VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; JR, William White. Dicionário VINE – O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2016.
O LIVRO E SEUS AUTORES
Achava-se Jerônimo num deserto do Oriente Médio, por volta do ano 373 de Nosso Senhor, quando encontrou um judeu que se pôs, amorosa e pacientemente, a ensinar-lhe a língua hebraica. Embora não saibamos o nome daquele professor, o certo é que este levou o dedicado aluno a não somente aprender como também a amar o idioma no qual foi escrito o Antigo Testamento. Já dominando o hebraico, e já capaz de empreender as mais complexas exegeses, Jerônimo mudou-se para Antioquia, onde foi consagrado para o ministério cristão.
Em 396, depois de longas jornadas missionárias e de inestimáveis serviços à Igreja de Cristo, instala-se Jerônimo em Belém de Judá. E, aqui, em companhia de outros ministros, igualmente comprometidos com a ortodoxia e com a erudição bíblica, dá início à obra que o tornaria imortal: a tradução do Antigo e do Novo Testamento para o latim. Nesta tarefa, houve-se ele, juntamente com os seus irmãos de ministério, com suma disciplina e seráfico zelo. Afinal, estava traduzindo a Palavra de Deus para uma gente que, embora Igreja de Cristo, não estava totalmente afeita à sublimidade do pensamento hebreu nem à logicidade da expressão grega.
Entre os prados da Judéia, que ainda ressonavam a lira de Davi e os sublimados poemas de Salomão, nasce a Vulgata Latina.
Muitas foram as lutas enfrentadas por Jerônimo. Se por um lado, suportava a fúria dos pagãos, por outro, via-se às voltas com aqueles que, conquanto se identificassem como irmãos em Cristo, de Cristo já se haviam apartado. E a inclemência do clima do Médio Oriente? De dia a calmaria e o mormaço; de noite, aquela geada que, pouco a pouco, vai enregelando os ossos. Jerônimo, porém, tinha um ideal; e por este ideal, bateu-se ele até que viesse a lume a Vulgata Latina, que muito auxiliou os crentes romanos a firmarem-se na fé confiada, de uma vez por todas, aos santos.
Não obstante toda a sua erudição, conservava-se Jerônimo como um humilde servo de Cristo; do Senhor, imitava-lhe todos os gestos e exemplos como ressalta o insigne escritor português Ramalho Ortigão: “S. Jerônimo, o grande lume da Igreja, depunha a pena para lavar os pés aos camelos dos viageiros que lhe pernoitavam no mosteiro”. Até no quebrantamento era Jerônimo um inigualável santo.
De igual modo qualificados, outros homens puseram-se a seguir as pisadas de Jerônimo, a fim de que os seus povos tivessem a Palavra de Deus no vernáculo. O que dizer de Martinho Lutero? Foi com a sua tradução, bela e perfeita, que nasceu a moderna língua alemã. Hoje, todos evocamos Lutero como o grande reformador da igreja do Século XVI. Mas, o que seria da Reforma Protestante sem a sua versão das Escrituras para o germânico? Se a Alemanha é conhecida hoje como a Atenas do Ocidente, devemo-lo ao Dr. Lutero que, através de sua versão da Bíblia, entrou a gramaticar um idioma que, até então, era tido como bárbaro.
E a Versão do Rei Tiago? Tão linda é esta tradução bíblica; tão majestosa e requintada se ergue esta versão das sagradas letras; tão sublime e sobranceira é esta interpretação do Livro de Deus que, ainda que todos os livros e documentos em língua inglesa desaparecessem, e ficasse apenas a Bíblia do Rei Tiago, seria esta mais do que suficiente para, a partir dela, recompor o idioma de William Shakespeare.
