sábado, 20 de julho de 2019

O MISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO [Resenha]


SPROUL, R. C. O mistério do Espírito Santo. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2013. 144p.


O AUTOR E O SEU LIVRO

O AUTOR - Nascido em 1939, na Pensilvânia, EUA, Robert Charles Sproul pode ser considerado um dos teólogos reformados mais proeminentes dos últimos anos. Fundador e presidente da Ligonier Ministries, R. C. Sproul estava hospitalizado há doze dias em decorrência de complicações respiratórias e faleceu na última quinta-feira, 14/12, aos 78 anos.

A nota oficial publicada no site de Ligonier Ministries diz que o impacto do ministério de Sproul para a história da igreja só poderá ser mensurado futuramente. “Neste momento, sentimos imensa tristeza e profunda perda - a perda de um pastor, um professor, um líder, um irmão em Cristo, um amigo. R. C. agora vê o objeto de sua fé, o Cristo ressuscitado.”

Ordenado na Igreja Presbiteriana Unida antes de se transferir para a Igreja Presbiteriana na América (PCA), Sproul trouxe educação teológica às massas, criando uma ponte entre a escola bíblica dominical e o seminário, através de seu programa de rádio, a revista Tabletalk, palestras, livros e dezenas de artigos. Para a Christianity Today, o legado de Sproul vive em gerações de leigos e líderes reformados. Quando o assunto é Soberania de Deus, ele é considerado a maior referência no assunto.


O LIVRO - "O Espírito Santo não deixa pegadas na areia." Essas palavras são de Abraham Kuyper, em sua obra clássica sobre o Espírito Santo. Jesus deixou pegadas na areia. Ele era o Deus em carne, Deus dotado de natureza humana. Quando os discípulos de Jesus andavam com ele, podiam ouvir a sua voz, tocar em suas mãos e observar a areia respingando sobre os seus pés, enquanto ele percorria as praias do mar da Galiléia.

Mas o Espírito Santo é como o vento. Disse Jesus: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai" (João 3.8). Não se pode capturar o vento em uma garrafa. O vento é esquivo e misterioso, mas não obstante, é real. Vemos os efeitos do vento — árvores balançando e vergando ao vento, bandeiras drapejando. Vemos também a devastação causada pelos terríveis tufões. Vemos o oceano tornar-se violento sob o vendaval. Somos refrescados pela brisa gentil em um dia de verão. Sabemos que o vento está presente.

Outro tanto sucede no caso do Espírito Santo. Ele é intangível e invisível. Mas as suas operações são mais poderosas do que o vento mais violento. O Espírito Santo põe ordem no caos, e beleza na feiúra. Ele pode transformar um homem maculado pelo pecado em um modelo de virtudes. O Espírito Santo modifica as pessoas. O Autor da vida é, igualmente, o Transformador da vida.

Visto que o Espírito Santo é misterioso, somos vulneráveis diante das superstições e distorções sobre a sua pessoa e as suas operações. Neste ponto devemos escutar com cuidado as Escrituras, enquanto elas nos revelam o caráter de Deus Espírito Santo.

Este livro diz respeito a ele, a Terceira Pessoa da Santa Trindade. Este livro foi escrito para o crente leigo sério, e procura evitar questões técnicas teológicas indevidas. Algumas seções vão requerer uma meditação profunda. Outras perscrutam o abstrato, pois isso é inevitável, se desejamos crescer em nosso entendimento sobre o Espírito. Este livro foi escrito para aqueles que desejam possuir uma vida espiritual mais profunda, um resultado que não pode ter lugar à parte do Espírito, aquele que santifica.

O livro contém, além do prefácio, dez capítulos com um conteúdo edificante. Como todas as nossas resenhas, iremos trabalhar de conformidade a estrutura do livro, capítulo à capítulo, extraindo pequenos parágrafos. O nosso propósito é fomentar no leitor o desejo para a compra ou não do livro completo e a nossa proposta é se ter a estrutura do sumário e citações pontuais do livro.


