jogo a seu favor e não se tornar um escravo dele; que essa conduta faz parte da natureza humana.
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IRVINE, Alex. Guerras Secretas. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015.

Créditos: Cabana do Leitor 

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