Não teve o português uma gênese tão sacra e sublime. Em sua fase moderna, a última flor do Latium refez-se no Os Lusíadas de Camões. Foi a partir deste épico, que a nossa língua, ainda inculta, posto que belíssima, foi ganhando suas regras e feições definitivas. Até então, não parecia nem português, nem castelhado; era um galego primitivo que lutava por desvencilhar-se dos barbarismos que, desde a saída dos romanos, foram apegando-se aos falares da Península Ibérica até que estes ganharam foros de idioma. Se lermos as crônicas de Fernão Lopes, haveremos de constatar que o idioma falado hoje, pelas nações lusófonas, em nada lembra o português do Século XV.
Ora, se a língua portuguesa tornou-se bela a partir de Camões, como não seria hoje houvera tido como base uma versão segura e consciente das Escrituras Sagradas? Infelizmente, uma versão completa da Bíblia em nosso idioma somente viria a público em 1681 através do pastor português João Ferreira de Almeida. As versões que existiam até então em Portugal eram parciais, e não chegavam a caracterizar um trabalho editorial.
Desde então, vem a Versão de Almeida sendo submetida a revisões periódicas até configurar-se como uma grande e singular peça da literatura portuguesa. Infelizmente, a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa ainda não atentaram para a grandiosidade das várias traduções bíblicas que hoje possuímos em português, nem para o avanço que representam estas para o desenvolvimento da expressão cultural lusíada. Os homens de letras seculares parecem ignorar que toda versão da Bíblia é o resultado final de um longo processo de erudição.
Foi pensando nos benefícios da erudição bíblica que a CPAD houve por bem lançar o Dicionário Vine. Escrito por W. E. Vine, tornou-se ele numa referência obrigatória a todos os que se dedicam à lingüistica e à filologia sacra. Dessa forma, terá o leitor fácil acesso às palavras hebraicas e gregas que compõem o vocabulário do Antigo e do Novo Testamento. Apenso a este magistral léxico, um conjunto de ilustrações que, extraído do texto sagrado, mostra toda a evolução do vocabulário bíblico.
Já imaginou se Jerônimo, Lutero ou João Ferreira de Almeida tivessem acesso a uma obra como o Dicionário de Vine? Que esta obra venha a enriquecer o campo da filologia sagrada nos países de expressão lusíada, preparando novos eruditos, a fim de que saibam estes como trabalhar devidamente o texto sagrado. Somente assim, poderemos manter a qualidade das versões das Sagradas Escrituras em nosso idioma. [1]
Dicionario Expositivo VINE, publicado pela primeira vez em 1939, é fruto de uma vida inteira de estudo e pesquisa.
W. E. Vine (1873-1949) é reconhecido como um dos principais estudiosos do grego no mundo.
W. E. Vine (1873-1949) é reconhecido como um dos principais estudiosos do grego no mundo.
Merril F. Unger, Th.M. Th.D. Ph.D. (1909-1980) foi professor emérito de Semítica e do antigo Testamento no Dallas Theological Seminary. É autor de muitas obras e comentários de referência bíblica.
William White Jr., Th.M. Ph.D., é especialista em línguas bíblicas e história da ciência. Editou, juntamente com James I. Packer e Merril C. Tenney, a obra The Bible Almanac.
A IMPORTÂNCIA DO DICIONÁRIO
O Dicionário Expositivo Será ferramenta útil nas mãos do estudante que tem pouco ou nenhum treinamento formal no idioma hebraico. Ele abrirá os tesouros da verdade que estão enterrados no idioma original do Antigo Testamento, às vezes perto da superfície e, às vezes, profundamente encravado bem abaixo da superfície.
O estudante treinado em hebraico descobrirá que o Dicionário Expositivo é fonte de referência de fácil manejo. Mas o estudante sem treinamento em hebraico experimentará excitação especial ao poder usar esta ferramenta de estudo na exploração das verdades da Bíblia hebraica que, de outro modo, não lhe estariam acessíveis.