1. QUEM É O ESPÍRITO SANTO? – Neste capítulo, o autor enfatiza que o Espírito Santo pode ser amado, adorado, obedecido, ofendido, entristecido, ou podemos pecar contra ele, pois o Espírito Santo é uma pessoa.

A Bíblia revela o Espírito Santo não como uma força abstrata, um poder ou uma coisa, mas como "ele". O Espírito Santo é uma pessoa. Uma personalidade inclui inteligência, vontade e individualidade. Uma pessoa age por intenção. Nenhuma força abstrata pode tencionar fazer qualquer coisa. Boas ou más intenções são limitadas aos poderes dos seres pessoais. [p.13] O Novo Testamento exorta-nos a não pecarmos contra o Espírito Santo, a não resistirmos ao Espírito Santo e a não entristecermos o Espírito Santo. Ele nos é apresentado como uma pessoa a quem podemos agradar ou ofender, que pode amar e ser amado e com quem podemos ter comunhão pessoal. [p.15]


2. O ESPÍRITO SANTO É DEUS – Neste capítulo, o autor afirma que a Bíblia atribui claramente deidade ao Espírito Santo. O Espírito Santo é uma pessoa; o Espírito é Deus.

Nas Escrituras encontramos alusões frequentes à deidade do Espírito Santo. No Antigo Testamento, por exemplo, aquilo que é dito sobre Deus Pai é dito também a respeito do Espírito de Deus. As expressões "Deus disse" e "o Espírito disse" são repetidamente intercaladas. E as obras do Espírito Santo aparecem como obras de Deus. O mesmo fenômeno ocorre nas páginas do Novo Testamento. Em Isaías 6.9, Deus diz: "Vai, e dize a este povo". E o apóstolo citou esse mesmo texto em Atos 28.25, começando com estas palavras: "Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías..." Nesse caso, o apóstolo atribuiu o falar de Deus ao Espírito Santo. [p.19]


3. MISTÉRIO DA TRINDADE – O autor afirma que neste capítulo irá tratar de uma das doutrinas mais importantes e, no entanto, mais causadoras de perplexidade da fé cristã, a Trindade. Como é possível distinguirmos entre três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo — e ainda assim chegarmos a confessar que acreditamos em um só Deus?

O conceito da Trindade tem por desígnio responder a essa pergunta. Á fórmula da Trindade é a seguinte: "Deus é um só quanto à essência, e três em pessoa". Essa fórmula busca proteger o cristianismo de sérios combates em duas frentes. Por um lado, a Igreja quer manter sua estrita adesão ao monoteísmo. Daí a primeira parte da fórmula — "Deus é um só quanto à essência". Isso significa, simplesmente, que só existe um Ser a quem chamamos de Deus. Por outra parte, a Igreja busca ser fiel à clara revelação bíblica sobre a deidade de Cristo c sobre a deidade do Espírito Santo. Por conseguinte, a Igreja distingue entre três pessoas na deidade — Pai, Filho e Espírito Santo. E isso explica a segunda parte da fórmula: "E três em pessoa". [p.27]


4. ESSÊNCIA E PESSOA: SONDANDO O MISTÉRIO DA TRINDADE - No capítulo anterior, o que o autor mostra que a Igreja estabeleceu uma distinção cuidadosamente traçada entre essência e pessoa, para evitar fazer uma declaração contraditória acerca de Deus. Neste capítulo, o grande questionamento do autor é: É válida essa distinção entre essência e pessoa? Será um mero jogo de palavras, que postula uma distinção verbal sem que haja qualquer diferença real? Portanto, chegaremos à conclusão de que se existe uma diferença real entre essência e pessoa, então a fórmula da Trindade nem é contraditória e nem é irracional. Antes, ela é lógica e bíblica.

