sábado, 26 de setembro de 2020

O PRÍNCIPE CASPIAN [Resenha 138/20]


O Príncipe Caspian é o segundo livro dos sete escritos por C. S. Lewis que compõem a série infanto-juvenil “As Crônicas de Nárnia”. Publicado em 1951, é sugerido como o quarto na ordem cronológica de leitura das histórias. Se em “O Cavalo e seu Menino” Nárnia foi descrito como um lugar maravilhoso, onde a liberdade prevalecia, os animais e a natureza conviviam em harmonia e tudo era pacifico aqui em “Príncipe Caspian” a trama muda de contexto e torna-se uma antítese ao livro anterior.

Mais de mil anos se passam em Nárnia após as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia narrados em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, mas para as crianças na Inglaterra se passou apenas um ano. Nárnia, onde os animais falam, onde as arvores caminham, onde uma grande batalha está prestes a começar. Um príncipe, cujo legitimo direito ao trono foi usurpado, reúne um exercito na tentativa desesperada de expulsar de seu reino um falso rei. O príncipe Caspian, decide trazer de volta o glorioso passado de Nárnia. Soprando sua trompa mágica, ele convoca Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia para ajudá-lo em sua difícil tarefa. No fim, porém, é uma luta de honra entre dois homens que decidirá o destino de todo um mundo.

É maravilhoso aqui encontrar os quatro irmãos novamente como o centro da história, apesar do conflito girar em torno da luta do Príncipe Caspian, ainda conseguimos ver Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia caminhando juntos em um novo desafio, retomando todo o carisma desse quarteto que nos fisgou no segundo livro da coleção.

Apesar de todo o conflito, os temas cristãos abordados por C. S. Lewis voltam à tona nesta aventura: Assim como em “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, a questão da fé em Deus, naquele que não nos é visível aparece quando Lúcia vê Aslam e os outros não acreditam nela inicialmente. A invocação por um auxílio inesperado feita por Caspian lembra muito a oração. A referência a criaturas mitológicas, como Baco e Pã, sujeitando-se à Aslam deixa a sensação de que o cristianismo é superior ao paganismo. A transformação de Caspian - telmarino de nascença - em um defensor de Nárnia divulga que a conversão cristã é o melhor caminho, apesar de grandes lutas e obstáculos.

Há também uma alusão invertida à Alegoria da Caverna, de Platão, quando os piratas entram na caverna e descobrem o mundo fantástico de Nárnia. Seria exatamente o caminho oposto ao que o filósofo propôs, isto é, abandonar a fantasia e buscar a realidade.

Outra dicotomia entre fantasia e a realidade aparece quando Pedro e Susana são avisados por Aslam de que nunca mais retornarão a Nárnia, pois já passaram da idade para isto, assinalando assim que a fantasia seria essencial durante a infância, mas a realidade é o que mais importa para a vida adulta.

A existência de uma raça superior e racismo, questões prementes durante a 2ª Guerra Mundial, portanto, bem próximas à publicação do livro, são atacadas quando os anões narnianos não aceitam o anão mestiço Dr. Cornelius, mentor de Caspian.

É interessante a abordagem da diferença na contagem do tempo entre os mundos através da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a qual nos dá a idéia de que o tempo passa de modo diferente em lugares diferentes.

As mudanças na geografia de Nárnia durante o tempo em que as crianças estiveram fora assinala que não somente as pessoas se transformam, mas também o lugar em que vivem, com ou sem a interferência humana.

Um detalhe que chama a atenção é que as crianças desta vez são transportadas da Inglaterra para Nárnia quando estão em uma estação de trem, assim como ocorre em Harry Potter. 
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LEWIS, C. S. As Crônicas de Nárnia: O Príncipe Caspian. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2008. (Série Nárnia).

Créditos:

[Resenha] As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian
https://www.cinemundo.net.br/resenha-cronicas-de-narnia-principe-caspian/

O Príncipe Caspian (C. S. Lewis)
http://resumos.netsaber.com.br/resumo-45566/o-principe-caspian

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