É claro que é possível ser estudante sério do Antigo Testamento sem ter um conhecimento do idioma hebraico. As traduções e comentários são de valor inestimável e têm seu lugar adequado. Mas um livro de consulta que abre o idioma no qual as Escrituras foram originalmente reveladas e registradas, e que as torna acessíveis a leitores não familiarizados com a língua original, tem valor que imediatamente se mostra.
Como língua divinamente escolhida para registrar as profecias de Cristo, o hebraico possui qualidades admiráveis para a tarefa incumbida. O idioma tem qualidade singularmente rítmica e musical. Na forma poética, contém sobretudo uma nobre dignidade de estilo, combinada com uma vivacidade que o torna veículo eficaz para a expressão da verdade sagrada. As idéias por trás do vocabulário dão ao hebraico uma natureza vivaz e pitoresca.
A maioria das palavras hebraicas é formada com base em raízes verbais compostas de três consoantes chamadas radicais. Há aproximadamente 1.850 destas raízes no Antigo Testamento, das quais foram derivados vários substantivos e outras classes de palavras. Muitas destas raízes representam conceitos teológicos, morais e cerimoniais que foram obscurecidos pela passagem do tempo; recente pesquisa arqueológica e lingüística está lançando nova luz sobre muitos destes conceitos. Os estudiosos do Antigo Testamento notam que o hebraico bíblico pode ser comparado com outros idiomas semíticos, como o árabe, assírio, ugarítico, etíope e aramaico, para se descobrir o significado básico de muitos termos antes obscuros.
Mas não é suficiente meramente esclarecer o significado de cada palavra-raiz. Cada palavra pode assumir diferentes acepções quando é empregada em contextos diversos. Temos de estudar as várias ocorrências bíblicas da palavra para chegar a um entendimento preciso do seu uso intencional.
Este tipo de pesquisa introduz os estudantes do hebraico a um novo mundo de compreensão do Antigo Testamento. Mas como este material pode se tornar acessível aos que não falam hebraico? Este é o propósito da presente obra.
Agora o estudante leigo pode ter diante de si a raiz hebraica, ou uma palavra hebraica baseada nessa raiz, e seguir o curso do seu desenvolvimento para o uso na passagem que estuda. Além disso, ele obtém uma avaliação da riqueza e variedade do vocabulário hebraico. Por exemplo, os sinônimos hebraicos têm repercussões doutrinais essenciais, como a palavra virgem em Isaías 7.14, comparada com palavras semelhantes que significam “moça”. Em alguns casos, um jogo de palavras é virtualmente impossível que seja refletido na tradução (por exemplo, Sf 2.4-7). Algumas palavras hebraicas podem ter significados bastante diferentes — às vezes precisamente o oposto — em contextos diferentes; assim, a palavra bãrak pode significar “abençoar” ou “amaldiçoar”, e gã’al pode significar “redimir” ou “poluir”.
É óbvio que o estudante leigo terá alguma desvantagem em não conhecer o hebraico. Contudo, é justo dizer que um dicionário expositivo moderno, que faz uma seleção feliz das palavras hebraicas mais importantes do Antigo Testamento, abrirá um depósito de riquezas da verdade contidas na Bíblia hebraica. Oferece tremendo benefício ao estudo expressivo da Escritura. Torna-se obra de consulta fundamental a todos os estudantes sérios da Bíblia.
Os escritos do Novo Testamento são, em grande medida, baseados na revelação de Deus no Antigo Testamento. Para entender os temas da Criação, Queda e Restauração apresentados no Novo Testamento, é preciso ler sua origem no Antigo Testamento.
O Novo Testamento foi escrito no dialeto popular de um idioma indo-europeu, o grego. O Antigo Testamento foi escrito nos idiomas semíticos do hebraico e aramaico. Durante séculos, estudantes leigos da Bíblia achavam muito difícil entender a estrutura do hebraico bíblico. Os guias de estudo do hebraico bíblico são projetados para pessoas que leem hebraico — e muitos destes guias foram escritos em alemão, o que só aumenta a dificuldade.