Em nossa formulação da doutrina da Trindade, temos falado repetidamente sobre a distinção entre a essência (ou ser) e a pessoa. Como devemos entendê-los quando os aplicamos a Deus? Quando falamos sobre a essência de Deus, estamos pedindo por empréstimo um conceito originário do pensamento grego. Trata-se do conceito de ser. Alguns teólogos levantam seu protesto neste ponto. Conforme já vimos, esse conceito tem sido atacado como se envolvesse a introdução da filosofia paga na pureza do pensamento dos hebreus. [p.43] Quando falamos sobre o ser de Deus ou sobre a essência de Deus, estamos falando sobre o que Deus é. Acreditamos que Deus é os seus atributos. Ele é um ser simples, único, no sentido que não existem nele partes componentes que, quando adicionadas uma à outra, componham o seu ser. Deus não se compõe de duas partes ou mais. Ele é essencialmente um. Eis a razão pela qual a Igreja insiste na tri-unidade de Deus. A pluralidade de pessoas na deidade não nega a unidade essencial de Deus. Pensar na Trindade em termos de três partes que comporiam Deus é cair no triteísmo, através da qual a simplicidade e a unidade de Deus são destruídas. A Igreja tem insistido, a todo preço, por assegurar que a integridade do monoteísmo bíblico permaneça intacto. Quando a Igreja fala sobre as três pessoas da Deidade, ela apela para a Bíblia como apoio. [p.44] Vemos, pois, que quando a Igreja cristã confessa sua fé em um Deus triúno, ela tenciona transmitir a idéia de que existe uma só essência ou ser, e não três; mas que existem três personalidades subsistentes distintas na deidade. Os nomes Pai, Filho e Espírito Santo indicam distinções pessoais na deidade, mas não divisões essenciais em Deus. [p.53] Dentro do plano de criação e redenção, falamos sobre a subordinação de certas pessoas da deidade às outras. Para exemplificar, embora Deus o Filho seja coeterno e coessencial com Deus Pai, na obra da redenção é o Pai que envia o Filho ao mundo. O Filho não envia o Pai. Por semelhante modo, as Escrituras dizem que o Filho é gerado pelo Pai, mas o Pai não é gerado pelo Filho. Por semelhante modo, acreditamos que o Espírito Santo é enviado e procede da parte do Pai e do Filho juntamente. Mas o Espírito Santo não envia nem o Pai e nem o Filho. E nem O Filho ou o Pai procedem do Espírito Santo. Na obra da redenção, assim como o Filho está subordinado ao Pai, assim também o Espírito Santo está subordinado tanto ao Pai como ao Filho. Entretanto, estar em uma posição subordinada, não é a mesma coisa que ser inferior. O Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai, e todos os três são iguais quanto ao ser, à glória, à dignidade, ao poder e ao valor. [p.53-54]


5. O ESPÍRITO SANTO NA CRIAÇÃO – Neste capítulo, o autor apresenta tres aspectos importantes acerca do Espírito Santo: O Espírito que pairava; o Espírito como iluminador e o Espírito Santo como fonte de poder.

A história da criação, no primeiro capítulo do livro de Gênesis enfoca a atenção sobre o triunfo de Deus sobre qualquer ameaça de caos ou confusão. No âmago mesmo dessas considerações encontramos o papel do Espírito Santo na criação. [p.56]

a) O Espírito que pairava (Gn 1.2) - Parte da obra do Espírito é "voejar" sobre a criação, mantendo as coisas intactas. Quanto a isso, vemos o Espírito Santo como o divino Preservador e Protetor. O Espírito, pois, opera a fim de manter aquilo que o Pai trouxe à existência. [p.62]

b) O Espírito como iluminador – Na obra da criação e da redenção, o Espírito Santo funciona como o divino Iluminador. Aquele que ilumina os céus também inspirou as Escrituras, revelou a Palavra de Deus e ilumina essa Palavra para o nosso entendimento. [p.64]

c) O Espírito Santo como fonte de poder - O Espírito Santo é o poder da própria vida. No Novo Testamento, o conceito de poder está intimamente ligado ao Espírito Santo. [...] É o Espírito Santo quem supre a dinâmica para o mundo criado. Mediante o seu poder, o universo goza de vida e de movimento. Conforme já pudemos perceber, há um paralelo entre a obra do Espírito na criação e a obra do Espírito na redenção. Da mesma forma que ele é o poder gerador da vida biológica, assim ele é a origem e o poder gerador da vida espiritual. A sua obra na redenção espelha e suplementa a sua obra na criação. Ele opera tanto a criação como a recriação de um mundo caído. [p.66]


6. O NOVO GÊNESIS: O ESPÍRITO SANTO E A REGENERAÇÃO – Neste capítulo, sobre a Regeneração. Para ele, nascimento e renascimento, resultam das operações do Espírito de Deus. Da mesma maneira que nada pode viver biologicamente à parte do poder do Espírito Santo, assim também nenhum ser humano pode viver à parte da obra do Espírito. O autor apresenta:

a) Regeneração: Uma necessidade - Para o autor, quando Jesus disse a Nicodemos que "se" alguém não nascesse de novo, ele estava afirmando aquilo a que chamamos de condição necessária. A palavra "se" faz da regeneração um sine qua non da salvação. Não havendo regeneração, não haverá vida eterna. Sem a regeneração uma pessoa não pode nem ver o reino de Deus e nem entrar no reino de Deus. [p.68]

b) Regeneração: Uma iniciativa divina - A regeneração é obra soberana de Deus Espírito Santo. A iniciativa cabe a ele, e não a nós. Podemos notar que a ênfase de Paulo recai sobre a obra de Deus, e não no esforço humano. [p. 74]

c) Regeneração: Uma obra monergística - Uma obra monergística é algo produzido isoladamente por uma única pessoa. A razão pela qual não cooperamos com a graça regeneradora antes dela agir em nós e sobre nós, é que não podemos mesmo cooperar. E não podemos por estarmos espiritualmente mortos. Não podemos ajudar o Espírito Santo na vivificação de nossas almas, para que tenham vida espiritual, da mesma maneira que Lázaro não podia ajudar a Jesus a ressuscitá-lo dos mortos. [p.76]

d) Regeneração: Um ato gracioso: Na exposição paulina da regeneração há uma forte ênfase sobre a doutrina da graça. É necessário que crentes de todas as tendências teológicas reconheçam, voluntária e jubilosamente, que a nossa salvação repousa sobre o fundamento da graça. [p.78]

e) Regeneração: Um ato eficaz: O autor afirma que quando sustenta que a regeneração é eficaz, ele quer dizer com isso que ela atinge seu alvo desejado. Ela é eficaz. Realiza o seu trabalho. Somos vivificados para termos fé. O dom é da fé, que nos foi verdadeiramente concedido e que lançou raízes em nossos corações. [p.81]

Conclui - É ao Espírito Santo de Deus que somos devedores quanto à graça da regeneração e da fé. Ele é quem concede o dom, é quem, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos deu vida com Cristo, para Cristo e em Cristo. É por causa do ato misericordioso do Espírito Santo que nos vivifica que entoamos sola gratia e também soli deo gloria — para a glória de Deus somente. [p.82]


7. SÃOS E SALVOS PELO ESPÍRITO SANTO – Neste capítulo, o autor trabalha sobre o papel do Espírito Santo na nossa salvação. Dois aspectos didático destaco neste capítulo: (1) A diferença entre regeneração e santificação e (2) o papel da consciência na santificação. Este capítulo, eu dividi em três pontos:

a) O Espírito Santo é o Santificador - É ele quem aplica a obra de Cristo às nossas vidas, levando-nos à plena conformidade com a imagem de Cristo. [p.83] Quando o Espírito Santo nos regenera e nos vivifica para a vida espiritual, essa ação resulta no despertamento da alma para a fé salvadora. O fruto dessa fé é a justificação. No momento em que abraçamos a Cristo pela fé, Deus nos declara justos. Somos justos não por nos termos santificado repentinamente; somos justos porque os méritos de Cristo foram lançados em nossa conta. Deus nos considera justos em Cristo, mas nós mesmos continuamos poluídos pelo pecado. [p.89] Quando o Espírito Santo nos regenera, ele não somente age sobre nós e em nós de uma maneira que altera a disposição de nossas almas; Deus Espírito Santo vem e passa a habitar dentro de nós. Quando ele habita no crente, o Espírito continua a exercer a sua influência sobre nós e a ajudar-nos, em nossa busca de santidade. [p.91]