Este Dicionário Expositivo apresenta cerca de 500 termos significativos do Antigo Testamento para os leitores leigos que não estão familiarizados com o hebraico. Descreve a freqüência, uso e significado destes termos tão completamente quanto possível. Nenhuma fonte foi ignorada no esforço de trazer a mais recente erudição hebraica para o estudante que a busca. Espera-se que este pequeno livro de consulta venha a iluminar os estudantes da Bíblia para que vejam as riquezas da verdade de Deus contidas no Antigo Testamento.
COMO USAR ESTE LIVRO
Quando começar um estudo de palavras de determinado termo hebraico, tenha em mãos boas edições de pelo menos três versões em português do Antigo Testamento. Sempre tenha uma versão da ARC, edição de 1995, a qual é utilizada como padrão neste dicionário, da ARA e uma versão coloquial como A Bíblia Viva. Você também deve ter uma boa concordância.
O Dicionário Expositivo oferece vasta gama de significados para a maioria das palavras hebraicas. Tais significados não devem ser substituídos uns pelos outros sem que o uso do termo em seus contextos diferentes seja cuidadosamente revisto. Todas as palavras hebraicas têm significados diferentes — às vezes, até significados opostos —, portanto devem ser estudadas em todas as suas ocorrências e não em uma só.
Esforce-se por ser consistente ao traduzir determinada palavra hebraica em contextos diferentes. Busque o menor número de palavras portuguesas equivalentes. Os colaboradores deste livro já fizeram pesquisa extensa nas línguas originais e na literatura erudita moderna. Você pode tirar o melhor proveito do trabalho que fizeram, observando os vários usos de cada palavra a fim de obter uma visão equilibrada.
Comparação e frequência são dois fatores fundamentais no estudo de palavras bíblicas. Escreva as passagens que você está comparando. Não tenha medo de observar todas as ocorrências de certa palavra. O tempo que você gasta abrirá sua Bíblia como nunca antes. [2]
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO
O Dicionário Vine torna possível ao estudante que tem bastante, limitada ou nenhuma formação em grego ou hebraico estudar o significado das palavras bíblicas nas línguas originais. As palavras equivalentes em português estão alistadas alfabeticamente ao longo do texto, junto com as palavras ou gregas ou hebraicas das quais são traduzidas. Também estão inclusas várias acepções, além de passagens da Bíblia Sagrada que ilustram usos particulares.
O Dicionário Vine está organizado de modo tal que é, a um só tempo dicionário e comentário. Reconhecido no mundo inteiro como ferramenta essencial para o estudante da Bíblia, O Dicionário Vine capacita-o a explorar as riquezas da Bíblia de forma mais profunda, porque você pode: descobrir os significados de mais de 6.000 palavras bíblicas no original grego ou hebraico. Desfrutar a conveniência de uma lista completa de palavras do Antigo e Novo Testamento em um volume de fácil manejo; e enriquecer seu estudo da Bíblia com o único dicionário expositivo completo do antigo e Novo Testamento. W. E. Vine, M.A. (1873-1949) é reconhecido como um dos principais estudiosos do grego no mundo.
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[1] Prefácio a edição Brasileira. Ronaldo Rodrigues de Souza [Diretor Executivo da CPAD] e Claudionor Corrêa de Andrade [Gerente de Publicações da CPAD]
[2] Merril F. Unger, Th.M. Th.D. Ph.D. (1909-1980)
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[1] Prefácio a edição Brasileira. Ronaldo Rodrigues de Souza [Diretor Executivo da CPAD] e Claudionor Corrêa de Andrade [Gerente de Publicações da CPAD]
[2] Merril F. Unger, Th.M. Th.D. Ph.D. (1909-1980)
Para adquirir este livro é só clicar na imagem acima e será direcionado para a página da CPAD.
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