b) Regeneração e Santificação - (1) A Regeneração é imediata e espontânea. Nossa consciência de que fomos regenerados pode surgir gradualmente, mas o próprio ato, realizado pelo Espírito Santo, é instantâneo. Ninguém é regenerado somente em parte, ou seja, ninguém é renascido pela metade. Uma pessoa ou é regenerada, ou não; não há meio termo. (2) A santificação é um processo e é um tanto diferente. Embora a santificação tenha começo no momento em que somos justificados, é um processo gradual. Continua enquanto estivermos vivos. A justificação não produz uma santificação imediata e plena. Contudo, se não houve um começo definido da santificação, isso servirá de prova positiva de que não houve justificação, fé ou regeneração, para começo de conversa. A regeneração é monergística. É obra exclusiva de Deus. Mas a santificação é sinergística. Envolve a cooperação somente entre o Espírito Santo e nós. [p.90]

c) O papel da consciência - Uma boa consciência é uma consciência treinada pelo Espírito Santo através da Palavra, de Deus. Quando compreendemos a verdade de Deus com clareza e somos convencidos pelo Espírito Santo com firmeza, então o governador de nossa consciência começa a reinar em nós com retidão. A consciência espiritualmente madura é escrupulosa. Ela não permite o que a carne permite. A consciência cristã deve mostrar-se viva diante da Palavra de Deus. Ela não é um tirano que nos paralisa com uma culpa mórbida. Se nossa consciência tiver sido treinada pela Palavra de Deus, ela será saudável. Sentir-nos-emos culpados quando, realmente, formos culpados. Isso é tão essencial para a saúde espiritual como a dor real é para a saúde física. A dor assinala alguma enfermidade. Se perdermos a capacidade de experimentar dor, não nos restará um sistema de alerta quanto a qualquer enfermidade séria. Da consciência diante da Palavra de Deus, o Espírito Santo nos leva à convicção pela Palavra de Deus. Partindo da convicção, o Espírito redime nossa consciência, a fim de nos amoldarmos à imagem de Cristo. Esse é o grande alvo da santificação, o ponto final na direção do qual o Espírito luta dentro de nós. [p.96]


8. O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO – No início deste capítulo, o autor deixa bem claro que não faz parte do objetivo deste livro traçar uma crônica da história do movimento carismático ou avaliar detalhadamente todas as dimensões da teologia das igrejas carismáticas. Muitos livros já foram escritos sobre o assunto. Mas enfocarei a atenção sobre uma doutrina que ocupa o centro da teologia carismática/neo-pentecostal: o batismo do Espírito Santo.

Vou dividir este capítulo em quatro partes:

a) A doutrinado batismo do Espírito Santo - Nas denominações pentecostais originais, o batismo do Espírito Santo estava vinculado a um conceito de santificação que fazia parte integral do chamado movimento Holiness. (Santidade). [p.98] Na teologia neopentecostal a ênfase sobre o batismo do Espírito Santo recai sobre a idéia de ser dotado com os dons para o ministério. O próprio vocábulo carismático deriva-se da palavra neotestamentária que significa "dom" ou "graça espiritual". [p.99] A tendência fundamental da teologia neopentecostal é ver o batismo do Espírito Santo como uma obra especial do Espírito Santo mediante a qual uma obra especial do Espírito Santo é operado no crente com poder, para sua vida e seu serviço cristãos. Agora o crente está preparado para o ministério evangélico. Essa obra do Espírito Santo é distinta e usualmente é subseqüente à obra da regeneração pelo Espírito de Deus. Algumas vezes faz-se a distinção entre ser batizado "pelo" ou "do" Espírito Santo (o que ocorreria por ocasião do renascimento) do batismo "em" ou "com" o Espírito Santo (que normalmente ocorreria depois do renascimento espiritual). De acordo com esse esquema, todos os crentes são batizados "pelo" Espírito, mas nem todos os crentes são batizados "em" ou "com" o Espírito. Apesar de haver um desacordo generalizado entre os neopentecostais quanto a esse ponto, a tendência é ver o falar em línguas (glossolalia) como a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo. [p.100]

b) Pentecostalismo e Pentecostes - O pentecostalismo deriva seu nome de sua ênfase sobre a sua compreensão quanto ao que sucedeu à Igreja no dia de Pentecoste. O registro da atividade do Espírito Santo na vida da Igreja primitiva é básico para o moderno movimento carismático. Há um decisivo desejo de recapturar o poder espiritual e a vitalidade acenada no livro de Atos. [p.100]

c) Os quatro “Pentecostes” - Na Igreja primitiva, a questão da plena inclusão no corpo de Cristo não se limitava meramente aos dois grupos genéricos de judeus e gentios. Havia quatro grupos distintos de pessoas cuja situação na Igreja estava em jogo. Esses quatro grupos incluíam: os judeus, os Samaritanos, os tementes a Deus e os gentios. Os tementes a Deus eram convertidos gentios ao judaísmo, que tinham abraçado as doutrinas do judaísmo, mas que tinham parado em meio à sua conversão ao judaísmo por optarem por permanecer incircuncisos. [p.110] É espantoso que os quatro derramamentos do Espírito, no estilo pentecostal, registrados no livro de Atos, cobriam precisamente os quatro grupos cuja posição na Igreja primitiva estava em dúvida. Os judeus receberam o Espírito Santo no dia de Pentecoste. Os Samaritanos receberam o Espírito durante o ministério de Filipe, Pedro e João (Atos 8). Os tementes a Deus receberam o Espírito Santo na casa de Cornélio (Atos 10). E, finalmente, houve um derramamento do Espírito sobre os gentios de Éfeso (Atos 19). Todos os quatro grupos, e todos os participantes de todos os grupos receberam o derramamento do Espírito Santo. [p.111]

d) Experiência e Escritura - Ouvimos testemunhos abundantes, da parte de crentes modernos, os quais declaram que sua experiência de batismo no Espírito e no falar em línguas mudou dramaticamente as suas vidas espirituais. Eles agora têm maior zelo, maior ousadia, maior empenho na oração. Também tem sido dito que um homem com uma experiência nunca está à mercê de um homem que só tem um argumento. Não tenho querela alguma com as experiências das pessoas com o Espírito Santo. Estou deleitado em ouvir sobre o aumento da fé, sobre o zelo, sobre a intensidade na oração e sobre o resto. Minha preocupação não é com o significado da experiência, mas com a compreensão do significado da experiência. É a interpretação sobre a experiência que tende voltar-se contra as Escrituras. Nossa autoridade não são as nossas experiências e, sim, a Palavra de Deus. As pessoas na Igreja não têm todas uma mesma experiência com o Espírito Santo, mas isso não indica que todos eles não tenham o mesmo Espírito. Essa é a questão mesma que tão profundamente perturbou a igreja em Corinto. Não estou dizendo, por igual modo, que todo aquele que é membro de uma igreja cristã tenha o Espírito Santo. Ser membro em uma igreja visível não é mais garantia de que uma pessoa tem o batismo do Espírito Santo, do que uma pessoa tem garantida a sua salvação. Sabemos que existem incrédulos que são membros de igrejas. Nenhum incrédulo tem o batismo do Espírito Santo, mas todo crente, toda pessoa regenerada, tem o batismo do Espírito Santo. Todo crente, desde o Pentecoste até o presente, tanto é uma pessoa regenerada pelo Espírito quanto é batizada pela Espírito. Essa é a essência do sentido do Pentecoste. Qualquer coisa menos do que isso lança uma sombra sobre a importância sagrada do Pentecoste na história da redenção. Qualquer pessoa que tenha sido regenerada pelo Espírito, também foi batizada no Espírito e tem o selo do Espírito. [p.114-115]


9. O FRUTO DO ESPÍRITO – Esse é capítulo é praticamente um estudo bíblico sobre Gálatas 5. Enfatiza o fruto do Espírito e trabalha detalhadamente tanto as obras da carne, como também o fruto do Espírito.

É a evidência do fruto do Espírito que marca nosso progresso na santificação. Naturalmente, Deus fica agradado quando exercemos devidamente os dons que o Espírito Santo nos concedeu. Mas penso que Deus fica ainda mais satisfeito quando vê seu povo manifestar os vários aspectos do fruto do Espírito. [p.117] O apóstolo Paulo ao citar Gl 5.22-23, exibe o modelo de autêntica retidão. Esse fruto bom é designado como o fruto do Espírito. Fruto é algo que é produzido em nós. Não vem de nós mesmos. Em nós mesmos somos apenas carne. Qualquer coisa viva gera outro ser vivo a ela parecido. O produto vem do produtor. Somente o Espírito Santo pode conceber e produzir o fruto do Espírito. Podemos ser habilidosos pregadores mesmo sem o Espírito. Podemos ser gênios teológicos segundo a carne. Podemos ser oradores dotados de línguas de prata mesmo à parte da graça divina. Mas a única fonte originária do fruto do Espírito é a obra do Espírito que atua em nós. [p.120] Esses são aspectos diversos do fruto do Espírito Santo. Essas são as marcas genuínas da piedade. Essas são as virtudes que vemos eminente e vividamente modeladas nas vidas dos crentes maduros. Essas são as virtudes que nosso Senhor quer que cultivemos. Essas são as virtudes que, ao mesmo tempo, são dons de Deus. Deus promete recompensar essas qualidades em nós, não porque fluem de nossa retidão intrínseca, mas porque, conforme Agostinho colocou: "Deus se agrada em coroar seus próprios dons”. [p.128]


10. O OUTRO CONSOLADOR – Neste capítulo o autor enfatiza um equívoco: O Espírito Santo é O Consolador, ou Outro Consolador.

A véspera de sua morte, Jesus se encontrou com seus discípulos no cenáculo. Ele expressou um profundo anelo para celebrar a páscoa com seus amigos, antes de enfrentar seus sofrimentos. Em uma ocasião como aquela, esperaríamos que Jesus estivesse à procura de conforto e apoio da parte de seus amigos. Em lugar disso, porém, Jesus estava se esforçando por consolá-los. No cenáculo, Jesus apresentou o seu mais longo discurso registrado sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo. Nesse discurso, Jesus prometeu que enviaria o Espírito Santo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (João 14.16-18). Aqui Jesus falou em "outro Consolador". A palavra traduzida por "Consolador", "Ajudador" ou "Advogado" é a palavra grega parákletos. A primeira coisa que observamos foi que Jesus prometeu "outro" Paracleto. Isso significa que o Paracleto aqui prometido não foi o primeiro Paracleto a aparecer em cena. Pois para que haja "outro" de qualquer coisa, deve haver pelo menos um igual a ele, que o antecede. Estou laborando este ponto porque se tornou costumeiro, na linguagem da Igreja, falar do Espírito Santo como o Parácleto. De fato, esse título, Parácleto, é usado no Novo Testamento quase exclusivamente em relação ao Espírito Santo. Devemos insistir, entretanto, que o Espírito Santo não é o Parácleto. O Parácleto é Jesus Cristo. O papel de Jesus, como Parácleto, é vitalmente importante em seu ministério terreno. O Espírito Santo, pois, assumiu o título de "outro Parácleto", em face da ausência de Jesus. O Espírito Santo foi enviado para ser o "substituto" ou "vigário" de Jesus Cristo. O Espírito é o Supremo Vigário de Cristo na terra. [p.129-130]


Para concluir o nosso texto, lembramos que este livro diz respeito a ele, a Terceira Pessoa da Santa Trindade. Este livro foi escrito para o crente leigo sério, e procura evitar questões técnicas teológicas indevidas. Algumas seções vão requerer uma meditação profunda. Outras perscrutam o abstrato, pois isso é inevitável, se desejamos crescer em nosso entendimento sobre o Espírito. Este livro foi escrito para aqueles que desejam possuir uma vida espiritual mais profunda, um resultado que não pode ter lugar à parte do Espírito, aquele que santifica.

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